Revista UnicaPhoto - Ed.16
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Responder a essas questões é chegar ao conceito do
livro. E sem ter isso em mente não dá para avançar.
A seleção das imagens, textos e grafismos que farão
parte do livro, bem como seu ordenamento nas páginas
e, evidentemente, o formato do livro e materiais que
serão usados, são guiados pelo conceito. Não seleciono
a foto mais bonita, seleciono aquela que contribui
para composição da narrativa verbo-visual. Por sinal,
chamo de composição porque a proximidade com a
música e a poesia é algo notório, a narrativa visual
fotográfica tem ritmo, rima, tem repetição de refrão,
tem tom. Evidentemente que ter um fotozine nas mãos
proporciona uma dimensão de experiência háptica que
um fotozine virtual não vai possibilitar.
No mais, existem muitas formas de compor narrativas
verbo-visuais. Uso sempre o termo verbo porque todo
livro tem título, ainda que o conteúdo seja apenas
de fotografias, e algumas fotografias podem mostrar
textos, portanto fotozines, fotolivros, são sempre verbovisuais.
Para adentrar a composição de narrativas visuais
recomendo o livro de Keith Smith”Structure of Visual
Books”, um clássico sobre o assunto. Infelizmente
não conheço tradução para o portugês. E recomendo
também minha dissertação de mestrado “Conhecer
fotolivros: (in)definições, histórias e processos de
produção”.
Minha dissertação e outros textos que escrevi podem
ser encontrados em https://ufpe.academia.edu/
MarinaFeldhues
Você tem algum conselho para estudantes de
fotografia que queiram mergulhar no universo dos
fotolivros?
Pratiquem sem medo. Não esperem ter dinheiro, façam
em casa bonecos, façam zines, publiquem na internet,
deem seus livros de presente, produzam, experimentem,
pratiquem. É preciso não só ler sobre o assunto, mas
botar a mão na massa, a matéria vai te ensinar muito, é
com a mão na massa que a coisa acontece.
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