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Revista eMOBILIDADE+ #02

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

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Mobilidade<br />

www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />

e- +<br />

N.º2<br />

maio/junho | 2023<br />

Bimestral | Continente<br />

Diretora: Cátia Mogo<br />

ENTREVISTA<br />

VÍTOR DOMINGUES<br />

DOS SANTOS<br />

“O investimento em transportes<br />

públicos é deficitário em relação<br />

às reais necessidades da AML”<br />

OPINIÃO<br />

VÍTOR CALDEIRINHA<br />

Práticas sustentáveis comuns<br />

nas cadeias logísticas verdes<br />

de base marítima<br />

FORD REVELA t<br />

E-TRANSIT COURIER<br />

Furgão compacto<br />

100% elétrico<br />

FÓRUM MOBILIDADE<br />

E TRANSPORTES<br />

Reportagem completa sobre o evento<br />

organizado pela eMobilidade+<br />

(ver pág. 30)<br />

t<br />

Cibersegurança<br />

Estratégia de cibersegurança.<br />

Eficaz num setor ferroviário<br />

cada vez mais digitalizado<br />

Barómetro Transportes<br />

Estudo com o objetivo de avaliar<br />

o sentimento do setor junto dos<br />

seus intervenientes ativos<br />

Consultório de Segurança<br />

Como contrariar o aumento<br />

dos combustíveis na frota.<br />

Atenção ao comportamento<br />

e-MOBILIDADE 1


2 e-MOBILIDADE


e- Mobilidade +<br />

<strong>Revista</strong> nº2 | maio/junho 2023<br />

EDIÇÃO BIMESTRAL<br />

Email: emobilidademais@invesporte.pt<br />

EDITORIAL<br />

DIRETORA<br />

Cátia Mogo<br />

EDITOR<br />

Eduardo de Carvalho<br />

REDAÇÃO<br />

Ana Filipe<br />

Márcia Dores<br />

Carlos Branco<br />

DIREÇÃO DE COMUNICAÇÃO<br />

E MARKETING<br />

Nuno Francisco<br />

PUBLICIDADE<br />

José Afra Rosa<br />

Margarida Nascimento<br />

Rui Garrett<br />

ASSINATURAS<br />

Fernanda Teixeira<br />

COLABORADORES<br />

António Macedo; Filipe Carvalho<br />

e Frederico Gomes<br />

DESIGN GRÁFICO / PAGINAÇÃO<br />

Isabel Colaço<br />

No rescaldo do “Fórum de Mobilidade e Transportes”,<br />

tenho de começar por agradecer a presença e interesse<br />

dos quase 300 participantes no evento organizado<br />

pela EUROTRANSPORTE em parceria com a eMOBI-<br />

LIDADE+, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.<br />

Ao longo de dois dias, dezenas de oradores subiram ao palco para<br />

debater os temas quentes relacionados com a mobilidade atual, quer<br />

seja no modo ferroviário, rodoviário, aéreo ou marítimo-portuário, ou<br />

os desafios da mobilidade urbana. Foi uma oportunidade única para<br />

assistir a importantes conversas e discussões, com diferentes pontos<br />

de vista, muito enriquecedores para todos os intervenientes, dos mais<br />

variados setores.<br />

Nesta segunda edição da <strong>eMOBILIDADE+</strong>, não perca a reportagem<br />

