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Revista eMOBILIDADE+ #03

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

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www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />

N.º3<br />

julho/agosto | 2023<br />

Bimestral | Continente<br />

Diretora: Cátia Mogo<br />

OPINIÃO<br />

JOSÉ LUÍS ESQUÍVEL<br />

O equilíbio financeiro dos contratos<br />

de serviço público do transporte<br />

de passageiros<br />

ENTREVISTA<br />

ACÁCIO PIRES<br />

“É urgente conter o esvaziamento<br />

dos centros urbanos e procurar<br />

melhores políticas de urbanização”<br />

TRANSPORTE MARÍTIMO<br />

Novas regras estipulam<br />

redução das emissões<br />

em 2% a partir de 2025<br />

t<br />

MERCEDES-BENZ t<br />

eACTROS E eECONIC<br />

Dois pesados 100% elétricos<br />

que encerram o capítulo dos<br />

motores de combustão interna<br />

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO<br />

Smart phone, smartwatch, GPS,<br />

APP, há tecnologias de fazer<br />

perder a cabeça<br />

MOBILIDADE INTEGRADA<br />

O objetivo será alcançável com<br />

soluções à medida do cidadão e<br />

da sua necessidade pontual<br />

CONSULTÓRIO DE SEGURANÇA<br />

Qual a melhor solução para a<br />

frota automóvel da empresa:<br />

ICE, HEV ou BEV?


O cartão que tem tudo.<br />

Menos custos.<br />

Sem anuidades, custos de adesão ou de cartões, o PRIO TRUCK<br />

é perfeito para todas as ocasiões. Comece já hoje a poupar.<br />

<strong>Revista</strong> nº3 | julho/agosto 2023<br />

EDIÇÃO BIMESTRAL<br />

Email: emobilidademais@invesporte.pt<br />

DIRETORA<br />

Cátia Mogo<br />

EDITOR<br />

Eduardo de Carvalho<br />

REDAÇÃO<br />

Ana Filipe<br />

Márcia Dores<br />

Carlos Branco<br />

CARLOS BRANCO<br />

DIREÇÃO DE COMUNICAÇÃO<br />

E MARKETING<br />

Nuno Francisco<br />

EDITORIAL<br />

PUBLICIDADE<br />

José Afra Rosa<br />

Margarida Nascimento<br />

Rui Garrett<br />

ASSINATURAS<br />

Fernanda Teixeira<br />

Vasta rede com AdBlue<br />

Cartão aceite nos postos Shell (PT)<br />

Gestão online no portal MyPRIO<br />

Gestor dedicado disponível para o ajudar<br />

Digitalizar, eletrificar, descarbonizar, pelo ambiente, pela melhoria<br />

da qualidade de vida das pessoas e, no fim da linha, por<br />

uma melhor mobilidade urbana. É todo um processo, técnico e<br />

político, que não é fácil de executar. A ele assim se referiu um<br />

dignitário europeu no Congresso dos Transportes Inteligentes<br />

realizado em Lisboa. Os atores desta grande peça terão agora que se entender<br />

e de partilhar o conhecimento e os dados recolhidos.<br />

Mas o tempo vai passado e o horizonte das datas-limite começa a aproximar-<br />

-se. O transporte rodoviário, que tem o maior peso nas emissões de gases<br />

com efeito de estufa, desdobra-se em iniciativas e vai fazendo a sua parte,<br />

que é como quem diz, vai dizendo adeus ao gasóleo e prepara a chegada do<br />

hidrogénio. As altas instâncias europeias continuam a preparar os normativos<br />

para a imposição de limites às emissões e pela adoção de combustíveis<br />

renováveis, sintéticos, verdes. O transporte marítimo já tem calendário, o<br />

transporte aéreo vem a seguir. Mas já existe uma boa notícia: enquanto os<br />

turistas enxameiam as grandes cidades, os navios que nelas aportam vão ter<br />

que desligar os motores e ligarem-se à ficha elétrica.<br />

Um dos responsáveis pela associação ambientalista zero afirma nestas páginas<br />

que a nossa qualidade de vida peca por uma política débil, tardia, ou mesmo<br />

inexistente, seja pelo (ineficiente) planeamento urbano, que tem colocado<br />

as pessoas longe dos centros urbanos, afastadas das linhas férreas, e também<br />

pela falta de robustez e pontualidade dos demais transportes públicos. Fartos<br />

do tempo perdido, os cidadãos mantêm o apego ao transporte individual.+<br />

COLABORADORES<br />

António Macedo; Filipe Carvalho<br />

e Frederico Gomes<br />

DESIGN GRÁFICO / PAGINAÇÃO<br />

Rogério Grilho<br />

IMAGENS<br />

Pixabay.com | Freepik.com | Canvas<br />

EDITORA INVESPORTE,<br />

EDITORA DE PUBLICAÇÕES<br />

Edição, Redação e Administração<br />

R. António Albino Machado, 35G<br />

1600-259 Lisboa<br />

Telefone: 215914293<br />

Email: eurotransporte@invesporte.pt<br />

Site: www.eurotransporte.pt<br />

PROPRIEDADE<br />

Eduardo de Carvalho<br />

Registo ERC: Nº 127896<br />

Adira em prio.pt<br />

+info em 234 390 010 (24h)<br />

cartao@prio.pt<br />

ESTATUTO EDITORIAL:<br />

https://www.eurotransporte.pt/noticia/38/5193/<br />

estatuto-editorial-e-lei-da-transparencia/<br />

www.emobilidademais.pt<br />

www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/


t<br />

maio/junho | 2023<br />

Bimestral | Continente<br />

Diretora: Cátia Mogo<br />

Estratégia de cibersegurança.<br />

Eficaz num setor ferroviário<br />

cada vez mais digitalizado<br />

Estudo com o objetivo de avaliar<br />

o sentimento do setor junto dos<br />

seus intervenientes ativos<br />

www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />

Como contrariar o aumento<br />

dos combustíveis na frota.<br />

Atenção ao comportamento<br />

REVISTA Nº 3<br />

JULHO/AGOSTO 2023<br />

52<br />

10 MERCEDES-BENZ ECITAN<br />

Já está à venda em Portugal e as<br />

primeiras unidades chegam ainda este<br />

verão, com preços a partir de 35 mil €<br />

16<br />

20 ENTREVISTA: ACÁCIO PIRES<br />

Responsável pelas políticas da<br />

associação ambientalista zero, falou<br />

ao <strong>eMOBILIDADE+</strong>, admitiu que há<br />

sinais positivos na mobilidade elétrica,<br />

mas que há muito para fazer para<br />

reduzir drasticamente as emissões dos<br />

transportes rodoviários.<br />

26 CONGRESSO DOS<br />

TRANSPORTES INTELIGENTES<br />

Ligar carros a máquinas e a<br />

infraestruturas rodoviárias, e as<br />

pessoas a todos eles não é tarefa fácil.<br />

Mas a Comissão Europeia quer tudo<br />

conetado e os dados partilhados por<br />

todos até 2028.<br />

36<br />

34 O DESAFIO DO EQUILÍBRIO<br />

FINANCEIRO DOS CONTRATOS<br />

DE SERVIÇO PÚBLICO DE<br />

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS.<br />

Um texto do advogado José Luís<br />

Esquível.<br />

38 POLÍTICA EUROPEIA PARA OS<br />

TRANSPORTES MARÍTIMOS<br />

Novos combustíveis, menor emissão<br />

de gases poluentes, imposição de<br />

ligação elétrica quando aportados,<br />

64<br />

os grandes navios vão ter que rever<br />

procedimentos.<br />

46 OS PESADOS ELÉTRICOS DA<br />

MERCEDES-BENZ<br />

Apresentados no Autódromo<br />

Internacional de Portimão, o eActros e<br />

eEconic já estão à venda em Portugal.<br />

Até 2039, a marca alemã conta ser<br />

neutra em emissões de carbono.<br />

Mobilidade<br />

e- +<br />

N.º2<br />

maio/junho | 2023<br />

Bimestral | Continente<br />

Práticas sustentáveis comuns<br />

nas cadeias logísticas verdes<br />

de base marítima<br />

Diretora: Cátia Mogo VÍTOR CALDEIRINHA<br />

ENTREVISTA<br />

VÍTOR DOMINGUES<br />

DOS SANTOS<br />

“O investimento em transportes<br />

públicos é deficitário em relação<br />

às reais necessidades da AML”<br />

Mobilidade<br />

e- +<br />

N.º2<br />

ENTREVISTA<br />

VÍTOR DOMINGUES<br />

DOS SANTOS<br />

“O investimento em transportes<br />

públicos é deficitário em relação<br />

às reais necessidades da AML”<br />

www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />

OPINIÃO<br />

VÍTOR CALDEIRINHA<br />

Práticas sustentáveis comuns<br />

nas cadeias logísticas verdes<br />

de base marítima<br />

FORD REVELA<br />

E-TRANSIT COURIER<br />

Furgão compacto<br />

100% elétrico<br />

t<br />

OPINIÃO<br />

FORD REVELA t<br />

E-TRANSIT COURIER<br />

Furgão compacto<br />

100% elétrico<br />

FÓRUM MOBILIDADE<br />

E TRANSPORTES<br />

FÓRUM MOBILIDADE<br />

E TRANSPORTES<br />

Reportagem completa sobre o evento<br />

Reportagem completa sobre o evento<br />

organizado pela eMobilidade+<br />

(ver pág. 30)<br />

t<br />

organizado pela eMobilidade+<br />

(ver pág. 30)<br />

t<br />

Cibersegurança<br />

Cibersegurança<br />

Estratégia de cibersegurança.<br />

Eficaz num setor ferroviário<br />

cada vez mais digitalizado<br />

Barómetro Transportes<br />

Estudo com o objetivo de avaliar<br />

o sentimento do setor junto dos<br />

seus intervenientes ativos<br />

Barómetro Transportes<br />

Consultório de Segurança<br />

Como contrariar o aumento<br />

dos combustíveis na frota.<br />

Atenção ao comportamento<br />

Consultório de Segurança<br />

e-MOBILIDADE 1<br />

e-MOBILIDADE 1<br />

VER REVISTA DIGITAL<br />

GRATUITA Nº.2<br />

4 e-MOBILIDADE +


Via Rápida<br />

Daimler Buses Portugal será<br />

a nova designação da EvoBus<br />

Desde 1995 que a EvoBus é sinónimo de sucesso económico<br />

para o maior fabricante de autocarros europeu com as marcas<br />

tradicionais Mercedes-Benz e Setra, mas a partir de 12 de julho<br />

abrirá um novo capítulo na história da empresa, mudando<br />

a designação de EvoBus Portugal, S.A. para Daimler Buses<br />

Portugal, S.A. “Como filial da Daimler Truck AG, o nosso novo<br />

nome de empresa deriva do nosso grupo, do qual somos<br />

parte integrante da área de negócio Daimler Buses. Ao mesmo<br />

tempo, é um símbolo da nossa orientação para o futuro e<br />

da nossa capacidade de inovação. Temos grandes planos. A<br />

nossa ambição continua a ser construir os melhores autocarros<br />

e oferecer-lhe o melhor serviço. Em conjunto consigo,<br />

queremos moldar com sucesso a transformação do nosso setor<br />

em direção a zero emissões em todos os segmentos”, lê-se<br />

no comunicado da empresa, dirigido aos clientes, oficinas<br />

autorizadas e parceiros comerciais. Esclarecendo que foram feitos<br />

todos os esforços para garantir a continuidade do negócio<br />

com o mínimo de mudanças nos processos administrativos e<br />

dizendo-se orgulhosa por usar a nova designação, afiança a<br />

empresa que, no mínimo, tudo fará com a mesma dedicação<br />

que nos mais de 25 anos como EvoBus.<br />

t<br />

Metropolitano de Lisboa premiado por produtividade<br />

a nível europeu<br />

A World Conference in Transport Research (WCTR) atribuiu ao Metropolitano de Lisboa<br />

o Prémio de Excelência “Most Productivity Improved System in Europe”, uma distinção<br />

que reconhece Lisboa como a cidade europeia com maior crescimento na taxa de<br />

produtividade do seu sistema de metro, explorado pelo Metropolitano de Lisboa. Este<br />

prémio é atribuído com base na análise comparativa dos Relatórios e Contas das operadoras<br />

de transporte, permitindo identificar aqueles que mais se destacam em termos<br />

de eficiência e produtividade. Para proceder a esta análise, a WCTR constituiu um grupo<br />

de trabalho coordenado pelo Prof. Tae Oum, presidente da WCTR Society, da Sauder<br />

School of Business da University of British Columbia, no Canadá. Este grupo, composto<br />

por equipas de sete países, conduziu um estudo em mais de 50 cidades e regiões metropolitanas<br />

da Ásia, Europa e América do Norte, no período referenciado. O grupo de<br />

trabalho baseou a seleção das cidades vencedoras com base nos dados de produtividade<br />

variável até ao ano de 2019, sem considerar os anos subsequentes, devido às medidas<br />

de confinamento adotadas em contexto da pandemia por COVID-19, que tiveram<br />

um impacto substancial na procura das redes de metro. Considerando a evolução da<br />

taxa de produtividade, as restantes cidades distinguidas foram, por ordem decrescente,<br />

Changsha (China), Osaka (Japão), Daejeon (Korea) e Miami-Dade (US/Canadá).<br />

t<br />

Elétrico BYD aumenta oferta com a nova gama Dolphin<br />

A BYD, fabricante líder mundial de viaturas elétricas (EV e PHEV) e baterias elétricas, acaba<br />

de anunciar o lançamento no mercado europeu do novo BYD Dolphin 100% elétrico que<br />

se junta à gama de lançamento da marca, composta pelos BYD Atto 3, BYD Han e BYD<br />

Tang. As vendas terão início ainda este verão, com entregas em toda a Europa a partir<br />

do quarto trimestre do ano. O preço de entrada na gama começa nos 29.990 €, para a<br />

versão Active, chegando aos 37.690 € na versão Design. Comercializado em Portugal pela<br />

Salvador Caetano, este novo hatchback do segmento C combina uma estética de design<br />

distinta e divertida com versatilidade, agilidade e uma abundância de equipamento de série.<br />

O Dolphin dispõe de uma bateria BYD Blade Battery de 60,4 kWh de fosfato de ferro<br />

e lítio – mais tarde, a partir do primeiro trimestre de 2024, chegará também uma versão<br />

com uma bateria de 44,9 kWh. Com a bateria de 60,4 kWh a autonomia é de 427 km<br />

(ciclo combinado WLTP), baixando para 340 km no caso de ter instalada a bateria de<br />

44,9 kWh. A potência de carregamento é de 11 kW AC trifásica e quando se trata de<br />

recarregar, o carregador de 100 kW DC pode fazê-lo em apenas 29 minutos, entre 30% a<br />

80% da sua capacidade. O BYD DOLPHIN está também equipado com VtoL, pelo que a<br />

bateria do automóvel pode facilmente carregar dispositivos externos.<br />

Global Mobility Call adiada para o final de outubro<br />

O recente anúncio de antecipação das eleições gerais em Espanha para 23 de<br />

julho impulsionou a decisão de adiar a realização da Global Mobility Call de<br />

setembro para o mês de outubro, entre os dias 24 e 26, de forma a assegurar<br />

a presença institucional da Administração do Estado, e das comunidades e<br />

municípios, eixos fundamentais do evento dedicado à mobilidade. A IFEMA<br />

MADRID, Smobhub e o Mitma tomaram a decisão de forma consensual, uma<br />

vez confirmada a presença de mais de 80% das entidades interessadas em<br />

participar, assim como o apoio de um importante número de empresas, instituições<br />

e associações que se juntaram uma vez mais como partners estratégicos e<br />

colaboradores da Global Mobility Call. A nova proposta de convocatória, que<br />

previsivelmente assegura uma margem de tempo suficiente para a constituição<br />

das novas equipas para a reativação das suas agendas institucionais, foi<br />

apoiado por todos os agentes que fazem parte da Global Mobility Call perante<br />

o objetivo partilhado de assegurar as melhores condições que permitam gerar<br />

oportunidades de negócio e de investimento. A Global Mobility Call acolherá<br />

uma parte da agenda oficial de mobilidade da Presidência Espanhola do<br />

Conselho da União Europeia com três reuniões organizadas pelo Ministério de<br />

Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana de Espanha onde se encontrarão os<br />

representantes dos 27 países da UE. Trata-se da “Conferência técnica sobre a<br />

mobilidade em áreas rurais”, a reunião “The PEP Partnership on Active Mobility”,<br />

assim como uma importante jornada sobre os Corredores Europeus em<br />

Espanha 360: Corredor Atlântico e Corredor Mediterrâneo.<br />

Évora com posto de carregamento elétrico<br />

ultrarrápido da MOBI.E e Sunenergy<br />

O primeiro posto de carregamento ultrarrápido (PCUR) no concelho<br />

de Évora foi inaugurado a 21 de junho, integrando uma iniciativa<br />

da MOBI.E. O posto é operado pela Sunenergy e está situado no<br />

Operação da AveiroBus apontada como exemplo<br />

Parque das Portas da Lagoa. Este é o sétimo PCUR integrado no<br />

Programa de Estabilização Económica e Social, cofinanciado pelo<br />

na Transdev<br />

Fundo Ambiental, que visa instalar um conjunto de 12 infraestruturas<br />

A operação da Transdev em Aveiro, a AveiroBus, recebeu a visita de uma<br />

semelhantes e de 9 hubs, num investimento global superior a 3<br />

delegação de executivos de topo do Grupo Transdev, vindos de várias partes<br />

milhões de euros. O primeiro PCUR no âmbito deste projeto foi inaugurado<br />

do mundo, interessados em conhecer esta operação exemplo de inovação,<br />

em Castelo Branco, em maio de 2021, a que se seguiram<br />

tecnologia e mobilidade. A colocação nas paragens de informação em tempo<br />

Beja, Portalegre e Santarém, em 2022, além de Palmela e Vila Real,<br />

real, relativa aos tempos de espera para os autocarros seguintes, prevê-se para<br />

t<br />

já em 2023. As próximas inaugurações estão previstas para Bragança,<br />

o próximo mês e a aposta numa frota elétrica, que ainda este ano vai ser reforça-<br />

Guarda, Portimão, Sintra e Viana do Castelo. “A MOBI.E continua<br />

da, foram dois dos temas em destaque na visita. A delegação visitou também a<br />

a concretizar os objetivos deste projeto, com mais de metade das<br />

Câmara Municipal de Aveiro, uma vez que o objetivo deste projeto é aprofundar<br />

infraestruturas já instaladas, de forma a contribuir para a coesão territorial<br />

uma cultura centrada no cliente e socialmente responsável, afirmando-se o Gru-<br />

ao nível da mobilidade elétrica”, disse Luís Barroso, presidente<br />

po Transdev como parceiro de confiança das autoridades locais, comunidades e<br />

da MOBI.E. O representante da Sunenergy, Carlos Morais, destacou<br />

empresas. Este programa de executivos da Transdev designa-se de Trans’lead e<br />

que “a instalação de um equipamento como este em Évora foi uma<br />

a presente edição teve lugar em Espanha e Portugal. No país vizinho esteve em<br />

opção natural e permitirá que os utilizadores de veículos elétricos<br />

destaque a operação de Barcelona enquanto em Portugal o foco foi colocado na<br />

assinalem esta cidade como um ponto de paragem obrigatório nas<br />

operação da AveiroBus.<br />

6 e-MOBILIDADE +<br />

suas viagens pelo Alentejo, ou até mesmo de e para Espanha.”<br />

e-MOBILIDADE + 7<br />

t<br />

t<br />

t


Via Rápida<br />

Mobilidade em Aveiro<br />

conta com novas<br />

bicicletas BUGA<br />

A Câmara Municipal de Aveiro apresentou<br />

a 19 de junho as novas bicicletas<br />

BUGA, veículo de partilha pelos<br />

cidadãos, segundo conceito do qual o<br />

município foi pioneiro. De acordo com<br />

a notícia publicada no site camarário, as<br />

novas BUGA trazem várias novidades,<br />

a começar pelo número de bicicletas<br />

disponíveis – mais 124 do que o modelo<br />

anterior – e o aumento do número de estações, num total de 204, estando em operação 136. Estas<br />

novas bicicletas passam agora a poder ser utilizadas em todo o Concelho de Aveiro e contam<br />

também com um sistema de GPS integrado. Sublinha a autarquia que continua a trabalhar para<br />

tornar o concelho cada vez mais sustentável, pois também foi anunciado que o município terá<br />

ainda o primeiro ferryboat 100% elétrico do País, que está a ser desenvolvido inteiramente em<br />

