17.03.2020 Views

Gestão Hospitalar N.º 19 2020

Outcomes Research Lab: "leveraging evidence for better care" Conselhos de administração das unidades de saúde, a peça que falta na alavancagem da investigação clínica em Portugal? Ensaios clínicos: quão perto estamos da excelência? Inovação no SNS como forma de sustentabilidade Carla Nunes: Promover uma escola atual, inovadora e focada na sua missão "Mais Participação Melhor Saúde": um projeto que se saúda Relação entre os estilos de liderança e o empenho organizacional dos colaboradores Medicina doTrabalho nos estabelecimentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde: letra da Lei ou uma realidade observada? Reformular cuidados centrados na pessoa promovendo parcerias Proteção para o risco de gestão O equipamento médico nos hospitais públicos Estratégia Nacional para a Tele Saúde, apresentação do PENTS: uma festa Que futuro para as técnicas de transferência mitocondrial? 7a edição da Conferência de Valor da APAH Aldeias Humanitar: humanizar e estar no interior de Portugal A Excelência em diferentes manifestações Ouvir e envolver os cidadãos nas decisões de saúde tem retorno para a sociedade Resultados do "Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar" em debate Prémio distinguiu projetos inovadores em saúde APAH e Ordem dos Médicos apresentam proposta de "Agenda Estratégica para o Futuro da Medicina de Precisão em Portugal"

Outcomes Research Lab: "leveraging evidence for better care"
Conselhos de administração das unidades de saúde, a peça que falta na alavancagem da investigação clínica em Portugal?
Ensaios clínicos: quão perto estamos da excelência? Inovação no SNS como forma de sustentabilidade
Carla Nunes: Promover uma escola atual, inovadora e focada na sua missão
"Mais Participação Melhor Saúde": um projeto que se saúda
Relação entre os estilos de liderança e o empenho organizacional dos colaboradores
Medicina doTrabalho nos estabelecimentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde: letra da Lei ou uma realidade observada?
Reformular cuidados centrados na pessoa promovendo parcerias
Proteção para o risco de gestão
O equipamento médico nos hospitais públicos
Estratégia Nacional para a Tele Saúde, apresentação do PENTS: uma festa
Que futuro para as técnicas de transferência mitocondrial?
7a edição da Conferência de Valor da APAH
Aldeias Humanitar: humanizar e estar no interior de Portugal
A Excelência em diferentes manifestações
Ouvir e envolver os cidadãos nas decisões de saúde tem retorno para a sociedade
Resultados do "Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar" em debate
Prémio distinguiu projetos inovadores em saúde
APAH e Ordem dos Médicos apresentam proposta de "Agenda Estratégica para o Futuro da Medicina de Precisão em Portugal"

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GH Investigação clínica<br />

ENSAIOS CLÍNICOS:<br />

QUÃO PERTO ESTAMOS<br />

DA EXCELÊNCIA?<br />

INOVAÇÃO NO SNS COMO FORMA<br />

DE SUSTENTABILIDADE<br />

Catarina Silva<br />

IQVIA Portugal<br />

Gisela Videira<br />

IQVIA Portugal<br />

Os Ensaios Clínicos têm sido alvo de<br />

discussão ao longo dos anos. Foram<br />

criados grupos de trabalho, plataformas<br />

de suporte, estudos sobre a<br />

realidade em Portugal e publicados<br />

consensos. Mas em que ponto podemos dizer que se<br />

encontra a investigação clínica em Portugal? Quais os<br />

constrangimentos encontrados? E o que tem levado<br />

a uma inércia no desenvolvimento desta área, cuja<br />

relevância é perfeitamente assumida?<br />

As questões são, efetivamente, muitas e com o intuito<br />

de encontrar pontes de comunicação sobre o estado<br />

de arte dos Ensaios Clínicos e o futuro da Investigação<br />

Clínica em Portugal, a IQVIA reuniu numa sessão<br />

de Advisory Board um conjunto de stakeholders com<br />

papel interventivo nesta área, tais como a Indústria<br />

Farmacêutica, Hospitais, Parlamento, Instituições de<br />

Ensino e CRO’s (Contract Research Organizations).<br />

Industrialização da saúde: o doente no epicentro<br />

Nos últimos anos instalou-se a discussão sobre a industrialização<br />

da saúde e os novos desafios que esta<br />

acarreta: overtreatment, aumento constante dos custos,<br />

casos de fraude e, por inerência, a sustentabilidade<br />

do SNS.<br />

Com o doente no centro da retórica, a discussão está<br />

instalada para que o SNS caminhe no sentido da sustentabilidade<br />

pela inovação. Stakeholders, governos,<br />

agências reguladoras, academia e outros players estão<br />

hoje em sintonia: é preciso colocar os ensaios clínicos<br />

como uma prioridade na agenda do SNS. Mas qual o<br />

passo seguinte?<br />

Envolver os decisores<br />

Se a realização de ensaios clínicos assenta no envolvimento<br />

e compromisso da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, tanto<br />

