edição de 9 de março de 2020

MERCADO
Money Report debate privatização e
sua importância estratégica no país
Realizado na sede do BTG Pactual na semana passada, evento contou
com a presença do secretário federal de desestatização Salim Mattar
Uma alface necessita de pelo
menos dois meses para
ser comercializada. Já um eucalipto
requer um tempo de
sete anos para seu corte. Mas
o desenvolvimento de um jacarandá
demanda pelo menos
40 anos. A ilustração foi feita
por Salim Mattar (fundador da
Localiza), secretário de Desestatização
e Desenvolvimento
de Mercados do Ministério da
Economia, durante o Money
Report Agenda de Líderes na
última sexta-feira (6), em São
Paulo, na sede do BTG Pactual.
Sua ideia é mostrar que o processo
de desestatização requer
tempo para mudança do mood.
Mattar disse que a privatização
vai enxugar os 698 ativos
com governança do Estado. E,
consequentemente, subtrair
parte da dívida pública. “A meta
é o follow on. O domínio estatal
atrapalha o desenvolvimento
da economia. O ambiente liberal
não combina com o Estado,
ditando ordens. A Caixa Seguradora
e áreas do Banco do
Brasil, que ficam fora do core
da instituição, estão na mira. O
plano para este ano é a capitalização
do sistema Eletrobras,
complexo com cerca de 190 empresas”,
explicou Mattar, que
disse ainda no Money Report
que o custo dos 700 conselheiro
da holding do sistema elétrico
já diminuiria muitos custos.
“A venda da TAG (Transportadora
Associada de Gás), por
R$ 33,5 bilhões, melhorou a
gestão da Petrobras. A privatização
da BR Distribuidora,
idem. Isso significa que o custo
diminui e ajuda a pagar contas.
A redução do estado é fundamental
porque essa participação
não leva a lugar algum”, explicou
Mattar. Em sua opinião,
o uso da métrica golden share,
que concede poder de veto em
vendas de ativos de empresas
com controle misto de capital,
é uma garantia para eventuais
distorções. Ele citou a Embraer,
que tem ações pulverizadas
O secretário Salim Mattar e a executiva Cristina Falcão, que comanda a divisão comercial do Money Report Agenda de Líderes
nas bolsas. “Como é uma empresa
estratégica para o interesse
nacional, a golden share
é essencial. O governo também
tem golden share na Vale e no
IRB (Instituto de Resseguros do
Brasil)”, ele acrescentou.
A transferência para a iniciativa
privada das obras públicas
é caminho irreversível. De acordo
com Mattar, muitos países
contabilizaram crescimento
sem a intervenção estatal. “Um
Estado com funções empresariais
não é bom. O Brasil poderia
ter mais estradas, ferrovias e
outras atividades que deveriam
ter gestão privada. O Brasil é o
único país do mundo com cinco
bancos sob controle estatal. O
BNDES, por exemplo, tem mais
de R$ 120 bilhões para financiamentos
com juros subsidiados,
mas essa atividade deveria estar
na mão dos bancos privados.
Esse dinheiro ajudaria muito na
redução da dívida pública. Essa
é a meta das privatizações para
“A redução
do estAdo é
fundAmentAl
porque essA
pArticipAção
não levA A
lugAr Algum”
Alê Oliveira
tornar o Brasil mais ágil e voltado
para a sua função social”,
ponderou o secretário.
O ciclo de desestatização
tem “grande apoio” do Banco
Central, com medidas que estão
estimulando a desburocratização,
nas palavras de Mattar.
Ele mencionou no Money Report
que as medidas do BC já
estão tendo efeito, mas vão ter
um impacto maior com a aprovação
das reformas estruturais.
“O Congresso Nacional está
bem receptivo às reformas. E os
parlamentares vão aprovar a tributária
o quanto antes. Faz parte
da era liberal que esse país tanto
precisava. Muitas coisas coisas
não vão ter reflexo imediato. A
abertura do mercado de gás, por
exemplo, terá um impacto positivo
para os usuários, que pagam
hoje US$ 13 e vão passar a pagar
em quatro anos US$ 3. A desestatização
vai diminuir preços e
aumentar a competitividade”,
finalizou Mattar.
jornal propmark - 9 de março de 2020 49