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edição de 22 de agosto de 2022

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É preciso mudar para inovar,<br />

afirma diretora <strong>de</strong> criação da R/Ga<br />

Marina Erthal, diretora <strong>de</strong> criação da<br />

R/GA São Paulo e Nova York, acredita<br />

que o Brasil po<strong>de</strong>ria tirar mais proveito da<br />

cultura <strong>de</strong> inovação, pois, para ela, é “praticamente<br />

inexistente por aqui”.<br />

“O brasileiro, no geral – não só os publicitários<br />

–, tem um DNA tão criativo, mas<br />

quando partimos para inovação, falta alguma<br />

coisa. Entendo que exista inúmeros<br />

fatores culturais, econômicos e burocráticos<br />

que interfiram, mas precisamos<br />

ir em busca <strong>de</strong>ssa mudança e sermos reconhecidos<br />

cada vez mais como um país<br />

inovador”, dispara a criativa. Segundo ela,<br />

isso po<strong>de</strong> refletir positivamente em vários<br />

aspectos e refletir inclusive na publicida<strong>de</strong>,<br />

on<strong>de</strong> “precisamos o tempo todo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias inovadoras ou ter a inovação como<br />

base, como, por exemplo, quando falamos<br />

<strong>de</strong> metaverso, NFTs, Web 3.0 e afins”,<br />

complementa.<br />

Quando colocado que o Brasil é consi<strong>de</strong>rado<br />

um dos países mais criativos do<br />

mundo, porém, nos últimos anos, tem <strong>de</strong>ixado<br />

a <strong>de</strong>sejar no Festival <strong>de</strong> Cannes, por<br />

exemplo, nas categorias que premiam<br />

exatamente i<strong>de</strong>ias inovadoras, como<br />

Creative Effectiveness, Craft, Creative<br />

Strategy, Innovation, Creative Business,<br />

Creative Strategy e Titanium,<br />

ela explica que o Brasil valoriza muito<br />

Cannes, mais até que os outros<br />

países. E, por isso, sabe como inscrever<br />

as peças, os cases.<br />

“Por conta disso, infelizmente,<br />

até já houve casos<br />

<strong>de</strong> ‘peças fantasmas’.<br />

Mas nessas categorias<br />

citadas não têm espaço<br />

para isso: é trabalho<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, na rua e,<br />

principalmente, com<br />

resultados. Por isso,<br />

precisamos mudar o<br />

nosso mindset para ganhar<br />

posição e espaço<br />

nessas categorias fazendo<br />

um trabalho real, inovador<br />

e com mais resultado”,<br />

alerta Marina.<br />

inovação? Alguns profissionais consi<strong>de</strong>ram<br />

o Brasil um país inovador, muitas vezes, por<br />

necessida<strong>de</strong>, mas, ainda assim, inovador. É<br />

o caso <strong>de</strong> Flavio Waiteman, CCO/foun<strong>de</strong>r<br />

da Tech and Soul. Para ele, a atual situação<br />

nas áreas <strong>de</strong> educação, política e economia<br />

abalam a atuação do brasileiro. “Se<br />

você não cria, você simplesmente não vive.<br />

Consi<strong>de</strong>ro também que o brasileiro é muito<br />

empreen<strong>de</strong>dor. Às vezes, por necessida<strong>de</strong>,<br />

mas também por vocação”, argumenta.<br />

Ele relata que o avô <strong>de</strong>le, italiano, veio<br />

para o Brasil, para trabalhar na roça, e seu<br />

Para ela, o brasileiro sempre está tentando<br />

buscar inovação na publicida<strong>de</strong>,<br />

mesmo ainda sendo tão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

tecnologia estrangeira e recursos, quesitos<br />

que “outros países saem na frente”. “Aqui<br />

na R/GA estamos sempre ligados em tudo<br />

o que vem acontecendo <strong>de</strong> inovação no<br />

mundo, somos movidos pela tecnologia e<br />

isso nos ajuda muito a estarmos atualizados”,<br />

revela ela, acrescentado que o momento<br />

que o país vem atravessando nos<br />

últimos dois anos é o verda<strong>de</strong>iro responsável<br />

pelo estado <strong>de</strong> coisas.<br />

Segundo Marina, a educação é, sem dúvida,<br />

o ponto central para a mudança. Para<br />

ela, muitos fatores externos dificultam a<br />

inovação por aqui, mas, se o mercado focar<br />

em educação, é certo que o país conseguirá<br />

fortalecer seus talentos.<br />

“Não é só isso: conseguiremos ter i<strong>de</strong>ias<br />

mais inovadoras na publicida<strong>de</strong>, trazendo<br />

pessoas mais preparadas, mais diversas,<br />

que pensem <strong>de</strong> diferentes formas”, afirma.<br />

Ela concorda com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o Brasil<br />

