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Dona Lucilia<br />
Gabriel K.<br />
Convívio com Deus<br />
Isso que parece uma bagatela, de<br />
fato não o é. Esse recolhimento constitui<br />
uma condição prévia para a vida<br />
espiritual. Alma recolhida é aquela<br />
que, quando não está com os outros,<br />
não fica só, mas tem todo um mundo<br />
interior com o qual se entretém. Possui<br />
uma série de degustações interiores<br />
que, ao nos aproximarmos, ela<br />
transmite a nós para que comecemos<br />
a degustá-las também e nos sintamos<br />
bem nesse recolhimento.<br />
Seria quase uma capacidade de<br />
insinuação, de nos embeber como o<br />
azeite no papel, pela qual as coisas<br />
de que a pessoa gosta, vê e sente, ela<br />
nos transmite e começamos a gostar,<br />
sentir e ver do mesmo modo, quando<br />
estamos recolhidos.<br />
O recolhimento não consiste em<br />
separar-se do convívio para pensar,<br />
mas em conviver com Deus. A alma<br />
se encontra embebida de Deus<br />
e, olhando para si mesma, vê, por assim<br />
dizer, a luz divina que a ilumina.<br />
Isso permite um fenômeno sobrenatural<br />
chamado troca de vontades,<br />
o qual não significa propriamente<br />
assumir a vontade de outra pessoa,<br />
mas um certo bem extrínseco a ela e<br />
que nós vemos, mais ou menos como<br />
se trouxéssemos para nosso quarto<br />
uma lamparina com azeite: trouxemos<br />
a lamparina, mas veio dentro o<br />
azeite.<br />
Assim acontece na troca de vontades:<br />
trata-se de algo de Deus que<br />
embebe aquela alma e que, pela influência<br />
pessoal dela, passa a nos<br />
embeber também. Em última análise,<br />
é Deus, enquanto presente em<br />
uma alma, que Se comunica e Se torna<br />
presente na outra.<br />
Entretanto, a pessoa de quem<br />
Deus Se serve para comunicar-Se<br />
não fica indiferente a isso. Ela se assemelha<br />
a um vitral pelo qual passa a<br />
luz do Sol enchendo de cores o interior<br />
de uma catedral. A luz é do astro-rei,<br />
mas o colorido é do vitral.<br />
Dom Chautard, em seu livro A alma<br />
de todo apostolado, conta que um advogado<br />
parisiense foi a Ars para conhecer<br />
São João Maria Vianney. Quando voltou<br />
a Paris, alguém lhe perguntou:<br />
— O que você viu em Ars?<br />
Ele disse:<br />
— Vi Deus em um homem.<br />
Como se vê a presença de Deus<br />
num homem? É mais ou menos como<br />
a do Sol num vitral: não vemos<br />
de um lado o Sol e de outro o vitral,<br />
mas a luz atravessa o vidro, ilumina-<br />
-o e, com o mesmo olhar, contemplamos<br />
o vitral e o Sol.<br />
Então, as características pessoais,<br />
enquanto iluminadas internamente<br />
pela santidade infinita de Deus, fazem<br />
ver Deus através delas.<br />
Respeito e confiança<br />
nos superiores<br />
Dona Lucilia exercia essa ação<br />
junto às pessoas, preparando-as,<br />
Alan Marques<br />
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