completa sobre todo o evento na página 30. +<br />

IMAGENS<br />

Pixabay.com | Freepik.com | Canvas<br />

EDITORA INVESPORTE,<br />

EDITORA DE PUBLICAÇÕES<br />

Edição, Redação e Administração<br />

R. António Albino Machado, 35G<br />

1600-259 Lisboa<br />

Telefone: 215914293<br />

Email: eurotransporte@invesporte.pt<br />

Site: www.eurotransporte.pt<br />

PROPRIEDADE<br />

Eduardo de Carvalho<br />

REGISTO ERC: Nº 127896<br />

ESTATUTO EDITORIAL:<br />

https://www.eurotransporte.pt/noticia/38/5193/<br />

estatuto-editorial-e-lei-da-transparencia/<br />

www.emobilidademais.pt<br />

www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />

e-MOBILIDADE 3


t t<br />

SUMARIO<br />

MAIO/JUNHO 2023<br />

REVISTA Nº 2<br />

44<br />

18 FORD E-TRANSIT<br />

A <strong>eMOBILIDADE+</strong> conduziu a nova<br />

e-Transit, o modelo elétrico do<br />

veículo comercial de maiores<br />

dimensões da Ford, que traz<br />

às costas o legado da «irmã» a<br />

gasóleo - o furgão de carga mais<br />

vendido no mundo.<br />

22 BARÓMETRO TRANSPORTES<br />

A Grounded e o IPAM desenvolveram<br />

em conjunto com a<br />

EUROTRANSPORTE, a revista de<br />

referência em Portugal no setor<br />

dos transportes, e com o suporte<br />

da ANTRAM, um barómetro para<br />

o setor de transportes, mais<br />

especificamente o do transporte<br />

rodoviário de mercadorias.<br />

30 FÓRUM MOBILIDADE<br />

E TRANSPORTES<br />

A EUROTRANSPORTE e a eMOBILI-<br />

DADE+, com o apoio da Área<br />

Metropolitana de Lisboa (AML) e<br />

da ANTROP (Associação Nacional<br />

de Transportadores Rodoviários<br />

58<br />

10<br />

58 ENTREVISTA: VÍTOR DOMINGUES<br />

DOS SANTOS<br />

Vítor Domingues dos Santos está no<br />

terceiro mandato como presidente<br />

do Conselho de Administração do<br />

Metro de Lisboa e tem vindo a trabat<br />

de Pesados de Passageiros), organizou<br />

o Fórum “Mobilidade e Transportes”,<br />

que encheu, nos dias 4 e 5 de<br />

abril, o auditório na Gare Marítima<br />

de Alcântara.<br />

52 CIBERSEGURANÇA: A OUTRA<br />

FACE DA DIGITALIZAÇÃO<br />

Para gerir um sistema de mobilidade<br />

seguro e sustentável nos dias<br />

de hoje, é essencial possuir uma<br />

estratégia de cibersegurança eficaz,<br />

num setor ferroviário cada vez mais<br />

digitalizado.<br />

68<br />

lhar no sentido de expandir e modernizar<br />

a rede que comemora 75 anos<br />

de existência. O responsável falou<br />

ao <strong>eMOBILIDADE+</strong> sobre os desafios<br />

dos últimos anos, as obras que estão<br />

a decorrer e ainda sobre os projetos<br />

que irão materializar em breve.<br />

76 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS COMUNS<br />

NAS CADEIAS LOGÍSTICAS VERDES DE<br />

BASE MARÍTIMA<br />

É muito importante compreender<br />

o impacto ambiental do setor de<br />

transportes, com foco no transporte<br />

marítimo que ainda utiliza combustíveis<br />

fósseis emissores de dióxido<br />

de carbono, apesar das políticas<br />

adotadas pelos Estados e da inovação<br />

tecnológica.<br />

4 e-MOBILIDADE<br />

+<br />

16<br />

t<br />

VER REVISTA DIGITAL<br />

GRATUITA Nº.1


WWW.EUROTRANSPORT.PT<br />

e-MOBILIDADE 5


Via Rápida<br />

t<br />

CP regista lucro pela primeira vez na história<br />

A CP – Comboios de Portugal alcançou, em 2022, um marco histórico ao<br />

obter, pela primeira vez, um resultado líquido positivo de 8 milhões de euros.<br />

