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Revista UnicaPhoto - Ed.16

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MATÉRIA

“Agenda 2030”:

transdisciplinaridade em

tempos de pandemia

João Guilherme Peixoto

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contexto da pandemia reconfigurou nossas certezas e verdades sobre os processos de

ensino e aprendizagem. Novos protocolos de construção do conhecimento precisaram

ser “ativados”, novas problemáticas associadas à colaboração e ao engajamento estudantil

foram evidenciadas. Mas diante da incerteza de que caminhos devem/podem ser tomados,

fica a questão: de que maneira podemos construir uma participação discente crítica, humanizada e

efetiva em ambientes virtuais de aprendizado.

Um caminho interessante a ser seguido é a introdução de metodologias ativas de ensino e

aprendizagem. Horn e Staker (2015) apontam para defasagens nos modelos tradicionais de ensino

(também chamados “modelos industriais”), os quais influenciam diretamente nos resultados de

aprendizagem dos estudantes. Já para Mattar (2017, p. 19), um dos erros mais comuns quando

mencionamos o tema “Metodologias Ativas” é associá-lo ao desenvolvimento de tecnologias

disruptivas, meios de produção virtualizados e demais processos ligados à evolução das tecnologias

digitais de informação e comunicação (TDIC). Diferentemente dessa conceituação, o uso de

metodologias, as quais têm por objetivo central estimular o fazer compartilhado em sala de aula

(seja ela virtual ou não), remete não apenas ao desenvolvimento técnico, como também a processos

de ordem comportamental.

Entre as principais características das Metodologias

Ativas de Ensino/Aprendizagem destacamos a

participação efetiva e funcional do aprendiz, que passa

a ter mais controle e protagonismo em sala de aula.

Leitura, pesquisa, comparação, observação, imaginação,

obtenção e organização dos dados, elaboração e

confirmação de hipóteses, classificação, interpretação,

crítica, busca de suposições, construção de sínteses

e aplicação de fatos e princípios a novas situações,

planejamento de projetos e pesquisas, análise e tomadas

de decisões (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017, p. 274) são

protocolos operacionalizados com frequência durante a

utilização de metodologias como: Aprendizagem Baseada

em Problemas (BARBEL, 1996; ARAÚJO; GENOVEVA, 2009;

MUNHOZ, 2019), Blended Learning (BERGMANN ; SAMS,

2012; CROUCH; MAZUR, 2012; HORN; STAKER, 2015),

entre outras.

Isso posto, observamos que, com o objetivo de trabalhar

processos de transdisciplinaridade no Curso Superior

de Tecnologia em Fotografia da Universidade Católica

de Pernambuco (Unicap), foi planejada para o semestre

2020.2 uma atividade em conjunto entre as disciplinas

“Linguagem Fotográfica I” e “Fotografia e Semiótica”,

ambas pertencentes ao segundo módulo do curso.

Atrelado aos processos relacionados à convergência de

saberes e procedimentos didáticos, optamos também

pela utilização de metodologias ativas de ensino/

aprendizagem com foco na estruturação, planejamento,

execução e monitoramento das tarefas desenvolvidas

durante o semestre.

Sobre a proposta, ressaltamos a escolha do tema central

“Agenda 2030” como ponto de partida. O grupo, formado

por 20 estudantes, inicialmente recebeu informações

sobre a importância do debate acerca dos 17 objetivos

de desenvolvimento sustentável (ODS) presentes no

documento (representam metas globais definidas

pela Organização das Nações Unidas), além de serem

estimulados a acessarem a plataforma “Agenda 2030”

(http://www.agenda2030.com.br/) com o objetivo de

colher informações iniciais sobre as temáticas abordadas.

Ademais, os professores responsáveis pelas disciplinas

especificaram o produto final da atividade: um ensaio

fotográfico composto por até 15 fotografias, além de

um texto o qual trabalhasse questões teóricas sobre

linguagem fotográfica e semiótica.

Após essa etapa, os participantes foram divididos

em duplas ou trios para darem início ao processo de

planejamento das propostas. Com o objetivo de oferecer

recursos didáticos os quais estimulassem a participação

ativa dos estudantes, optamos por utilizar ferramentas

e técnicas relacionadas à aprendizagem baseada em

problemas como também à aprendizagem baseada em

projetos. Definidos como “ancoras”, materiais didáticos

que buscam estimular a participação e o desenvolvimento

do pensamento crítico por parte dos discentes, foram

apresentados vídeos, ensaios fotográficos e textos sobre

os objetivos de desenvolvimento sustentável para as

equipes. Atrelado a isso, realizamos encontros síncronos

em plataforma digital de ensino/aprendizagem (Google

Meet) com foco no acompanhamento do processo

de construção dos ensaios fotográficos. Também foi

utilizada a plataforma Google Classroom para troca de

mensagens com os grupos de trabalho, além de funcionar

como “espaço” de acompanhamento de prazos e troca

de referências e experiências entres as equipes. Todo

esse processo foi realizado entre os meses de outubro e

novembro de 2020.

Por fim, como proposta de avaliação da atividade

transdisciplinar, propusemos a apresentação oral

dos grupos durante um dos momentos síncronos

das disciplinas. Cada equipe ficou responsável por

compartilhar as experiências vinculadas às etapas de

planejamento e execução do ensaio fotográfico. Os

grupos também deveriam realizar a apresentação do

ensaio fotográfico com o objetivo de estimular o debate e

a troca de experiências do processo como um todo. Entre

os objetivos de desenvolvimento sustentável trabalhados,

podemos citar: Água Potável e Saneamento (ODS 06),

Educação e Qualidade (ODS 04), Cidades e Comunidades

Sustentáveis (ODS 11), Vida na Água (ODS 14), Trabalhos

decente e crescimento econômico (ODS 08) e Ação contra

a mudança global do clima (ODS 13).

A partir dos resultados apresentados (Fotos 01, 02, 03,

04, 05 e 06), podemos constatar que o objetivo central

de aprendizagem definido (trabalhar processos de

transdisciplinaridade no Curso Superior de Tecnologia

em Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco)

foi alcançado. Destacamos que o uso de metodologias

ativas de ensino/aprendizagem ofereceu aporte teórico

e metodológico para o desenvolvimento de aspectos

relacionados à participação, ao desenvolvimento do

pensamento crítico e a problematização das etapas de

planejamento e execução de ensaios fotográficos. Atrelado

a isso, o uso de tecnologias digiais de comunicação e

informação (TDIC) contribui de forma significativa para

a elaboração dos resultados, como também para o

processo de acompanhamento dos grupos de trabalho.

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