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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense

As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense Coleção Documentos, volume 16 Autor: Reto Monico

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Coleção Documentos, volume 16
Autor: Reto Monico

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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense:

A Federação (1911-1912) 19

Apesar disso, o exército factício de Couceiro, atravessa, com atraso,

a fronteira a 5 de outubro, com 950 homens, dos quais só 240 têm armas,

muitos com pistolas, a maioria com armas de guerra ferrugentas

e velhas. A coluna parte com destino a Bragança. Por engano, entram

por Vinhais, proclamam a monarquia mas, depois de um confronto

com os republicanos, em que recuam estrategicamente, Paiva Couceiro

decide retirar-se por falta de munições e pela incapacidade de enfrentar

as forças que o Governo de Lisboa enviará. Há, no entanto,

ainda um pequeno confronto com uma força de cavalaria vinda de

Bragança. O Paladino fica porém perto da fronteira à espera de uma

revolta popular que nunca ocorrerá e de novas armas que também

nunca chegarão 28 .

Um oficial dos carabineros espanhóis descreve o que resta das

tropas do Paladino 29 :

A sua gente continua a abandoná-lo [a Couceiro], levando o

armamento e munições. Dos 1200 homens aliciados não lhe

restam mais de 400 a 500. Andam andrajosos e famintos, tendo

sofrido deveras com as últimas chuvas, por não terem com que

se mudar. Em 9, levantaram o acampamento de Pinheiro e seguem

a pé, fazendo conduzir o pouco armamento que dispõem,

pela fronteira portuguesa, em direção a Santachão por Seixo

onde passaram em 10. [. . . ] Doutras informações, concluía-se

que os trânsfugas couceiristas vendiam o seu armamento ao

desbarato, indicação de necessidade. Em Pinheiro, diziam que

pareciam pobres da porta.

Esta “pueril incursão de Couceiro” 30 fracassa por falta de meios, de

apoio popular (as sublevações filo-monárquicas nos distritos do Porto,

Chaves, Bragança e Castelo Branco são inconsistentes), por causa da

divisão dos próprios monárquicos 31 , mas também porque o Governo de

28 Cf., Infra, A Federação, 6, 7, 9, 10, 11 13 de outubro e 22 de novembro de 1911;

Journal de Genève, 11 de outubro de 1911.

29 SANTOS, Miguel Dias. Ob. cit., p. 129.

30 VALENTE, Vasco Pulido. Ob. cit., p. 29.

31 “[Esta incursão] provou que mesmo os monárquicos não se bateriam pela monarquia

de 1910 e que não tinham ideia porque monarquia se bater”. Ibid.

www.lusosofia.net

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