A empresa registou mais de 148 milhões de passageiros transportados no<br />

mesmo ano, sendo este o maior número de passageiros dos últimos 20 anos.<br />

O inédito resultado líquido positivo de 8 milhões de euros, simboliza um<br />

avanço de 22 milhões de euros em comparação com 2021 e regista-se num<br />

contexto de aumento expressivo dos custos com energia para a tração dos<br />

comboios. Estes gastos aumentaram mais de 28,5 milhões de euros em<br />

apenas um ano.<br />

A melhoria da pontualidade e a diminuição do número de supressões são<br />

fruto da estratégia de recuperação de material circulante, uma abordagem<br />

que proporciona benefícios significativos: como a reutilização de material<br />

previamente abandonado, que se encontra em excelente estado, otimizando<br />

recursos e aumentando a eficiência da CP. A importância da recuperação<br />

de material circulante não pode ser subestimada, pois permitiu ainda à CP<br />

devolver algumas das automotoras da série 592 a Espanha. Esta foi uma<br />

ação estratégica que resultou numa poupança de vários milhões de euros,<br />

demonstrando o compromisso da empresa em otimizar recursos e melhorar<br />

a eficiência financeira.<br />

t<br />

Mobilidade suave<br />

com bicicletas ou<br />

trotinetes cada vez<br />

com mais adesão<br />

O carro continua a ser um dos<br />

principais meios de transporte<br />

para as deslocações dos<br />

portugueses, porém existem<br />

outros modos de mobilidade<br />

a ganhar terreno no nosso<br />

país. 48% dos portugueses<br />

complementam a utilização<br />

do automóvel com modos<br />

de mobilidade suave, como<br />

trotinete ou bicicleta, mas<br />

também transportes públicos.<br />

De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, os<br />

condutores portugueses percorrem 13.250 quilómetros de<br />

carro por ano – um valor próximo da média dos 18 países<br />

estudados (13.600km) –, sendo que 93% utiliza-o para deslocações<br />

pessoais, como para lazer ou fazer compras, mais de três<br />

quartos em deslocações diárias para a atividade profissional<br />

e igual proporção para viajar ao fim de semana ou em férias.<br />

Apesar de o automóvel se manter no centro das deslocações<br />

dos portugueses, a verdade é que 38% dos portugueses inquiridos<br />

pelo Observador Cetelem Automóvel 2023 revelam estar<br />

a utilizar este modo de transporte com menos frequência do<br />

que no passado. Este facto poderá estar relacionado com o aumento<br />

dos custos de utilização dos automóveis, em especial os<br />

ocorridos no último ano devido à inflação. 52% dos condutores<br />

portugueses consideram que o custo de utilização dos veículos<br />

é elevado e muitos começaram a abdicar da sua utilização.<br />

t<br />

Metro de Lisboa assinou contrato relativo<br />

ao lote 4 da linha circular<br />

O Metropolitano de Lisboa procedeu, a 13 de abril, à assinatura<br />

do Contrato da “Empreitada de conceção e construção dos<br />

acabamentos e sistemas no âmbito da concretização do Plano de<br />

Expansão - Prolongamento das linhas Amarela e Verde, extensão<br />

Rato/Cais do Sodré - do Metropolitano de Lisboa (Lote 4)”, numa<br />

sessão presidida pelo Secretário de Estado da Mobilidade Urbana,<br />

Jorge Delgado. O contrato é celebrado com a Zagope, Comsa,<br />

ACE, Agrupamento complementar de Empresas, pelo valor de<br />

€69.933.000,00 (sessenta e nove milhões novecentos e trinta e três<br />

mil euros), acrescido de IVA. No âmbito deste contrato encontram-se<br />

compreendidos trabalhos de acabamentos, incluindo<br />

alvenarias, revestimentos, serralharias, mobiliário, sinalética, redes<br />

hidráulicas, elétricas, de telecomunicações e de supervisão das<br />

