Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CACHOEIRA<br />
(BA)<br />
Por: José Carlos Reis de Souza<br />
A Bahia, nas últimas décadas, definiu a atividade<br />
turística como uma das prioridades para o seu<br />
desenvolvimento econômico-social. Amparada na<br />
diversidade de suas belezas, no seu amplo patrimônio<br />
histórico-cultural e numa série de ações de marketing<br />
e infraestrutura, ocupa, nacionalmente, posição<br />
privilegiada em se tratando dos crescentes números<br />
e estatísticas do receptivo nacional e internacional.<br />
Dos atrativos turísticos localizados no Estado, a<br />
região fisiográfica conhecida como “Recôncavo<br />
Baiano” constitui-se como uma das áreas de maior<br />
potencialidade. Sua importância historiográfica<br />
advém da participação de seus filhos nas lutas pela<br />
Independência da Bahia, da riqueza de seus antigos<br />
“Barões” do açúcar e do segundo acervo arquitetônico<br />
baiano em estilo barroco. Além destes, podem-se citar<br />
uma extensa listagem de manifestações artísticas e<br />
culturais, como o samba de roda, os mandus e boa<br />
parte dos terreiros de Candomblé.<br />
O letreiro do pórtico (Cachoeira heróica e<br />
monumento nacional) na entrada, já confirma o que<br />
turistas e visitantes vão encontrar na cidade que fica<br />
a 133 km de Salvador: muita história e um conjunto<br />
arquitetônico de estilo barroco, que foi reconhecido<br />
pelo IPHAN como patrimônio da humanidade.<br />
Fundada às margens do Rio Paraguaçu, no recôncavo<br />
baiano, Cachoeira respira história, a começar pela sua<br />
participação efetiva na independência do Brasil; seu<br />
apogeu durante os séculos XVIII e XIX, quando seu<br />
porto era utilizado para escoar a produção agrícola, e<br />
o sincretismo religioso cujo ponto alto é a tradicional<br />
festa da Boa Morte, que ocorre todo mês de agosto.<br />
A cidade mantém traços da colonização portuguesa,<br />
como: igrejas católicas, fortes e engenhos de cana-deaçúcar,<br />
uma região que foi ricamente colonizada por<br />
Martim Afonso de Souza. Mas não é só de construções<br />
e de cultura material de matriz européia que se faz a<br />
cidade de Cachoeira, é muito conhecida por outra<br />
característica, os famosos terreiros de candomblé,<br />
uma religião afro-brasileira derivada de cultos<br />
tradicionais africanos, que mantém a questão muito<br />
preservada e práticas bem parecidas com o que os<br />
africanos trouxeram da África nos navios negreiros,<br />
e funcionam desde o período da colonização. Até a<br />
metade do século XX Cachoeira era uma das cidades<br />
mais prósperas do interior do nordeste que atraía<br />
comerciantes de todo o Brasil. Os sobrados e casarões<br />
foram construídos com o dinheiro da produção de<br />
açúcar e mão de obra de negros escravizados. A<br />
região do recôncavo baiano foi uma das pioneiras do<br />
Brasil na compra de negros africanos para trabalhos<br />
forçados. Quem visita a cidade pode observar que<br />
a religiosidade católica que se misturam no que se<br />
chama nos livros de história de sincretismo.