*Abril/2021 Referência Florestal 228
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ARTIGO<br />
Ninguém jamais pretendeu que todos viessem a comungar<br />
dos mesmos objetivos, afinal o ambiente é democrático,<br />
respeitando-se comunidades que venham a aderir,<br />
da mesma forma as que não queiram aderir à exploração<br />
legal e sustentável.<br />
Desconhecemos maneira melhor para combater a<br />
ilegalidade que o propósito de aumentar a oferta de legalidade.<br />
Mais do que nunca é extremamente importante seguir<br />
em frente, realizando o trabalho ombro a ombro com<br />
os diversos Caciques e Cacica que defendem legalidade e<br />
sustentabilidade e, veem no Manejo <strong>Florestal</strong> Sustentável,<br />
a ferramenta para lhes proporcionar melhoria de renda e<br />
vida digna.<br />
VIVER DA FLORESTA<br />
Não nos propomos ao discurso vazio e fútil de atores<br />
os mais diversos, que tantas mazelas trouxeram à comunidade<br />
indígena, alijando-os do livre arbítrio quanto a utilizar<br />
esse imenso capital natural. A arma de que dispomos<br />
é o conhecimento de como domar a floresta de forma<br />
sustentável, mantendo ciclos contínuos de rendimento aos<br />
indígenas, com respeito à legislação e renovação florestal<br />
por tempo indefinido.<br />
Os maus brasileiros, os que auferem recursos através<br />
da miséria indígena, os que não têm pretensão de trabalhar<br />
de forma legal, os que não têm compromisso com<br />
a sustentabilidade, os que não têm interesse em trazer<br />
conhecimento e capacitação aos indígenas, vão continuar<br />
usando meios obscuros para combater o acesso indígena a<br />
uma vida digna. Sigamos em frente travando o bom combate,<br />
pois os cães ladram e a caravana passa.<br />
A exploração de recursos de forma legal, responsável e<br />
ambientalmente correta, propiciará aos indígenas um ciclo<br />
virtuoso de ascensão, sem abrir mão de seus valores culturais,<br />
afinal nada é mais insustentável que a penúria em que<br />
vivem, com carência de toda ordem e baixa expectativa de<br />
vida, sem acesso à tecnologia e evolução.<br />
A FUNAI acompanha cada passo da iniciativa e vê com<br />
bons olhos o protagonismo indígena na busca de inclusão<br />
social e renda, tendo obtido parecer junto a AGU favoravelmente<br />
à realização de manejo florestal em suas terras e,<br />
em reunião recentemente ocorrida tivemos ciência de que<br />
trabalham em uma IN ou Portaria Conjunta com o IBAMA<br />
no sentido de regulamentar a atividade, bastando para<br />
tanto tão logo se vença mais essa etapa, cada aldeia indígena<br />
realizar a operação de acordo com sua conveniência,<br />
permitindo em sendo o caso, a realização dos trabalhos<br />
preliminares para confecção do projeto.<br />
Na mesma ocasião nos reunimos, juntamente com<br />
lideranças indígenas; com o MMA (Ministério do Meio<br />
Ambiente) e fomos recebidos em audiência na presidência<br />
da república que se mostrou satisfeita com a iniciativa e,<br />
tal qual a FUNAI, vê com bons olhos esse protagonismo<br />
dos Caciques e da Cacica Kayapó, interessados em gerar<br />
riquezas para a sua comunidade, tal qual outras etnias já<br />
o fazem no Mato Grosso, com benefícios também para o<br />
município, para o Estado e para o Brasil.<br />
É preciso mais do que nunca que o mundo se adapte<br />
às mudanças que se fazem necessárias, tomando consciência<br />
quanto à produção madeireira responsável, pois<br />
é sabido que a extração de metais como, cobre, níquel,<br />
ferro e bauxita, aumentou mais que a produção global de<br />
mercadorias.<br />
A produção de cimento mais que dobrou desde 1.990,<br />
o consumo de petróleo no mundo mais que triplicou desde<br />
1965, chegando em torno de 100 milhões barris/dia.<br />
A inclusão social através da floresta é a realidade da<br />
Amazônia, dos indígenas e de todos os amazônidas, afinal<br />
a árvore nasce, cresce, reproduz-se e morre e, após um<br />
ciclo de manejo ao revisitarmos o primeiro talhão, 35 anos<br />
depois, ela estará com estoque renovado e pronta para<br />
novo ciclo de colheita, se constituindo em um dos poucos<br />
materiais de construção carbono zero.<br />
O uso ordenado e sustentável de florestas é o contraponto<br />
a produtos dependentes de matrizes fósseis como<br />
petróleo, carvão mineral, gás, minérios e cimento, cujo uso<br />
continua sem freios e no piloto automático.<br />
O inventário florestal e as análises dele decorrentes,<br />
se constituem no balanço, que permite realizar saques de<br />
acordo com capitalização do recurso, sem que jamais seja<br />
necessário emitir um cheque sem fundos, com foco no<br />
combate a dois inimigos da sustentabilidade: o desperdício<br />
e seu congênere, o rejeito.<br />
O que acontece no mundo durante um período de<br />
manejo:<br />
Se crescer a 2%, terá consumo duas vezes maior;<br />
Se crescer a 3%, terá consumo 2,81 vezes maior;<br />
Se crescer a 4%, terá consumo 3,95 vezes maior.<br />
A floresta manejada estará pronta para um novo ciclo<br />
e seu benefício permanecerá por tempo indefinido.<br />
Loucura é fazer tudo do mesmo jeito e esperar um resultado<br />
diferente, o que nos leva à inflexão:<br />
“Que mundo deixaremos para a futura geração ou que<br />
futura geração deixaremos para o mundo.”<br />
O caso do Complexo <strong>Florestal</strong><br />
Industrial Kayapó é fundamental<br />
no âmbito das capacitações em<br />
gestão de negócios florestais<br />
44 www.referenciaflorestal.com.br