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001 - Lucas Comentario - Copia

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versículo, Lucas defende a qualidade de sua obra ao afirmar que (3) fez um trabalho sério de seguir

cuidadosamente o curso de eventos (παρηκολουθηκότι) desde o começo (ἄνωθεν) e de tudo (πᾶσιν),

ou seja, o evangelho escrito por Lucas foi criteriosamente pesquisado e é abrangente em sua

abordagem desde os primórdios da história de Jesus até seus resultados. Sobre essa abrangência,

Bock diz: “De fato, o relato começa no início e é abrangente. A contribuição de Lucas não é

significativa apenas por causa do seu trabalho cuidadoso, mas também porque somente ele escreve

uma sequência, Atos, ligando o cumprimento em Jesus à Igreja”. 29

Outra característica da obra lucana é (4) que ele escreveu cuidadosamente (ἀκριβῶς). A

palavra utilizada por Lucas aqui significa “em estrita conformidade com o padrão ou a norma, com

foco em uma atenção cuidadosa; acuradamente, cuidadosamente, bem” (BDAG, p. 39). Uma última

característica da escrita de Lucas é que ele (5) compôs um relato em ordem. A palavra escolhida por

Lucas foi καθεξῆς, que aponta para “estar em sequência em tempo, espaço ou lógica, um depois do

outro” (BDAG, p. 490). Note que palavra, que também aparece em Lc 8.1; At 3.24; 11.4 e 18.23,

simplesmente aponta para ordem, sem se referir necessariamente a ordem cronológica. 30 Assim

como era comum na historiografia greco-romana, é provável que Lucas esteja implicando uma ordem

lógica, ou seja, a ordem que melhor se adequaria aos seus objetivos para apresentação biográfica de

Jesus, do que para uma ordem estritamente cronológica. Em suma, a obra escrita por Lucas é

confiável, bem pesquisada, abrangente, cuidadosamente escrita e organizada. 31

29

Darrell L. Bock, Luke: 1:1–9:50 (vol. 1; Baker Exegetical Commentary on the New Testament; Grand Rapids, MI: Baker

Academic, 1994), 53–54.

30

Sobre isso Liefeld comenta: “Não é possível determinar a partir desse prefácio somente se Lucas está se referindo a

ordem cronológica ou a uma ordem temática. Ele não reivindica especificamente ter almejado uma sequência

cronológica. Talvez, ele tenha seguido uma ordem encontrada em suas fontes. [...] Ou pode ter reorganizado suas

fontes de acordo com outro padrão. Analisado sozinho, o prólogo não é conclusivo quanto essas possibilidades. De

qualquer forma, Lucas pretendeu reivindicar ter trabalhado de uma forma organizada de maneira a inspirar confiança

em seus ouvintes. Walter L. Liefeld, “Luke,” in The Expositor’s Bible Commentary: Matthew, Mark, Luke (ed. Frank E.

Gaebelein; vol. 8; Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1984), 8822.

31

Fitzmyer apresenta uma abordagem um pouco diferente: Três qualidades são reivindicadas para a sua investigação:

completitude, acuidade e meticulosidade (“desde o início”); e outra para a sua composição: ordem (“sistematicamente”).

Joseph A. Fitzmyer, The Gospel according to Luke I–IX: Introduction, Translation, and Notes (vol. 28; Anchor Yale Bible;

New Haven; London: Yale University Press, 2008), 289. Joel Green, erradamente, em uma clássica dicotomia causada por

métodos críticos, afirma que Lucas não está tão interessado em convencer Teófilo da veracidade histórica dos eventos,

mas está interessado em apresentar o significado e significância dos eventos a fim de encorajar fé ativa. Joel B. Green,

The Gospel of Luke (The New International Commentary on the New Testament; Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans

Publishing Co., 1997), 36. Bem contrário a essa posição assumida por Green, Edwards diz: “O evangelho de Lucas não é

um testemunho de suas ideias, nem mesmo de sua fé. Ele narra eventos que se cumpriram entre nós, isto é, os atos

concretos e salvíficos de Deus que foram cumpridos em Jesus Cristo”. James R. Edwards, The Gospel according to Luke

(ed. D. A. Carson; The Pillar New Testament Commentary; Grand Rapids, MI; Cambridge, U.K.; Nottingham, England:

William B. Eerdmans Publishing Company; Apollos, 2015), 24. Craig Evans, a partir da ênfase histórica de Lucas, deduz:

“A ênfase histórica no prefácio de Lucas pode ter sido projetada como uma polêmica contra uma tendência gnóstica de

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