instalações técnicas, redes de dados e de segurança, bem como os<br />

trabalhos de via-férrea, sistemas de bilhética, entre outros. Prevista<br />

inaugurar em 2024, a linha Circular contará com mais 2 km de rede<br />

e 2 novas estações: Estrela e Santos.<br />

6 e-MOBILIDADE<br />

+


t<br />

AutoSueco entrega primeiro ISUZU<br />

NOVOCITI VOLT à Guimabus<br />

A Auto Sueco Portugal, empresa do Grupo Nors, representante<br />

oficial da Isuzu Buses em Portugal, entregou o primeiro autocarro<br />

100% elétrico Isuzu Novociti VOLT ao cliente Guimabus.<br />

Com zero emissões, este autocarro representa um importante<br />

passo para a sustentabilidade e mobilidade urbana em Portugal.<br />

Com possibilidade para transportar até 44 passageiros, o<br />

Isuzu Novociti VOLT é alimentado por um sistema de baterias<br />

de LFP (Lítio, Ferro e Fosfato) com 268 kWh de capacidade,<br />

que o torna numa opção totalmente elétrica e amiga do<br />

ambiente, permitindo atingir valores de autonomia que, em<br />

condições ideais, podem chegar aos 350 km. Equipado com<br />

um motor elétrico TM4 SUMO MD, confere ao autocarro uma<br />

potência de 270 kW em conjunto com um binário máximo de<br />

2500 Nm, tornando o VOLT num veículo muito eficiente, em<br />

comparação com outras soluções elétricas atualmente disponíveis<br />

no mercado. Além disso, o autocarro apresenta um design<br />

moderno e aerodinâmico, com características que visam melhorar<br />

a segurança e a experiência dos seus passageiros.<br />

Stellantis atribui produção de furgões<br />

elétricos a Mangualde<br />

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, anunciou a entrada do<br />

Centro de Produção Stellantis de Mangualde numa nova<br />

era com a produção dos modelos Citroën ë-Berlingo,<br />

Peugeot e-Partner, Opel Combo-e e Fiat e-Doblò, nas<br />

versões de comerciais ligeiros e de passageiros, no início<br />

de 2025. Mangualde será, assim, a primeira unidade industrial<br />

portuguesa a produzir carros totalmente elétricos<br />

a bateria em grande série, para os mercados doméstico e<br />

de exportação, desde o lançamento.<br />

O anúncio foi feito durante a visita do Presidente da<br />

República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, do<br />

primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Economia<br />

e do Mar, António Costa Silva, à Fábrica Stellantis<br />

de Mangualde, no âmbito da iniciativa do Governo “PRR<br />

(Plano de Recuperação e Resiliência) em Movimento”.<br />

t<br />

t<br />

IVECO BUS vence concurso na Chéquia para 140 autocarros híbridos<br />

A Empresa de Transportes Públicos de Praga (DPP) e a IVECO BUS assinaram um contrato-quadro para o fornecimento de um máximo de 140 veículos<br />

Urbanway Hybrid de 18 metros, ao longo de um período de 5 anos. A DPP escolheu o autocarro Urbanway Hybrid articulado para a renovação da sua frota,<br />

no âmbito do Plano Climático 2030 projetado para Praga, capital da Chéquia. O plano exige que 75% dos autocarros da DPP sejam veículos completamente<br />

isentos de emissões ou com baixas emissões.<br />

e-MOBILIDADE + 7


Airbus GBS inaugura novas instalações em Lisboa<br />

As novas instalações da<br />

Airbus GBS - Global Business<br />

Services, no Parque das<br />

Nações, foram inauguradas<br />

no Parque das Nações. Este<br />

novo centro acolherá até ao<br />

final do ano cerca de 900 colaboradores,<br />

um objetivo de<br />

recrutamento previsto para<br />

2025. O crescimento mais<br />

rápido do que o planeado<br />

para este projeto, devido<br />

sobretudo à elevada adesão<br />

dos talentos portugueses,<br />

levou ainda a que a Airbus<br />

tivesse aberto um escritório-satélite em Coimbra, que iniciou funcionamento um mês antes com<br />

