Gestão Hospitalar N.º 19 2020
Outcomes Research Lab: "leveraging evidence for better care" Conselhos de administração das unidades de saúde, a peça que falta na alavancagem da investigação clínica em Portugal? Ensaios clínicos: quão perto estamos da excelência? Inovação no SNS como forma de sustentabilidade Carla Nunes: Promover uma escola atual, inovadora e focada na sua missão "Mais Participação Melhor Saúde": um projeto que se saúda Relação entre os estilos de liderança e o empenho organizacional dos colaboradores Medicina doTrabalho nos estabelecimentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde: letra da Lei ou uma realidade observada? Reformular cuidados centrados na pessoa promovendo parcerias Proteção para o risco de gestão O equipamento médico nos hospitais públicos Estratégia Nacional para a Tele Saúde, apresentação do PENTS: uma festa Que futuro para as técnicas de transferência mitocondrial? 7a edição da Conferência de Valor da APAH Aldeias Humanitar: humanizar e estar no interior de Portugal A Excelência em diferentes manifestações Ouvir e envolver os cidadãos nas decisões de saúde tem retorno para a sociedade Resultados do "Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar" em debate Prémio distinguiu projetos inovadores em saúde APAH e Ordem dos Médicos apresentam proposta de "Agenda Estratégica para o Futuro da Medicina de Precisão em Portugal"
Outcomes Research Lab: "leveraging evidence for better care"
Conselhos de administração das unidades de saúde, a peça que falta na alavancagem da investigação clínica em Portugal?
Ensaios clínicos: quão perto estamos da excelência? Inovação no SNS como forma de sustentabilidade
Carla Nunes: Promover uma escola atual, inovadora e focada na sua missão
"Mais Participação Melhor Saúde": um projeto que se saúda
Relação entre os estilos de liderança e o empenho organizacional dos colaboradores
Medicina doTrabalho nos estabelecimentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde: letra da Lei ou uma realidade observada?
Reformular cuidados centrados na pessoa promovendo parcerias
Proteção para o risco de gestão
O equipamento médico nos hospitais públicos
Estratégia Nacional para a Tele Saúde, apresentação do PENTS: uma festa
Que futuro para as técnicas de transferência mitocondrial?
7a edição da Conferência de Valor da APAH
Aldeias Humanitar: humanizar e estar no interior de Portugal
A Excelência em diferentes manifestações
Ouvir e envolver os cidadãos nas decisões de saúde tem retorno para a sociedade
Resultados do "Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar" em debate
Prémio distinguiu projetos inovadores em saúde
APAH e Ordem dos Médicos apresentam proposta de "Agenda Estratégica para o Futuro da Medicina de Precisão em Portugal"
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GH Investigação clínica<br />
“<br />
TEMOS DE ESCOLHER ONDE<br />
QUEREMOS SER COMPETITIVOS<br />
E ESPECIALIZARMO-NOS.<br />
O FUTURO PASSA POR<br />
IDENTIFICAR OS CENTROS<br />
DE EXCELÊNCIA E DESENVOLVÊ-<br />
-LOS. NÃO PODEMOS TER<br />
A AMBIÇÃO DE SER EXCELENTES<br />
EM TODAS AS ÁREAS.<br />
E SE AMBICIONAMOS SER<br />
OS MELHORES, O QUE SE TORNA<br />
PREMENTE FAZER?<br />
”<br />
saios; os tempos de aprovação pelo Infarmed e pela<br />
CEIC; o tempo de decisão dos Conselhos de Administração;<br />
a não uniformização da documentação, como<br />
é o caso dos contratos financeiros; e a demora no<br />
recrutamento dos doentes e dos próprios investigadores.<br />
Em Portugal, somos 21% mais lentos do que<br />
a média europeia no arranque de ensaios clínicos<br />
e 60% mais lentos no recrutamento dos investigadores.<br />
A criação de algo semelhante à “Via Verde” nos<br />
ensaios clínicos, como forma de reconhecimento da<br />
sua importância pelos profissionais, poderia conduzir<br />
a uma aprovação mais célere. Para a Vice-Presidente<br />
da APIFARMA, “têm-se introduzido mudanças importantes<br />
nos acordos da APIFARMA, por exemplo a dedução<br />
do investimento em I&D (Investigação e Desenvolvimento)<br />
no clawback (contribuição extraordinária<br />
da Industria Farmacêutica), como forma de reconhecer<br />
a importância de investir em I&D como pilar da<br />
Inovação e do desenvolvimento do país”.<br />
Se os benefícios da realização dos ensaios clínicos já<br />
estão mais do que identificados e se é de conhecimento<br />
geral que por cada euro investido há um retorno<br />
de 1,98€, porque continuamos a encontrar barreiras<br />
à realização dos mesmos? Porque não conseguimos<br />
captar mais ensaios clínicos e competir com países de<br />
igual dimensão?<br />
O reconhecimento de que ainda há um longo caminho<br />
a percorrer é um passo fundamental para o motor<br />
