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ENTREVISTA<br />
do o ritmo, porque os grandes aproveitamentos que o<br />
Brasil tem ainda apresentam bastante entrave ambiental.<br />
Mas é importante a manutenção das usinas, porque elas<br />
funcionam como baterias do nosso sistema, garantias de<br />
uma energia um pouquinho mais barata e de disponibilidade<br />
de energia na hora que a gente precisar. Porque o<br />
sol de noite, não vai ter, e a eólica, de vez em quando, não<br />
funciona. Então se nós não tivermos as usinas hidrelétricas<br />
e as térmicas, realmente o nosso sistema vai ter uma fragilidade<br />
maior e aí sim a possibilidade da gente ter apagões e<br />
chegar a ter um racionamento vai aumentar. Acredito que<br />
a gente vai desacelerar na construção dessas usinas, mas<br />
é importante mantê-las justamente por esse aspecto de<br />
controle do sistema nela.<br />
Os painéis solares cada vez ganham mais espaço na<br />
arquitetura urbana. Como vê essa tendência e como ela<br />
pode ser popularizada ainda mais?<br />
Acredito que a questão solar, principalmente no meio<br />
urbano, deve realmente ganhar cada vez mais força. Inicialmente<br />
com a possibilidade que a gente tem hoje, de plantas<br />
pequenas que vão atender especialmente residenciais,<br />
comerciais, terem dispensas da parte ambiental e facilidades<br />
com relação a alguns tecnicistas de regulamentação.<br />
Então para pedir a conexão com a COPEL (Companhia<br />
Paranaense de Energia), por exemplo, é um pouquinho<br />
mais fácil. O consumidor vai precisar de um engenheiro,<br />
para fazer uma ata de responsabilidade técnica no CREA<br />
(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), mas não<br />
é uma situação muito difícil de implementar em uma casa,<br />
chácara ou pequeno comércio. A tendência é abaixar o<br />
valor, à medida que realmente tem essa. Então se a gente<br />
pegar as primeiras instalações que foram estudadas aqui<br />
no Brasil, se levava mais de 10 anos para poder ter uma<br />
compensação de todo aquele investimento. Hoje existem<br />
algumas áreas que conseguem esse retorno em menos de<br />
3 anos, então é um investimento bem interessante, até porque<br />
os módulos normalmente duram em torno de 30 anos.<br />
Temos os inversores que duram um pouquinho menos,<br />
mas essa tecnologia por ter uma facilidade, um número<br />
menor de componentes, menor necessidade de manutenção,<br />
realmente veio pra ficar e ocupar o seu espaço. O que<br />
precisamos hoje, realmente é de uma renovação com relação<br />
a esses debates e uma mudança na regulamentação,<br />
que potencializa as pessoas para esse investimento, como<br />
linhas de financiamento apropriados para isso, possibilitando<br />
como garantia o próprio equipamento. Já temos algumas<br />
linhas muito boas disponibilizadas em bancos, como<br />
o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social), mas ainda pequenas para essas necessidades.<br />
Também precisamos formar mais gente para poder fazer<br />
as instalações e dar as manutenções adequadas, cuidando<br />
com a segurança das pessoas, porque, infelizmente vemos<br />
sistemas até pegando fogo por conta de erros técnicos. Por<br />
fim, na parte de fomento, se o governo não está podendo,<br />
sendo que não seria justo com o consumidor abrir mão,<br />
de um valor ali a ser inserido como subsídio, talvez fosse<br />
interessante permitir as pessoas defenderem a energia<br />
no mercado. Temos a previsão de abertura do mercado<br />
livre para poucos anos. Em 2023, a gente já vai ter mais<br />
um barco agora, para que em 2024 estivéssemos com o<br />
mercado totalmente liberado e os pequenos consumidores<br />
conseguissem entrar no mercado. Então, se eu tiver uma<br />
possibilidade de fomentar quem está nesse título desse sistema<br />
vender para o governo a um preço justo, assim como<br />
para distribuidoras e a outros consumidores, isso poderia<br />
resolver o problema para todo o segmento. Obviamente<br />
teria também que estimular as distribuidoras a reforçarem<br />
o seu sistema, porque a inserção muito grande desse tipo<br />
de equipamento, ele traz impacto. Temos que ter melhorias<br />
em várias áreas. Precisamos a distribuidora melhorando,<br />
a legislação melhorando, assim como a formação<br />
técnica. O Brasil tem gente, o Brasil tem recurso, nós temos<br />
uma matriz limpa para produzir os módulos fotovoltaicos,<br />
mas infelizmente estamos perdendo essa oportunidade,<br />
mandando dinheiro para fora.<br />
Acredito que a questão<br />
solar, principalmente<br />
no meio urbano, deve<br />
realmente ganhar cada<br />
vez mais força<br />
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