os primeiros colaboradores.<br />

One encomenda dez<br />

novos navios<br />

A Ocean Network Express (ONE)<br />

encomendou dez novos porta-<br />

-contentores, de grandes dimensões,<br />

com capacidade de carga<br />

superior a 13.700 TEU, a serem<br />

entregues em 2025 e 2026. A nova<br />

encomenda está de acordo com<br />

a estratégia de médio prazo da<br />

empresa, anunciada em março de<br />

2022, e segue-se aos dez navios<br />

contratados em maio.<br />

Ao assegurar uma implantação estável de novos navios porta-contentores sem restrições devido a<br />

flutuações de curto prazo no mercado do setor, a empresa visa reforçar a competitividade da sua<br />

frota e satisfazer a procura dos clientes, mantendo uma cadeia de abastecimento eficiente e fiável.<br />

Os dez novos porta-contentores estão prontos para operar a metanol e amoníaco. Encontram-se<br />

equipados com «escudos» frontais e outras tecnologias de poupança de energia. A ONE também<br />

iniciou discussões com o estaleiro naval e fabricantes de equipamento para implementar a captura<br />

e armazenamento de carbono a bordo no momento da entrega.<br />

A equipa da Airbus em Portugal integra atualmente mais de 500 trabalhadores de 36 nacionalidades<br />

diferentes, que dão suporte a 16 funções diferentes nas operações globais Airbus, apoiando<br />

as suas divisões Airbus Commercial Aircraft, Airbus Helicopters e Airbus Defence & Space. Além<br />

deste centro de serviços partilhados, a Airbus em Portugal tem ainda mais de 100 colaboradores<br />

na Airbus Atlantic, a unidade industrial inaugurada em Santo Tirso, em setembro de 2022.<br />

Website do observatório da<br />

mobilidade e dos transportes<br />

disponível<br />

Desde 1 de maio, o Observatório da<br />

Mobilidade e dos Transportes da AMT está<br />

disponível ao público para consulta dos dados<br />

referentes aos mercados da mobilidade<br />

e dos transportes, que agregam uma parcela<br />

significativa da informação disponível.<br />

Os dados podem ser consultados no endereço<br />

https://observatorio.amt-autoridade.pt.<br />

Com o website, a AMT dá mais um passo na<br />

promoção da literacia sobre a mobilidade e<br />

os transportes. Os dados agora tornados públicos<br />

permitem, de forma mais imediata e<br />

sistemática, que o cidadão obtenha informação<br />

sobre o funcionamento dos mercados e<br />

sobre a atividade das entidades reguladas.<br />

Permitem ainda suportar o desenvolvimento<br />

de políticas públicas e de análises académicas<br />

sobre os impactos destes mercados.<br />

8 e-MOBILIDADE<br />

t<br />

Medway atribui Certificados de Transporte<br />

Sustentável<br />

Como documentos indicadores da quantidade de emissões de CO 2<br />

evitadas em 2002, os certificados foram atribuídos a 38 clientes. O<br />

evento de entrega dos certificados decorreu em Lisboa, com a presença<br />

de muitos clientes e parceiros da Medway. O objetivo da iniciativa é<br />

demonstrar a redução da emissão de gases de efeito de estufa para<br />

atmosfera, que é possível com o transporte de mercadorias, promovendo<br />

em paralelo uma reflexão sobre a emergência de uma mobilidade e<br />

um futuro mais sustentáveis. Os 38 Certificados de Transporte Sustentável<br />

aos clientes traduzem-se, no total, no evitar da emissão de 102.194<br />

toneladas de CO 2 para a atmosfera, comparativamente ao que seria<br />

emitido se tivessem transportado as suas mercadorias pela rodovia.


