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ESPAÇO ABERTO<br />
ISO 28.000:<br />
COMO IMPLEMENTAR A NORMA E MELHORAR<br />
A SEGURANÇA DO SETOR LOGÍSTICO?<br />
O<br />
roubo e o desvio de cargas são problemas<br />
significativos no Brasil, afetando, principalmente,<br />
o setor de transporte e logística.<br />
Segundo dados da NTC&Logística (Associação<br />
Nacional do Transporte de Cargas e<br />
Logística), houve um prejuízo financeiro de aproximadamente<br />
R$ 1,2 bilhão no país em 2022 em perdas ocasionadas<br />
por cargas roubadas. Apesar da redução de 9,1%<br />
dos casos em relação ao ano anterior, o cenário ainda é<br />
uma grande preocupação entre empresários da área.<br />
Diante dessa realidade que atinge rodovias, ferrovias<br />
e portos, entre outros locais no país, empresas buscam<br />
medidas eficientes a fim de mitigar riscos não controláveis,<br />
como roubo ou desvio de cargas, assim como os<br />
controláveis, que se definem na vulnerabilidade dos processos<br />
internos das empresas.<br />
Para que isso ocorra, sistemas de gerenciamento de<br />
riscos logísticos atuam como um suporte para auxiliar<br />
organizações a gerenciarem a segurança destes processos<br />
e, assim, garantir a integridade dos bens durante o<br />
transporte e o armazenamento de produtos. Um deles é<br />
a ISO 28.000, norma internacional que foi desenvolvida<br />
pela ISO (Organização Internacional de Normalização)<br />
e estabelece diretrizes para a implementação de um<br />
sistema de gestão de segurança de qualidade na cadeia<br />
logística.<br />
Os pontos abordados pela norma são aplicáveis<br />
a qualquer tipo de empresa, de todos os tamanhos e<br />
segmentos de mercado. Eles visam estabelecer, implementar,<br />
manter e melhorar esse tipo de sistema dentro<br />
da organização. Ao implantar a norma, processos importantes<br />
entrarão em prática nas empresas, como garantia<br />
da conformidade com a PGR (Política de Gerenciamento<br />
de Risco), comprovação da conformidade a parceiros de<br />
negócios e busca da certificação do sistema ou autodeclaração<br />
de conformidade.<br />
Apesar do sistema demonstrar a eficiência esperada,<br />
alguns processos devem ser efetuados para que a norma<br />
seja bem executada. Na fase de implantação, por<br />
exemplo, é importante que haja uma análise minuciosa<br />
de riscos, com um diagnóstico de segurança bastante<br />
assertivo para entender as vulnerabilidades apresentadas<br />
e, com isso, identificar as possíveis ameaças existentes<br />
na distribuição. Ainda durante este mesmo processo,<br />
é necessário levantar quais probabilidades de risco da<br />
empresa em comparação aos números do mercado, ou<br />
POR<br />
ANDERSON<br />
HOELBRIEGEL<br />
DIRETOR DE NEGÓCIOS DA<br />
ICTS SECURITY, EMPRESA DE<br />
ORIGEM ISRAELENSE QUE<br />
ATUA COM CONSULTORIA<br />
E GERENCIAMENTO DE<br />
OPERAÇÕES EM SEGURANÇA<br />
seja, comparar a organização com empresas similares.<br />
Em contrapartida às etapas oferecidas pela norma,<br />
é seguro dizer que não há necessidade destas tarefas<br />
serem executadas de forma sequencial, ou seja, não é<br />
preciso concluir uma etapa para dar andamento a próxima.<br />
Isso é interessante de se observar, pois o ritmo e a<br />
velocidade na implantação da solução potencializam a<br />
melhora na percepção dos riscos e resultados obtidos.<br />
Uma vez elaborado o diagnóstico de segurança, é<br />
importante entender que qualquer sistema do gênero,<br />
para ser eficiente, deve ser capaz de equilibrar pilares<br />
essenciais do setor, como tecnologia e inovação, gestão<br />
de pessoas e gestão de processos. Tendo isso de forma<br />
linear, o próximo passo é escrever a Política de Gerenciamento<br />
de Riscos personalizada e nela estabelecer as<br />
estruturas tecnológicas e de pessoas mais adequadas<br />
a fim de promover a redução dos riscos e das ameaças<br />
identificados na análise.<br />
Com a implementação do sistema, indicadores são<br />
criados para apresentar os dados dos incidentes e quase<br />
incidentes. Com estas informações, o sistema orienta<br />
uma rotina de treinamentos internos, estabelece sinergia<br />
com órgãos de segurança pública e, por fim, implanta<br />
um núcleo de inteligência que seja capaz de interpretar<br />
e analisar os dados, gerando insights para mudança de<br />
estratégia na distribuição, revisão de processos e ajustes<br />
de novos parâmetros de tecnologias com a finalidade<br />
de suportar a estratégia de expansão de vendas ou manutenção<br />
da base de pontos de vendas bloqueados por<br />
motivo risco.<br />
Por fim, é vital adquirir consciência operacional para<br />
saber o nível de maturidade da estrutura de segurança<br />
responsável pela integridade do processo de gerenciamento<br />
de riscos e buscar continuamente a elevação<br />
do nível de maturidade e da percepção de riscos dos<br />
stakeholders.<br />
Foto: divulgação<br />
66 referenciaindustrial.com.br JULHO 2023