Portugal, por marcas nacionais, para operar na Ria de Aveiro, sendo também um dos primeiros<br />

ferryboats elétricos em toda a Europa, com exceção feita aos países nórdicos. O novo ferryboat<br />

permitirá a redução da emissão das mais de 300 toneladas de CO 2<br />

libertadas pelo atual modelo,<br />

reduzindo igualmente em cerca de 30% o consumo energético.<br />

Volkswagen e Vestas em parceria pela mobilidade sustentável<br />

A Vestas Wind Systems, líder mundial em<br />

soluções de energia sustentável, já recebeu<br />

da Volkswagen Veículos Comerciais<br />

mais de 100 unidades do modelo ID.Buzz<br />

Cargo, totalmente elétrico, com que vai<br />

operar na assistência e manutenção de t<br />

parques eólicos a seu cargo, inicialmente<br />

na Dinamarca e no norte da Alemanha, e<br />

mais tarde em outras localizações europeias,<br />

a começar por França e Espanha.<br />

A colaboração entre as duas entidades é<br />

considerada estratégica, uma vez que ambas acordaram em colaborar em soluções de transporte<br />

elétrico no futuro. Com o objetivo de se tornar uma empresa com emissões neutras de carbono até<br />

2030, Christian Venderby, vice-presidente executivo de serviços da Vestas expressou o comprometimento<br />

em tornar a empresa neutra em carbono nas operações próprias, sem a utilização de<br />

compensações, até 2030. “Aprendemos muito sobre os requisitos dos nossos veículos através da<br />

cooperação. A Vestas, a empresa mais sustentável do mundo em 2022 pela Corporate Knights, é,<br />

assim, o parceiro ideal para nós”, sublinhou Carsten Intra, CEO da Volkswagen Veículos Comerciais.<br />

t<br />

Os 50 Buggy Ami para<br />

Portugal esgotaram<br />

em três horas<br />

Os 800 exemplares do Citroën My Ami Buggy<br />

que ficaram disponíveis para comercialização<br />

online a 20 de junho, esgotaram num<br />

espaço de apenas 10 horas. Os restantes<br />

200 exemplares são destinados a mercados<br />

que não dispõem de venda online. Para<br />

Portugal foram destinadas 50 unidades,<br />

que esgotaram em apenas 3h10m.As<br />

encomendas para esta segunda edição do<br />

quadriciclo My Ami Buggy da marca francesa<br />

foram efetuadas no website nacional do<br />

Citroën Ami e o cliente mais rápido em<br />

Portugal adquiriu o seu exemplar em apenas<br />

2m19s. Nos oito países abrangidos pelas<br />

vendas online, muitos foram os clientes que<br />

concluíram todo o processo de compra. O<br />

mercado belga destacou-se, com 65 My<br />

Ami Buggy vendidos em menos de 9 min., a<br />

França despachou 300 unidades no espaço<br />

de uma hora, mas o cliente mais rápido foi<br />

espanhol, ao completar todo o processo de<br />

compra em 1m10s. Os preços da gama Ami<br />

estão compreendidos entre os 7.990 € e os<br />

9.190 €. Os restantes 200 exemplares, a disponibilizar<br />

até ao final do ano serão vendidos<br />

no verão na Turquia, Marrocos e Territórios<br />

Ultramarinos Franceses. Para setembro está<br />

programado o arranque das entregas das<br />

primeiras unidades.<br />

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8 e-MOBILIDADE +<br />

t<br />

Mobilidade urbana em Angola conta com colaboração<br />

dos TIP e TML<br />

Pela sua experiência e boas práticas no que respeita à mobilidade e à implementação e<br />

gestão dos sistemas de bilhética, os Transportes Intermodais do Porto (TIP) e a Transportes<br />

Metropolitanos de Lisboa (TML) estão a trabalhar com a Empresa Nacional de Bilhética de<br />

Angola no sentido de promover um intercâmbio de ideias e experiências nos domínios da<br />

mobilidade que tornem possível a participação conjunta em áreas de interesse comum,<br />

bem como o intercâmbio de formadores e especialistas com vista à partilha de conhecimento<br />

e à criação de sinergias no domínio da mobilidade. De visita ao país, os TIP e<br />

TML foram recebidos pelo ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas D’Abreu,<br />

e assinaram a 20 de junho, na presença do secretário de Estado dos Transportes de<br />

Angola, Jorge Bengue Calumbo, dois protocolos de cooperação com a ENBI no sentido<br />

de estabelecer mecanismos que tornem possível a participação conjunta em estudos em<br />

áreas de interesse comum. Para Mário Nsingui Pedro, presidente da ENBI, “a qualidade e<br />

a eficiência dos transportes é um objetivo a cumprir com brevidade, porque os cidadãos<br />

merecem poder deslocar-se entre a casa e o trabalho com mais celeridade e conforto.<br />

Uma marca da Daimler Truck AG<br />

Daimler Buses Portugal, S.A. Edif. Mercedes-Benz Abrunheira, Apartado 14 - 2726-901 Mem Martins


Mercedes-Benz eCitan<br />

Elétrico, urbano,<br />

compacto<br />

Entregas rápidas de mercadorias, ou transporte de passageiros em curtas<br />

distâncias, eis as (principais) funções do eCitan, o furgão compacto<br />

da Mercedes-Benz, totalmente elétrico. Já está em venda em Portugal e as primeiras<br />

unidades chegam ainda este verão, com preços a partir de 35 mil euros (sem IVA).<br />