da transformação.<br />
Melhorar as infraestruturas<br />
e a operacionalização<br />
Também a nível organizacional são encontrados os<br />
mais diversos constrangimentos. É preciso que os centros<br />
funcionem em rede e só depois se poderá pensar<br />
em competição. Em Portugal, não existem redes de<br />
referenciação oficiais. A divulgação de Ensaios Clínicos<br />
quer aos profissionais de saúde, quer aos doentes<br />
poderia passar por ter um registo nacional funcional<br />
(RNEC), com um motor de busca acessível. A divulgação<br />
dos ensaios clínicos no site das Instituições também<br />
seria uma opção. A maioria dos profissionais de<br />
saúde não tem conhecimento dos estudos a decorrer<br />
e, como tal, não referencia doentes.<br />
Só criando infraestruturas e condições favoráveis à<br />
operacionalização de ensaios clínicos poderemos ambicionar<br />
ser bons nos ensaios que já realizamos, precisamos<br />
de ser muito melhores nos ensaios de fase III<br />
antes de pensar nos de fase I e II.<br />
Existe igualmente a necessidade de proporcionar<br />
condições a que se desenvolvam centros de investigação<br />
de excelência, especializados nas áreas terapêuticas<br />
onde possam captar mais estudos e recrutar<br />
mais doentes, sendo o recrutamento suportado por<br />
um processo de referenciação por parte dos cuidados<br />
de saúde primários. Temos de escolher onde<br />
queremos ser competitivos e especializarmo-nos.<br />
O futuro passa por identificar os centros de excelência<br />
e desenvolvê-los. Não podemos ter a ambição de<br />
ser excelentes em todas as áreas.<br />
E se ambicionamos ser os melhores, o que se torna<br />
premente fazer? Tendo processos de decisão e operacionalização<br />
agilizados e infraestruturas criadas, a capacitação<br />
dos profissionais de saúde com valorização<br />
da atividade de investigação e tempo protegido para<br />
a mesma assim como a literacia do doente será mais<br />
um passo a dar.<br />
Identificamos também a necessidade das Instituições<br />
criarem processos mais ágeis na aprovação de<br />
contratos de ensaios clínicos. Deverão ter em conta<br />
que existem organismos nacionais competentes para<br />
a avaliação ética, não havendo necessidade desta avaliação<br />
ser realizada a nível da instituição.<br />
Capacitar os intervenientes<br />
Face à importância dos ensaios clínicos, seria de esperar<br />
que os profissionais de saúde tivessem uma carreira<br />
associada à investigação, através da qual pudessem<br />
progredir. No entanto, tal não ocorre: poucos são<br />
os profissionais que podem dedicar-se a tempo exclusivo<br />
a esta área e os incentivos para premiar a excelência<br />
são diminutos.<br />
Desta forma, os ensaios não são mais do que um adicional<br />
às funções e os profissionais de saúde nem<br />
sempre têm noção exata de qual o retorno do esforço<br />
efetuado em conciliar a rotina diária com a investigação<br />
clínica. Sem que haja incentivos (financeiros ou<br />
outros) diretos à participação dos profissionais, os ensaios<br />
clínicos acabam por não ser considerados uma<br />
prioridade, ficando para segundo plano.<br />
A academia tem também vindo a procurar ganhar relevo<br />
neste campo. Geralmente, os investigadores continuam<br />
a diferenciar os ensaios clínicos promovidos<br />
pela Indústria Farmacêutica daqueles que são promovidos<br />
pela academia, sendo que deveriam estar completamente<br />
associados pois os ensaios clínicos da Indústria<br />
Farmacêutica poderiam financiar os académicos.<br />
Os ensaios clínicos que resultam da iniciativa do<br />
investigador são apenas 10% e desses, nem sempre<br />
é verdadeiramente por iniciativa do investigador.<br />
Atualmente, nenhum centro académico tem uma estrutura<br />
que lhe permita desenvolver ensaios. No limite,<br />
é preciso entender que os requisitos de um ensaio<br />
clínico não são para criar dificuldades aos investigadores<br />
ou aos centros de investigação, mas para proteger<br />
os doentes.<br />
Hoje já temos um conjunto de condições que nos permite<br />
dar o passo seguinte e a transparência dos dados<br />
faz parte dos requisitos para quem vem fazer ensaios<br />
clínicos em Portugal.<br />
Gerar informação<br />
Começámos por falar na industrialização da saúde,<br />
sendo um dos principais fatores de análise desta o valor<br />
da saúde: outcomes vs custos. Sabe-se hoje que os outcomes<br />
são difíceis de medir, sobretudo devido à falta<br />
de informação: faltam dados e robustez aos que já<br />
existem para permitir pagar por resultados.<br />
Na base de qualquer estratégia definida com o intuito }<br />
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