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Milionários americanos compram paquete em leilão
Um navio chamado Funchal
O
Navio Funchal comemora
este ano 60 anos. E, celebrando
esta nobre idade,
esteve na eminência de ser leiloado
e vendido para ferro velho, o
que felizmente acabou por não
acontecer. Os atuais proprietários
do Funchal são um grupo de milionários,
baseados na Califórnia,
e que pretendem preservar um navio
que é único, sendo uma preciosidade
quando analisado à luz da
arquitetura naval. Pretendem agora
retirá-lo de Lisboa, repará-lo e
definir aquilo que será o futuro do
navio, havendo para já garantias
que não será desmantelado e que
irá manter o nome da nossa Cidade
do Funchal. O navio Funchal
foi lançado à água a 10 de fevereiro
de 1961, na Dinamarca, por encomenda
da Empresa Insulana de
Navegação, com projeto de Rogério
de Oliveira. Foi o maior navio
de passageiros construído até então
daquele estaleiro e tinha como
função ligar Lisboa às ilhas da Madeira,
Açores e Canárias, realizando
mensalmente duas viagens no
itinerário Lisboa, Funchal, Tenerife,
Funchal, Lisboa, seguindo-
-se na viagem seguinte os Açores
via Funchal. Integrava uma importante
frota de navios de passageiros
portugueses, constituída por
mais de vinte unidades, entre as
quais o N/T Infante Dom Henrique,
N/T Santa Maria, N/T Vera
Cruz e N/T Príncipe Perfeito, os
quatro maiores paquetes portugueses
abatidos em 1977. O Funchal
serviu de iate presidencial a Américo
Tomás em 1972 quando foram
transportados os restos mortais de
Pedro IV de Portugal para o Brasil,
sob escolta militar. (…) Terminou
o seu último cruzeiro em Lisboa,
já com registo na Madeira e bandeira
Portuguesa, a 16 de setembro
de 2010 (…). Efetuou o seu último
cruzeiro ao serviço da Portuscale
Cruises de 28 de dezembro de
2014 a 2 de janeiro, curiosamente
para assistir ao magistral fogo de
artifício na baía da cidade que lhe
deu o nome, encontrando-se desde
essa data imobilizado no porto
de Lisboa (…). O Funchal volta
novamente a ser leiloado, tendo
em 29 de janeiro sido vendido, desta
vez em Londres, a um grupo de
investidores norte americano com
o intuito de o preservar. As evidencias
sugerem que o navio ficou assim
salvo de terminar a sua vida como
sucata. ••
• Nélio Olim (com a colaboração de Paulo M. Farinha)
• Fotos: Paulo M. Farinha, CEN, DR
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