Grupo ETE apresenta marca<br />

de contentores inteligentes Aeler<br />

A nova geração de contentores inteligentes da AELER foi apresentada no Porto,<br />

no Armazém do Grupo ETE, na Plataforma Logística do Porto de Leixões. Em<br />

relação ao contentor tradicional, no transporte de carga líquida a granel, este<br />

contentor - sem abaulamento e graças a uma maior resistência proporcionada<br />

pelo material de que é composto - oferece mais 17% de carga útil, tornando<br />

possível carregar flexitanks com 28 t (toneladas) em vez de 24 t (toneladas) dada<br />

a sua ergonomia e pontos de amarração (rings) embutidos. No transporte de<br />

bens sensíveis, este novo contentor permite, graças à sua tecnologia, uma redução<br />

drástica das variações de temperatura graças ao seu isolamento estrutural,<br />

traduzindo-se numa vantagem competitiva face à redução significativa de tempo<br />

e custo de montagem, sendo uma alternativa viável para casos específicos<br />

de utilização de contentores frigoríficos. Já no transporte de bens de alto valor:<br />

o ênfase na inovação aliada à segurança permite que, através de uma Torre de<br />

Controlo seja possível monitorizar onde e “como” o contentor e a sua carga<br />

estão em permanência assim como detetar aberturas de portas e impactos.<br />

t<br />

t<br />

PSA Sines acolhe o maior porta-contentores em Portugal<br />

O navio de contentores liberiano MSC TESSA estabeleceu recentemente um recorde histórico ao fazer<br />

escala no Porto de Sines, em Portugal, durante a sua viagem inaugural. O terceiro maior navio do mundo,<br />

com uma capacidade de carga de 24,116 TEU (Twenty-foot Equivalent Units), é o maior navio de contentores<br />

a atracar num porto português até à data. A chegada do MSC Tessa permite à PSA Sines demonstrar<br />

a sua extensa capacidade operacional na gestão de carga e descarga de contentores. Concluído em 2023,<br />

o MSC Tessa é um navio porta-contentores de última geração que pertence à empresa global de transporte<br />

marítimo de contentores Mediterranean Shipping Company (MSC). O navio partiu do porto chinês<br />

de Ningbo e fez a primeira escala europeia na sua viagem inaugural em Sines e irá operar como parte do<br />

serviço 2M LION que liga o Extremo Oriente aos portos da Europa Ocidental.<br />

Em Sines, o MSC Tessa irá movimentar cerca de 4.500 contentores.<br />

APL e Repsol promovem<br />

descarbonização<br />

A Administração do Porto de Lisboa e<br />

a Repsol, através de um protocolo de<br />

colaboração técnica, iniciaram um projeto<br />

piloto de abastecimento marítimo<br />

da frota de pilotagem da APL com<br />

um novo produto com incorporação<br />

de 20% de biocombustível -MarPro<br />

e+ B20. O primeiro abastecimento<br />

ocorreu na instalação da Repsol no<br />

Terminal de Líquidos da Banática,<br />

tendo este combustível sido aprovado<br />

pelo construtor dos motores das<br />

embarcações da APL. Esta parceria-piloto<br />

terá a duração de 6 meses e está<br />

integrada num conjunto de iniciativas<br />

que integram o plano de ação para a<br />

transição energética e descarbonização<br />

da atividade do Porto de Lisboa.<br />

Para o Presidente do Conselho de<br />

Administração da APL, Carlos Correia,<br />

“este é mais um importante passo na<br />

concretização da estratégia de descarbonização<br />

do Porto de Lisboa, sendo<br />

estes projetos-piloto bem-vindos, pelo<br />

efeito multiplicador que podem gerar<br />

na atividade portuária”.<br />

Porto de Lisboa retoma aposta numa<br />

das principais feiras de logística<br />

O Porto de Lisboa marca presença na edição de 2023<br />

da Transport Logistic, uma das principais feiras mundiais<br />

dedicadas ao setor da logística e das cadeias de abastecimento.<br />

O certame decorre em Munique, na Alemanha, e é<br />

também uma referência para outros setores como a<br />

mobilidade e as tecnologias de informação. A participação<br />

do Porto de Lisboa está inserida na missão comercial<br />

da APP – Associação de Portos de Portugal, sob a marca Portugal Ports, que também inclui as<br />