Por Carlos Branco<br />

Em setembro de 2021, a Mercedes-Benz<br />

lançou o novo Citan com motores de combustão<br />

interna e rapidamente conquistou<br />

clientela. No final desse mesmo ano, um júri<br />

de 25 jornalistas europeus especializados<br />

atribuía-lhe o título de “Furgão Internacional do Ano”<br />

(2022). A marca alemã não perdeu tempo para aumentar<br />

a oferta, e a partir do mesmo modelo gerou a versão<br />

elétrica, com autonomias variáveis entre os 280 e 284<br />

Km, de diferentes comprimentos de carroçaria – Standard<br />

e Longo –, consoante o tipo de utilização. A Tourer<br />

(Longo) é destinada a passageiros, mas só estará disponível<br />

mais tarde. Por ora, acomodá-los-á na variante<br />

Standard.<br />

A política de descarbonização da marca está muito ativa,<br />

e se há muito que as classes de turismo e de furgões<br />

comerciais andam de passo afinado, também a Daimler<br />

Trucks tem acompanhado a marcha com a disponibilização<br />

dos primeiros pesados integralmente elétricos<br />

(eActros e eEconic), que também podem ser descobertos<br />

nestas páginas da <strong>eMOBILIDADE+</strong>. O futuro está<br />

mesmo por perto, e se a linha de transporte de longa<br />

distância conhecerá o seu primeiro trunfo em outubro,<br />

com a première do eActros 600, a segunda metade da<br />

década trará o hidrogénio verde como gerador de energia<br />

para os pesados.<br />

O consumo combinado anunciado é de 19,16 kWh/100<br />

km e, dependendo do modelo, tem uma autonomia de<br />

operação entre os 280 e os 284 quilómetros. Sustenta<br />

a marca que num carregamento rápido a bateria de 45<br />

kWh é carregada de 10 a 80% em 38 minutos com o<br />

carregador DC (corrente contínua) de 80 kW instalado,<br />

mas também pode ser carregado com corrente<br />

alternada (CA) a 11 kW ou, opcionalmente, 22 kW<br />

através do carregador de bordo. A utilização de uma<br />

Wallbox Mercedes-Benz permite um carregamento muito<br />

mais rápido do que numa tomada doméstica.<br />

RECUPERAÇÃO DE ENERGIA<br />

O motor elétrico do eCitan tem uma potência máxima<br />

de 90 kW (122 cv) e um torque máximo de 245 Nm,<br />

valor inteiramente disponível desde o arranque. A<br />

bateria de iões de lítio é posicionada na parte inferior da<br />

O consumo combinado é de<br />

19,16 kWh/100 km e, dependendo<br />

do modelo, tem uma autonomia<br />

de operação entre os 280 e os 284<br />

quilómetros. A utilização de uma<br />

Wallbox permite um carregamento<br />

muito mais rápido<br />

carroçaria à frente do eixo traseiro, onde também é protegida<br />

contra colisões e os oito módulos de bateria usam células de<br />

bolsa. O condutor pode optar entre os programas de acionamento<br />

Comfort e ECO (otimizado para a autonomia) e três<br />

níveis de recuperação de energia (D- / D / D+).<br />

Ainda que de dimensões exteriores compactas, as carroçarias<br />

do eCitan disponibilizam um generoso espaço interior, bem<br />

como uma elevada capacidade de carga, abrangendo uma ampla<br />

gama de utilizações possíveis nas tarefas de distribuição<br />

no centro da cidade, prestação de serviços e em operações de<br />

transporte. O eCitan dispõe de painel lateral com duas opções<br />

de comprimento: a versão compacta de 4498 mm e a versão<br />

longa de 4922 mm onde se inclui o Tourer. Para o furgão de<br />

painel compacto, são 2,9 metros cúbicos de capacidade e<br />

até 544 quilos de carga, para o modelo longo são 3,7 metros<br />

cúbicos e até 722 quilos. Uma porta de correr de abertura<br />

DUAS OPÇÕES<br />

O eCitan dispõe de painel lateral com duas<br />

opções de comprimento: a versão compacta<br />

de 4498 mm e a versão longa de 4922 mm de<br />

comprimento onde se inclui o Tourer. De 2,9 a<br />

3,7 m 3 de capacidade.<br />

10 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 11


COMERCIAIS<br />

Mercedes-Benz eCitan<br />

ampla e uma baixa altura da soleira ao solo de 57 centímetros<br />

permitem um acesso conveniente ao interior e fácil carregamento<br />

do veículo.<br />

Além da divisória fixa (com e sem janela) entre a cabine do<br />

motorista e o compartimento de carga existe uma partição<br />

pivotante, assim como uma grade no lado do passageiro dianteiro,<br />

que pode ser virada a 90 graus e travada para o banco<br />

do motorista.<br />

O banco do passageiro dianteiro é rebatível, proporcionando<br />

uma superfície plana para transportar objetos longos. O comprimento<br />

do compartimento de carga é então de 3,05 metros<br />

para a versão compacta e 3,41 metros para a versão longa.<br />

EQUIPAMENTOS BASE E PRO<br />

O eCitan Panel Van e Tourer estão disponíveis nas linhas de<br />

equipamentos BASE e PRO. A linha PRO dispõe de iluminação<br />

LED no interior e compartimento de carga, para além<br />

do sistema de áudio Mercedes-Benz, o banco do motorista<br />

com regulação em altura, ar condicionado, vidros dianteiros<br />

elétricos com função conforto e piso plástico no compartimento<br />

de carga.<br />

O sistema multimédia MBUX (Mercedes-Benz User Experience)<br />

é opcional, dispondo de ecrã tátil de sete polegadas ou<br />

botões de controlo tátil no volante. Pode ser integrado com<br />

smartphones Apple Car Play e Android Auto, conetividade<br />

Bluetooth mãos-livres e rádio digital (DAB e DAB+). O MBUX<br />

também inclui navegação rápida em disco rígido, o que é<br />

particularmente conveniente de operar graças ao assistente de<br />

voz “Hey Mercedes”.<br />

Para o transporte comercial de passageiros, o eCitan Tourer<br />

tem uma porta traseira com janela e uma segunda porta<br />

lateral deslizante de série. Em alternativa, também pode ser<br />

equipado com portas traseiras. O banco traseiro é rebatível de<br />

1/3 a 2/3.<br />

O sistema de refrigeração compreende ar condicionado com<br />

bomba de calor, particularmente económico em termos energéticos,<br />

pois a bateria do veículo apenas fornece o compressor<br />

da bomba de calor instalada e não assume o ar condicionado<br />

real do interior do veículo.<br />

Como assistência à condução e segurança, além dos sistemas<br />

ABS e ESP, legalmente exigidos, o eCitan tem o sistema de<br />

chamadas de emergência Mercedes-Benz de série. Em caso de<br />

acidente no exterior, o centro de atendimento de emergência<br />

da Mercedes-Benz notifica o centro de controlo de socorro<br />

mais próximo.<br />

O eCitan Panel Van está igualmente dotado com os sistemas<br />

Hill Start Assist, Crosswind Assist, Attention Assist, Active<br />

Brake Assist, Active Lane Keeping Assist (ativo a partir de 70<br />

km/h), Blind Spot Assist, Speed Limit Assist (reconhecimento<br />

de sinais de trânsito e limites de velocidade), Active Distance<br />

Assist e Active Steering Assist.<br />

A PARTIR DE 35 MIL EUROS<br />

O novo veículo comercial ligeiro compacto elétrico da Mercedes-Benz<br />

já pode ser encomendado na versão Furgão eTourer,<br />

com a chegada das primeiras unidades a Portugal prevista para<br />

este verão, surgindo posteriormente a versão Mixto. Os preços<br />

são todos a título indicativo para Portugal, sem IVA.+<br />

eCitan Furgão<br />

Standard BASE<br />

35.030<br />

eCitan Furgão<br />

Longo BASE<br />

36.470<br />

eCitan Tourer<br />

Standard BASE<br />

37.630<br />

eCitan Tourer<br />

Longo BASE<br />

39.130<br />

12 e-MOBILIDADE +


ELÉTRICO<br />

Fiat Topolino<br />

VERDE<br />

PARA TODOS<br />

Diz a marca italiana que<br />

este próximo lançamento<br />

representa um novo passo<br />

no impulso no domínio<br />

da eletrificação<br />

Topolino<br />

O “ratinho” é elétrico<br />

Diz a FIAT que é a forma mais gira de eletrificar<br />

as cidades, destinado a uma clientela mais<br />

jovem e moderna. Do novo Topolino, herdeiro<br />

do 500 nascido em 1936, sabe-se muito pouco,<br />

apenas que é um quadriciclo, como o são o AMI,<br />

da Citroën, e o Opel Rocks-e. Todos com um<br />

denominador comum: pertencem ao<br />

grupo Stellantis.<br />

A<br />

FIAT libertou apenas uma foto do Topolino e<br />

um singelo comunicado à imprensa, aguçando<br />

o apetite e historiando os primeiros passos do<br />

primeiro 500 – produzido entre 1936 e 1955 –<br />

que em Itália abriu caminho à democratização<br />

da mobilidade automóvel para todos. A diferença é que agora<br />

pode mesmo ser conduzido pelos mais novos, com idade<br />

mínima de 16 anos, uma vez homologado como quadriciclo,<br />

apenas com dois lugares, com uma pequena bateria e uma<br />

autonomia próxima dos 70 km.<br />

Tendo como target as jovens gerações, o Topolino é mais<br />

do que um dispositivo de mobilidade, pois graças ao seu<br />

design encantador, adequado a todas as gerações, fará<br />

com que os jovens se apaixonem novamente pelos automóveis<br />

e desempenhará um papel socialmente ativo na<br />

promoção da mobilidade elétrica nas cidades. E cabe em<br />

apenas 2,41 metros. Diz a marca italiana que este próximo<br />

lançamento representa um novo passo no seu impulso no<br />

domínio da eletrificação, em linha com a visão “só é verde<br />

quando é verde para todos.”+<br />

14 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 15


ANTÓNIO COSTA VISITOU FÁBRICA<br />

Nova Fuso<br />

eCanter<br />

entrou em produção<br />

O primeiro-ministro marcou presença da fábrica da Mitsubishi<br />

FUSO Truck Europe (MFTE), no Tramagal (Abrantes), para assinalar<br />

a meta de produção de 250 mil veículos Canter, assim como o início<br />

da produção do novo modelo do camião ligeiro totalmente elétrico.<br />

5.ª GERAÇÃO<br />

A nova Canter tem maior<br />

autonomia e destina-se a uma<br />

maior variedade de aplicações,<br />

caraterizando-se como o<br />

“transporte sustentável do<br />

futuro”<br />

O<br />

evento contemplou uma<br />

visita à fábrica e à unidade de<br />

produção do eCanter, bem<br />

como a intervenção de Arne<br />

Barden, CEO da MFTE, que<br />

anunciou a produção de 250 mil unidades<br />

do modelo FUSO Canter desde o início do<br />

seu fabrico no Tramagal, em 1980. Além do<br />

primeiro-ministro, António Costa, esteve<br />

também presente o secretário de Estado da<br />

Economia, Pedro Cilínio.<br />

MAIS POTENTE E MAIS EFICIENTE<br />

Apresentado na IAA Transportation, em setembro<br />

de 2022, em Hannover (Alemanha), o novo<br />

modelo que agora inicia produção em Portugal<br />

chega com maior autonomia e destina-se a uma<br />

maior variedade de aplicações, caraterizando-se<br />

como o “transporte sustentável do futuro”. Esta<br />

geração, a 5.ª a ser produzida em solo nacional<br />

para o mercado europeu, estará disponível em<br />

seis distâncias entre eixos: entre 2.500 e 4.750<br />

milímetros e um peso bruto permitido de 4,25<br />

a 8,55 toneladas. Já a capacidade de carga do<br />

chassis é de até cinco toneladas. A nova eCanter<br />

Por Cátia Mogo<br />

é alimentada por um motor elétrico de 110 kW<br />

ou 129 kW com uma transmissão otimizada e<br />

430 Nm de binário. A velocidade máxima é de<br />

89 km/h.<br />

Consoante a distância entre eixos, estão disponíveis<br />

três packs de baterias distintas: S, M e L<br />

(de 70 a 200 km). As baterias utilizam a tecnologia<br />

de células de fosfato, de ferro e lítio (LFP)<br />

e caraterizam-se por uma vida útil mais longa e<br />

mais energia utilizável.<br />

No que diz respeito ao carregamento, o novo<br />

modelo suporta corrente alternada (AC) e<br />

corrente contínua (DC), sendo possível o<br />

carregamento rápido DC de 20 a 80 por<br />

cento da capacidade em aproximadamente 24<br />

(S), 26 (M) e 39 (L) minutos, dependendo da<br />

bateria. Já o carregamento AC (11 e 22 kW)<br />

demora cerca de quatro a seis horas.<br />

Karl Deppen, CEO da Daimler Truck Asia,<br />

também esteve presente no evento e reforçou<br />

a preocupação da empresa com as causas<br />

ambientais: “Na Daimler Truck, estamos<br />

totalmente empenhados em cumprir o Acordo<br />

Climático de Paris e queremos fazer do<br />

transporte sustentável um sucesso. Até 2039,<br />

16 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 17


COMERCIAL<br />

Fuso eCanter<br />

Na Daimler Truck, estamos<br />

totalmente empenhados em cumprir<br />

o Acordo Climático de Paris e<br />

queremos fazer do transporte<br />

sustentável um sucesso. Até 2039, o<br />

nosso objetivo é oferecer aos nossos<br />

principais mercados globais veículos<br />

sem emissão de CO 2<br />

SUSTENTABILIDADE NO TRAMAGAL<br />

Como parte da sua estratégia ecológica global, a<br />

fábrica da MFTE tem vindo a reduzir as suas emissões<br />

de CO 2<br />

ao longo dos últimos anos, tendo sido implementada<br />

a neutralidade total de CO 2<br />

na produção, no<br />

final do ano passado. Para atingir este marco, a MFTE<br />

tem expandido continuamente a utilização de fontes<br />

de energia renováveis e completado a conversão para<br />

fontes de energia ecológicas. Existem 1.200 painéis<br />

solares nos telhados dos pavilhões, que produzem<br />

até 350 megawatts por ano. Os objetivos futuros são<br />

produzir até 600 megawatts de eletricidade. Para<br />

além da expansão das instalações solares, a fábrica<br />

está, também, a testar tecnologias para a produção<br />

local de hidrogénio verde. A redução do consumo de<br />

água é outra questão de sustentabilidade em que a<br />

fábrica está a concentrar esforços. A nova estação de<br />

tratamento de água já opera mais de 60 por cento da<br />

água do processo e devolve-a ao ciclo de produção.<br />

Paralelamente, está a ser desenvolvido um sistema otimizado<br />

de recolha de águas pluviais para uma irrigação<br />

mais sustentável das áreas verdes.<br />

o nosso objetivo é oferecer aos nossos principais mercados<br />

globais veículos sem emissão de CO 2<br />

, pelo que estou extremamente<br />

satisfeito com o início da produção do nosso novo<br />

eCanter aqui no Tramagal. Estamos a dar um passo importante<br />

em direção a um transporte neutro em carbono”.<br />

Neste momento, já existem mais de 550 FUSO eCanter em<br />

operação diária, com clientes na Europa, Japão e EUA, bem<br />

como na Austrália e Nova Zelândia. A distância total percorrida<br />

pela frota global de eCanter, em modo totalmente elétrico,<br />

ou seja, sem emissões locais, é de cerca de oito milhões de<br />

quilómetros, o equivalente a cerca de 200 circunavegações<br />

ao mundo. A próxima geração eCanter pretende, agora, levar<br />

esta história de sucesso a um novo nível.+<br />

18 e-MOBILIDADE +


ENTREVISTA<br />

Acácio Pires<br />

“Não se vêem políticas<br />

que promovam a mobilidade<br />

partilhada e o transporte público”<br />

Transição energética, mobilidade urbana, sustentabilidade,<br />

digitalização, energias alternativas, é vasto o léxico a que<br />

nos vamos habituando, em parte também por ser novidade<br />

no país, mas não estranho para os ambientalistas, para<br />

quem as preocupações já vêm de longe. Acácio Pires é um<br />

