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As primeiras horas<br />
em Curitiba foram<br />
desafiadoras. Um<br />
verdadeiro choque<br />
térmico com água<br />
terrivelmente fria. Até<br />
hoje minha mulher não<br />
acredita, mas o impacto<br />
foi tão grande que a<br />
aliança de casamento, que<br />
estava com ligeira folga no<br />
dedo, escapou, resvalou<br />
na parede e desapareceu.<br />
Passei uma hora<br />
procurando-a em vão”<br />
Foto: divulgação<br />
JOSÉ ALEXANDRE SARAIVA<br />
Uma cidade inspiradora de<br />
contos literários<br />
Aos 22 anos, José Alexandre Saraiva, escritor, jornalista, músico e advogado, nascido em Panelas (PE), um recanto serrano na<br />
zona do agreste pernambucano, veio morar em Curitiba (PR). Foi em 1976, quando morava no Rio de Janeiro e a aprovação no<br />
concurso público federal o trouxe para cá. Quem o convenceu a vir morar na cidade foi o teatrólogo Olavo de Barros, curitibano<br />
que conheceu no Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes (RJ), que comentou que Curitiba era o melhor lugar do país para morar,<br />
mesmo com as adversidades do clima. Ele não teve dúvidas e, recém-casado, tomou posse do cargo federal e veio de ônibus com<br />
a esposa para a cidade. “As primeiras horas em Curitiba foram desafiadoras. Um verdadeiro choque térmico com água terrivelmente<br />
fria. Até hoje minha mulher não acredita, mas o impacto foi tão grande que a aliança de casamento, que estava com ligeira<br />
folga no dedo, escapou, resvalou na parede e desapareceu. Passei uma hora procurando-a em vão”, detalha Saraiva. E assim, sem<br />
desanimar com o clima frio, começaram os vínculos sociais com as reuniões com amigos do mesmo cargo público, a carreira na<br />
área jurídica, o nascimento de três filhos e do neto, e o amor contínuo da literatura e da música. Das artes o escritor tem a leveza,<br />
da profissão do direito a disciplina, a ciência, a justiça.<br />
Morar em Curitiba trouxe o favoritismo de alguns lugares, como a feira do Largo da Ordem e da Praça Osório, e o Calçadão da<br />
XV, por transitar curitibanos de diversas etnias na região central da capital. Também aprecia o suco de cana com limão, pamonha<br />
e bolo de milho, e destaca o Barreado, um prato típico paranaense. Autor do livro: De Labiata a Lagoa da Canoa passando por<br />
Tacaratu, via Quipapá ou Caruaru; um épico nordestino, fruto de anos de pesquisa sobre o literomusical dos agrestes e sertões do<br />
Nordeste, neste ano é um dos finalistas do Prêmio Off Flip 2021 com textos inéditos de contos, crônicas e poesia. Saraiva revela<br />
que Curitiba e a região Metropolitana, sempre fazem parte da inspiração literária, como o conto “A pipa”, vencedor do concurso<br />
literário nacional promovido em 1986 pela Academia Feminina de Letras do Paraná, que tem como cenário um trecho da linha<br />
férrea na divisa de Pinhais e Curitiba e foi adaptado para um curta exibido no quadro televisivo “Casos e Causos” da RPC, afiliada<br />
da Globo no Paraná. Mais recentemente, o mesmo Selo Off Flip selecionou e publicou na Coletânea “Parem as máquinas”, a<br />
crônica “Em prol das flores e dos pássaros’’, que envolve Curitiba e a Serra do Mar.<br />
ABRIL 2021 31