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CIÊNCIA<br />
O<br />
PP&D-SEN (Programa de Pesquisa & Desenvolvimento<br />
em Silvicultura de Espécies) tem<br />
por objetivo promover o desenvolvimento<br />
científico e tecnológico necessário ao estabelecimento<br />
da silvicultura de espécies nativas<br />
no Brasil em escala comparável à dos principais setores<br />
agroindustriais do país. Ao longo de 15 anos, o PP&D-SEN<br />
prevê a implementação de uma rede de 20 sítios de estudo<br />
na Amazônia e na Mata Atlântica, com espécies já mapeadas<br />
segundo seu potencial econômico.<br />
“A silvicultura de espécies nativas tem potencial para<br />
alcançar a mesma dimensão geográfica e socioeconômica<br />
de grandes setores já consolidados, como as florestas<br />
plantadas, soja, milho e cana-de-açúcar”, explica Miguel<br />
Calmon, líder da força tarefa sobre o tema na Coalizão Brasil<br />
e consultor sênior do WRI Brasil. “Embora algumas espécies<br />
nativas tenham alto valor e sejam muito procuradas por<br />
importadores, seu potencial econômico ainda precisa ser<br />
desenvolvido”, destaca.<br />
Atualmente o país fornece menos de 10% da produção<br />
global de madeira tropical. Nesse vácuo, a exploração ilegal<br />
avança sobre florestas nativas: embora não existam dados<br />
oficiais, estima-se que até 90% das madeiras exportadas<br />
sejam extraídas irregularmente, subtraindo impostos, causando<br />
danos à imagem internacional do país e agravando as<br />
taxas de desmatamento.<br />
A crescente demanda nacional e internacional por madeiras<br />
nativas do Brasil ainda não gerou um setor tão consolidado<br />
quanto o de espécies exóticas usadas para a produção<br />
de papel e celulose no país. Um dos fatores para essa<br />
diferença é justamente o investimento em P&D (Pesquisa e<br />
Desenvolvimento). Nos últimos quarenta anos, as indústrias<br />
do pinus e do eucalipto investiram no melhoramento das espécies<br />
para produção, gerando grandes resultados. O mesmo<br />
não se deu com as nativas e, por isso, ainda há muitas<br />
lacunas de conhecimento técnico e científico. O programa<br />
lançado pela Coalizão Brasil visa contribuir para preencher<br />
essa lacuna.<br />
O PP&D-SEN é uma iniciativa pioneira, que vai envolver<br />
universidades, instituições de pesquisa, empresas, governos<br />
e sociedade civil, e uma oportunidade para financiadores<br />
que querem investir nesse setor.<br />
O reflorestamento com espécies nativas e o manejo<br />
sustentável de florestas naturais e plantadas também contribuem<br />
para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas,<br />
colaborando para que o país cumpra a meta de restaurar e<br />
reflorestar 12 milhões de ha (hectares) de áreas e florestas<br />
degradadas até 2030 como parte de seu esforço para atingir<br />
as metas climáticas em sua NDC (Contribuição Nacionalmente<br />
Determinada) sob o Acordo de Paris. “O Acordo de Paris,<br />
a Iniciativa 20x20, o Desafio de Bonn e a Década da Restauração<br />
de Ecossistemas da ONU reconhecem a restauração e<br />
o reflorestamento como uma estratégia-chave para mitigar<br />
as mudanças climáticas e melhorar a resiliência ambiental,<br />
econômica e social”, lembra Patricia Daros, diretora do Fundo<br />
Vale. “Só conseguiremos avançar nessa agenda por meio<br />
de ações coletivas, coordenadas, com o envolvimento de<br />
diferentes setores”, completa.<br />
Como o programa funciona<br />
O Programa visa buscar recursos e parcerias para apoiar projetos de pesquisa em três áreas prioritárias:<br />
Produção <strong>Florestal</strong>, Meio Ambiente e Paisagem, e Dimensões Humanas, cada uma delas com subdivisões operacionais:<br />
Produção <strong>Florestal</strong>:<br />
• Melhoramento <strong>Florestal</strong> - propagação vegetativa e sementes/mudas;<br />
• Manejo <strong>Florestal</strong> - práticas silviculturais e zoneamento topoclimático;<br />
• Tecnologia de Produtos Florestais - produtos madeireiros e não-madeireiros.<br />
Meio Ambiente e Paisagem:<br />
• Serviços Ecossistêmicos - carbono, água, inimigos naturais, polinizadores e qualidade do solo;<br />
• Biodiversidade - conservação biológica, conflito com a fauna, uso sustentável e monitoramento.<br />
Dimensões Humanas<br />
• Socioeconomia- análises de custos, geração de empregos e mercado;<br />
• Políticas públicas - Código <strong>Florestal</strong> e marco regulatório.<br />
58 www.referenciaflorestal.com.br