a Indústria Farmacêutica como as equipas de investigação<br />

encontram logo aqui constrangimentos difíceis<br />

de ultrapassar, questionando qual a melhor forma para<br />

permitir que sejam considerados uma prioridade e<br />

que seja visto neles a mais-valia que efetivamente são.<br />

Surge, então, a necessidade de colocar este tema na<br />

agenda governamental e passar a considerar-se os ensaios<br />

clínicos como um objetivo estratégico para o desenvolvimento<br />

do país.<br />

A definição pela tutela de diretrizes e objetivos para<br />

dinamização e implementação de ensaios clínicos<br />

seria crucial para gerar uma maior responsabilização<br />

da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> em criar condições para a sua<br />

realização e no cumprimento de um plano previamente<br />

estabelecido.<br />

Na base da definição estratégica, estaria a criação de<br />

uma agência interministerial liderada pelo Ministério<br />

da Saúde: o Ministério da Saúde tem de dar o mote<br />

para que outros ministérios possam valorizar esta<br />

temática. Estando a ownership perfeitamente identificada,<br />

seria mais profícuo cumprir um plano comum,<br />

evitando que as administrações hospitalares tenham<br />

de intervir caso a caso.<br />

A tutela deverá dar orientações para a realização dos<br />

ensaios; a concertação permitir-nos-á caminhar no<br />

sentido de aumentar a rentabilidade das instituições e<br />

otimizar os recursos.<br />

Na constituição da agência interministerial estariam<br />

o Ministério da Saúde, Economia, Negócios Estrangeiros,<br />

Educação e Ciência, como forma de envolver<br />

diferentes setores afetos à estratégia de promoção<br />

da investigação clínica e desenvolvimento de inovação.<br />

Sobre esta agência recairia a responsabilidade de<br />

gerar condições favoráveis à realização de ensaios clínicos,<br />

aumentar a rentabilidade das instituições e otimizar<br />

os recursos. De igual forma, pedir-se-ia a sua a-<br />

ção na promoção da visibilidade internacional para demonstrar<br />

a capacidade e excelência do país nesta área. 1<br />

Ensaios Clínicos: quão perto estamos<br />

da excelência?<br />

Portugal está numa competição acérrima com outros<br />

países, mas temos menos meios e menos centros dis-<br />

-poníveis. Segundo um dos convidados, “queríamos estar<br />

nos países prioritários para receber ensaios clínicos<br />

e temos os países da Europa de Leste a ganhar terreno<br />

e a oferecer uma concorrência diferenciada.”<br />

O enrollment de doentes, per si, constitui outro grande<br />

desafio: estima-se que 25-30% dos centros não<br />

são suficientemente ágeis a recrutar doentes, o que<br />

ronda os $50.000 perdidos por centro, segundo fonte<br />

de dados da IQVIA.<br />

Adicionalmente, é fundamental garantir a previsibilidade<br />

de execução, para evitar a derrapagem de prazos<br />

- quer de aprovação, quer de execução - que penalizam<br />

a credibilidade do país e contribuem para o desinvestimento.<br />

Os prazos de aprovação são os que<br />

constam na Lei n.<strong>º</strong> 21/2014 (Aprova a lei da investigação<br />

clínica), sendo que não existem dados públicos<br />

reais sobre os tempos de aprovação que nos permitam<br />

elaborar um plano realista e suportado em dados<br />

públicos. Os tempos de aprovação disponíveis não<br />

contemplam processos de validação e/ou aprovação<br />

de contrato pela CEIC, os quais podem chegar a ser<br />

de 40 a 50 dias até ao momento da aprovação, quando<br />

por Lei deveria ser obtida em 30 dias.<br />

Para esta demora acentuada contribuem diferentes<br />

fatores, tais como: a não existência de uma estrutura<br />

única de centralização da gestão e promoção dos en- }<br />

18 <strong>19</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!