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chegaram à Terra dos céus. Em uma lista em que figuravam os nomes
e a duração dos reinados dos dez primeiros comandantes, Beroso dizia
que o primeiro líder, vestido como um peixe, chegou à costa desde mar.
Era o que lhe daria a civilização à Humanidade, e seu nome, passado
para o grego, era Oannes.
Encaixando muitos detalhes, ambos os sacerdotes fizeram entrega de
relatos de deuses do céu que haviam vindo à Terra, de um tempo em
que só os deuses reinavam na Terra e do catastrófico Dilúvio.
Nas partes e nos fragmentos conservados (em outros escritos
contemporâneos) dos três volumes, Beroso dava conta especificamente
da existência de escritos anteriores à Grande Inundação - tabuletas de
pedra que se ocultaram para as proteger em uma antiga cidade
chamada Sippar, uma das cidades originais que fundaram os antigos
deuses.
Embora Sippar fosse arrasada pelo Dilúvio, igual ao resto das cidades
antediluvianas dos deuses, apareceu uma referência aos escritos
antediluvianos nos anais do rei assírio Assurbanipal (668- 633 a.C.).
Quando, em meados do século XIX, os arqueólogos descobriram a
antiga capital do Nínive (até então, conhecida só pelo Antigo
Testamento), acharam nas ruínas do palácio de Assurbanipal uma
biblioteca com os restos ao redor de 25.000 tabuletas de argila inscritas.
Colecionador assíduo de “textos antigos”, Assurbanipal fazia alarde em
seus anais: “O deus dos escribas me concedeu o dom do conhecimento
de sua arte; fui iniciado nos segredos da escritura; inclusive posso ler as
intrincadas tabuletas em sumério; entendo as palavras enigmáticas
cinzeladas na pedra dos dias anteriores à Inundação”.
Sabemos agora que a civilização suméria floresceu no que é agora o
Iraque quase um milênio antes dos inícios da época faraônica no Egito,
e que ambas seriam seguidas posteriormente pela civilização do Vale
do Indo, no subcontinente Índico.Também sabemos agora que os
sumérios foram os primeiros em plasmar, por escrito, os anais e os
relatos de deuses e homens, dos quais todos outros povos, incluídos
os hebreus, obtiveram os relatos da Criação, de Adão e Eva, Cain e
Abel, o Dilúvio e a Torre de Babel; e das guerras e os amores dos
deuses, como se refletiram nas escritas e as lembranças dos gregos,
os hititas, os cananeus, os persas e os indo-europeus. Como
testemunham todos estes antigos escritos, suas fontes foram ainda
mais antigas; algumas descobertas, muitas perdidas.
O volume destes primitivos escritos é assombroso; não milhares, a não
ser dezenas de milhares de tabuletas de argila descobertas nas ruínas
do Oriente Próximo da Antigüidade. Muitas tratam ou registram
aspectos da vida cotidiana, como acordos comerciais ou salários dos
trabalhadores, ou registros matrimoniais.
Outros, descobertos principalmente nas bibliotecas palacianas,
conformam os Anais Reais; outros mais, descobertos nas ruínas das
bibliotecas dos templos ou nas escolas de escribas, conformam um
grupo de textos canônicos, de literaturas sagradas, que se escreveram
em língua suméria e se traduziram depois ao acádio (a primeira língua
semita) e, mais tarde, a outras línguas da Antigüidade. E, inclusive,
nestes escritos primitivos, que se remontam a quase seis mil anos,
encontramos referências a “livros” (textos inscritos em tabuletas de
pedra) perdidos.