Revista UnicaPhoto - Ed.16
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ARTIGO
MEMÓRIAS DOS
TEMPOS DE USINA
Rosália Cristina de França
Este artigo surge das lembranças que a autora tem da Usina Jaboatão na época
de sua infância. Uma relação intrigante e curiosa de uma criança que achava
aquela construção magnífica: a Usina falava com seus sons e cheiros, e isso
despertava a curiosidade. Se a autora tinha suas lembranças, imagine quem
trabalhou e viveu de perto aquele lugar? Acessar essas lembranças era não
deixar essa história desaparecer com o tempo e também mostrar aos antigos
funcionários a importância que cada um teve na trajetória da usina. Assim, a
proposta foi resgatar essa história com imagens dos antigos trabalhadores da
usina entrevistados e das ruínas que vem sobrevivendo ao tempo da Usina
Jaboatão.
A cana-de-açúcar trazida para Pernambuco por Duarte Coelho Pereira, em
1553, encontrou no estado clima e solo compatível para o plantio e cultivo,
proporcionando uma grande gama de variedades de cana. A chegada da
cana, além do seu manejo e cultivo, trouxe consigo mudanças no estilo de
vida das pessoas que ali já habitavam: mudanças na cultura, economia e
na natureza. Esse acontecimento contribuiu para que a coroa Portuguesa
destruísse gradativamente as matas que aqui encontraram, impondo, com
a plantação da cana, a monocultura como a única opção de plantio sem dar
chance, por exemplo, para as lavouras de subsistência (SILVA, 2010). O Brasil
por muito tempo foi o principal país a produzir açúcar, com sua economia
estável e detentora de muitos lucros, mas isso mudou com a concorrência
colocada pelos holandeses nas Antilhas, instalando uma crise no Brasil ainda
Colônia (SILVA, 2010).
Porta-retratos com imagens antigas de
autoria anônima da Usina Jaboatão.
A USINA JABOATÃO
As terras onde se localizava a Usina Jaboatão, na zona da
Mata Sul de Pernambuco, delimitada até às margens do
Rio Jaboatão, foram cedidas a Sesmaria, no século XVI, por
Duarte Coelho de Albuquerque, em 1566. Gaspar Alves
de Pugas foi o primeiro titular da Sesmaria, em 1575 sua
demarcação foi efetuada nos 1° Anais Pernambucanos
pág. 371, vol. 1° (USINA, [1996]). Gaspar Alves de Pugas
vendeu uma parte da Sesmaria a Fernão Soares, em 1573,
com a escritura lavrada em 15 de Setembro daquele ano,
tratava-se de uma área de 1.200 braças de norte a sul
por 60 braças de leste a oeste, vendida por duzentos mil
réis. Como forma de pagamento no documento de venda,
Gaspar Alves concede cana-de-açúcar para ser moída no
engenho que Fernão Soares (USINA, [1996]).
Com o passar do tempo Fernão passou a ser dono da
maior parte da Sesmaria de Gaspar, junto com seu irmão
Diogo Soares, que construíram um engenho de açúcar
com o nome de Nossa Senhora da Assunção, que veio a
ser padroeira do engenho. O local da Usina era nas terras
adquiridas em Jaboatão, onde também foi construído o
engenho Suassuna, situado na ribeira do rio Jaboatão
(USINA, [1996]).
Sob a dominação da Progresso Colonial, a Usina Jaboatão
é fundada em 24 de setembro de 1895, segundo contrato
firmado em 04 de outubro de 1895, com uma produção
estimada de 150 sacos por dia e 04 caminhões pipas
de álcool (USINA, [1996]). De 01 de julho de 1905 a 31
de janeiro de 1908 a Companhia Progresso Colonial se
chamava Usina Santa Teresa. A Usina só passou a ser
denominada Usina Jaboatão, em 1914, com capacidade
diária de 200 toneladas e uma linha férrea com 40
quilômetros de extensão. (USINA, [1996]).
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