representações dos portos de Leixões, Aveiro, Setúbal e Sines. É a segunda vez que Portugal<br />

marca presença na Transport Logistic com o intuito de projetar o país, os seus portos e cidades<br />

nas rotas internacionais.<br />

t<br />

e-MOBILIDADE + 9


GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />

Ford revela E-Transit Courier<br />

E-Transit Courier<br />

Ford revela<br />

O furgão compacto E-Transit Courier 100%<br />

elétrica reforça a gama elétrica da Ford Pro<br />

e apoia o plano global da Ford para a massificação<br />

dos veículos elétricos.<br />

Por Cátia Mogo<br />

10 e-MOBILIDADE<br />

+


e-MOBILIDADE 11


GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />

Ford revela E-Transit Courier<br />

12 e-MOBILIDADE<br />

+


SISTEMA<br />

O sistema Plug and Charge<br />

permite aos proprietários da<br />

E-Transit Courier simplesmente<br />

ligar o veículo à ficha sem fazer<br />

mais nada quando utilizam<br />

carregadores compatíveis<br />

com a Blue Oval Charge<br />

Network<br />

Criada com o objetivo de aumentar ainda mais a<br />

produtividade dos clientes, a E- Transit Courier foi<br />

redesenhada em torno de uma área de carga maior<br />

e mais flexível, que proporciona 25% mais volume<br />

de carga do que o modelo anterior, além de uma<br />

capacidade melhorada que inclui maior carga útil e espaço para<br />

duas europaletes. Além disso, o novo furgão E-Transit Courier<br />

está totalmente integrado com a plataforma de software e serviços<br />

conectados da Ford Pro para impulsionar, ainda mais, uma operação<br />

eficiente, incluindo soluções de carregamento de ponta a<br />

ponta e ferramentas de gestão do Software Ford Pro.<br />

e-MOBILIDADE 13<br />

+


GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />

Ford revela E-Transit Courier<br />

DETALHES DA GAMA NÃO FORAM REVELADOS<br />

Na apresentação à imprensa, não foram divulgados os valores<br />

completos de performances nem todos os detalhes da gama,<br />

com a promessa de serem divulgados mais perto da data<br />

de lançamento.<br />

Sabe-se, para já que o modelo elétrico terá um motor de<br />

100 kW e capacidade de condução One Pedal (Pedal Único).<br />

A Ford Pro espera que a E-Transit Courier se torne popular<br />

entre os clientes que carregam os seus veículos em casa;<br />

o Ford Pro Charging visa uma carga de 11 kW AC durante a<br />

noite em casa de 5,7 horas e o carregamento pode ser agendado<br />

para tirar partido da energia mais barata durante a noite,<br />

utilizando o ecrã tátil do veículo ou o software<br />

de carregamento.<br />

Para ajudar a uma carga eficiente na via pública, o veículo<br />

oferece uma capacidade de carga rápida CC até 100 kW. A<br />

Ford espera que o sistema acrescente 87 km de autonomia<br />

em apenas 10 minutos, e carregue de 10 a 80 por cento da<br />

bateria em menos de 35 minutos.<br />

A E-Transit Courier oferece um ano de acesso gratuito à Blue<br />

Oval Charge Network, que está programada para incluir<br />

500.000 carregadores públicos até 2024.<br />

MAIS PRODUTIVIDADE PARA AS FROTAS<br />

Para quem conta com cinco ou mais veículos na frota, também<br />

pode beneficiar de um ano de acesso gratuito às funções<br />

personalizadas do Ford Pro E-Telematics. O sistema utiliza<br />

dados em tempo real para ajudar a maximizar a produtividade,<br />

bem como fornecer funções criadas para ajudar na utilização<br />

