Dia dos Namorados e a lenda de São ValentimAmor em tempo de pandemia“O facto de não podermos estarfisicamente próximos temalterado muitos padrões”, diza psicóloga Sónia Ferreira a quempedimos para falar do amor emtempo de pandemia. Psicóloga e‘Coach’ com duas décadas de psicologiaclínica e no ‘Coach’ maisde quatro, nos últimos meses SóniaFerreira decidiu empreenderpelo universo online com a criaçãode um programa destinado apotenciar as competências baseque está acessível em soniacamposferreira.com/free. “A forma deamar, a sua essência no sentimentoserá a mesma, mas o formatomudou bastante. Do amor românticoao amor fraternal ou a qualquertipo de amor, muita coisamudou. O facto de não podermosestar fisicamente próximos tem alteradomuitos padrões. Os amoresvividos à distância, ou atravésdo ecrã do telemóvel, fazem lembraros namoros de janela de antigamente”,explica a psicóloga queadianta que “a questão é que nessaaltura, aquele era o padrão e aregra, por isso era natural e aceite.Mas agora as regras mudaram repentinamenteo que causou atribulações.E não apenas na distância,mas, no campo oposto surgiua presença constante, algo a quenão estavamos habituados. Comtoda a família em casa e sem espaçopara a individualidade, crescea impaciência. A forma de amartornou-se em algo mais presenteno digital, menos físico, menospalpável, mais distante. Umpouco como os amores à distânciaou em tempo de guerra. Nãoquer dizer que sejam menos intensosou genuínos, são apenas vividosde uma outra forma. Somosanimais de hábitos e tendemos aregressar àquilo que conhecemos.Até porque existe uma imensa sedede normalidade e da presençafísica. Mas a forma de viver oamor não é estática, por isso é possívelque surjam alguma diferençasna forma de estar presente. Paravárias pessoas, este momento évalidação da possibilidade de sermais autónomo e independente,em relação ao outro. Isso permiteque pessoas que estejam em cidadesou países diferente possammanter relações amorosas profundase duradouras mesmo neste formatoà distância”. Sónia Ferreiraacredita, no entanto, que será possívelregressar ao padrão anteriorao tempo da pandemia. “Estoucerta que iremos assistir a algumasmudanças, mas também ao retornodaquilo que era o padrão pré--pandemia”. Este ano e apesar dapandemia, a data não foi esquecidamas foi vivida de forma diferente.O Dia dos Namorados, ou diade São Valentim, celebra-se a 14de fevereiro. Existem diferentesversões da lenda de São Valentime de como este mártir romano setornou o patrono dos namorados.Uma refere que, no século III, obispo Valentim contrariou as ordensdo Imperador Cláudio II deproibir temporariamente a celebraçãode casamentos. Essa desobediênciafez com que Valentimfosse preso e condenado à morte.Segundo a lenda, a filha do seucarcereiro, que era cega, terá pedidopara o visitar no cárcere e,mal se aproximou dele, recuperoua visão. Ambos se apaixonaramum pelo outro. Numa cartaescrita à sua amada, o bispo ter-se--á despedido com a expressão “doseu Valentim”, que ainda é usadana língua inglesa (“valentine“) paradesignar namorado. ••• Dulcina Branco• Fotos: Cícero Castro e Fábio Brito(Câmara Municipal Porto Santo)12
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