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Etcetera – primavera 2020

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Boogie Naipe

A ideia de gerenciar o grupo de rap do

marido surgiu ainda durante as aulas

de direito empresarial, na faculdade,

mas permaneceu na gaveta por vários

anos. Em 2013, ela e Mano Brown decidiram

abrir uma produtora, a Boogie

Naipe, que ficaria responsável por cuidar

apenas da carreira solo dele. Quando

veio o convite para assumir a gestão

dos Racionais, Eliane demorou seis meses

para dar a resposta. “Estava com

meu escritório de advocacia montado,

a vida organizada, feliz e pensando em

não aceitar. Mas alguém me falou que o

legado dos Racionais era a herança dos

meus filhos e percebi que precisava organizar

aquilo”, afirma. “Fui passional.

Coloquei a paixão pelos meus filhos à

frente da racionalidade de seguir a minha

carreira”, afirma. “Pensando na

minha carreira, não foi uma decisão inteligente

da minha parte, mas eu precisava

fazer aquilo e me dei um prazo de

três anos”, diz.

Quando finalmente assumiu o cargo,

percebeu o tamanho da treta. Os

Racionais tinham 25 anos de história

completamente desorganizada

e mais de 2 mil redes sociais falsas

usando o nome do grupo ou de seus

integrantes. Não havia produtos licenciados

oficiais, apenas pirateados. “A

bagunça favorecia todo mundo, menos

a banda”, informa.

Eliane chegou impondo respeito: trouxe

uma metodologia de trabalho, com

horários e cronogramas a serem obedecidos.

“Eles estavam acostumados a

ser livres e falavam que a palavra deles

já valia. Comigo não. Eu sou advogada.

Comigo, o que vale é o que está escrito

e assinado. A partir de então, eles

só iam para um show depois que todo

o cachê estivesse pago”, lembra. Pouco

depois de Eliane assumir a Boogie

Naipe, os Racionais lançaram um novo

disco depois de um hiato de 12 anos, o

Cores & Valores, que foi eleito o melhor

álbum nacional de 2014 pela revista

Rolling Stone Brasil.

À frente da Boogie Naipe, Eliane estabeleceu

uma meta ousada para o

grupo, e decidiu que a banda de rap se

apresentaria em uma grande casa de

shows. “O povo negro merecia cantar e

ir assistir a um show em um lugar onde

todo mundo é tratado com respeito.

Com segurança, banheiro limpo, acústica

e equipamento de primeira”, diz.

O grupo resistiu enquanto pôde, mas

a empresária conseguiu convencê-los

com o argumento de que o rap deu voz

a quem não tinha, e estava na hora de

levar essa voz para outros lugares. E

ela levou mesmo. Em 2019, os Racionais

estrearam no Credicard Hall, em

São Paulo, em três apresentações que

resultaram no DVD Três Décadas.

A mão de ferro e a visão de futuro de

Eliane prepararam a equipe para eventuais

emergências. E a emergência veio

este ano: o coronavírus, que paralisou

toda a indústria de entretenimento,

cancelou a agenda de shows do grupo

em 2020, mas, com as contas organizadas,

ninguém precisou passar aperto.

Hoje, além do grupo de rap mais famoso

do Brasil, Eliane gerencia a carreira

de outros cantores, entre eles a Liniker.

“Sinto muita saudade de trabalhar

como advogada, de ler, de ter aquele

papel de conciliadora, de cuidar. Mas

acho que faço isso de uma forma diferente

agora”, afirma.

“Todas as metas que coloquei no meu

caminho, eu cumpri. E essa é uma

lição que aprendi desde cedo: se você

estabelece uma meta e cumpre, então

você é bem-sucedida. Não importa

se a sua é fazer uma caminhada

ou uma faculdade”

EDIÇÃO DE ESTREIA • PÁG. 36

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