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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense

As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense Coleção Documentos, volume 16 Autor: Reto Monico

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Coleção Documentos, volume 16
Autor: Reto Monico

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As incursões monárquicas lusas na imprensa sul-rio-grandense:

A Federação (1911-1912) 23

seus direitos dinásticos, e, pelo outro lado, D. Miguel fica indignado

porque o primo não renuncia ao trono 37 .

É nessa altura que o movimento, contrariamente ao de 1911, assume

como objetivo explícito repor D. Manuel no trono que perdera

no outono de 1910. O comité de Londres chefia este movimento restaurador

e é também na capital britânica que Luís de Magalhães redige

um “Esboço de um plano político para a restauração da Monarquia” 38

que prevê três fases, a primeira das quais nos interessa neste estudo:

a luta militar contra a República e a tomada do poder.

Nos primeiros meses de 1912, a luta radical do regime de Lisboa

contra o movimento operário e contra a Igreja parece legitimar

o movimento restaurador e justificar a luta armada dos conspiradores

monárquico-clericais. Tal como aconteceu em 1911, estes preparam

uma revolta interior com vários comités, nomeadamente em Lisboa,

no Porto, em Viseu, Braga, Coimbra e Leiria, e contando com o apoio

de alguns regimentos. Estes comités aliciam pessoas, contactam oficiais,

compram armas, imprimem manifestos e panfletos. Todos deverão

atuar no momento da entrada em Portugal do exército do Paladino.

Este, no país vizinho, prepara a segunda invasão. No que diz

respeito ao armamento, há alguns contratempos, com a confiscação

nos meses de abril e maio de duas remessas de armas na Galiza 39

e, no mês seguinte, em Zeebrugge, na Bélgica o aprisionamento do

vapor Voss com 200 homens e armas para as forças realistas 40 . No

entanto, Couceiro compra duas metralhadoras na Alemanha e armas

em Espanha graças sobretudo ao contrabando e ao precioso auxílio

dos carlistas locais. Em finais de maio, este parte para Madrid com

o objectivo “de realizar uma operação definitiva que pusesse os seus

homens em condições de entrar em Portugal bem apetrechados” 41 .

37 SANTOS, Miguel Dias. Ob. cit., p. 137. No entanto, na altura, a informação

divulgada é que se trata de um acordo político.

38 Ibid., p. 138.

39 Cf. Infra, A Federação, 23 de maio de 1912.

40 COIMBRA, Artur Ferreira. Ob. cit., p. 107-108. SANTOS, Miguel Dias, ob. cit., p.

151-153. Cf. Infra, A Federação, 18 de junho de 1912.

41

GÓMEZ, Hipólito de la Torre. Ob. cit., p. 129. Este historiador explica em

pormenor como as armas compradas em Barcelona ou em Madrid são transportadas

até à Galiza.

www.lusosofia.net

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