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Gesta marial de um varão católico<br />
ca fizera em minha vida, porque não<br />
havia outra coisa para fazer.<br />
Então fui levado a considerar mais<br />
atentamente uma verdade à qual eu<br />
nunca tinha dado muita atenção, isto<br />
é, tudo quanto dizem os livros de formação<br />
religiosa a respeito do papel da<br />
graça para o homem enfrentar as dificuldades.<br />
Foi quando, caindo em mim,<br />
pensei: “É verdade, faltava-me isso...<br />
De fato, preciso do auxílio da graça.”<br />
Por fim, aquelas borrascas passaram<br />
e eu vivi um período de dois ou três anos<br />
de muita consolação e muito bem-estar<br />
espiritual. Porém ainda não tinha claro<br />
que isso era imprescindível para a vida<br />
interior do homem, e necessário também<br />
para as suas ações exteriores. Eu<br />
julgava que, com uns tais ou quais recursos<br />
intelectuais, uma tal ou qual força de<br />
vontade e com o auxílio da graça para a<br />
minha perseverança pessoal, o resto eu<br />
faria. Implicitamente estava a seguinte<br />
ideia: “Deus me ponha em ordem, que<br />
eu coloco em ordem os outros e acabo<br />
fazendo vencer a Contra-Revolução.”<br />
Encontro com O Livro<br />
da Confiança<br />
Não tardou a começarem a aparecer<br />
externamente problemas para<br />
os quais eu não tinha remédio, pura<br />
e simplesmente não encontrava<br />
solução: dificuldades financeiras, de<br />
saúde, de relacionamento e liderança<br />
no meio católico, enfim, uma chuva<br />
de fatos, uns mais perturbadores<br />
e constrangedores do que os outros,<br />
caindo em cima de mim às torrentes.<br />
Foi quando, por uma circunstância<br />
providencial com ares de fortuita,<br />
conheci O Livro da Confiança<br />
cuja leitura deu-me a esperança de<br />
que, à força de confiar, Nossa Senhora<br />
também ordenasse aquilo que<br />
eu deveria pôr em ordem. Eu não<br />
seria senão um instrumento d’Ela,<br />
mas a Santíssima Virgem verdadeiramente<br />
colocaria em ordem.<br />
Essa ideia aninhou-se no meu espírito,<br />
eu a fiz minha, incorporei-a,<br />
ao menos espero, em minha mentalidade<br />
e meu modo de ser, e toquei<br />
para a frente.<br />
Provação mais atroz do<br />
que as anteriores<br />
Houve a minha expulsão da<br />
direção da Ação Católica, a<br />
redução de todo o movimento<br />
que eu liderava a um grupo<br />
de seis ou sete amigos<br />
heroicos, nada mais do que isso, enfim<br />
um definhamento completo.<br />
A partir de então outra preocupação<br />
se estabeleceu no meu espírito.<br />
Pensei: “Eu confiei, rezei e estou<br />
certo de que Nossa Senhora<br />
quer que a Contra-Revolução vença.<br />
Se na força de minha idade a<br />
Contra-Revolução está degringolando<br />
desta maneira, não é quando<br />
eu tiver cinquenta, sessenta anos ou<br />
mais que ela vai subir. Ora, se no vigor<br />
de meus anos estou recebendo o<br />
machado da Revolução em cima de<br />
mim, alguma coisa devo ter feito para<br />
merecer o castigo de Deus.”<br />
Donde exames de consciência contínuos<br />
e implacáveis. Duvido existir<br />
um homem que possa dizer com toda<br />
a segurança: “Eu sou de tal maneira<br />
fiel que estou certo de em nada merecer<br />
o castigo de Deus.” Sou um homem,<br />
logo estou neste caso.<br />
Inspetoria Salesiana de São Paulo<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
Em destaque, <strong>Plinio</strong> na Congregação<br />
Mariana de Santa Cecília,<br />
em meados de 1932. À esquerda,<br />
Missa solene no Santuário do<br />
Sagrado Coração de Jesus, nos<br />
tempos da infância de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
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