precisa parar <strong>de</strong> contar troféus e prestar<br />

mais atenção nas tendências.<br />

“Quando a gente fica <strong>de</strong> olho nas<br />

tendências e nas inovações, consequentemente,<br />

conseguimos<br />

trazer melhores i<strong>de</strong>ias e mais<br />

troféus como resultado”.<br />

Pelo que Marina diz acompanhar,<br />

o Brasil tem se <strong>de</strong>stacado<br />

em inovação em algumas<br />

áreas. Para ela,<br />

além das fintechs e<br />

instituições financeiras,<br />

que crescem e<br />

inovam, ela percebe<br />

que tudo o que está<br />

relacionado ao digital<br />

tem conseguido<br />

certo <strong>de</strong>staque<br />

quando o assunto é<br />

inovação. Ns<br />

Marina Erthal: foco na educação<br />

para fortalecer talentos<br />

Fotos: Divulgação<br />

Flavio Waiteman: excepcional êxodo <strong>de</strong> profissionais<br />

bisavô, ju<strong>de</strong>u, também. E <strong>de</strong>fine: “O brasileiro<br />

é imigrante <strong>de</strong>ntro do país, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

si. É intrínseco. O imigrante precisa vencer.<br />

E vence a si mesmo para vencer na vida. Supera<br />

a falta <strong>de</strong> ensino, a miséria, a falta <strong>de</strong><br />

cultura, o caos. A gente não vive uma guerra<br />

há 200 anos, mas ser brasileiro é viver batalhando<br />

contra o comodismo e a acomodação.<br />

Nesse sentido somos imbatíveis, pois<br />

somos múltiplos e sempre achando que<br />

precisamos mandar para a nossa origem<br />

boas notícias”, diz.<br />

Segundo o publicitário, todo empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

precisa <strong>de</strong> alguma escala para<br />

acontecer, para impactar a vida das pessoas.<br />

“E 200 milhões <strong>de</strong> habitantes é mais <strong>de</strong><br />

meia Europa. É gente que não acaba mais<br />

e essa escala permite que haja inovação e<br />

empreen<strong>de</strong>dorismo. É claro que existem<br />

países como Israel, que tem poucos habitantes,<br />

mas ‘n’ empresas inovadoras e <strong>de</strong> lá<br />

saíram e saem tecnologias para o mundo. A<br />

escala <strong>de</strong>les é o mundo. A nossa <strong>de</strong>veria ser<br />

também. Mas Israel é um país pequeno que<br />

investe em educação há muito tempo. E se<br />

há uma crítica é que aqui precisamos menos<br />

<strong>de</strong> fintechs e martechs e mais helthtechs,<br />

socialtechs e edutechs”.<br />

Esse perrengue, para ele, <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> colocar<br />

o que não existe ainda on<strong>de</strong> não tem<br />

nada, faz do publicitário brasileiro algo<br />

semelhante ao jogador <strong>de</strong> futebol brasileiro<br />

nos times do mundo. “Há pelo menos<br />

uns <strong>de</strong>z anos houve e está havendo um<br />

excepcional êxodo <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> alta<br />

qualida<strong>de</strong> para muitos países. Sempre nas<br />

melhores agências, sempre no comando<br />

criativo <strong>de</strong> equipes e até mesmo <strong>de</strong> agências<br />

inteiras”, lembra.<br />

Para ele, a história é muito semelhante,<br />

quando se ouvem os relatos. “Publicitário<br />

brasileiro tem fome <strong>de</strong> fazer e apetite por<br />

colocar trabalho na rua que não é tão fácil<br />

saciar. Acredito que Washington (Olivetto),<br />

Nizan (Guanaes), Marcello (Serpa), Fabio<br />

(Fernan<strong>de</strong>s) e Alexandre (Gama) formaram<br />

uma geração inteira assim. E, agora, essa<br />

geração tá lá fora, formando mais gente. O<br />

ponto é que agora estão levando os plenos<br />

e os juniores também. A ponto <strong>de</strong> começarmos<br />

a formar nossos times do zero”, diz.<br />

neGócio cRiativo<br />

Bazinho Ferraz, da B&Partners.co, concorda<br />

com Waiteman. Ele acredita que o<br />

brasileiro é empreen<strong>de</strong>dor e inovador por<br />

natureza, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ser necessida<strong>de</strong><br />

ou inovação, “ele vê oportunida<strong>de</strong><br />

em tudo”. “O brasileiro sabe fazer negócio<br />

criativo e isso não está somente na publicida<strong>de</strong>,<br />

mas também na questão tecnológica,<br />

a exemplo a Postmetria que temos na B&P<br />

Ventures, uma startup <strong>de</strong> CXaaS que en-<br />

jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> 20<strong>22</strong> 21

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