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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense

As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense Coleção Documentos, volume 16 Autor: Reto Monico

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Coleção Documentos, volume 16
Autor: Reto Monico

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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense:

A Federação (1911-1912) 11

política: podemos mencionar a expulsão das ordens religiosas e a

confiscação dos bens do clero regular (8 de outubro), a abolição do

juramento religioso (18 de outubro), a proibição do ensino religioso na

escola primária (22 de outubro), a abolição dos dias feriados e das festas

religiosas (28 de outubro), a lei do divórcio (3 de novembro). Estes

decretos, apoiados pelo povo republicano lisboeta, suscitam inevitavelmente,

a médio e a longo prazo, uma reação dos meios monárquicos e

clericais, num país onde 80 % da população vive no campo. Os acontecimentos

dos primeiros meses de 1911, como o assalto, em janeiro,

às redações de três jornais monárquicos (Liberal, Correio da Manhã

e Diário Ilustrado) e, em abril, a Lei da Separação entre o Estado e

a Igreja reforçam as convicções antirrepublicanas dos partidários do

Antigo regime.

Num ambiente internacional pouco favorável, os novos dirigentes

de Lisboa têm de enfrentar várias dificuldades nomeadamente a agitação

grevista 4 , o problema religioso e a conspiração monárquica, tema

deste livro.

* * * * *

Os “primeiros boatos de conspiração monárquica” 5 surgem na viragem

do ano. No entanto, como sublinha Miguel Dias Santos, no início

este perigo é mais “uma construção propagandística do republicanismo

para defesa do regime” 6 e para justificar uma política intransigente,

mas, a partir da primavera, esta ameaça torna-se mais séria para a jovem

república, com conspirações detetadas em Lamego, Viseu, Aveiro,

Coimbra, Guarda, Castelo Branco e Lisboa 7 . Em junho, descobre-se um

“vasto plano contrarrevolucionário no Algarve com ligações” 8 a Lisboa.

4 Há 59 greves nos últimos três meses de 1910 e 89 no ano seguinte.

5 SANTOS, Miguel Dias. A Contra-Revolução na I República (1910-1919). Coimbra,

Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010, p. 90. Esta tese de doutoramento está

disponível em formato pdf: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/12380/3/Migu

elSantos_tese.pdf.

6 Ibid., p. 98-99.

7 Ibid, p. 105.

8 Ibid, p. 106.

www.lusosofia.net

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