001 - Lucas Comentario - Copia
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Primeiro Ato
O Arauto e o Rei (Lucas 1.5—4.14): A Narrativa da Infância e a
Preparação Para o Ministério
O Dicionário Cambridge define um arauto como “um sinal de que algo está para acontecer,
mudar, etc. e, no passado, uma pessoa que levava mensagens importantes e fazia anúncios”. 35 Entre
outras funções, um arauto na antiguidade, anunciava que um rei estava para visitar determinada
região. É nesse sentido que João Batista se encaixa perfeitamente nessa posição. Ele foi profetizado,
escolhido e apontado como aquele que anunciaria a vinda do Messias Jesus, a voz que clama no
deserto conclamando que os caminhos pelos quais o rei passaria fossem preparados para a sua
gloriosa vinda. Junto com João, Lucas é o evangelista que mais destaca o ministério de João Batista,
criando um belíssimo paralelismo entre ele e Jesus Cristo nos primeiros quatro capítulos do seu
evangelho.
Andrés García Serrano, depois de apresentar uma tabela com os paralelos específicos entre
João Batista e Jesus, demonstra como o paralelo, ou repetição, ou seja, a justaposição de dois
personagens com o fim de compará-los entre si, era uma marca da historiografia da época, conforme
visto em Plutarco e Flávio Josefo, por exemplo. 36
Outra marca dessa sessão que estamos nomeando de “O Arauto e o Rei” (Lucas 1.5—4.14),
são as introduções históricas de Lucas em 1.5; 2.1-3 e 3.1-2 (cf. tb. 3.18-20). Em cada uma dessas
aberturas, Lucas ambienta a história que está narrando no contexto político de sua época. Ao fazêlo,
Lucas demonstra que a história que ele está narrando aconteceu no cenário da história mundial,
é um evento de suma importância e, ao apresentar certa semelhança com as aberturas dos livros
proféticos do Antigo Testamento, reivindica autoridade divina para João Batista e para Jesus, e
autoridade de Escritura para o evangelho de Lucas.
35
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/herald
36
Andrés García Serrano, “Del relato a la historia en los cuatro primeros capítulos de Lucas,” Estudios Bíblicos 78.1
(2020), p. 67-98, p. 76-77. Sobre essa grande sessão, o autor diz: “De fato, a sequencia de Lucas 1—4, que termina o
paralelismo entre João Batista e Jesus com o começo da pregação de João Batista (Lc 3) e o começo da pregação de
Jesus (Lc 4) constitui a primeira sequencia da obra lucana”. (p. 69).