dos responsáveis pelas políticas da associação ambientalista<br />

zero e acredita que nem tudo o que se está a fazer é o mais<br />

correto. Admite que há sinais positivos, mas que também há<br />

muito atraso, falta de determinação política e débeis sinais<br />

de cooperação entre todos os agentes.<br />

Por Carlos Branco<br />

É urgente conter o<br />

esvaziamento dos centros<br />

urbanos e procurar melhores<br />

políticas de urbanização<br />

[Do muito que se fala dela] Eletromobilidade.<br />

Estamos no bom caminho?<br />

Estamos no início do caminho, pois o setor<br />

dos transportes teve uma evolução muito<br />

negativa nos últimos 30 anos, no ponto de<br />

vista do impacte ambiental e pelo aumento<br />

da emissões de gases com efeito de estufa, e<br />

em quase todas as áreas do setor. Em Portugal,<br />

descontando as emissões dos transportes<br />

marítimo e aéreo internacionais, representa<br />

28%, de acordo com os últimos dados, e sem<br />

tendência para diminuir, antes pelo contrário.<br />

Após a pandemia julgámos que poderia<br />

existir alguma inversão no setor, mas após<br />

2022 foram superadas as emissões registadas<br />

em 2019. O consumo de todos os combustíveis<br />

é já superior aos valores de 2019, o<br />

que é preocupante. O que está a acontecer,<br />

um pouco por todo o mundo, no setor dos<br />

veículos ligeiros, principalmente no maior<br />

mercado mundial, que é o chinês, está acima<br />

das expetativas, o que poderá contaminar de<br />

forma positiva o mercado global. Essa via da<br />

eletrificação do atual modelo de mobilidade<br />

- e que está a ser seguida pelas marcas -,<br />

não deixa de ser positiva, mas a mobilidade<br />

partilhada não tem a expressão desejada<br />

em Portugal nem se vêem políticas públicas<br />

que promovam a mobilidade partilhada e<br />

o transporte público. Acontece que temos<br />

um cenário mau nas áreas metropolitanas<br />

do Porto e Lisboa. Segundo os inquéritos<br />

20 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 21


ENTREVISTA<br />

Acácio Pires<br />

Quando projetamos a linha vermelha do<br />

Metro de Lisboa e não temos interface<br />

com a Linha de Sintra estamos a fazer<br />

algo de errado e não estamos a promover<br />

a intermodalidade e promovemos o<br />

congestionamento da linha de cintura<br />

de 2017 [esse é outro problema, pois<br />

não temos informação atualizada], em<br />

Lisboa temos 57% das viagens feitas em<br />

transporte individual ligeiro, ao mesmo<br />

tempo que no Porto esse valor sobe<br />

para 67%. Ora, isto tem várias razões, e<br />

muitas delas ligadas ao ordenamento do<br />

território, uma vez que, se esvaziarmos<br />

o centro das cidades, haverá deslocação<br />

para zonas suburbanas, mais distantes.<br />

PRAZOS<br />

O famoso ano de 2035, segundo<br />

o qual deixa de ser permitida a<br />

comercialização dos motores a<br />

combustão, deve ser antecipado<br />

Isso vai ter impacte, sobretudo se essas<br />

áreas não estiverem em torno dos eixos<br />

ferroviários, e dificilmente conseguiremos<br />

controlar o uso do transporte<br />

individual nas grandes cidades. É urgente<br />

conter o esvaziamento dos centros<br />

urbanos e procurar melhores políticas<br />

de urbanização, da mesma forma que<br />

o ordenamento do território deve levar<br />

em conta as ligações ferroviárias.<br />

Que soluções preconizam?<br />

Será necessário racionalizar o número<br />

de veículos, pois isso vai ter impactes<br />

nas chamadas matérias-primas críticas,<br />

que precisamos de mobilizar para<br />

a eletrificação dos veículos. Quanto<br />

mais pessoas e mercadorias pudermos<br />

transportar com menos veículos<br />

melhor, pois a eficiência dos setores<br />

de transportes é crucial. Direi, então,<br />

que densificar o transporte ferroviário<br />

das Áreas Metropolitanas de Lisboa e<br />

Porto é importante. O Plano Ferroviário<br />

Nacional aponta algumas medidas, mas<br />

devem ser aprofundadas. Teremos que<br />

ter mais vias rodoviárias dedicadas (e<br />

reguladas) para transporte público e,<br />

assim, podermos ter transporte público<br />

com tempo de viagem competitivo. Para<br />

além disto, há que desenvolver os modos<br />

flexíveis, integrando-os no sistema<br />

de passes. Modos flexíveis, quero dizer,<br />

também, os táxis coletivos, para melhorar<br />

os tempos de viagem em transporte<br />

público, porque neste momento o fator<br />

preço deixou de ser questão essencial.<br />

Na maior parte dos casos, para que se<br />

opte pelo transporte público em vez<br />

do particular é a questão do tempo de<br />

viagem, claramente.<br />

E que tal as vias VAO (sinal D6-a,<br />

introduzido no Código da Estrada<br />

em 2019), sem utilização, mas que<br />

pressupõe vias reservadas a veículos<br />

com alta taxa de ocupação?<br />

Evidente, terão que ser equacionadas.<br />

Mas ainda assim estamos a falar de<br />

transporte individual que terá que ser<br />

mais bem aproveitado. Melhor seria a<br />

incorporação dos modos flexíveis, como<br />

o táxi partilhado, ou mesmo pequenos<br />

autocarros, sem horários, sem percursos<br />

pré-definidos, que respondem às<br />

chamadas dos utilizadores.<br />

Em contrapartida, os veículos das<br />

plataforma TVDE, ainda muito pouco<br />

eletrificados, proliferam...<br />

A prioridade na eletrificação deverá<br />

recair nas frotas, pois são as que têm<br />

mais horas de utilização e, como tal, deveriam<br />

ser alvo de políticas de incentivo<br />

público, pois elas têm grande impacte<br />

na redução de emissões.<br />

Mas há datas a respeitar... E estas são<br />

exequíveis?<br />

Depende das políticas públicas. O<br />

famoso ano de 2035, segundo o qual<br />

deixa de ser permitida a comercialização<br />

dos motores a combustão, deve ser antecipado.<br />

Com todas as metas que hoje<br />

conhecemos, com o ‘fit for 55’, ainda<br />

estamos aquém do necessário para conseguirmos<br />

ficar abaixo dos 1,5 graus.<br />

Estas metas não são consistentes para<br />

atingirmos um patamar de segurança<br />

climática. A exequibilidade depende de<br />

fortes políticas públicas que permitam<br />

melhorar as condições de mobilidade<br />

de todos. Temos que ter mais tempo<br />

de vida útil e não perdê-la no meio dos<br />

transportes.<br />

Mas há paradoxos. A via férrea, por<br />

exemplo...<br />

Há um plano, ainda não aprovado, mas<br />

esperemos que possa entrar em vigor<br />

rapidamente. Já foi lançada discussão<br />

pública do estudo de impacte ambiental<br />

do primeiro troço da alta velocidade.<br />

Esperemos que esse caminho, embora<br />

já com enorme atraso, possa ser uma<br />

das duas prioridades – o eixo Atlântico,<br />

entre Vigo e Setúbal, e o eixo Mediterrânico,<br />

ligação Lisboa-Madrid. Nós,<br />

enquanto associação, lançámos um<br />

desafio: Portugal, Espanha e Marrocos<br />

estão unidos por um projeto de candidatura<br />

conjunta à organização do MundIal<br />

de futebol de 2030. Ora, tal desafio<br />

pressupõe que tenhamos o transporte<br />

do público e das equipas feito integralmente<br />

por via férrea, naturalmente nos<br />

territórios de Portugal e Espanha. Ligar<br />

as duas capitais em três horas é crucial.<br />

E o aumento das rotas aéreas parece<br />

um contrassenso...<br />

Há que conciliar os dois modos. A TAP,<br />

por exemplo, já tem bilhetes combinados<br />

com operadores ferroviários da Alemanha,<br />

Suíça e Áustria. Voando para os<br />

aeroportos principais, o voo de ligação,<br />

se de curta distância, já será eliminado<br />

e substituído pelo comboio. Terá que<br />

haver boa coordenação entre os dois<br />

modos. E no futuro será de utilizar os<br />

comboios noturnos de alta velocidade.<br />

É que a nossa posição de hub intercontinental,<br />

até mesmo do ponto de<br />

vista de poupança de combustíveis, é<br />

importante.<br />

Os navios acostados nos grandes<br />

portos terão que desligar os motores<br />

diesel e ligarem-se à rede elétrica, o<br />

que parece ser medida que melhorará<br />

o ambiente nas cidades...<br />

Peca por tardia, e embora o Porto de<br />

Lisboa já tenha anunciado que o faria<br />

em 2022, essa data foi adiada para<br />

2026. Claramente, já deveria estar<br />

implementada.<br />

Os transportes inteligentes dizem-nos<br />

que iremos andar todos ligados, os<br />

humanos às máquinas e às infraestruturas<br />

rodoviárias, pela melhor<br />

intermodalidade e pelas dificuldades<br />

da bilhética e pelas distâncias entre<br />

os vários terminais...<br />

O sistema de passes já está algo desenvolvido<br />

e é relevante para a intermodalidade,<br />

tal como o sistema de bicicletas,<br />

22 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 23


ENTREVISTA<br />

Acácio Pires<br />

que também é relevante. É preciso<br />

caminhar mais, é preciso, igualmente,<br />

melhor planeamento. Por exemplo,<br />

quando projetamos a linha vermelha do<br />

Metro de Lisboa e não temos interface<br />

com a Linha de Sintra estamos a fazer<br />

algo de errado e não estamos a promover<br />

a intermodalidade e promovemos o<br />

congestionamento da linha de cintura.<br />

Também não promovemos uma adequada<br />

ligação à zona ocidental da cidade.<br />

Os planos de mobilidade urbana<br />

sustentável terão que ser desenvolvidos,<br />

terão que envolver todos os atores<br />

no terreno e reduzirem os tempos de<br />

viagem. Em vez disso, cada modo de<br />

transporte viaja no seu pequeno mundo<br />

VIA FÉRREA<br />

Devemos ter muito mais<br />

camiões sobre carris, em<br />

vez de termos um consumo<br />

desmesurado de combustível<br />

e andam a competir cada um por si.<br />

Devemos poder ir de Lisboa a Freixo<br />

de Espada à Cinta com um só bilhete,<br />

de forma rápida, e uma vez lá chegados<br />

termos um transporte público que<br />

responda à última solicitação e fechar<br />

o espaço vazio. É por isso que reafirmo<br />

que um sistema de transporte público<br />

flexível será a peça-chave.<br />

No caso do transporte rodoviário de<br />

mercadorias, o interface com o modo<br />

ferroviário é igualmente crucial, ao<br />

mesmo tempo que promove economias.<br />

Devemos ter muito mais camiões sobre<br />

carris, em vez de termos um consumo<br />

desmesurado de combustível. A eletrificação<br />

não resolverá tudo. Mas devemos<br />

privilegiá-la, mormente os meios mais<br />

eficientes para percorrer a última milha.<br />

Operadores de gás e o Governo acreditam<br />

que ainda há muito futuro para<br />

o gás, pois que nem tudo é eletrificável.<br />

O biometano e o hidrogénio<br />

verde são os mais falados dos gases<br />

renováveis. Enquanto atentos ao fenómeno,<br />

que opinião formaram?<br />

É uma possibilidade, mas são aplicações<br />

limitadas à existência do biometano,<br />

que existe em grandes quantidades nos<br />

aterros sanitários e ETAR. Onde ele<br />

exista nessas quantidades não vemos<br />

obstáculos à sua utilização, seja na rede<br />

de gás ou no transporte rodoviário pesado.<br />

Desde que não seja muito utilizado<br />

junto aos centros urbanos. É poluente<br />

[o biometano], mas com emissões mais<br />

reduzidas. O ideal será utilizá-lo fora<br />

dos centros urbanos. Esperemos que<br />

haja estratégia nacional para o biometano.<br />

Sempre que possível, combinado<br />

com o hidrogénio verde, na indústria,<br />

onde não seja possível eletrificar.<br />

Onde os combustíveis sintéticos fazem<br />

mais sentido é no transporte aéreo e<br />

marítimo, seja o efuel ou o metanol,<br />

produzidos a partir do hidrogénio<br />

verde, e há um conjunto de empresas<br />

nacionais que se estão a posicionar<br />

nesse sentido, o que é positivo. Convém<br />

que a produção de hidrogénio verde se<br />

realize perto dos locais de maiores emissões<br />

de dióxido de carbono, como as<br />

cimenteiras, ou as indústrias cerâmica e<br />

vidreira. Poderemos ter uma interessante<br />

simbiose industrial, evitando transportes<br />

de longa distância, pois de outra<br />

forma reduz-se a eficiência do processo.<br />

Quanto ao gás natural, esperamos ainda<br />

uma evolução das centrais de ciclo combinado,<br />

através do aumento de potência<br />

Convém que a produção<br />

de hidrogénio verde se<br />

realize perto dos locais<br />

de maiores emissões<br />

de dióxido de carbono,<br />

como as cimenteiras, ou<br />

as indústrias cerâmica e<br />

vidreira<br />

das renováveis, seja a eólica onshore,<br />

também o novo eólico offshore e o solar,<br />

com aumento da capacidade, mas sempre<br />

em solos de qualidade reduzida.<br />

Sus-ten-ta-bi-li-da-de. À boca se cheia<br />

se fala dela. Será que todos sabem do<br />

que se trata, do que verdadeiramente<br />

significa?<br />

Ficaria preocupado se a expressão<br />

fosse utilizada sem o conhecimento do<br />

significado. É importante falar-se dela,<br />

mesmo no discurso político, ou no<br />

marketing empresarial. Até porque as<br />

práticas contrárias começam a ser prejudiciais<br />

às empresas, com consequências<br />

económicas adversas. Para Portugal, se<br />

se tirar partido da revolução tecnológica<br />

será muito positivo, pois se deixarmos<br />

de importar energia e a produzirmos<br />

para as próprias necessidades atrairemos<br />

novas indústrias. Atualmente há um<br />

grande movimento de reindustrialização,<br />

mormente de alguns países que se terciarizaram.<br />

Isto pode conduzir a ganhos<br />

ambientais ao encurtarmos as cadeias<br />

de produção e de consumo. Poderemos<br />

assistir ao regresso da produção do aço e<br />

outras que há muito andaram distantes<br />

do país. Poderemos tirar partido disso<br />

através da produção de energia com custos<br />

mais interessantes. Antes isto do que<br />

exportar energia e importar produtos de<br />

elevado valor acrescentado.”+<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

INDEPENDENTE, SEM FINS LUCRATIVOS<br />

A zero, Associação Sistema Terrestre Sustentável, nasceu em finais de 2015, é de<br />

âmbito nacional, sem fins lucrativos e exerce a sua atividade com total independência<br />

relativamente aos partidos políticos, empresas e entidades com fins<br />

lucrativos, associações de natureza confessional e ao governo.<br />

24 e-MOBILIDADE +


CONGRESSO ITS<br />

Lisboa juntou 2500 delegados<br />

de entidades que participam<br />

no ITS e empresas que se<br />

juntaram aos projetos para<br />

mudar o jogo da mobilidade<br />

urbana e os transportes de<br />

mercadorias e de passageiros<br />

CONGRESSO EUROPEU DA ITS<br />

OK, temos planos e dados<br />

agora só falta ligar tudo<br />

Smart cars, smart roads, planos europeus para a descarbonização e digitalização,<br />

uma revolução verde em curso, Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, big<br />

data, uma plêiade de tecnólogos a trabalhar em conjunto em prol da mobilidade e<br />

