ECONOMIA O setor de energia renovável passa por um período de consolidar seu potencial no Brasil. Neste cenário, a biomassa de bagaço de cana-de-açúcar se destaca: o insumo tem condições de suprir 80% de toda demanda residencial de eletricidade no país, segundo informações do Projeto Sucre, iniciativa do Lnbr (Laboratório Nacional de Biorrenováveis), gerida em parceria com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A energia de bagaço de cana pode suprir demanda de 100 TWh (terawatts-hora), em conjunto com 50% de recolhimento da palha da cana-de-açúcar. O documento também destaca que a bioeletricidade possui papel prioritário na redução de emissões de gases de efeito estufa. “Considerando a bioeletricidade da cana em substituição parcial da potência instalada prevista para o gás natural, essa geração mitigaria 11,4% das emissões de gases de efeito estufa do setor energético”, relata o Projeto Sucre. O potencial do bagaço de cana já demonstra crescimento: a produção de eletricidade a partir de biomassa de cana cresceu 4% em 2019 em comparação com o ano anterior. Durante 2019 foram produzidos e ofertados para a rede de distribuição 22.407 GWh (gigawatts-hora) gerados por bagaço e palha, segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), elaborados a partir de dados da Ccee (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Essa produção é capaz de abastecer a 12 milhões de residências ao longo do ano. Essa forma de energia se destaca pelo potencial de redução de emissões. Os 22.407 GWh gerados em 2019 evitaram a emissão de 7,6 milhões de toneladas de CO2 (gás carbônico). “Essa marca só é conseguida com o cultivo de 53 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos”, aponta Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica. Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a energia térmica, que inclui a biomassa de bagaço, representa 27% da matriz elétrica brasileira. As usinas que geram energia a partir da biomassa representam 34% desse total. A biomassa de bagaço é originária da sobra do processamento da cana-de-açúcar pelas usinas para a produção de etanol e açúcar. Esta fonte de energia é considerada orgânica e renovável. O resíduo é transformado em insumo para fabricação de bioeletri- cidade, que é produzida a partir da queima do bagaço em caldeiras. O processo gera calor, que passa por uma turbina e é transformado em energia mecânica, depois vai para o gerador e vira energia elétrica. A eletricidade gerada alimenta os motores das usinas, que são autossuficientes, e o excedente é disponibilizado pelas plantas ao Sin. A participação do bagaço é mais representativa em determinadas regiões do Brasil. No Mato Grosso do Sul, o bagaço de cana já gera quase 40% da energia elétrica consumida no Estado. Entre janeiro e outubro de 2019, 13 usinas do Estado disponibilizaram ao Sistema Interligado Nacional 2.262 GWh, segundo o BDE (Banco de Dados do Estado). O Mato Grosso do Sul tem 19 usinas sucroenergéticas e todas produzem energia de bagaço de cana. O Estado é o terceiro maior produtor de energia de biomassa do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. O crescimento da biomassa de cana reflete o cenário positivo da geração de energia de biomassa no Brasil. As usinas de biomassa do Brasil produziram 3.108,6 MW médios em 2019, o que representa um crescimento 3% ao ano em 2019. Já a capacidade instalada de energia de biomassa era de 13,09 GW no final de 2019, um aumento de cerca de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Ccee. O aumento do número de projetos implementados e colocados em operação no país é apontado como o principal fator por trás do crescimento da O crescimento da biomassa de cana reflete o cenário positivo da geração de energia de biomassa no Brasil 30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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