SETEMBRO - edição nº 268
Órgão informativo do Centro Lusitano de Zurique
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COMUNIDADE
Estamos a passar por uma
fase complicada
Trasmontano, natural de Carrazedo
de Montenegro, concelho de
Valpaços, distrito de Vila Real, Manuel
Martins chegou á Suíça nos
anos 80, precisamente em 1988.
Casado e orgulhosamente pai de
duas filhas, Manuel Martins, considera-se
um homem realizado e feliz.
Longe estava de imaginar que o seu
percurso de vida abraçaria a cultura
popular portuguesa, os seus primeiros
contactos, com a comunidade portuguesa,
foram na associação portuguesa
de Luzern. Conversa puxa conversa,
surgiu a ideia de se formar um rancho
em Luzern e a proposta foi-lhe feita.
Com uma enorme experiência na organização
de festivais, este senhor do
folclore, ainda não é capaz de dominar
o nervosismo nos dias do festival
anual e é com muita dignidade, que
mostra as suas emoções, na hora de
pegar no microfone e perante uma sala
Setembro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
repleta, agradece a presença de todos.
Com voz tremula e olhos brilhantes a
rasgarem-se em lágrimas, deixa-se
afundar nos aplausos por vez intermináveis,
do seu público. Vamos conhecer
um dos mais carismáticos presidentes
no ceio folclórico da Suiça.
MARIA DOS SANTOS
Lusitano Zurique - Em que ano assumiu
o Rancho Folclórico Terras
de Portugal de Luzern e
como confrontou esta realidade?
Manuel Martins - Foi em
2011 que fui convidado por alguns elementos
para criar uma nova direção.
Aceitei e assumi com um pouco de receio,
mas com a ajuda dos elementos
e a confiança senti-me seguro.
L.Z. - Nestes 12 anos como elemento,
dos quais 9 anos como presidente, a
interagir com a cultura folclórica, com
altos e baixos, que pensa do percurso
que o seu rancho tem feito até agora?
M.M.- No meu ver o nosso Rancho tem
feito um bom percurso. Sempre evoluindo
contando com novos e mais elementos
e sempre com uma vontade de aprender
e crescer. Até agora têm sido anos com
muitas actuações e com grandes festivais.
L.Z. - É fácil liderar um grupo,
sendo que a sua esposa e filhas
são parte integrante do rancho?
M.M. -Por vezes não é fácil, porque
prejudico a minha família em prol
do grupo. Mas também são elas que
me motivam dão força para continuar
e ajudam no que for necessário.
L.Z. - Os vossos festivais são sempre,
pavilhão esgotado. O que
se sente perante tal adesão?
M.M. - Olhando de cima do palco é
com muita felicidade e emoção que vejo
a sala repleta de público como também
de muitos patrocinadores. É bom ver
como as pessoas nos apoiam, acompanham
e fazem parte do nosso percurso.
É com a ajuda e o apoio deles
que os ranchos também ganham força.
L.Z. - O ano 2020 ficará marcado
como um verdadeiro “blockout”
cultural. Como está a viver
esta situação o R.F.T.P.L ?
M.M.- Com muita tristeza, pois o convivio
faz falta, ainda mais porque nos
sentimo-nos como uma família. Sente-se
falta de conviver em cultura portuguêsa.
Mas é a saúde de todos que
está em primeiro lugar. Só esperamos
que isto não dure muito mais tempo.
L.Z. - Acredita num arranque fácil ou
difícil da parte dos todos os grupos?
M.M. -Penso que, depois desta pandemia,
vai ser complicado para todos os
grupos. Todos vão ter algum receio, uns
mais, outros menos, naquela que era a
nossa realidade antes desta situação.
L.Z. - Esta revista irá chegar á comunidade
no início do mês de Setembro.
Dia 12 de Setembro seria a data
do vosso festival. Vamos ter festival?
M.M.- Com muita pena minha, este
ano o festival não vai ser realizado pelos
motivos ditos anteriormente. Esperemos
que para o ano seja possivel para
dar continuidade à cultura portuguesa e
encher novamente a nossa grande sala.
L.Z. - Depois de tantos meses críticos,
como vê o futuro dos Ranchos
Folclóricos na Suiça? Terão
principalmente os mais jovens
“garra” para voltar aos ensaios?
M.M.- Acho que está crítico. Mas tenho
esperança que todos os ranchos
encontrem um caminho para continuar.
Mas pode demorar algum tempo. Agora,
quanto aos mais jovens depende
deles, mas quero acreditar que a maioria
voltará, pois como já referido somos
uma família que se uniu pelo folclore.
L.Z. - Projectos possíveis e aqueles
que gostaria de realizar? O que
falta acrescentar ao R.F.T.P.L.?
M.M. - Antes de deixar o posto de presidente
gostaria de levar o R.F.T.P.L. a actuar
em Portugal. Já chegou a estar mais
ou menos encaminhado, mas acabou por
não ser possível. É sempre difícil ter todos
os elementos na mesma altura de férias.
L.Z. - Manuel Martins, que gostaria
de dizer á nossa comunidade
e principalmente uma palavra
de ânimo aos ranchos?
M.M. - Gostaria de apelar á comunidade
de continuarem a apoiar a nossa cultura,
principalmente os Ranchos Folclóricos.
Estamos a passar por uma fase complicada,
mas com a ajuda e o apoio entre os
Ranchos, como entre a comunidade e os
Ranchos vamos ultrapassar este periodo
dificil e encontrar um caminho para continuarmos
a viver a cultura portuguêsa,
longe do nosso país, em terras helvéticas.