logística para pessoas e bens. Só falta mesmo ligar tudo e ensinar o homem<br />

a perceber o resultado das conexões entre máquinas e infraestruturas.<br />

Mas para isso existem as Apps. Coisa pouca?<br />

Por Carlos Branco<br />

não é fácil!”, admitiu<br />

Herald Ruijters, representante<br />

da Comissão<br />

Europeia no Congresso<br />

“Isto<br />

Europeu da ITS, acrónimo<br />

de Sistemas e Serviços Inteligentes de<br />

Transporte, realizado em Lisboa, entre<br />

22 a 24 de maio. O diretor executivo<br />

da Directoria Geral para a Mobilidade<br />

e Transporte da Comissão Europeia –<br />

responsável pelo investimento, inovação<br />

e sustentabilidade –, que se dirigiu aos<br />

congressistas, não teve pejo em afirmá-<br />

-lo, como não deixou de mencionar na<br />

conferência de abertura, que deseja ardentemente<br />

ver Lisboa ligada a Madrid<br />

e o Porto a Vigo por via férrea de alta<br />

velocidade. Quase simultaneamente, o<br />

presidente da autarquia anfitriã, Carlos<br />

Moedas, lançava à assistência uma<br />

promessa: ter Lisboa livre de carbono<br />

em 2030. O que também não será fácil...<br />

Dias depois do Congresso, o Parlamento<br />

e o Conselho europeus chegaram a<br />

acordo sobre a partilha digital dos dados<br />

recolhidos pelas autoridades de mobilidade<br />

dos Estados-Membros, estabelecendo<br />

que entre 2025 e 2028 tal partilha<br />

tem que estar consumada.<br />

Ligar tudo, literalmente, ou unir os<br />

pontos, à velocidade anunciada pelo 5G,<br />

e gerada por um ror de algoritmos, mas<br />

fazendo com que “toneladas” de informação,<br />

que simplisticamente podemos<br />

chamar de big data, se transformem em<br />

informação, foi disto que se falou no<br />

Congresso da ITS que juntou 2500 pessoas<br />

e um ‘festival’ de networking.<br />

26 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 27


EVENTOS<br />

Congresso Europeu da ITS<br />

E com obrigatoriedades intrínsecas:<br />

que façam sentido para os utilizadores<br />

e sejam da melhor utilidade para uma<br />

mobilidade que se quer inteligente, sustentável<br />

e verde, quer para as pessoas,<br />

quer para as mercadorias; que sejam<br />

dados seguros e fiáveis, que preservem<br />

a identidade dos indivíduos e a<br />

sua segurança em mobilidade. É uma<br />

transição digital que deve acompanhar<br />

a energética, que devem seguir paralelamente<br />

e em passo acelerado. E, de facto,<br />

vistas assim as coisas, não é fácil gerir<br />

tantos estudos e projetos e coordená-los<br />

de forma a tornar a mobilidade e as<br />

cidades mais ‘smart’.<br />

PERTO DE 500 CIDADES<br />

Num encontro com semelhante dimensão<br />

como o de Lisboa, o difícil foi<br />

acompanhar a dinâmica dos timings das<br />

comunicações, fossem plenárias ou temáticas,<br />

ou mesmo de nicho, sendo que em<br />

três dias foram realizadas 180 sessões.<br />

A <strong>eMOBILIDADE+</strong> presenciou algumas<br />

destas, dando particular atenção aos<br />

SESSÕES PLENÁRIAS<br />

E TEMÁTICAS<br />

Ao longo de três dias<br />

realizaram-se 180 sessões<br />

plenárias e temáticas, para<br />

além de demonstrações. Foram<br />

muitas horas de apresentações<br />

e de networking<br />

capítulos da mobilidade e da logística de<br />

transporte. Apenas para ter uma ideia do<br />

que se está a fazer, assim se descrevem,<br />

sucintamente, pequenos trechos do que<br />

se está a preparar, sob o chapéu do programa<br />

europeu Ten-T, que envolve 484<br />

cidades aderentes, que devem preparar<br />

planos de sustentabilidade e avaliar,<br />

regularmente, o seu progresso.<br />

Também o Grupo Brisa esteve presente<br />

no Congresso e não perdeu a oportunidade<br />

de mostrar o que anda a fazer em<br />

nome da mobilidade inteligente. Eduardo<br />

Ramos, CEO da Via Verde, deu o<br />

mote, aludindo às “Soluções de Mobilidade<br />

e Infraestruturas Inteligentes”, projeto<br />

que a Brisa desenvolve com vários<br />

parceiros, sejam a Altice, o Instituto das<br />

Comunicações, a Smart Lab Aveiro ou a<br />

Renault Cacia. O projeto é integrado na<br />

Rede Nacional de Test Beds (bancos, ou<br />

laboratórios de ensaio), que financia, ao<br />

abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência,<br />

soluções inovadoras e necessárias<br />

às empresas para o desenvolvimento<br />

e teste de novos produtos e serviços e<br />

acelerar o processo de transição digital.<br />

Segundo revelou Andreia Jesus, da<br />

Brisa, após um investimento de 2,5 milhões<br />

de euros foram feitos dois daqueles<br />

testes de mobilidade e conetividade,<br />

em Aveiro e Lisboa, em colaboração<br />

com a Renault, que instalou dispositivos<br />

de posicionamento e comunicação<br />

nas várias viaturas de teste, na via e nas<br />

portagens, de forma a ensaiar o procedimento<br />

C-ITS, de cooperação entre<br />

diferentes viaturas, infraestruturas e<br />

tecnologias de comunicação.<br />

28 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 29


EVENTOS<br />

Congresso Europeu da ITS<br />

Mais de uma<br />

centena<br />

de empresas<br />

exibiram as suas<br />

propostas, ou<br />

projetos já em<br />

desenvolvimento,<br />

que concorrem<br />

para a melhoria<br />

da mobilidade<br />

e da qualidade<br />

de vida dos<br />

cidadãos<br />

HARMONIZAÇÃO<br />

DE DADOS<br />

Para o português Pedro<br />

Barradas, chefe de estratégia<br />

da Armis-ITS, a harmonização<br />

de dados é o resultado da<br />

cooperação entre os agentes<br />

PARTILHA E CONFIANÇA<br />

Martin Boehm, diretor técnico da<br />

AutriaTech, falou sobre a implantação<br />

dos sistemas de cooperação ITS (C-ITS),<br />

que pressupõe a conetividade entre dois<br />

ou mais subsistemas (pessoais, veículos,<br />

rodoviários e centrais). Basicamente,<br />

observa a boa-vontade entre os vários<br />

atores em comunicarem entre si,<br />

porventura um dos maiores problemas<br />

para a prossecução de todo o plano da<br />

mobilidade. Segundo aquele técnico, “é<br />

um desafio colocar as autoridades rodoviárias,<br />

os detentores das infraestruturas<br />

e os operadores de transportes públicos<br />

a partilharem os seus dados, a confiarem<br />

uns nos outros, e fundirem todas as<br />

informações para que 50 cidades europeias<br />

comecem a operar de acordo com<br />

os novos planos.” Tudo começou em<br />

2016 e, assim parece, ainda há muito<br />

para dialogar e afinar.<br />

Em segurança e sustentabilidade,<br />

podem os smart cars comunicar com as<br />

smart roads?, foi o tema abordado por<br />

Sanket Partani, da Universidade alemã<br />

de Kaiserslautern. Podem, de facto, e<br />

os resultados extraídos de ensaios em<br />

dez mil veículos revelaram que aquela<br />

tecnologia pode conduzir até à redução<br />

até 32% de emissões de CO 2<br />

.<br />

Émilie Petit, gestora de projetos do Ministério<br />

dos Transportes de França, tem<br />

ocupado a sua equipa a compreender e<br />

harmonizar as informações e especificações<br />

dos sistemas, a validá-las, garantindo<br />

que são seguras para os cidadãos,<br />

da mesma forma que foi aferido se os<br />

veículos compreendem as mensagens<br />

recebidas.<br />

INDÚSTRIA SERÁ ENVOLVIDA<br />

Para o português Pedro Barradas, chefe<br />

de estratégia da Armis-ITS, a harmonização<br />

de dados é o resultado da<br />

cooperação entre os agentes, “mas tão<br />

importante quanto isso é garantir que<br />

a indústria automóvel e a de telecomunicações<br />

compreendem o que estamos<br />

[nós e as 54 cidades envolvidas] a<br />

procurar fazer, para que possamos, num<br />

futuro próximo, estender o projeto a<br />

outras cidades”, disse o engenheiro.<br />

Mas quando estaremos em condições<br />

de perceber que os carros e as ‘coisas’<br />

já estão a comunicar para melhorar<br />

a mobilidade nas nossas cidades?<br />

Responde Martin Boehm: “Ainda falta<br />

muito tempo. Antes de mais, teremos<br />

É um desafio colocar as<br />

autoridades rodoviárias,<br />

os detentores das<br />

infraestruturas e<br />

os operadores de<br />

transportes públicos<br />

a partilharem os seus<br />

dados, a confiarem uns<br />

nos outros, e fundirem<br />

todas as informações<br />

para que 50 cidades<br />

europeias comecem a<br />

operar de acordo com<br />

os novos planos<br />

que alterar todos os regulamentos<br />

rodoviários, que são físicos, enquanto<br />

estas comunicações são todas digitais.<br />

Haverá uma altura em que coexistirão<br />

os semáforos físicos e os regulamentos<br />

digitais. Teremos câmaras nos carros<br />

ligadas aos sistemas centrais que<br />

trocam informações e nos mandam<br />

avançar ou parar.”<br />

LOGÍSTICA SEM ENGANOS<br />

As plataformas logísticas digitais prometem<br />

garantir uma grande sustentabilidade<br />

no capítulo da distribuição de mercadorias<br />

e há equipas de estudo atentas<br />

a todos os pormenores, a começar pelo<br />

simples engano. A digitalização e o<br />

recurso a uma aplicação fará com que<br />

deixe de ser possível a um condutor de<br />

veículo de mercadorias que se dirija ao<br />

porto de Xangai (apenas referido como<br />

exemplo) para entrega a transporte<br />

naval, entrar para o terminal de aviação<br />

que lhe fica perto, mas que perderá<br />

meia-hora para encontrar a via correta.<br />

Tudo será calculado, o tempo de entrega,<br />

as rotas, os locais de entrega, os<br />

espaços de estacionamento e a ‘última<br />

milha’.<br />

O que se pretende com o projeto<br />

LEAD (Baixa Emissões Adaptativas) é<br />

que um modelo de análise determine<br />

quais os veículos a utilizar ao longo<br />

do percurso e de que forma se poderá<br />

percorrer a última milha, em perímetro<br />

urbano, necessariamente em veículo<br />

eco-friendly.<br />

É também imperioso que a entrega de<br />

mercadoria tenha como certa a hora a<br />

que estará disponível o navio para o<br />

início da estiva, ou a que minuto poderá<br />

aceder ao cais de embarque da via<br />

férrea ou por via aérea sem delongas.<br />

O maior busilis de todo este processo<br />

de mudança reside na intermodalidade.<br />

Isto é, quando um passageiro ou<br />

mercadoria necessite usar mais que<br />

um meio de transporte para chegar do<br />

ponto A ao B sem que tenha que fazer<br />

maratonas ou sprints pelo meio. A comunicação<br />

entre os gestores dos meios<br />

e uma troca de informações seguras<br />

estão longe de chegar a bom porto. Ou<br />

o custo da transformação das infraestruturas.<br />

E até mesmo a bilhética. Segundo<br />

vários oradores, não estará para<br />

breve adquirir um bilhete para vários<br />

modos de transporte que garanta uma<br />

certeza horária ao seu detentor.<br />

São muitos dados e para isso são necessários<br />

muitos estudos, mas acima de<br />

tudo muita cooperação entre todas as<br />

entidades e uma partilha sem receios.<br />

E muita paciência para esperar pela<br />

mudança.+<br />

30 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 31


EVENTOS<br />

Congresso Europeu da ITS<br />

ACORDO PARA A PARTILHA DE DADOS DIGITAIS<br />

Se parece existir algum atraso na união de todos os pontos destes sistemas, no<br />

que diz respeito às regras (e a sua atualização) sobre os sistemas de transporte<br />

inteligentes, já existe acordo entre o Parlamento Europeu (PE) e o Conselho, segundo<br />

o qual será exigida às autoridades da mobilidade dos Estados-Membros<br />

a disponibilização de mais dados digitais sobre o tráfego.<br />

Conforme o acordo provisório firmado em Estrasburgo a 8 de junho, as<br />

regras dos Sistemas de Transporte Inteligentes ajudarão a digitalizar o setor<br />

dos transportes e a garantir uma partilha de dados mais ampla entre as aplicações<br />

de mobilidade, tornando a mobilidade mais segura, mais eficiente e<br />

mais sustentável.<br />

Como se pode ler no comunicado do PE, durante as negociações, os eurodeputados<br />

apoiaram a cobertura de mais serviços, como informações multimodais,<br />

serviços de reserva e emissão de bilhetes, comunicação entre automóveis e infraestruturas<br />

e mobilidade automatizada, tendo sido incluídos dados rodoviários<br />

e de tráfego tidos como cruciais para a partilha on-line. Para além dos limites de<br />

velocidade, do encerramento de estradas ou das obras rodoviárias, os dados relativos<br />

às ruas de sentido único nas cidades, as restrições de peso, comprimento,<br />

largura e altura, bem como as condições de tráfego em zonas de tráfego restrito,<br />

serão incluídos numa base de dados nacional a partilhar entre os países da UE.<br />

empresas e consumidores.<br />

Dependendo do tipo de dados, o prazo para disponibilizar novas informações<br />

digitalmente varia entre o final de 2025 e o final de 2028. Isso iniciará um<br />

processo para implantar o ITS mais rapidamente. Como princípios básicos, a<br />

implantação de serviços ITS deve ser tecnologicamente neutra, promover a interoperabilidade,<br />

não discriminar os utentes vulneráveis da estrada e assegurar a<br />

transparência da classificação, incluindo as consequências ambientais, ao propor<br />

opções de mobilidade aos clientes.<br />

A fim de organizar sem problemas os transportes transfronteiriços, os Estados-<br />

-Membros da UE terão de cooperar melhor na implantação daqueles serviços,<br />

em especial em projetos transfronteiriços. O acordo, ainda informal, requer<br />

aprovação pela Comissão dos Transportes e do Turismo do Parlamento e pelo<br />

Comité de Representantes Permanentes do Parlamento Europeu, e depois pelo<br />

Parlamento e pelo Conselho no seu conjunto.<br />

Sob o grande chapéu da ERTICO<br />

PROMOÇÃO DA<br />

INTEROPERABILIDADE<br />

ITS, ERTICO, centenas de equipas<br />

e dezenas de projetos europeus e<br />

congressos um pouco por todo o<br />

lado. Mas de que falamos? O ITS<br />

constitui-se em aplicações avançadas<br />

que visam proporcionar serviços<br />

inovadores relacionados com diferentes<br />

modos de transporte, a fim de tornar o<br />

uso das redes de transporte mais seguro,<br />

coordenado e inteligente. O termo<br />

surgiu nos anos 80 quando um grupo<br />

de profissionais reconhece o impacto<br />

que a revolução nas comunicações pode<br />

assumir na área dos transportes.<br />

Estes sistemas incluem telemática e<br />

todos os tipos de comunicações em<br />

veículos, entre veículos (por exemplo,<br />

carro-carro), e entre veículos e locais<br />

fixos (por exemplo, carro-infraestrutura).<br />

No entanto, a sua utilização não<br />

é restrita aos transportes rodoviários,<br />

também inclui o uso de tecnologias da<br />

informação e comunicação (TIC) no<br />

transporte ferroviário, marítimo e aé-<br />

reo, incluindo sistemas de navegação, e<br />

podem ser utilizados por passageiros e<br />

para transporte de carga.<br />

A Lei n.º 32/2013, publicada em Diário<br />

da República a 10 de maio, reconhece<br />

a implementação e utilização de<br />

sistemas de transportes inteligentes,<br />

no transporte rodoviário, inclusive<br />

nas interfaces com outros modos de<br />

transporte, transpondo a Diretiva<br />

n.º2010/40/EU do Parlamento Europeu<br />

e do Conselho.+<br />

Dependendo do tipo de dados,<br />

o prazo para disponibilizar novas<br />

informações digitalmente varia<br />

entre o final de 2025 e o final de<br />

2028. Isso iniciará um processo<br />

para implantar o ITS mais<br />

rapidamente<br />

32 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 33


LEGISLAÇÃO<br />

O desafio do equilíbrio financeiro<br />

dos contratos de serviço público<br />

de transporte de passageiros<br />

Como todos sabemos, os tempos mais recentes, pelo menos desde o início da pandemia<br />

Covid-19 no primeiro trimestre de 2020 (já declarada extinta pela Organização Mundial<br />

de Saúde), que os dias têm estado revoltos no que toca ao comportamento dos mercados<br />

e das economias, e Portugal não é exceção. A guerra da Ucrânia, as crises nas cadeiras de<br />

abastecimento e de matérias-primas, o aumento dos custos energéticos e o comportamento<br />

da inflação têm gerado impactos financeiros significativos no âmbito dos contratos, e, em<br />

particular, nos contratos de serviço público de transporte de passageiros.<br />

Com efeito, revistam estes contratos a natureza<br />

de contratos de concessão ou de contratos<br />

de prestação de serviços ou natureza mista, a<br />

estrutura de custos inerente a cada um deles<br />

é fortemente influenciada pelos ciclos económicos<br />

em que tais contratos são executados. Com efeito, se<br />

pensarmos que uma parte assinalável dos atuais contratos<br />

de serviço público de transporte de passageiros de primeira<br />

geração foi desenhado (na sua estrutura financeira e operacional)<br />

no período pré-pandemia, certamente é fácil verificar<br />

que os respetivos pressupostos foram materialmente alterados<br />

até aos dias de hoje.<br />

Consciente desta realidade, foram aprovadas (e bem) várias<br />

medidas de apoio à sustentabilidade financeira deste tipo de<br />

contratos, como sucede, entre outros casos, com o apoio dado<br />

pelo Decreto-Lei n.º 14-C/2020, de 7 de abril (cujo período<br />

de aplicação foi estendido até 31 de dezembro de 2023)<br />

ou com a aplicação do mecanismo de revisão excecional de<br />

preços aplicado por via do Decreto-Lei n.º 36/2022, de 20<br />

de maio (cujos efeitos práticos, em bom rigor, ainda não se<br />

fizeram sentir).<br />

É certo que, nalgumas situações, a Taxa de Atualização Tarifária<br />

(TAT) regular divulgada anualmente pela Autoridade da<br />

Mobilidade e dos Transportes também concorre para auxiliar<br />

o equilíbrio financeiro dos contratos de serviço público. Todavia,<br />

este mecanismo nem sempre é suficiente para retratar a<br />

real evolução financeira dos custos associados à produção do<br />

serviço público de transporte de passageiros, com agravante<br />

de as autoridades de transportes terem, via de regra, muita<br />

renitência em utilizar ao mecanismo da TAT extraordinária de<br />

modo complementar.<br />

Os mecanismos que acabei de enunciar são, todavia, aquilo<br />

JOSÉ LUÍS ESQUÍVEL<br />

Advogado<br />

que poderemos chamar mecanismos de natureza externa<br />

face a cada contrato de serviço público, o qual, em si mesmo,<br />

deveria prever os mecanismos adequados para poder<br />

lidar com as situações inerentes à alteração das circunstâncias<br />

que geraram o respetivo desequilíbrio financeiro.<br />

É certo que uma parte significativa dos contratos de<br />

serviço público de transporte de passageiros atualmente<br />

em vigor contém, seja diretamente seja por remissão para<br />

o Código dos Contratos Públicos, algum tipo de previsão<br />

sobre como assegurar a reposição do equilíbrio financeiro<br />

do contrato quando a mesma é afetada por caudas alheias<br />

às partes (como sucedia com a pandemia e ainda sucede<br />

com a guerra da Ucrânia).<br />

O desafio em redor desta matéria consiste em saber se os<br />

mecanismos contratuais existentes respondem ou não, em tempo<br />

útil, à necessidade de as partes encontrarem uma solução que<br />

permita assegurar a sustentabilidade financeira sem que o respetivo<br />

procedimento se arraste por meses (ou mesmo anos). Com<br />

efeito, o desenho legal que hoje decorre do Código dos Contratos<br />

Públicos e as exigências de natureza fiscalizadora (seja pela<br />

Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, seja pelo Tribunal<br />

de Contas) nem sempre se coaduna com a velocidade e o impacto<br />

dos efeitos financeiros gerados pelas alterações de contexto<br />

económico e operacional, pelo que seria adequado promover<br />

uma análise detalhada (até para melhor preparação dos contratos<br />

de segunda geração) a este respeito. Fica o desafio.+<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

FINANCEIRA<br />

O desafio em redor desta matéria<br />

consiste em saber se os mecanismos<br />

contratuais existentes respondem ou<br />

não, em tempo útil, à necessidade<br />

de as partes encontrarem uma<br />

solução que permita assegurar a<br />

sustentabilidade financeira sem que<br />

o respetivo procedimento se arraste<br />

por meses (ou mesmo anos)<br />

34 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 35


i-letric city<br />

a nova marca de mobilidade elétrica urbana<br />

C<br />

Com os crescentes problemas ambientais, excesso de tráfego e elevado preço dos<br />

combustíveis, que afetam o ramo dos transportes nas suas várias vertentes surge a necessidade<br />

de criar soluções. A i-lectric city compromete-se em fornecer valores como a sustentabilidade<br />

para tornar a vida mais fácil para aqueles que se deslocam no meio urbano.<br />

É<br />

no Parque das Nações, em Lisboa, que pode<br />

encontrar a nova loja da i-letric city. Uma<br />

marca do Grupo Auto-Industrial que promete<br />

“revolucionar a mobilidade urbana” com várias<br />

“soluções integradas tanto para o cliente particular<br />

como empresarial”.<br />

No dia da sua inauguração (29 de junho), a <strong>eMOBILIDADE+</strong>,<br />

foi ao encontro do responsável da marca, Pedro Galvão, que<br />

nos explicou em que consiste esta grande novidade.<br />

“Estamos a falar de um leque de ofertas de mobilidade<br />

elétrica num único espaço, focado na inovação e na consciencialização<br />

ambiental sem esquecer a oferta de produtos<br />

diferenciadores com elevados padrões de qualidade e<br />

design distinto. Acreditamos ser fortes impulsionadores<br />

da mudança com vista a um futuro mais sustentável”,<br />

referiu Pedro Galvão.<br />

A oferta da i-lectric city está assente em quatro eixos<br />

principais: uma ampla gama de produtos tais como<br />

trotinetas, bicicletas, scooters e microcarros 100%<br />

elétricos; Serviço de assistência técnica; Rent-a-<br />

-car/ Rent-a-moto e uma Battery station que irá<br />

permitir, mediante subscrição, a troca de uma<br />

bateria descarregada por uma carregada.<br />

Um futuro mais limpo e sustentável está<br />

nos objetivos dos Grupo Auto-Industrial,<br />

36 e-MOBILIDADE +<br />

Por Márcia Dores<br />

que continua a dar passos nessa direção com a<br />

criação desta nova marca e não só: “Atualmente<br />

cerca de 50% das nossas infraestruturas próprias<br />

tem instalados painéis fotovoltaicos e a ambição é<br />

que antes do final de 2025 chegue a 100%. Contamos<br />

também, até ao final de 2025, deixar a utilização<br />

do papel apenas para as situações em que o requisito<br />

legal a isso obrigue. Todas estas medidas geram uma<br />

enorme redução da pegada ambiental do Grupo Auto-<br />

-industrial.” +<br />

CURIOSO PARA CONHECER<br />

A I-LETRIC CITY?<br />

Aceda ao site da marca:<br />

https://www.ilectriccity.pt/i-lectric-city<br />

e descubra todas as novidades.<br />

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E o seu desempenho, também.<br />

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Beneficie de uma quilometragem muito elevada<br />

graças ao novo composto, desenvolvido para<br />

operações regionais.<br />

Usufrua de uma forte aderência em todas as<br />

condições meteorológicas, graças ao piso<br />

altamente robusto, que inclui novas lamelas de<br />

matriz 3D com largura total (proporcionando,<br />

assim, boa tração ao longo da vida útil do pneu).<br />

O desenho do piso, desenvolvido de forma<br />

inteligente para um desgaste uniforme, faz<br />

aumentar a vida útil do pneu.<br />

5ª Geração. Juntos, fazemos a diferença.


