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*Junho/2021_Revista Biomais 45

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ENTREVISTA<br />

e Serviços) da conta de energia. Então a tarifa de energia<br />

acaba sendo muito cara por conta dos financiamentos que<br />

os consumidores fazem. E aí, vai entrar mais uma continha.<br />

Nós pagamos pelo diesel e demais combustíveis fosseis<br />

utilizados na eletricidade lá do Amazonas. Nós pagamos<br />

um problema que teve no setor em 2014, por conta das<br />

concessionárias e das renovações. Nós estamos pagando<br />

a conta corrente, que é um valor que o governo deixou<br />

alocado para compensar as distribuidoras de energia.<br />

Então precisamos resolver esse gargalo, mas também sem<br />

afetar demais os outros consumidores, se não a gente vai<br />

fazer um Robin Hood ao contrário. Esse é um dos problemas<br />

desse projeto de lei com relação a compensação.<br />

Mas existem muitas políticas direcionadas para esse setor,<br />

porém algumas levam muito tempo para serem implementadas.<br />

Para se ter uma ideia, esse último projeto de lei, que<br />

já era para ter sido votado, ele já está em pauta há mais de<br />

dois meses. Então realmente não é algo interessante para<br />

gente. Precisamos de mais agilidade na aprovação dessas<br />

legislações e nas revisões, mas os setores também têm que<br />

compreender que a gente tem que ceder um pouquinho.<br />

Um lado cede um pouquinho, o outro lado cede um pouquinho,<br />

e a gente consegue avançar mais rápido.<br />

Percebe-se uma tendência mundial pela busca de<br />

fontes renováveis em detrimento dos combustíveis<br />

fósseis? Quais países são referência nessa área?<br />

Um fato bem interessante que a gente poderia tomar<br />

é o seguinte. Os países que estão realmente conseguindo<br />

atrair investimento. Até poucos dias saiu uma publicação<br />

justamente de uma consultoria, vinculado aos organismos<br />

que cuidam da IRENA (Agência Internacional de Energias<br />

Renováveis - sigla em inglês), que realocou o Brasil como<br />

11º lugar. Mas é bem interessante avaliar o seguinte, quem<br />

são os primeiros? Eu acho que sempre tem que vir por aí.<br />

Quem que está conseguindo atrair os investimentos e está<br />

fazendo realmente implementações importantes. Então,<br />

primeiro lugar, são os EUA (Estados Unidos da América),<br />

o segundo a China e o terceiro é a Índia. São países que<br />

realmente estão conseguindo fazer as migrações muito importantes<br />

na matriz deles. Aí em seguida temos Reino Unido,<br />

França, Austrália e Alemanha. Mas podemos verificar<br />

que esses países têm muita dependência de combustível<br />

exposto. O Brasil já não tem essa dependência extremada,<br />

como existe nesses outros países. Só que eles instituíram<br />

algumas políticas que realmente potencializaram o<br />

ingresso de algumas dessas fontes, então estão investindo<br />

mais em energia solar, em energia eólica, em biomassa. O<br />

Brasil tem que seguir mais esse caminho, mas respeitando<br />

a peculiaridade que tem. Realmente precisamos continuar<br />

a investir na bioeletricidade, nos biocombustíveis, no setor<br />

de eólica. Acredito que o grande mote para o Brasil é a<br />

eólica e a solar. Mas tem que destravar esses probleminhas,<br />

com relação a inserção dessas fontes. Entretanto temos<br />

que tomar o cuidado, que alguns países estão presenciando<br />

de uma fragilidade no sistema elétrico deles, por<br />

conta do excesso de fontes renováveis que estão sazonais,<br />

que elas não têm condição de serem despachadas. Aí nós<br />

temos uma vantagem contra eles, que é a questão das<br />

hidrelétricas. Mas para os investimentos temos que mirar<br />

o que os EUA estão fazendo, que a China está fazendo, que<br />

a Índia está fazendo, para realmente potencializarmos o<br />

ingresso dessas diferentes fontes na nossa matriz.<br />

Regularmente, o Brasil sofre com crises hídricas,<br />

problema que afeta diretamente o potencial das usinas<br />

hidrelétricas. Na sua opinião, faltam alternativas para<br />

suprir a demanda interna de energia no Brasil?<br />

A gente tem que analisar o quadro da energia elétrica,<br />

que é um dos fatores importantes para gente entender<br />

o recorte da energia hidráulica. A energia hidráulica foi a<br />

base para o Brasil por muito tempo e deve continuar como<br />

base para o setor de energia, porque é uma fonte controlável.<br />

Então ela tem essas vantagens, como acontece também<br />

com as usinas térmicas, sejam elas renováveis ou não,<br />

caso do gás natural e a biomassa. As outras fontes estão<br />

ingressando no sistema de uma forma razoavelmente rápida.<br />

Contudo, se a gente tem previsão aqui de construção<br />

e construção não iniciada, as usinas hidrelétricas têm 400<br />

MW (Megawatts) de construção. Já a fotovoltaica apresenta<br />

quase 24 GW (Gigawatts), que estão projetados para os<br />

próximos 5 anos de inserção na nossa fonte, enquanto a<br />

eólica, tem 12 GW, 12,5 GW previsto. Então muito maior<br />

do que as fontes hidráulicas. O que a gente vai visualizar<br />

nos próximos anos é isso. A eólica e a solar ganhando<br />

espaço no setor de energia pública e no mercado livre. Só<br />

a geração distribuída que está um pouquinho diferente.<br />

A hidráulica vai continuar, mas está realmente diminuin-<br />

20 www.REVISTABIOMAIS.com.br

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