001 - Lucas Comentario - Copia
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Quanto à estrutura, temos nesse prefácio uma sentença condicional formando um
paralelismo imperfeito escrito com magistral domínio da língua grega, tanto em seu vocabulário,
quanto em sua sintaxe mais rebuscada. Por imperfeito, referimo-nos ao fato de que um dos
elementos encontrados na primeira metade (prótase) não encontra correspondente na segunda
metade (apódose), mas Lucas fez isso de propósito, por querer colocar ênfase nessa informação. 12
Prótase (v. 1-2) Apódose (v. 3-4)
Decisão de escrever 1 Visto que muitos se propuseram 3 pareceu bem também a mim
Método de escrita a colocar em ordem uma narrativa – seguindo o curso de eventos atentamente
desde o começo, de tudo, acuradamente –
Conteúdo
acerca das coisas que foram cumpridas e
cujos efeitos se fazem presentes entre nós,
Audiência 2 conforme confiaram a nós a ti escrever, nobilíssimo Teófilo,
Propósito
“aqueles que desde o princípio [foram] 4 a fim de que reconheças daquilo que foste
testemunhas oculares e ministros se instruído das palavras, a certeza.
tornaram da palavra”,
A qualidade literária desse prefácio é tão grande, que François Bovon e Helmut Koester, talvez
com um pouco de exagero, dizem “É também o caso de que 1.1-4 é quase bem demais para ser
verdade [...] Claramente, essa sentença é o resultado de uma construção deliberada e nenhum outro
autor do Novo Testamento escreveu com tamanha dignidade”. 13
Comentário
O prólogo de Lucas tem o objetivo de assegurar a veracidade de Lucas-Atos para uma
audiência exigente. 14 O texto tem a estrutura de uma sentença condicional e, como vimos na
12
“Do ponto de vista literário, o prefácio de Lucas é construído de uma forma muito polida. É um único período,
harmonioso e balanceado, estruturado com maestria de acordo com as regras da retórica antiga. Não é difícil entender
os elementos constituintes do prefácio: as circunstâncias da obra, seu conteúdo, suas referências ou fontes, a decisão
autorial, a pesquisa empreendida, a escrita em si, a dedicatória e o propósito da obra”. Matteo Crimella. "“That You
May Know”. The Preface to Luke’s Gospel (Lk 1:1–4)." Biblica Et Patristica Thoruniensia 13.4 (2020): 365
13
François Bovon and Helmut Koester, Luke 1: A Commentary on the Gospel of Luke 1:1–9:50 (Hermeneia—a Critical
and Historical Commentary on the Bible; Minneapolis, MN: Fortress Press, 2002), 17.
14
Edwards aponta outra característica interessante do prólogo: “Diferente dos outros, Lucas começa não com o
evangelho, mas com uma descrição da tarefa hermenêutica diante dele. Seu evangelho é enraizado em testemunho de
testemunhas oculares e fontes escritas prévias, e ele identifica o recipiente do evangelho por nome “excelentíssimo