TRANSPORTE MARÍTIMO<br />

Grandes navios<br />

reduzem gradualmente<br />

as emissões de gases<br />

com efeito de estufa<br />

Novas regras da União Europeia (UE) para<br />

combustíveis marítimos mais limpos impõem também<br />

a redução das emissões em 2% já a partir de 2025.<br />

Por Carlos Branco<br />

O<br />

Parlamento e o Conselho europeus<br />

chegaram a um acordo<br />

sobre combustíveis marítimos<br />

mais limpos, pedindo para<br />

reduzir as emissões de gases<br />

com efeito de estufa (GEE) dos navios em 2%<br />

a partir de 2025 e em 80% a partir de 2050,<br />

para ajudar a UE a tornar-se neutra em termos<br />

climáticos. Segundo o acordo provisório<br />

alcançado no final de maio entre os negociadores<br />

do Parlamento Europeu e do Conselho,<br />

este estabelece um padrão<br />

de combustível para os<br />

navios para orientar o setor<br />

marítimo da UE para a<br />

adoção de combustíveis renováveis<br />

e hipocarbónicos<br />

que conduzam à descarbonização.<br />

De acordo com o comunicado<br />

do Parlamento<br />

Europeu, os eurodeputados<br />

conseguiram garantir<br />

que os navios terão de<br />

reduzir gradualmente<br />

as emissões de GEE na<br />

energia que utilizam, em<br />

2% a partir de 2025, 6% a<br />

O acordo dará mais<br />

créditos, como<br />

incentivo, na forma<br />

de compensação de<br />

emissões, aos armadores<br />

que usam combustíveis<br />

renováveis de origem<br />

não biológica (RFNBO),<br />

entre 2025 a 2034<br />

partir de 2030, 14,5% para lá de 2035, 31%<br />

a partir de 2040, 62% em 2045 e 80% em<br />

2050. Tais medidas aplicar-se-iam aos navios<br />

com arqueação bruta superior a 5000 AB –<br />

que representam cerca de 55% dos navios<br />

que escalam os portos da UE e que são, em<br />

princípio, responsáveis por 90% das emissões<br />

de CO 2<br />

–, e a toda a energia utilizada a bordo<br />

nos portos da UE ou entre eles, bem como a<br />

50% da energia utilizada em viagens em que<br />

o porto de partida ou de chegada se situe<br />

fora da UE ou nas regiões<br />

ultraperiféricas desta.<br />

BENEFÍCIOS AOS<br />

ARMADORES<br />

Na mesma nota de imprensa<br />

está igualmente expresso<br />

que os eurodeputados<br />

garantiram ainda que<br />

a Comissão irá rever as<br />

regras até 2028 para decidir<br />

se alarga os requisitos<br />

de redução das emissões<br />

a navios mais pequenos,<br />

ou se aumenta a quota<br />

de energia utilizada por<br />

navios provenientes de<br />

38 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 39


TRANSPORTE MARÍTIMO<br />

Política Europeia Naval<br />

países terceiros. Refere-se ainda que o acordo<br />

dará mais créditos, como incentivo, na forma<br />

de compensação de emissões, aos armadores<br />

que usam combustíveis renováveis de origem<br />

não biológica (RFNBO), entre 2025 a 2034,<br />

tendo ficado igualmente estabelecida uma<br />

meta de uso de combustíveis renováveis de<br />

2% a partir de 2034, se a Comissão informar<br />

que, em 2031, a RFNBO equivale a menos de<br />

1% na mistura de combustíveis.<br />

Este acordo, ainda informal, sobre as regras<br />

relativas aos combustíveis marítimos sustentáveis,<br />

terá ainda que ser aprovado pelo<br />

Comité de Representantes Permanentes do<br />

Conselho e pela Comissão dos Transportes e<br />

Turismo do Parlamento e, em seguida, pelo<br />

Parlamento e pelo Conselho europeus no seu<br />

conjunto.<br />

A EUROPA FAZ A SUA PARTE<br />

A mesma fonte cita o relator do Parlamento<br />

Europeu, o eurodeputado sueco Jörgen<br />

Warborn, do Partido Popular Europeu<br />

(Democratas-Cristãos), segundo o qual o<br />

acordo “estabelece o caminho mais ambicioso<br />

do mundo para a descarbonização<br />

marítima. Nenhuma outra potência global<br />

elaborou um quadro tão abrangente para<br />

combater as emissões marítimas.”<br />

“Esta regulamentação vai obrigar os outros a<br />

movimentarem-se também. A Europa fará a<br />

sua parte, justa, mas os cidadãos e as empresas<br />

europeias não devem pagar a fatura<br />

dos esforços climáticos de todo o mundo.<br />

Garantimos ao setor regras de longo prazo e<br />

previsibilidade, para que eles ousem investir.<br />

As empresas de navegação e os portos podem<br />

concentrar os seus recursos em oferecer os<br />

maiores benefícios climáticos e o melhor<br />

custo-benefício. Isso protege os empregos dos<br />

marítimos, estivadores e trabalhadores da indústria<br />

exportadora, e serve de exemplo para<br />

outros países”, explicou o eurodeputado.<br />

Os transportes foram responsáveis por cerca<br />

de um quarto das emissões totais de CO 2<br />

da<br />

UE em 2019, das quais 14% vieram da navegação<br />

marítima, de acordo com a Agência<br />

Europeia do Ambiente. As novas regras em<br />

matéria de infraestruturas de combustíveis<br />

alternativos e combustíveis marítimos<br />

fazem parte do pacote “Fit for 55 in 2030”,<br />

que é o plano da UE para reduzir as emissões<br />

de gases com efeito de estufa em pelo<br />

menos 55% até 2030, em comparação com<br />

os níveis de 1990, em conformidade com a<br />

Lei Europeia do Clima.+<br />

NAVIOS CARGUEIROS E DE TURISMO RECEBERÃO<br />

ENERGIA A PARTIR DOS PORTOS<br />

No âmbito do mesmo acordo sobre a<br />

redução dos gases com efeito de estufa,<br />

mas que também ainda carece de aprovação<br />

final do Parlamento e pelo Conselho<br />

europeus, provavelmente ainda neste<br />

mês de julho, ficou igualmente estabelecido<br />

que as embarcações atracadas nos<br />

cais das principais cidades portuárias da<br />

UE, sejam elas de carga, como porta-contentores<br />

e graneleiras, ou de turismo,<br />

como os navios de cruzeiro, serão<br />

forçadas, a partir de 2030, a servirem-se<br />

do fornecimento de energia a partir das<br />

instalações de terra para suprirem todas<br />

as necessidades de eletricidade enquanto<br />

estiverem acostadas.<br />

De acordo com aquela negociação, tal<br />

medida também se aplicará aos restantes<br />

portos da UE, ainda que a partir de 2035,<br />

se aquelas instalações dispuserem de fornecimento<br />

adequado de energia em terra.<br />

Ainda segundo o documento de trabalho,<br />

serão aplicadas certas isenções, tais como a<br />

permanência no porto por menos de duas<br />

horas, a utilização de tecnologia própria de<br />

emissões zero ou a realização de uma escala<br />

no porto devido a circunstâncias imprevistas<br />

ou emergências.<br />

A energia elétrica fornecida para as necessidades<br />

do navio enquanto acostado provém<br />

de geradores acionados por motor de<br />

combustão, emitindo continuamente gases<br />

poluentes para a atmosfera. A medida<br />

agora em fase de aprovação final, deverá<br />

reduzir significativamente as emissões de<br />

gases poluentes nas cidades portuárias que<br />

acolhem aquelas embarcações de carga e<br />

de turismo.<br />

Segundo um estudo de 2017 da Federação<br />

Europeia de Transportes e Ambiente, Lisboa<br />

foi a cidade com mais tráfego de navios de<br />

cruzeiro e estava entre as seis cidades portuárias<br />

da Europa com mais emissões<br />

poluentes naquele ano.<br />

A Europa fará a sua parte, justa,<br />

mas os cidadãos e as empresas<br />

europeias não devem pagar a<br />

fatura dos esforços climáticos<br />

de todo o mundo. Garantimos<br />

ao setor regras de longo prazo<br />

e previsibilidade, para que eles<br />

ousem investir<br />

40 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 41


Modelo de Construção<br />

e Exploração de Terminais<br />

Portuários Wind<br />

A construção e operação de um Terminal Portuário de<br />

suporte às eólicas offshore envolve uma série de desafios<br />

e questões relacionadas ao financiamento, infraestrutura e<br />

logística. Neste texto, abordaremos as principais questões<br />

envolvidas nesse processo e como elas impactam o<br />

desenvolvimento desse tipo de porto.<br />

Um dos aspetos cruciais<br />

é o financiamento. A<br />

construção de um porto<br />

de suporte às eólicas<br />

offshore requer investimentos<br />

significativos em infraestrutura,<br />

equipamentos e tecnologia e o<br />

financiamento desses projetos pode ser<br />

obtido por meio de parcerias público-privadas,<br />

empréstimos bancários,<br />

investimentos diretos ou outras formas<br />

de financiamento. Os governos e<br />

instituições financeiras desempenham<br />

um papel fundamental ao fornecer<br />

recursos e incentivos para viabilizar<br />

esses empreendimentos.<br />

A infraestrutura do porto também é<br />

uma consideração importante, pois<br />

deve ser capaz de acomodar grandes<br />

embarcações e guindastes de alta<br />

capacidade para o manuseamento e<br />

montagem das turbinas eólicas offshore.<br />

Além disso, é necessário espaço<br />

adequado para o armazenamento das<br />

peças das turbinas, como pás e torres,<br />

VÍTOR CALDEIRINHA<br />

Assessor do Conselho de Administração<br />

da APSS, Professor, Investigador e<br />

Consultor portuário<br />

RECURSOS<br />

ESSENCIAIS<br />

A infraestrutura do porto<br />

também é uma consideração<br />

importante, pois deve ser<br />

capaz de acomodar grandes<br />

embarcações e guindastes<br />

de alta capacidade para o<br />

manuseamento e montagem das<br />

turbinas eólicas offshore<br />

42 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 43


TRANSPORTE MARÍTIMO<br />

Opinião Vítor Caldeirinha<br />

antes de sua instalação e a profundidade<br />

e largura do canal de acesso ao porto<br />

também são fundamentais para permitir<br />

a entrada e saída das embarcações. A<br />

logística desempenha um papel crucial<br />

na construção e operação do porto, uma<br />

vez que o transporte das turbinas eólicas<br />

offshore e de seus componentes requer<br />

planeamento cuidadoso e eficiente<br />

e os componentes das turbinas, como as<br />

pás e as torres, podem ser fabricados em<br />

diferentes locais e transportados por mar<br />

até o porto de suporte. Portanto, a localização<br />

estratégica do porto em relação<br />

às áreas de desenvolvimento de parques<br />

eólicos offshore é essencial para reduzir<br />

os custos logísticos e garantir o fornecimento<br />

oportuno dos componentes.<br />

Além disso, a disponibilidade de serviços<br />

de manutenção e operação também<br />

é fundamental. O porto de suporte às<br />

eólicas offshore deve abrigar instalações<br />

e embarcações necessárias para a manutenção<br />

contínua dos parques eólicos<br />

offshore, o que deve incluir depósitos<br />

de peças, escritórios e instalações de<br />

treinamento, pelo que a capacidade<br />

de fornecer infraestrutura e serviços<br />

adequados ao longo de toda a cadeia de<br />

valor é essencial para reduzir os custos e<br />

otimizar a eficiência das operações.<br />

A concessão de um porto de apoio às<br />

eólicas offshore deve levar em consideração<br />

a necessidade de um uso exclusivo<br />

por parte do setor de energia eólica<br />

offshore, uma vez que esse tipo de porto<br />

requer infraestrutura e serviços específicos<br />

para satisfazer as necessidades da<br />

indústria, é importante que a concessão<br />

garanta a disponibilidade e o uso exclusivo<br />

dessas instalações para as empresas<br />

que operam no setor.<br />

Existem diferentes modelos de concessão<br />

que podem ser considerados. Um<br />

deles é a concessão por tempo determinado,<br />

em que a autoridade portuária<br />

concede o uso exclusivo do porto<br />

para o desenvolvimento de atividades<br />

relacionadas à energia eólica offshore<br />

de terceiros (serviço público) por um<br />

período específico, o que permite que<br />

as empresas tenham a segurança de uso<br />

exclusivo do porto durante o tempo<br />

necessário para o desenvolvimento e<br />

operação dos projetos. No entanto a<br />

concessão de construção e exploração<br />

INFRAESTRUTURAS E<br />

SERVIÇOS ESPECÍFICOS<br />

É importante que a concessão<br />

estabeleça claramente<br />

as condições para o uso<br />

exclusivo do porto pelas<br />

empresas de setor de energia<br />

eólica offshore<br />

não parece atrativa, pela imprevisibilidade<br />

da atividade e a falta de alternativas<br />

em caso de falha do mercado.<br />

Outro modelo é a concessão por projeto<br />

específico, em que o uso privativo e<br />

exclusivo do porto é concedido para um<br />

projeto de energia eólica offshore específico,<br />

sendo a concessão válida apenas<br />

para o período de desenvolvimento e<br />

operação desse projeto específico, e<br />

pode ser renovada caso haja extensões<br />

ou expansões futuras do projeto.<br />

É importante que a concessão estabeleça<br />

claramente as condições para o uso<br />

exclusivo do porto pelas empresas do<br />

setor de energia eólica offshore, o que<br />

pode incluir restrições permanentes ou<br />

temporárias quanto ao uso do porto por<br />

outras indústrias ou atividades não relacionadas<br />

à energia eólica offshore, bem<br />

como a exigência de que as empresas<br />

do setor cumpram com as obrigações<br />

contratuais e regulatórias estabelecidas.<br />

Além disso, a concessão deve garantir a<br />

disponibilidade de infraestrutura adequada,<br />

como docas, guindastes e áreas<br />

de armazenamento, para responder às<br />

necessidades específicas das atividades<br />

Existem diferentes<br />

modelos de concessão que<br />

podem ser considerados.<br />

Um deles é a concessão<br />

por tempo determinado,<br />

em que a autoridade<br />

portuária concede o uso<br />

exclusivo do porto para<br />

o desenvolvimento de<br />

atividades relacionadas à<br />

energia eólica offshore de<br />

terceiros (serviço público)<br />

de apoio às eólicas offshore.<br />

A viabilidade de terminais de apoio às<br />

eólicas offshore depende de vários fatores,<br />

incluindo o potencial de desenvolvimento<br />

da indústria de energia eólica<br />

offshore numa determinada região, a<br />

disponibilidade de recursos financeiros<br />

e técnicos, e a procura de serviços de<br />

apoio. No que diz respeito ao risco de<br />

mercado, é importante considerar que<br />

a indústria de energia eólica offshore é<br />

uma indústria em crescimento e evolução,<br />

embora o mercado de energia<br />

eólica offshore possa ser afetado por<br />

fatores como mudanças nas políticas<br />

energéticas, flutuações nos preços da<br />

energia, avanços tecnológicos e concorrência.<br />

Nesse sentido, a alocação do<br />

risco de mercado pode variar dependendo<br />

do modelo de negócio adotado.<br />

Em alguns casos, o setor privado pode<br />

assumir o risco de mercado ao investir<br />

e operar o terminal de apoio às eólicas<br />

offshore, pelo que as empresas devem<br />

estar dispostas a assumir o risco como<br />

parte de sua estratégia de negócios e<br />

visão de longo prazo para a indústria.<br />

Por outro lado, noutros casos, o setor<br />

público pode desempenhar um papel<br />

na mitigação do risco de mercado,<br />

através de parcerias público-privadas,<br />

incentivos financeiros ou regulamentações<br />

favoráveis que estimulem<br />

o desenvolvimento da indústria de<br />

energia eólica offshore e a utilização do<br />

terminal de apoio.+<br />

44 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 45


ELÉTRICOS<br />

eActros eEconic Mercedes-Benz<br />

Adeus diesel<br />

Os dois primeiros camiões elétricos da Mercedes-Benz, eActros e o<br />

eEconic, já estão à venda em Portugal. Para o ano surgirá o eActros de<br />

longo curso. Até 2039, a marca conta ser neutra em emissões de CO 2<br />

.<br />

Por Carlos Branco<br />

46 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 47


PESADOS<br />

eActros e eEconic<br />

APRESENTAÇÃO<br />

NO AUTÓDROMO<br />

DE PORTIMÃO<br />

Os novos veículos, 100%<br />

elétricos, realizaram vários<br />

voltas ao exigente circuito,<br />

colocando à prova as suas<br />

qualidades<br />

A nossa estratégia passará pelo<br />

uso de baterias e hidrogénio.<br />

O combustível fóssil<br />

deixará de ser opção, já os<br />

combustíveis sintéticos,<br />

de momento, ainda não o são.<br />

Pelo menos para as operações<br />

de transportes<br />

No mínimo, foi estranho, mas nunca incómodo<br />

aos sentidos e ao meio ambiente, porquanto foi<br />

inaudível, inodoro e não poluente. Mais estranho<br />

ainda porque tinha por piso o Autódromo<br />

Internacional do Algarve, um “santuário”<br />

do mundo motorizado. Até dava para escutar a fauna. E no<br />

entanto eles deslocavam-se, rolavam, aceleravam, travavam e<br />

regeneravam. Falamos de energia, da verde, sinal de que algo<br />

está a mudar. Com os veículos elétricos eActros e eEconic, os<br />

novos pesados da Mercedes-Benz, a marca alemã está a dizer<br />

adeus ao gasóleo e a assumir a sua parte da descarbonização<br />

da sociedade. De ora em diante vai ser sempre assim: a cada<br />

elétrico que surja haverá um Diesel a menos. O processo já<br />

começou, primeiro com as baterias elétricas, e na segunda<br />

metade da década, sê-lo-á através do hidrogénio. Até 2039,<br />

o grupo Daimler-Benz pretende atingir a neutralidade em<br />

emissões de CO 2<br />

.<br />

“A nossa estratégia passará pelo uso de baterias e hidrogénio.<br />

O combustível fóssil deixará de ser opção, já os combustíveis<br />

sintéticos, de momento, ainda não o são. Pelo menos para as<br />

operações de transportes”, esclareceu António Louro, diretor<br />

geral da Daimler-Benz para Portugal, sintetizando o que já é<br />

um ponto assente: “A transição a 100% da combustão interna<br />

para os veículos de zero emissões far-se-á até 2039.”<br />

O eActros foi lançado em 2021, pensado para a distribuição<br />

pesada, em circuitos relativamente curtos, urbanos e interurbanos.<br />

Já o eEconic iniciou produção em 2022, veículo<br />

dedicado ao segmento do ambiente, para recolha de resíduos<br />

sólidos, embora possa ter outras aplicações naquela área.<br />

O HIDROGÉNIO VEM A SEGUIR<br />

Em 2024 será lançado o eActros Long Haul, camião de longo<br />

curso, também a baterias – já se sabe que a primeira apresentação<br />

pública está marcada para o outono – e na segunda<br />

metade desta década será lançado o camião da Geração<br />

48 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 49


PESADOS<br />

eActros e eEconic<br />

ID.BUZZ<br />

O ID.BUZZ mantém<br />

a «boa disposição» pela qual<br />

já é conhecido, com uma<br />

interessante mescla de<br />

cores e materiais<br />

hidrogénio (GenHs), com célula de combustível. O Long<br />

Haul já está a realizar testes e brevemente será disponibilizado<br />

a alguns clientes para fazerem operações reais de transporte,<br />

e a mesma lógica seguirá o camião a hidrogénio, já a partir de<br />

2024.<br />

O que não será uma completa novidade para a marca, pois<br />

em junho, na Cimeira Mundial dos Transportes, em Barcelona,<br />

fez a estreia mundial do eCitaro, autocarro para transporte<br />

de passageiros, equipado com a tecnologia da célula de<br />

combustível a hidrogénio.<br />

“Perguntam-nos frequentemente, mas qual será a tecnologia<br />

que irá vigorar de agora em diante? Respondemos que ambas,<br />

pois são complementares. Os camiões a baterias pressupõem<br />

trajectos mais curtos, urbanos e interurbanos, com rotas planificadas,<br />

pois até a topografia do terreno é relevante para este<br />

tipo de transporte. Já a tecnologia de hidrogénio é mais propensa<br />

aos trajetos longos, mais idêntica à filosofia do camião<br />

a gasóleo”, complementa António Louro, sublinhando que<br />

o mercado entrou numa nova fase, nunca antes vista. “Tudo<br />

isto é novo, os clientes não estão habituados a tais novidades,<br />

pelo que queremos assegurar-lhes que vão optar pela melhor<br />

solução”, justifica o gestor da marca, garantindo que um<br />

camião nunca será vendido por si só, mas sempre acompanhado<br />

de três premissas. A saber: eConsulting - profissionais<br />

habilitados analisarão em detalhe as operações do cliente e<br />

avaliarão a viabilidade de transportar com viaturas elétricas;<br />

[se for possível usar os veículos a baterias] eActros - escolher-se-á<br />

o camião certo, o que mais fará sentido para aquele<br />

cliente, para aquele tipo de transporte, que tipo de autonomia<br />

e a quantidade de baterias adequadas; soluções digitais - são<br />

as ferramentas de software que auxiliarão o cliente a melhor<br />

gerir a sua frota.<br />

ENÉRGICO EM PISTA<br />

O eActros vem equipado com com três ou quatro packs de<br />

baterias, consoante as versões (300 ou 400), e que se fazem<br />

corresponder com autonomias de, respetivamente, 300 e 400<br />

Km. Tão importante quanto a capacidade das baterias é o<br />

tempo de recarga destas, especialmente quando o que está em<br />

causa é um veículo de trabalho. O tempo gasto é de 1h15m,<br />

Tudo isto é novo, os clientes não estão<br />

habituados a tais novidades, pelo que<br />

queremos assegurar-lhes que vão optar<br />

pela melhor solução<br />

para 20 a 80% da carga total, com um carregador de 160 kW,<br />

a potência mais elevada que recebe aquela bateria.<br />

Em duas voltas completas à pista do Autódromo do Algarve<br />

– cerca de 9,3 Km –, sem preocupações de monta quanto a<br />

consumos, qualquer dos modelos ensaiados pela e-MOBILI-<br />

DADE+, eActros 300 e eEconic, gastaram apenas, em média,<br />

2% da carga disponível, sendo que se acelerou à vontade,<br />

mesmo no modo booster e com a opção “um só pedal”, de<br />

forma a testar a travagem/regeneração proporcionada pelos<br />

motores elétricos. Todo o binário é entregue quando solicitado,<br />

a unidade mostrou energia e desembaraço, e numa das<br />

maiores descidas do circuito - onde o declive máximo é de<br />

12% - com o sistema de regeneração no máximo (de um a<br />

cinco cliques), o veículo devolveu energia às baterias - o retorno<br />

da energia é mostrado no display de bordo -, ao mesmo<br />

tempo que se imobilizou no final da mesma, sem que para<br />

isso tenha sido necessário recorrer ao travão de serviço.<br />

Em termos de motricidade, ambos os modelos podem ter a<br />

configuração 4x2 ou 6x2 (esta com capacidade para reboque).<br />

No City Tractor, apenas com três packs de baterias e 40 t de<br />

peso máximo bruto combinado, a autonomia será de 230 Km.<br />

Neste caso, existem dois tipos de travagem, a convencional,<br />

ou pneumática, mas também aquele sistema adicional de travagem,<br />

por regeneração. Para manter esta capacidade de travagem<br />

adicional e ao rebocar 40 t, as baterias podem “encher”<br />

demasiado. Sendo assim, e quando tal acontece, perder-se-ia<br />

a capacidade de regeneração e travagem do veículo, pelo que<br />

foi adotado um sistema de resistências de alta potência para<br />

“deitar fora” energia, que mantém aquelas capacidades de<br />

travagem e regeneração.<br />

No eEconic, apenas disponível em configuração 6x2 e três<br />

packs de baterias, quando equipado com um compactador de<br />

lixo, a energia para o seu funcionamento deriva das baterias,<br />

pelo que a autonomia será reduzida para 150 Km. Diz a marca<br />

que, pelo que conhece do mercado, em percursos citadinos,<br />

é mais que suficiente.<br />

eAXLE É INOVAÇÃO DA MARCA<br />

Como inovação tecnológica surge o sistema eAxle. Foi explicado<br />

que os engenheiros retiraram toda a cadeia cinemática,<br />

o motor de combustão interna e o veio de transmissão e<br />

colocaram os dois motores elétricos diretamente acoplados<br />

ao diferencial, a que se junta um sistema de refrigeração e<br />

uma caixa de velocidades, com duas relações. Sendo aqueles<br />

motores síncronos, que favorecem maior binário e não a rotação<br />

(para isso existem os assíncronos), aqueles produzem,<br />

em conjunto 336 kW (ou 450 CV) e 970 Nm em contínuo,<br />

na primeira relação, até aos 30 Km/h, sendo que a segunda<br />

marcha desenvolverá dos 30 aos 80 km/h. Os dois motores<br />

elétricos do eActros 400 produzem 448 kW (ou 600 CV).<br />

Como equipamento de segurança, a visão 360 graus, obrigatória<br />

a partir de 2024, já está assegurada nos veículos<br />

da Mercedes-Benz. O botão de emergência, ao alcance do<br />

motorista, corta a alta tensão, ficando restringida às baterias.<br />

Em caso de sinistro, junto aos bancos do motorista e<br />

do passageiro existem dispositivos de corte de corrente para<br />

serviço das equipas de socorro. Em caso de colisão, um<br />

fusível pirotécnico é acionado automaticamente, cortando a<br />

alta tensão.<br />

Tudo o resto é silêncio. É algo estranho. Os técnicos da Mercedes-Benz,<br />

já com adiantada habituação à novidade, admitem<br />

que, de facto, primeiro estranha-se, mas que depois...<br />

Os valores de venda destes veículos não foram divulgados,<br />

até porque muito dependem de um sem número de configurações<br />

possíveis, mas será certo que, quando comparado<br />

com o Actros a combustão interna, é crível que se tenha que<br />

multiplicar por três o preço a pagar por um eActros.+<br />

50 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 51


SÓ OS SERES VIVOS PODEM<br />

CRIAR ORDEM A PARTIR DO CAOS<br />

Uma luta permanente contra<br />

a segunda lei<br />

da termodinâmica<br />

Quem estudou termodinâmica sabe bem que a segunda lei da termodinâmica<br />

não mais lhe sairá do caminho. É esta lei que nos relembra que o setor dos<br />

transportes não pode ser ‘deixado ao seu próprio controlo’ e à sua sorte. Mais<br />

coordenação (a nível) nacional e uma regulação que pondere com equilíbrio e<br />

imparcialidade os legítimos interesses de todos os atores, levar-nos-á, certamente,<br />

