001 - Lucas Comentario - Copia
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um povo pronto”.) Após dar a notícia do nascimento para Zacarias, o anjo, que mais à frente é
identificado como Gabriel, passa a descrever o ministério do filho que Zacarias em dez pontos.
Primeiro, o filho de Zacarias traria e este grande alegria e exultação. Aparentemente aqui existe uma
garantia de que esse filho não seria rebelde, não traria tristeza, mas seria um filho piedoso que traria
grande alegria para pais piedosos. Alegria é um dos temas fundamentais da narrativa da infância em
particular e de Lucas-Atos como um todo e o mesmo começa a ser desenvolvido nesta passagem.
Nas palavras de Bock, “Zacarias vai se alegrar não somente porque ele será pai, mas também por
causa da missão do que a missão dessa criança significa para o seu povo. A chegada de João significa
que a salvação se aproxima. O tema lucano fundamental da obra divina de salvação emerge”. 72
Segundo, o nascimento dele traria alegria não somente para Zacarias, mas também para muitas
outras pessoas. O fato de que o filho de Zacarias entraria no mundo seria fonte de alegria para muitas
pessoas. Terceiro, o anjo diz a Zacarias que de alguma forma o seu filho seria especial em comparação
a outras pessoas, pois seria “grande diante do Senhor”. Além de uma promessa de piedade, existe
aqui uma promessa de que o filho de Zacarias teria uma atuação grandiosa no povo de Deus e seria
fiel e, portanto, grande aos olhos de Deus. O próprio Jesus, que é descrito de maneira absoluta como
“grande” (Lc 1.32), confirma a grandiosidade de João em Lucas 7.28. 73 Quarto, o filho de Zacarias não
consumiria bebida fermentada, o que possivelmente aponta para alguém que estaria sob um
nazireado vitalício, assim como Sansão e Samuel (Nm 6.1-21; Jz 13; 1Sm 1.11 [cf. LXX]; Am 2.11-12). 74
Como não há uma proibição quanto a cortar o cabelo, não podemos ter certeza de que o que se tem
em vista é um voto de nazireu ou somente um requisito de consagração para o serviço a Deus.
Quinto, o filho de Zacarias seria cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe. Essa não é a
única vez que vinho e Espírito são contrastados no Novo Testamento (Cf. At 2.15; Ef 5.18). O conceito
72
Darrell L. Bock, Luke: 1:1–9:50 (vol. 1; Baker Exegetical Commentary on the New Testament; Grand Rapids, MI: Baker
Academic, 1994), 83.
73
“A grandeza de João (7.28) é devida à sua dedicação pessoal e capacitação divina para a tarefa dele”. I. Howard
Marshall, The Gospel of Luke: a commentary on the Greek text (New International Greek Testament Commentary;
Exeter: Paternoster Press, 1978), 57.
74
Veja mais detalhes sobre isso em Joseph A. Fitzmyer, The Gospel according to Luke I–IX: introduction, translation, and
notes (vol. 28; Anchor Yale Bible; New Haven; London: Yale University Press, 2008), 325–326. Vale a pena registrar aqui
o comentário de Green: A abstinência completa de vinho e outras bebidas alcoólicas é extraordinária no mundo bíblico,
assim a exigência de que João adotasse tal comportamento ascético requer explicação. Durante o período de serviço no
templo, os sacerdotes deviam se abster de bebidas alcoólicas (Lv 10.8–9; Ez 44.21). A abstinência também era essencial
para aqueles que haviam feito voto de nazireu (Nm 6:1–21). Isso sugere que a recusa de beber vinho e cerveja estava
associada à separação da vida normal para uma tarefa divina, seja por um período temporário e específico (sacerdotes
de plantão, nazireus) ou, como no caso de Sansão, por toda a vida (Jz 13: 7). Joel B. Green, The Gospel of Luke (The New
International Commentary on the New Testament; Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1997), 75. Na
LXX de 1 Samuel 1.11, acrescenta-se ao texto hebraico uma informação bastante semelhante à que temos aqui: “καὶ
οἶνον καὶ μέθυσμα οὐ πίεται” (“E vinho e cerveja não beberá”).