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*Junho/2021 Referência Florestal 230

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CIÊNCIA<br />

O<br />

PP&D-SEN (Programa de Pesquisa & Desenvolvimento<br />

em Silvicultura de Espécies) tem<br />

por objetivo promover o desenvolvimento<br />

científico e tecnológico necessário ao estabelecimento<br />

da silvicultura de espécies nativas<br />

no Brasil em escala comparável à dos principais setores<br />

agroindustriais do país. Ao longo de 15 anos, o PP&D-SEN<br />

prevê a implementação de uma rede de 20 sítios de estudo<br />

na Amazônia e na Mata Atlântica, com espécies já mapeadas<br />

segundo seu potencial econômico.<br />

“A silvicultura de espécies nativas tem potencial para<br />

alcançar a mesma dimensão geográfica e socioeconômica<br />

de grandes setores já consolidados, como as florestas<br />

plantadas, soja, milho e cana-de-açúcar”, explica Miguel<br />

Calmon, líder da força tarefa sobre o tema na Coalizão Brasil<br />

e consultor sênior do WRI Brasil. “Embora algumas espécies<br />

nativas tenham alto valor e sejam muito procuradas por<br />

importadores, seu potencial econômico ainda precisa ser<br />

desenvolvido”, destaca.<br />

Atualmente o país fornece menos de 10% da produção<br />

global de madeira tropical. Nesse vácuo, a exploração ilegal<br />

avança sobre florestas nativas: embora não existam dados<br />

oficiais, estima-se que até 90% das madeiras exportadas<br />

sejam extraídas irregularmente, subtraindo impostos, causando<br />

danos à imagem internacional do país e agravando as<br />

taxas de desmatamento.<br />

A crescente demanda nacional e internacional por madeiras<br />

nativas do Brasil ainda não gerou um setor tão consolidado<br />

quanto o de espécies exóticas usadas para a produção<br />

de papel e celulose no país. Um dos fatores para essa<br />

diferença é justamente o investimento em P&D (Pesquisa e<br />

Desenvolvimento). Nos últimos quarenta anos, as indústrias<br />

do pinus e do eucalipto investiram no melhoramento das espécies<br />

para produção, gerando grandes resultados. O mesmo<br />

não se deu com as nativas e, por isso, ainda há muitas<br />

lacunas de conhecimento técnico e científico. O programa<br />

lançado pela Coalizão Brasil visa contribuir para preencher<br />

essa lacuna.<br />

O PP&D-SEN é uma iniciativa pioneira, que vai envolver<br />

universidades, instituições de pesquisa, empresas, governos<br />

e sociedade civil, e uma oportunidade para financiadores<br />

que querem investir nesse setor.<br />

O reflorestamento com espécies nativas e o manejo<br />

sustentável de florestas naturais e plantadas também contribuem<br />

para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas,<br />

colaborando para que o país cumpra a meta de restaurar e<br />

reflorestar 12 milhões de ha (hectares) de áreas e florestas<br />

degradadas até 2030 como parte de seu esforço para atingir<br />

as metas climáticas em sua NDC (Contribuição Nacionalmente<br />

Determinada) sob o Acordo de Paris. “O Acordo de Paris,<br />

a Iniciativa 20x20, o Desafio de Bonn e a Década da Restauração<br />

de Ecossistemas da ONU reconhecem a restauração e<br />

o reflorestamento como uma estratégia-chave para mitigar<br />

as mudanças climáticas e melhorar a resiliência ambiental,<br />

econômica e social”, lembra Patricia Daros, diretora do Fundo<br />

Vale. “Só conseguiremos avançar nessa agenda por meio<br />

de ações coletivas, coordenadas, com o envolvimento de<br />

diferentes setores”, completa.<br />

Como o programa funciona<br />

O Programa visa buscar recursos e parcerias para apoiar projetos de pesquisa em três áreas prioritárias:<br />

Produção <strong>Florestal</strong>, Meio Ambiente e Paisagem, e Dimensões Humanas, cada uma delas com subdivisões operacionais:<br />

Produção <strong>Florestal</strong>:<br />

• Melhoramento <strong>Florestal</strong> - propagação vegetativa e sementes/mudas;<br />

• Manejo <strong>Florestal</strong> - práticas silviculturais e zoneamento topoclimático;<br />

• Tecnologia de Produtos Florestais - produtos madeireiros e não-madeireiros.<br />

Meio Ambiente e Paisagem:<br />

• Serviços Ecossistêmicos - carbono, água, inimigos naturais, polinizadores e qualidade do solo;<br />

• Biodiversidade - conservação biológica, conflito com a fauna, uso sustentável e monitoramento.<br />

Dimensões Humanas<br />

• Socioeconomia- análises de custos, geração de empregos e mercado;<br />

• Políticas públicas - Código <strong>Florestal</strong> e marco regulatório.<br />

58 www.referenciaflorestal.com.br

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