a um setor menos entrópico e mais ordenado.<br />

Segurança, poluição atmosférica e<br />

ruído, gases com efeito de estufa<br />

(aquecimento global e alterações<br />

climáticas) e exclusão social de<br />

pessoas sem possibilidade de aceder<br />

aos diferentes spots de oportunidades são<br />

exemplos de externalidades cuja gestão exige<br />

uma ação conjunta. No<br />

entanto, continuamos a<br />

funcionar em silos quando<br />

o mundo não está a<br />

acontecer em silos. Porque<br />

o mundo acontece<br />

de uma forma integrada<br />

e sistémica também as<br />

relações (contratuais)<br />

devem exigir abordagens<br />

integradas e sistémicas e<br />

não tomadas de formada<br />

isolada, casuística e<br />

empírica.<br />

Ao longo dos últimos<br />

anos tem-se intensificado<br />

o debate sobre a<br />

ORLANDO FERREIRA<br />

Professor Universitário e ex-administrador<br />

da Rodoviária do Tejo<br />

eficácia das políticas públicas tendo ganho<br />

relevância (não a suficiente) o pensamento<br />

de William BAUMOL, reputado professor<br />

de Economia na Columbia: “O Estado tem<br />

ajudado as empresas de duas formas: subsidiando<br />

ou comprando bem; ora, a primeira<br />

forma é prejudicial pois distorce os mercados<br />

e propicia a corrupção<br />

enquanto a segunda<br />

é recomendável pois<br />

qualifica as empresas”.<br />

‘Comprar bem’ continua<br />

a ser uma visão distante e<br />

hoje, nem temos ‘suficiente<br />

BAUMOL’, nem o<br />

setor está mais sustentável,<br />

nem as empresas<br />

estão mais qualificadas.<br />

Nunca é demais relembrar<br />

que é na prossecução<br />

dos objetivos pretendidos<br />

para o serviço público de<br />

transporte de passageiros<br />

que devemos manter o<br />

52 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 53


MOBILIDADE<br />

Opinião Orlando Ferreira<br />

ruptivas. Os incumbentes quase sempre avaliam as mudanças<br />

como incrementais na certeza de serem capazes de controlar<br />

os passos seguintes. Nem sempre acontece!<br />

‘Comprar bem’<br />

continua a ser uma<br />

visão distante e hoje,<br />

nem temos ‘suficiente<br />

BAUMOL’, nem o setor<br />

está mais sustentável,<br />

nem as empresas estão<br />

mais qualificadas<br />

UMA VIAGEM AO CAMINHO PERCORRIDO<br />

E UMA TEORIA MAL-AMADA<br />

Até aos anos 60, o setor dos transportes públicos viveu de<br />

uma forma sustentada sem necessidade de subsídios, mas, a<br />

partir daí, a sustentabilidade do setor foi negativamente influenciada<br />

pelos aumentos dos salários, pela crescente suburbanização<br />

verificada nas grandes áreas metropolitanas, pela<br />

passagem da semana de trabalho para apenas cinco dias, pela<br />

crescente utilização do transporte individual nas deslocações<br />

diárias, etc. Estas foram algumas das razões que trouxeram<br />

para a agenda governamental a necessidade de subsidiação ao<br />

transporte público de passageiros.<br />

Nos anos 80 assistiu-se na Europa a um movimento de descentralização<br />

com a migração do nível de decisão do poder<br />

central para o poder regional e local, o que se tornou numa<br />

oportunidade para que os novos atores quisessem fazer as<br />

coisas de um modo diferente do que antes se fazia.<br />

Em 1982 no mundo académico, surgiu uma teoria que revolucionou<br />

a forma de se pensar o mercado e a competição:<br />

a teoria dos mercados disputados (Theory of Contestable<br />

Markets de William Baumol). Anteriormente, havendo a ideia<br />

de que a competição só funcionava bem com vários operadores<br />

económicos competindo no mercado, conseguiu-se<br />

demonstrar que, afinal, existia uma alternativa para a organização<br />

do mercado. Numa região adequadamente regulada e<br />

com imediatas alternativas de transporte em caso de insucesso,<br />

uma única empresa de transportes, em aparente situação<br />

de monopólio, podia ter um desempenho altamente eficaz.<br />

Esta teoria veio provar que, com certas condições cumpridas<br />

e respeitadas, os incumbentes se comportavam como estanfoco<br />

e não nos caminhos escolhidos para os atingir. Esses<br />

caminhos (inclusive a opção por procedimentos abertos) têm<br />

apenas um carácter instrumental de modo a conseguir satisfazer<br />

as necessidades das entidades adjudicantes e contribuir<br />

para um desejável processo de desenvolvimento, equilibrado,<br />

sustentável.<br />

Garantir serviços de transporte de passageiros seguros,<br />

eficazes e de elevada qualidade graças a uma concorrência<br />

regulada (Livro Branco, 2001).<br />

Assegurar serviços de interesse geral que sejam mais numerosos,<br />

mais seguros, de melhor qualidade e mais baratos, com<br />

base em procedimentos de adjudicação transparentes, equitativos<br />

e concorrenciais (Regulamento 1370/2007).<br />

No dogma (ponto fundamental de doutrina) em que tudo<br />

deve ser organizado com base em procedimentos abertos<br />

(concursos públicos) são as autoridades de transportes que<br />

têm hoje a responsabilidade de escolher os operadores de<br />

transporte. Desconhecendo quem poderá ser o melhor e mais<br />

eficiente futuro prestador dos serviços (apesar de muitas vezes<br />

se ter ali, bem à mão, um bom e dedicado incumbente) a<br />

entidade adjudicante organiza um ‘jogo’ onde se fazem umas<br />

‘perguntas’ e se escolhem depois as melhores respostas de<br />

modo a encontrar o melhor jogador/operador. Na realidade, a<br />

finalidade última destes ‘jogos’ (competitive tendering) acaba<br />

por ser manter intacto um monopólio para os próximos oito/<br />

dez anos e escolher o melhor monopolista para esse período.<br />

Não se pode utilizar quem se tem à mão e conhece bem e<br />

vai-se procurar, algures no mundo, um monopolista desconhecido.<br />

É este o jogo que tem que ser jogado, ponto final.<br />

A INVIOLABILIDADE TERMODINÂMICA<br />

Segundo Schrodinger, ‘a vida é uma luta permanente contra<br />

a segunda sei da sermodinâmica’ que, em termos muito<br />

Garantir serviços de transporte<br />

de passageiros seguros, eficazes<br />

e de elevada qualidade graças<br />

a uma concorrência regulada<br />

(Livro Branco, 2001)<br />

simples, nos diz que a desordem tem sempre tendência a<br />

aumentar.<br />

“Quando um sistema é deixado ao seu próprio controlo, ele<br />

assume um estado de máxima entropia, isto é, torna-se o<br />

mais desordenado possível. Este estado, denominado estado<br />

de equilíbrio, é a condição estável final”.<br />

Todos os sistemas tendem a evoluir para estados de equilíbrio<br />

que correspondem a altos graus de desorganização estrutural<br />

e máxima entropia. Estabelecendo que os processos se<br />

realizam sempre numa mesma direção, não está inibida a<br />

evolução de um sistema para um grau de maior organização e<br />

complexidade.<br />

O setor dos transportes não é exceção e, também ele, lá vai<br />

travando a sua luta contra a segunda sei da termodinâmica.<br />

Deixado ao seu próprio controlo e à sua sorte, o setor pode<br />

acelerar a aproximação ao seu estado de estado de equilíbrio<br />

termodinâmico. Apesar de todos acreditarmos que esta situação<br />

se irá reverter, os mais otimistas continuam a ser os que<br />

não estudaram termodinâmica.<br />

Numa permanente procura de equilíbrio e de organização, o<br />

setor defronta-se com um ‘mundus novus’ carregado de mudanças,<br />

umas vezes incrementais (as que somos capazes de<br />

prever e se incorporam no senso comum) e muitas vezes dis-<br />

UM NOVO OLHAR DE CIMA<br />

A mobilidade é hoje uma temática da responsabilidade dos<br />

municípios, no entanto, as externalidades que devem poder<br />

gerir, manifestam-se pelo somatório daquilo que são as suas<br />

opções e das opções de outras entidades regionais, nacionais<br />

e mesmo supranacionais. Exige-se assim uma maior coordenação<br />

por parte de alguém que possa observar este fenómeno<br />

numa perspetiva de conjunto (oversight body). Alguém que,<br />

a nível nacional, funcione como um facilitador (enabler) que<br />

esteja no terreno, não para impedir que aconteça este ou<br />

aquele modelo, esta ou aquela ou tecnologia, mas sim para estabelecer<br />

as balizas e os enquadramentos que permitam a conciliação<br />

dos interesses legítimos dos diferentes atores e partes<br />

interessadas: Estado, autoridades de transporte, operadores<br />

económicos, passageiros, contribuintes, etc.<br />

No atual contexto do nosso setor, altamente entrópico disruptivo,<br />

proliferam tensões conflituosas (proteção da concorrência<br />

vs interesse público, por exemplo) e pulsões contraditórias<br />

decorrentes das mudanças irreversíveis que evoluíram numa<br />

certa direção e que, com elevada probabilidade, dificilmente<br />

se reverterão.<br />

54 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 55


Hoje, concorrência e defesa da concorrência passaram a ser<br />

um valor de interesse público mas, dizer que a concorrência<br />

entre as empresas é agora um valor de interesse público continua<br />

a perturbar o anterior esquema arrumado, dialógico e<br />

dual que existia introduzindo alguma novidade e confusão.<br />

do em competição. Era como se, a todo o momento, estas<br />

empresas receassem a possibilidade de entrada de outras empresas<br />

concorrentes no seu mercado. Não se verificando maus<br />

desempenhos, ineficiências ou preços e lucros elevados não se<br />

criava também a apetência para o surgir de novos entrantes.<br />

Esta foi uma teoria mal-amada porque, com a realização do<br />

mercado único e facto do mercado dos contratos públicos<br />

representar na altura cerca de 16% do PIB da União Europeia,<br />

logo se tornou impensável deixar de fora este tão apetecido<br />

mercado. E assim, paulatinamente, o legislador comunitário<br />

lá foi construindo um regime jurídico adequado a esse seu<br />

fim, concretizado em Regulamentos e Diretivas que suprimiram<br />

as restrições à liberdade de estabelecimento e à livre<br />

prestação de serviços no interior da União Europeia. Não<br />

sendo uma opção agnóstica, qualquer outro caminho atrapalharia<br />

a facilidade de acesso a este mercado por parte dos operadores<br />

económicos dos diferentes Estados-membros da UE.<br />

Assim, num contexto político que visava em primeiro lugar a<br />

abertura do mercado aos operadores dos diferentes países, até<br />

foi conseguido que os concursos públicos se tornassem num<br />

procedimento moda (very fashionable procedure).<br />

Esta decisão veio criar uma tensão conflituosa, até em Portuga!<br />

Historicamente, as regras de contratação pública surgiram<br />

aqui com o objetivo de defender o erário público. Numa<br />

lógica de defesa do interesse público financeiro do Estado,<br />

sempre esteve unicamente em causa o encontrar de uma<br />

proposta mais barata e economicamente mais vantajosa. Com<br />

esta influência do Direito europeu, deu-se uma inversão total<br />

e quase se apagou a anterior valência da proteção do interesse<br />

público para se pensar única e exclusivamente na proteção<br />

da concorrência, do mercado, da igualdade de oportunidades<br />

para os operadores do mercado.<br />

A CONTRATAÇÃO PÚBLICA<br />

Curiosamente, paralelamente a esta propagada e dita intransigente<br />

defesa da concorrência e dos procedimentos não excluídos<br />

da aplicação do regime geral da Contratação Pública,<br />

continua a haver uma injustificada pulsão por procedimentos<br />

excluídos do mercado aberto. Na quase maioria dos contratos<br />

in-house, verifica-se, no entanto, que a atividade que constitui<br />

o objeto do contrato, poderia ser mais bem exercida por<br />

uma empresa do mercado livre, nada justificando esta fuga às<br />

regras da contratação pública.<br />

Este é um tema que tem sido muito pouco trabalhado em<br />

Portugal, havendo uma pergunta que vai sendo esquecida,<br />

apesar ser legalmente exigida a apresentação de uma resposta<br />

fundamentada: o que é que diferencia o recurso a uma entidade<br />

in-house do recurso a uma entidade do mercado? Esta fuga<br />

às regras da contratação pública só é permitida em caso de<br />

existência de uma verdadeira cooperação de interesse público.<br />

Só nesse caso é que a legislação permite a exclusão da concorrência.<br />

Será que se tem mesmo verificado essa cooperação de<br />

interesse público em todos os casos de fuga?<br />

Nesta fuga ao mercado, continua inequívoco na nossa legislação<br />

que os contratos excluídos da aplicação do regime<br />

geral da Contratação Pública não estão eximidos de observar<br />

três níveis de vinculação de direito público: a vinculação aos<br />

princípios gerais da atividade administrativa: a vinculação<br />

a um específico dever de fundamentação e a vinculação aos<br />

princípios gerais da Contratação Pública.<br />

Assim, mesmo que um contrato não esteja sujeito à parte II<br />

do CCP tem mesmo que obedecer aos exigentes princípios<br />

de eficiência e economia na afetação de recursos. O artigo<br />

5.º-B/1 do CCP apresenta ainda, para além da sujeição a estes<br />

princípios, uma outra referência à imperiosidade de indicação<br />

da fundamentação desta decisão de contratar.+<br />

Numa região adequadamente<br />

regulada e com imediatas<br />

alternativas de transporte<br />

em caso de insucesso, uma<br />

única empresa de transportes,<br />

em aparente situação de<br />

monopólio, podia ter um<br />

desempenho altamente eficaz<br />

56 e-MOBILIDADE +


Tecnologias<br />

de perder a cabeça<br />

USO DO GPS<br />

Marcar um destino num<br />

GPS é comum. Parques de<br />

estacionamento que aceitam<br />

reservas também. Mas é<br />

raro receber uma sugestão<br />

de reserva no parque de<br />

estacionamento quando se<br />

marca um destino de GPS<br />

Imagine que entra no seu carro de manhã e marca no GPS um<br />

destino numa zona comercial. A navegação a bordo da viatura<br />

reserva-lhe um lugar num parque de estacionamento próximo<br />

do destino. Ao chegar, lembra-se que é o aniversário da sua<br />

mãe. Através do seu smartwatch, envia-lhe flores que irão<br />

chegar horas antes de a encontrar para almoçar.<br />

No regresso a casa, ao final<br />

do dia, o seu telefone<br />

convida-o a concluir a<br />

encomenda de supermercado<br />

que iniciara no seu<br />

computador durante a tarde. Embora<br />

possa parecer um cenário futurista,<br />

tudo isto é possível com as tecnologias e<br />

serviços atualmente disponíveis.<br />

Marcar um destino num GPS é comum.<br />

Parques de estacionamento que aceitam<br />

reservas também. Mas é raro receber<br />

uma sugestão de reserva no parque de<br />

estacionamento quando se marca um<br />

destino de GPS. Porquê? Porque os<br />

sistemas de reserva de estacionamentos<br />

foram construídos a pensar em pontos<br />

específicos de interação com o consumidor,<br />

como uma app mobile do próprio<br />

serviço ou o seu website. Não consideraram<br />

a possibilidade de integração<br />

com outros serviços, como um qualquer<br />

sistema de GPS que possa juntar as duas<br />

ofertas e assim ser um canal alternativo<br />

de interação com o cliente.<br />

Existem atualmente vários serviços<br />

de encomenda de flores online que<br />

podem ser acedidos por um navegador<br />

de internet num computador. Mas não<br />

através de um smartwatch, ou de um<br />

quiosque digital, ou de qualquer outro<br />

FILIPE CARVALHO<br />

CEO Wide Scope<br />

dispositivo que não aquele para o qual<br />

o serviço foi pensado inicialmente. O<br />

serviço fica assim demasiado associado<br />

a uma forma específica de interação<br />

com o cliente e não tem agilidade<br />

suficiente para evoluir rapidamente<br />

para outras formas, falhando no<br />

acompanhamento das necessidades dos<br />

consumidores.<br />

Uma encomenda de supermercado<br />

pode ser iniciada num navegador de<br />

internet num computador, mas quando<br />

nos movemos para a app mobile<br />

A principal lacuna dos<br />

sistemas de comércio<br />

eletrónico existentes está na<br />

limitação do seu backend<br />

aos próprios frontends.<br />

Muitas vezes os sistemas<br />

são construídos de tal<br />

forma que não é possível<br />

desacoplar um do outro<br />

correspondente esperamos encontrar<br />

o mesmo carrinho de compras virtual,<br />

e não um vazio. Isto implica que os<br />

dois canais de interação com o cliente<br />

(website e app mobile) devem estar, na<br />

realidade, a utilizar os mesmos serviços<br />

centrais de negócio. Ou seja, a seleção<br />

de compras deve existir num carrinho<br />

de compras central que pode ser<br />

apresentado ao consumidor em vários<br />

dispositivos e grafismos.<br />

Estes casos de uso são exemplificativos<br />

de uma mudança de comportamento<br />

do consumidor que exige ao comércio<br />

eletrónico novas estratégias organizacionais<br />

e tecnológicas. As experiências<br />

online dos clientes estão cada vez mais<br />

fragmentadas e com novos pontos de<br />

interação. Isto representa uma oportunidade<br />

significativa para as marcas<br />

e os comerciantes expandirem os seus<br />

negócios digitais.<br />

58 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 59


TECNOLOGIAS<br />

Aplicações móveis<br />

PLATAFORMAS DE<br />

COMÉRCIO DIGITAL<br />

As limitações apontadas nos exemplos<br />

anteriores advêm de uma conceção<br />

comum em sistemas tecnológicos que<br />

consiste em acoplar a lógica de negócio<br />

a uma forma específica de apresentação<br />

ao consumidor. Por exemplo, um<br />

sistema de reserva de estacionamentos<br />

implementa os seus processos de negócio<br />

no que se denomina de backend,<br />

como a gestão dos lugares disponíveis<br />

no parque, a reserva de um lugar a<br />

partir de uma certa hora, a cobrança do<br />

cartão de crédito do cliente, a emissão<br />

de fatura por email, etc. Tudo isto é<br />

interno à organização.<br />

Por outro lado, o sistema disponibiliza as<br />

funcionalidades do negócio aos consumidores<br />

através de um frontend, um canal<br />

de interação como um website, uma app<br />

mobile, uma rede social, etc. Esta é a<br />

apresentação externa do serviço.<br />

A principal lacuna dos sistemas de<br />

comércio eletrónico existentes está na<br />

limitação do seu backend aos próprios<br />

frontends. Muitas vezes os sistemas são<br />

construídos de tal forma que não é possível<br />

desacoplar um do outro. Ou, pior,<br />

não permitem que um sistema terceiro<br />

aceda diretamente ao seu backend para<br />

fazer compras sem passar por algum<br />

dos seus frontends.<br />

O negócio online fica assim impossibilitado<br />

de explorar canais de interação<br />

adicionais como redes sociais, aplicações<br />

de mensagens instantâneas, quiosques<br />

digitais, entre muitos outros canais<br />

emergentes e para onde os consumidores<br />

divergem rapidamente.<br />

A solução tecnológica mais adequada<br />

pertence uma categoria denominada por<br />

Plataformas de Comércio Digital. Este<br />

tipo de sistemas permite a definição de<br />

toda a lógica de negócio (backend) de<br />

forma separada e independente da forma<br />

de apresentação e interação com o<br />

consumidor (frontend). Esta abordagem<br />

denomina-se por paradigma headless<br />

(sem cabeça), ou seja, os processos de<br />

negócio não estão vinculados a uma<br />

PLATAFORMAS<br />

DE COMÉRCIO DIGITAL<br />

A solução tecnológica mais<br />

adequada pertence a uma<br />

categoria denominada por<br />

Plataformas de Comércio Digital.<br />

Este tipo de sistemas permite<br />

a definição de toda a lógica de<br />

negócio (backend) de forma<br />

separada e independente da<br />

forma de apresentação e interação<br />

com o consumidor (frontend)<br />

face do serviço. O corpo vive bem independentemente<br />

da cara que possa vir a<br />

assumir.<br />

Estas plataformas permitem o desenho<br />

e disponibilização online dos serviços<br />

sob múltiplos formatos (websites,<br />

mobile apps, redes sociais, quiosques<br />

digitais, smartwatches, etc) a partir de<br />

regras de negócio definidas centralmente,<br />

de forma muito ágil. Ao mesmo<br />

tempo, permitem que sistemas terceiros<br />

utilizem os seus serviços expandindo-os<br />

por ainda mais canais de interação com<br />

consumidores provenientes de outras<br />

experiências.<br />

Todas as experiências imaginadas no<br />

primeiro parágrafo deste texto são facilmente<br />

implementáveis se assentes nesta<br />

tecnologia e neste paradigma.<br />

INTELIGÊNCIA CENTRALIZADA<br />

Sem cabeça não significa sem cérebro,<br />

apenas sem uma cara definida. De facto,<br />

o cérebro do sistema está nos seus<br />

processos de negócio centralizados no<br />

backend. Numa perspetiva de transporte<br />

e logística, por exemplo, o backend<br />

assumirá a gestão das ordens dos<br />

clientes e todo o fluxo necessário para<br />

as satisfazer, através da integração com<br />

aplicações especializadas em cada uma<br />

das áreas da cadeia de valor:<br />

» O sistema de gestão de armazéns para<br />

proceder à preparação da expedição<br />

dos produtos em stock no armazém;<br />

» O sistema de planeamento e otimização<br />

de rotas para a mais eficiente<br />

expedição e transporte dos produtos<br />

até aos clientes;<br />

» A aplicação móvel que permite ao<br />

motorista executar a rota tal como<br />

planeada e reportar incidências em<br />

tempo real, bem como a confirmação<br />

das entregas;<br />

» A aplicação móvel de acompanhamento<br />

da entrega, em tempo real, por<br />

parte do cliente no seu telefone.<br />

Estas tecnologias especializadas asseguram<br />

a execução eficiente das encomendas<br />

e são a garantia de que o serviço disponibilizado<br />

online é fiável, económico,<br />

competitivo e resiliente. Adicionalmente,<br />

recorrendo ao paradigma headless, as<br />

organizações podem criar experiências<br />

personalizadas para os clientes, ganhar<br />

a liberdade de experimentar, aumentar<br />

a sua agilidade e escalar novos conceitos<br />

com mais eficiência.<br />

A proliferação destes sistemas e a sua<br />

crescente adoção continuarão a pavimentar<br />

o caminho para melhores e mais<br />

dinâmicas experiências de compra, tal<br />

como imaginado um dia.+<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

60 e-MOBILIDADE +


CAMINHO DA ELECTRIFICAÇÃO<br />

Qual a melhor<br />

solução<br />

ICE, HEV ou BEV?<br />

Nos últimos anos a frota automóvel nacional tem vindo a<br />

electrificar-se. As exigências de redução das emissões impostas<br />

pela legislação e controladas pelo WLTP, obrigaram todas as<br />

marca automóveis a incluir na gama dos seus veículos a oferta de<br />

modelos com motorização híbrida ou eléctrica pura.<br />

Apesar dos ainda elevados<br />

preços das motorizações<br />

eléctricas, os apoios fiscais<br />

dados são tentadores<br />

para promover a aquisição<br />

de uma viatura que, para além de<br />

consumir uma energia mais barata por<br />

quilómetro percorrido, ainda permite ao<br />

seu utilizador contribuir como cidadão<br />

para a protecção do meio ambiente e da<br />

natureza.<br />

No entanto, possuir ou conduzir uma<br />

viatura 100% eléctrica não está ainda<br />

ao alcance de muitos condutores<br />

pelos mais variados motivos. Talvez a<br />

primeira circunstância que inibe o uso<br />

desta tipologia de veículo, se prenda<br />

com a disponibilidade de um local para<br />

carregamento privado. Se utiliza o carro<br />

como ferramenta de trabalho, ou tem<br />

um carregador na garagem – e para isso<br />

tem de ter garagem – ou tem de ter um<br />

disponível no local de trabalho. Se tem<br />

uma função comercial, viajante, e só<br />

puder contar com a rede de carregadores<br />

pública para «atestar» o carro, então<br />

poderá ter uma enorme dor de cabeça.<br />

Outro motivo, normalmente associado<br />

à dificuldade da aquisição ou uso do<br />

automóvel 100% eléctrico, prende-se<br />

com a autonomia. Vendo bem, não será<br />

realmente um problema de autonomia,<br />

pois muitos dos carros de bateria elétrica<br />

(BEV), recarregáveis em tomada, até<br />

ANTÓNIO MACEDO<br />

CR&M Formação<br />

já possuem uma autonomia próxima ou<br />

até superior a alguns veículos com motor<br />

de combustão. Com cerca de 350 a<br />

550 quilómetros de autonomia, não será<br />

impedimento para nenhuma viagem.<br />

Para o condutor que usa o carro em<br />

movimentos pendulares até 150 kms<br />

por dia e tem forma de o carregar em<br />

casa, esta é a melhor solução, pois terá<br />

um custo de energia (com impostos)<br />

próximo de 1 euro aos 100kms e muito<br />

baixos custos de manutenção. Não<br />

muda de óleo nem filtros, e como terá<br />

uma condução mais suave pode reduzir<br />

o desgaste dos pneus e das pastilhas de<br />

travão, pois o carro regenera energia na<br />

O problema da «autonomia»<br />

normalmente resulta da<br />

indisponibilidade<br />

de postos de abastecimento<br />

aliadaa um tempo<br />

de carga elevado<br />

travagem. O problema da «autonomia»<br />

normalmente resulta da indisponibilidade<br />

de postos de abastecimento aliada a<br />

um tempo de carga elevado.<br />

Claro que para o «apaixonado» proprietário<br />

de um carro eléctrico, este não é um<br />

problema, pois já se encontra disponível<br />

uma rede de carregadores um pouco por<br />

todo o país e se as viagens forem planeadas<br />

para que as pausas de condução,<br />

ou para que as visitas comerciais ou as<br />

refeições coincidam com os momentos de<br />

carga, com paciência e alguma calma não<br />

há viagem que fique por fazer.<br />

Para outros o problema será não a falta<br />

de carregadores nem a autonomia dos<br />

veículos mas a disponibilização dos carregadores.<br />

Muitas vezes os carregadores<br />

públicos estão avariados, inoperacionais<br />

ou apenas ocupados com um carro que,<br />

depois de carregado, ficou estacionado<br />

no posto. Às vezes vemos que um<br />

carro, que nem sequer é eléctrico, está<br />

a ocupar o único lugar disponível no<br />

carregador, situação vulgar em parques<br />

de centros comerciais e nalguns locais<br />

nos centros urbanos.<br />

Mas se a sua paixão é o carro eléctrico<br />

e quer mesmo diminuir a sua pegada<br />

carbónica então tem duas opções de<br />

motorização que ajudam a poupar na<br />

energia fóssil e lhe retiram a «ansiedade<br />

da autonomia», o veículo híbrido<br />

(HEV) que combina um motor térmico<br />

com um motor eléctrico, reduzindo os<br />

consumos e aumentando a potência<br />

nos momentos de esforço, e o híbrido<br />

“plugin” (PHEV), ou seja, de “ligar à<br />

tomada”, que permite mesmo circu-<br />

DISPONIBILIDADE<br />

DE CARREGADORES<br />

Muitas vezes os carregadores<br />

públicos estão avariados,<br />

inoperacionais ou apenas<br />

ocupados com um carro que,<br />

depois de carregado, ficou<br />

estacionado no posto<br />

lar quase 50 quilómetros em modo<br />

100% eléctrico, nunca ficando parado<br />

por falta de electricidade pois possui<br />

motor térmico (ICE) que trabalha em<br />

conjunto ou independente, sempre<br />

que necessário, e com um depósito de<br />

combustível que leva poucos minutos<br />

a encher. Esta é a melhor solução para<br />

quem usa maioritariamente o veículo de<br />

forma pendular em trajectos até 50 km<br />

e que tenha de se deslocar com alguma<br />

frequência em viagens mais longas, sem<br />

garantia de ter postos de carregamento<br />

nos locais de destino.+<br />

Nota: este texto está escrito no português<br />

sem acordo ortográfico por opção do autor.<br />

62 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 63


GOVERNO APOIA<br />

PROJETOS DE PRODUÇÃO<br />

Duarte Cordeiro, ministro do<br />

Ambiente, disse acreditar que<br />

Portugal pode passar de importador<br />

a exportador de energia<br />

João Filipe Jesus,<br />

diretor executivo<br />

da Dourogás<br />

LISBON GREEN GAS SUMMIT<br />

Dourogás quer descarbonizar<br />

e diz ter os gases ideais<br />

As metas para a transição energética e descarbonização da economia estão<br />

definidas, já se preconiza uma antecipação da data para 2045, e o setor do gás<br />

afirma estar preparado para acompanhar tais objetivos, com a produção de gases<br />

renováveis como o biometano e o hidrogénio verde. O Governo acredita mesmo<br />

que poderemos passar de importadores a exportadores de energia.<br />

Discutir o futuro do setor<br />

do gás como abastecedor<br />

de energia verde (limpa)<br />

para o país, acompanhando<br />

o processo de descarbonização,<br />

refletir sobre as vantagens<br />

dos gases renováveis para cumprir<br />

Por Carlos Branco<br />

tal objetivo, como o biometano e o<br />

hidrogénio verde levaram a Dourogás<br />

e a Sonorgás a promover a cimeira dos<br />

gases verdes. Aconteceu em Lisboa, em<br />

maio, onde se lançou um alerta: nem<br />

tudo neste país é eletrificável; há que<br />

contar ainda com o gás, desde que seja<br />

“verde”. O Governo disse estar ao lado e<br />

a apoiar quem os irá produzir.<br />

“Uma grande fatia da produção de<br />

energia em Portugal ainda tem origem<br />

no petróleo e no gás natural [uma<br />

parte deste para produzir energia<br />

elétrica], mas como ponto de partida<br />

Duarte Cordeiro, ministro do<br />

Ambiente e da Ação Climática<br />

Queremos tirar<br />

partido do<br />

aproveitamento<br />

integral das<br />

abundantes biomassas<br />

que abrangem toda a<br />

cadeia de valor que<br />

potencia o biometano<br />

em Portugal<br />

é um grande desafio que temos pela<br />

frente para descarbonizarmos a nossa<br />

matriz energética”, disse Nuno Afonso<br />

Moreira, CEO da Dourogás e Sonorgás,<br />

na alocução de abertura do encontro,<br />

lançando um sucinto panorama da situação:<br />

“Quem mais consome essa energia<br />

são os transportes e a indústria e se em<br />

ambientes urbanos sabemos que o futuro<br />

passará pela eletrificação dos consumos,<br />

também sabemos que ainda há espaço<br />

para as redes de gás que substituam os<br />

combustíveis com origem fóssil.”<br />

O GOVERNO E AS MAIS-VALIAS<br />

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente<br />

e da Ação Climática, não poderia<br />

estar mais de acordo ao afirmar que<br />

“no nosso país nem tudo é eletrificável,<br />

pelo que podemos descarbonizar com<br />

uma estratégia de gases renováveis”, e<br />

justificou como fazê-lo: “Queremos tirar<br />

partido do aproveitamento integral das<br />

abundantes biomassas que abrangem<br />

toda a cadeia de valor que potencia o<br />

biometano em Portugal.”<br />

O governante alargou o leque de vantagens<br />

encontradas: “A produção e o<br />

consumo de biometano irá contribuir<br />

para o esforço de descarbonização e<br />

esta cadeia de valor do biometano permite,<br />

ainda, a obtenção de um coproduto<br />

que pode ser utilizado na agricultura<br />

como fertilizante, reforçando a<br />

capacidade orgânica dos solos e a sua<br />

capacidade de retenção de carbono,<br />

bem assim como o reforço da capacidade<br />

de retenção de água.”<br />

Havendo sintonia de ideias, o líder da<br />

Dourogás explicou que para a indústria<br />

e mobilidade, a eletricidade é usada<br />

para força motriz e iluminação, o gás<br />

natural para produzir calor. “É erra-<br />

64 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 65


EVENTOS<br />

Lisbon Green Gas Summit<br />

VISÕES ENVIESADAS<br />

E DISTORCIDAS<br />

Nuno Afonso Moreira,<br />

CEO da Dourogás<br />

do pensarmos que de um dia para o<br />

outro com a eletrificação do consumo<br />

seríamos capazes de descarbonizar toda<br />

a indústria. No setor da mobilidade,<br />

nomeadamente a ligeira, a eletrificação<br />

é uma medida muito positiva. Acreditamos<br />

que irá resolver a questão neste<br />

particular. Mas também é verdade<br />

que os consumos de eletricidade e de<br />

gás natural na mobilidade são muito<br />

semelhantes”, disse o líder da Dourogás,<br />

explicando de seguida o processo iniciado<br />

pelo grupo: “A Sonorgás iniciou há<br />

20 anos a deslocalização dos consumos<br />

de GPL para o gás natural a preparar o<br />

caminho para o que aí vem, para gaseificar,<br />

através dos gases renováveis. Nem<br />

todo o país vive o mesmo panorama,<br />

mas o ideal é que estivesse todo a remar<br />

para o mesmo lado. Há dez anos que já<br />

falamos do biometano. Já construímos<br />

dois projetos, em Mirandela e em Frielas,<br />

já fizemos o primeiro enchimento<br />

de veículos com biometano GNV.”<br />

MUITOS PROJETOS<br />

“E temos outros seis projetos em<br />

preparação para produzirmos uma<br />

quantidade significativa de biometano.<br />

Sendo o maior produtor de gás natural<br />

do país, abastecemos diariamente<br />

mais de mil viaturas pesadas. Não é um<br />

desejo, é uma obrigação, participarmos<br />

na descarbonização, através do biometano,<br />

mesmo que os nossos clientes<br />

ainda vivam na incerteza quanto à sua<br />

utilização. Mas é uma solução imediata.<br />

Também temos dez projetos para produzir<br />

hidrogéneo verde pelo país, para<br />

o podermos integrar na rede de gás,<br />

que será o melhor combustível para a<br />

indústria, aos preços mais baixos, ainda<br />

que a produção deste dependa muito<br />

do custo da eletricidade”, elencou Nuno<br />

Afonso Moreira.<br />

Que também disse ter sido desafiado<br />

pelo Governo a preparar um projeto<br />

para produção de metanol verde, em<br />

associação com outras empresas, projeto<br />

esse que foi aprovado. Será instalada<br />

em Mangualde uma fábrica de dimensões<br />

assinaláveis destinada a produzir<br />

E temos outros seis<br />

projetos em preparação<br />

para produzirmos uma<br />

quantidade significativa<br />

de biometano. Sendo<br />

o maior produtor de<br />

gás natural do país,<br />

abastecemos diariamente<br />

mais de mil viaturas<br />

pesadas<br />

hidrogénio e com o CO 2<br />

da chaminé da<br />

biomassa produzirá metanol. Este será<br />

transportado por ferrovia para o porto<br />

de Leixões e Aveiro. “Julgamos que o<br />

metanol será o combustível para o setor<br />

marítimo”, justificou o gestor, que anunciou<br />

uma novidade absoluta: a Dourogás<br />

já injetou, no final de março, na rede<br />

de gás da REN, 1 gWh de biometano,<br />

importado de Espanha, a que se seguirão<br />

outras adições de maior dimensão. “Até<br />

ao final do ano a nossa atividade será<br />

integralmente com biometano,” concluiu<br />

Nuno Afonso Moreira.<br />

O QUE É O BIOMETANO?<br />

Biometano é o nome dado a um combustível renovável derivado do biogás, constituído<br />

essencialmente por metano (85-95%), este obtido por remoção de dióxido de<br />

carbono e de impurezas (siloxanos, sulfureto de hidrogénio, entre outros), contidas<br />

no biogás. As suas caraterísticas são semelhantes às do gás natural, mas quando<br />

comparado com este reduz substancialmente as emissões CO 2<br />

e metano na atmosfera,<br />

apresentando-se como uma solução inteligente para o ambiente. O biogás é<br />

capturado pela decomposição de resíduos orgânicos, seja em aterros sanitários, das<br />

lamas das ETAR, ou mesmo pelo chorume produzido nas instalações agropecuárias.<br />

Já o hidrogénio verde é produzido por eletrólise da água usando energia de fontes<br />

renováveis e sem emissão de gases poluentes.<br />

DA IMPORTAÇÃO À EXPORTAÇÃO<br />

Ao dizer que o executivo que integra<br />

se associa à energia circular, o ministro<br />

sustenta que há financiamento do PRR<br />

(185 milhões de euros) para projetos<br />

de biometano, mas não esqueceu o<br />

dossier hidrogénio verde: “Já temos<br />

25 contratos assinados para a produção<br />

de hidrogénio verde e biometano,<br />

dotados com 100 milhões de euros de<br />

apoio, para produzir, até ao final de<br />

2025, 113 mWh de gases renováveis.<br />

Já determinámos a compra centralizada<br />

de hidrogénio e biometano, as<br />

suas quantidades e preços de injeção<br />

na rede, orientações importantes para<br />

a segurança dos investidores para que<br />

os projetos arranquem. A tal ponto de<br />

poder permitir a Portugal passar da<br />

condição de importador a exportador<br />

para o mercado europeu.”<br />

Com todos mais ou menos afinados<br />

pelo mesmo diapasão de ideias, pela<br />

Confederação da Indústria (CIP), Armindo<br />

Monteiro afiançou que “sem gás<br />

não teríamos o crescimento económico<br />

que temos tido em Portugal nos últimos<br />

tempos”, “da mesma forma que o<br />

mundo ainda não está preparado para<br />

a dispensa total de combustíveis, deixemo-nos<br />

de fantasias”. E se admitiu<br />

que “a transição energética é inevitável<br />

e desejável”, alertou que são dispensáveis<br />

os “estados de alma.”<br />

Luís Miguel Ribeiro, da AEP, pediu às<br />

empresas energéticas que produzam<br />

e distribuam essa energia a partir de<br />

fontes renováveis e a preços razoáveis.<br />

“É preciso andar rápido e a um custo<br />

economicamente aceitável”, sintetizou<br />

Alexandre Fernandes, presidente da<br />

ENSE. Já Luís Mira, secretário-geral da<br />

CAP, sublinhou que os agricultores estão<br />

interessados em utilizar os resíduos<br />

agrícolas para a produção de gases<br />

renováveis.+<br />

João Filipe Jesus, diretor executivo<br />

da Dourogás, comentou à eMOBI-<br />

LIDADE+ o teor das comunicações<br />

apresentadas, e não sem alguma ironia<br />

apreciou um fato ocorrido recentemente<br />

no terminal de gás natural do<br />

Porto de Sines, quando alguém decidiu<br />

bloquear a entrada e saída de cirternas<br />

naquela instalação:<br />

“Há um movimento que entende que<br />

devemos parar o consumo de gás. Mas<br />

admitamos o seguinte: essas pessoas<br />

podem ter ido a pé, ou de bicicleta,<br />

mas certamente gastaram energia.<br />

Admito, também, que essas pessoas<br />

tomaram banho de manhã e que depois<br />

tomaram um café, servido numa<br />

chávena de porcelana, que alguém<br />

produziu. De vez em quando temos<br />

uma visão muito enviesada e muito distorcida<br />

da realidade em que vivemos.<br />

Ora, nesta realidade, temos que ser<br />

plurais do ponto de vista tecnológico,<br />

agnósticos na arbitragens das tecnologias,<br />

não podemos ter a veleidade de<br />

dizer que tudo é eletrificável como o<br />

único caminho para a descarbonização.<br />

Não é plausível, pois no fim do dia<br />

são as famílias que pagam a transição<br />

energética.”<br />

A respeito da utilização do gás por<br />

veículos automóveis, João Filipe Jesus<br />

explicou que o gás natural representa<br />

atualmente 4% da mobilidade em<br />

Portugal, e que este valor já assegura<br />

menos 10 mil toneladas de CO 2<br />

/ano<br />

quando comparado com os combustíveis<br />

tradicionais. “Já estamos a dar<br />

essa contribuição e se queremos acelerar<br />

a penetração dos gases renováveis<br />

na mobilidade não podemos fechar<br />

essa porta de entrada, que é através<br />

do gás natural”, disse o diretor da<br />

Dourogás.<br />

No que se refere ao carregamento de<br />

veículos com biometano, João Filipe<br />

Jesus explicou que a sua potência<br />

energética é similar à do gás natural:<br />

“Estamos a falar de introduzir biometano<br />

no mix do GNV, nas formas gasosa<br />

ou liquefeita, para poder alimentar os<br />

transportes de grande curso. Nenhum<br />

operador destes transportes deverá<br />

recear a utilização deste gás limpo. É<br />

possível fazer quilómetros ‘verdes’ com<br />

motor de combustão interna, desde<br />

que seja de ciclo Otto e não ciclo<br />

diesel, adaptado a uma tecnologia que<br />

é a do petróleo.”<br />

66 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 67


MOBILIDADE INTEGRADA<br />

Colectiva, activa,<br />

partilhada,<br />

zero emissões<br />

Numa época em que as cidades e áreas metropolitanas continuam a crescer exponencialmente<br />

e em que tanto se fala da necessidade de reduzir o uso do automóvel individual, mas em que<br />

este continua a aumentar, esse objectivo apenas será alcançável com soluções à medida do<br />

cidadão e da sua necessidade pontual. Integradas, coordenadas, cómodas.<br />

Congestionamento de<br />

trânsito, poluição do ar,<br />

acessibilidade limitada e<br />

uso ineficiente de recursos<br />

são alguns dos problemas<br />

que afectam os actuais modelos de<br />

transporte. E a falta de soluções que<br />

compitam com o conforto e a liberdade<br />

proporcionados pelo automóvel<br />

apenas prolonga e agrava esta situação.<br />

O conceito de mobilidade integrada<br />

passa por criar um sistema de transporte<br />

contínuo e interconectado que<br />

combine vários modos de transporte.<br />

Ao integrar serviços de transporte<br />

público e colectivo, vias seguras para<br />

caminhada, bicicletas e outros veículos<br />

suaves e a partilha de viagens e de<br />

veículos, passar-se-á a fornecer opções<br />

de mobilidade eficientes, sustentáveis e<br />

convenientes para todos. À medida.<br />

MULTIMODAL, TECNOLÓGICO,<br />

PLANEADO<br />

No essencial, a mobilidade integrada é construída sobre<br />

três vectores principais: o transporte multimodal, as tecnologias<br />

de informação e comunicação, e a infraestrutu-<br />

ANTÓNIO GONÇALVES PEREIRA<br />

Presidente do Ecomood Portugal,<br />

Associação para a Promoção<br />

Solidária da Sustentabilidade na<br />

Mobilidade Humana; Embaixador<br />

do Pacto Climático Europeu<br />

Ao fornecer alternativas práticas e<br />

cómodas ao uso do carro particular e ao<br />

optimizar os fluxos de transporte, uma<br />

mobilidade mais integrada reduzirá o<br />

número de veículos nas estradas, levando<br />

à diminuição do congestionamento e a<br />

operações de trânsito mais suaves<br />

ra e o planeamento urbano. Vejamos<br />

cada uma delas mais em detalhe:<br />

Transporte multimodal – refere-se<br />

à integração de diferentes modos de<br />

transporte de forma coesa e racional.<br />

Isso implica criar redes que permitam<br />

aos passageiros fazerem uma transição<br />

confortável entre transportes públicos<br />

rodoviários e ferroviários, bicicletas<br />

ou outros modos suaves e trajectos<br />

pedonais. Ao oferecer uma panóplia<br />

de opções, a mobilidade integrada<br />

capacita o indivíduo para escolher o<br />

modo de transporte mais eficiente e<br />

conveniente para as suas necessidades<br />

específicas, reduzindo a dependência<br />

do automóvel particular e atenuando o<br />

congestionamento do trânsito.<br />

Tecnologias de informação e<br />

comunicação – desempenham um<br />

papel crucial no sucesso da integração.<br />

Aproveitando dados, sensores e<br />

conectividade, informações em tempo<br />

real podem ser fornecidas não somente aos operadores mas,<br />

sobretudo, aos viajantes, permitindo-lhes tomar decisões<br />

informadas sobre as suas deslocações. Os aplicativos móveis<br />

podem oferecer planeamento de viagens multimodais, plataformas<br />

de boleias, atualizações de trânsito em tempo real e,<br />

até, sistemas de emissão de bilhetes integrados. A tecnologia<br />

permitirá também a optimização de rotas e a gestão adaptativa<br />

dos fluxos de trânsito.<br />

Infraestrutura e planeamento urbano – são os principais<br />

facilitadores. A construção de ciclovias exclusivas, de ruas<br />

para pedestres e de centros intermodais (hubs), incentivará o<br />

uso de meios de transporte activos, não motorizados ou suaves.<br />

Soluções tão simples como estacionamento seguro para<br />

bicicletas junto às estações de comboio ou aos terminais de<br />

transporte rodoviário são de grande importância. A infraestrutura<br />

inteligente, como semáforos conectados e sistemas de<br />

gestão de estacionamento, pode optimizar também os fluxos<br />

de trânsito e melhorar a eficiência geral do transporte. A<br />

integração da infraestrutura de transporte com o planeamento<br />

urbano garante que as cidades sejam projetadas com o objetivo<br />

de fornecer opções de transporte convenientes e acessíveis<br />

para todos os residentes. E aqui entra também a essencial<br />

coordenação entre operadores e entre decisores, tanto centrais<br />

como, sobretudo, municipais. Uma área metropolitana tem<br />

de ser encarada como um grande todo e não como um mero<br />

conjunto de municípios vizinhos.<br />

VANTAGENS HUMANAS, AMBIENTAIS E ECONÓMICAS<br />

Ao fornecer alternativas práticas e cómodas ao uso do carro<br />

particular e ao optimizar os fluxos de transporte, uma mobilidade<br />

mais integrada reduzirá o número de veículos nas estradas,<br />

levando à diminuição do congestionamento e a operações<br />

de trânsito mais suaves. Isso não apenas economiza tempo aos<br />

passageiros, como também reduz as emissões de gases de efeito<br />

estufa, promovendo uma maior sustentabilidade ambiental.<br />

Além disso, a mobilidade integrada melhora a acessibilidade,<br />

garantindo que as opções de transporte estejam disponíveis<br />

para todos os indivíduos, independentemente das<br />

suas limitações de mobilidade e também, em certa medida,<br />

da sua condição económica, tornando o transporte mais<br />

inclusivo e equitativo.<br />

Do ponto de vista económico, aliás, a mobilidade integrada<br />

68 e-MOBILIDADE + e-MOBILIDADE + 69


MOBILIDADE<br />

Opinião António Gonçalves Pereira<br />

pode levar a uma considerável economia de custos, tanto para<br />

os indivíduos, como para a sociedade. Ao maximizar a utilização<br />

das infraestruturas existentes, reduz-se a necessidade de<br />

possuir um automóvel individual e as despesas associadas à<br />

manutenção do carro, combustíveis e taxas de estacionamento.<br />

E reduzir-se-á também a gigantesca pegada da produção<br />

de veículos.<br />

O advento dos veículos autónomos apresenta também novas<br />

possibilidades para integrar carros e autocarros autónomos<br />

nas redes de transporte multimodais. A mobilidade elétrica<br />

está em ascensão, e a integração de veículos elétricos e o<br />

desenvolvimento da infraestrutura de carregamento desempenharão<br />

um papel significativo no transporte sustentável.<br />

NÃO É PROPRIAMENTE<br />

UMA NOVIDADE<br />

Estes princípios estão já a ser postos em prática em várias cidades<br />

um pouco por todo o mundo. Em quase todos os casos<br />

começaram por sofrer alguma resistência, mas apresentam já<br />

excelentes resultados. A aplicação em Singapura do conceito<br />

“Mobility-as-a-Service (MaaS)” integra o transporte público,<br />

boleias e plataformas de partilha de bicicletas, permitindo que<br />

os passageiros planeiem e paguem as suas viagens de forma<br />

prática e descomplicada. O “Whim App” já implementado em<br />

cidades como Helsínquia fornece uma plataforma abrangente<br />

para os utentes planearem, reservarem e pagarem por vários<br />

meios de transporte<br />

num único aplicativo.<br />

O ‘bilhete único<br />

nacional’ a 49 Euros<br />

recentemente apresentado<br />

na Alemanha<br />

teve uma adesão<br />

imediata de mais de<br />

10 milhões de utentes<br />

e representou desde<br />

logo consideráveis<br />

INTEGRAÇÃO<br />

O advento dos veículos<br />

autónomos apresenta também<br />

novas possibilidades para<br />

integrar carros e autocarros<br />

autónomos nas redes de<br />

transporte multimodais<br />

poupanças nas emissões e nos congestionamentos. As muitas<br />

‘ilhas’ de 20km/h, e agora também de 10, já existentes ou em<br />

fase de concretização em Barcelona são outro bom exemplo,<br />

com excelentes resultados. E Amsterdão é sobejamente<br />

conhecida pela sua infraestrutura ciclável, perfeitamente integrada<br />

com o transporte colectivo, tornando-se um ex-libris de<br />

mobilidade integrada.<br />

OS DESAFIOS<br />

Embora o potencial da integração na mobilidade seja vasto,<br />

há dificuldades e desafios a serem superados. Como, por<br />

exemplo, a integração tecnológica entre diferentes modos<br />

e sistemas de transporte, por forma a serem capazes de se<br />

comunicarem e compartilharem dados de forma eficaz. E a<br />

coordenação entre decisores e entre operadores. A colaboração<br />

entre as partes interessadas públicas e privadas é vital.<br />

Mas a percepção e a vontade do público é, sem dúvida, o<br />

maior desafio. Implementar mudanças de mentalidades e,<br />

sobretudo, de comportamentos requer educação, campanhas<br />

de consciencialização e acções de demonstração prática dos<br />

benefícios da mobilidade integrada. Ou seja, requer algo que<br />

muito temos desperdiçado: tempo.<br />

Aceleremos, portanto, na integração e na sensibilização. No<br />

que cada um de nós pode fazer melhor, enquanto indivíduo e<br />

enquanto parte integrada no seu meio envolvente e na sociedade.<br />

Só assim se conseguirá atingir um verdadeiro ecossistema<br />

de transporte integrado. Prático, cómodo, sustentável,<br />

saudável e equitativo. Ou seja, racional e feliz.+<br />

Nota: este texto está escrito no português de Portugal que decidi<br />

adoptar, sem a maior parte do (des)acordo ortográfico.<br />

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