eficaz e intuitiva do Ford Pro Charging. Estas incluem<br />

a monitorização do estado atual de carregamento, estado de<br />

carregamento específico do veículo e autonomia restante com<br />

níveis de alerta de baixa autonomia personalizáveis.<br />

O sistema Plug and Charge permite aos proprietários da<br />

E-Transit Courier simplesmente ligar o veículo à ficha sem<br />

fazer mais nada quando utilizam carregadores compatíveis<br />

COCKPIT DO ID.BUZZ<br />

O cockpit do ID.Buzz tem tanto de<br />

ergonómico como de tecnológico, com ambos os<br />

ecrãs a assemelharem-se a tablets flutuantes no<br />

painel de instrumentos<br />

A E-Transit Courier tem um design<br />

exterior arrojado e distinto e um<br />

interior espaçoso e prático concebido<br />

em torno das necessidades dos<br />

utilizadores de furgões compactos<br />

14 e-MOBILIDADE<br />

+


ID.BUZZ<br />

O ID.BUZZ mantém<br />

a «boa disposição» pela qual<br />

já é conhecido, com uma<br />

interessante mescla de<br />

cores e materiais<br />

com a Blue Oval Charge Network. O carregamento começa<br />

automaticamente e a fatura e o resumo da carga são enviados<br />

ao proprietário após o desligar da tomada. Para ir mais longe<br />

entre carregamentos, a função Intelligent Range, albergada na<br />

cloud, coleciona dados para fornecer números mais precisos<br />

de autonomia.<br />

MAIS CARGA<br />

A E-Transit Courier tem um design exterior arrojado e distinto<br />

e um interior espaçoso e prático concebido em torno das<br />

necessidades dos utilizadores de furgões compactos. Graças<br />

à nova conceção, a E-Transit Courier proporciona uma maior<br />

capacidade de carga em todas as dimensões. A largura entre<br />

as rodas traseiras é de 1.220 mm, permitindo transportar,<br />

pela primeira vez, duas europaletes. O volume total de carga<br />

é agora de 2,9 m 3 , 25% mais do que na geração anterior. Este<br />

valor pode ser ainda aumentado utilizando a nova caraterística<br />

da antepara de carga, uma abertura que permite aos<br />

clientes transportar artigos como tábuas ou tubos com mais<br />

de 2.600 mm de comprimento. A carga útil máxima para o<br />

modelo totalmente elétrico é de 700 kg, com um peso máximo<br />

de reboque de 750 kg.<br />

O novo modelo oferece um equipamento de série muito<br />

abrangente, incluindo características únicas do habitáculo<br />

com um volante do tipo “squircle” que melhora o espaço para<br />

+<br />

e-MOBILIDADE 15


as pernas e a visibilidade do condutor, bem como uma alavanca<br />

da caixa de velocidades montada na coluna de direção,<br />

ignição por pressão num botão e um travão de mão<br />

eletrónico para proporcionar um maior espaço de armazenamento<br />

personalizável.<br />

MAIS CONETIVIDADE<br />

O painel de instrumentos “digiboard” contém um cluster digital<br />

de 12 polegadas e um ecrã tátil central de 12 polegadas<br />

com o mais recente sistema SYNC 4 da Ford.<br />

A Navegação Conectada com subscrição pode aumentar a<br />

produtividade e reduzir a carga de trabalho do condutor com<br />

atualizações sobre tráfego, estacionamento, carregamento e<br />

perigos locais. A compatibilidade com Android Auto e Apple<br />

CarPlay, sem fios, é de série. Um “Office Pack” inovador e<br />

único na sua classe inclui uma superfície de trabalho plana<br />

dobrável e iluminada para usar um portátil, preencher a<br />

papelada ou tornar uma pausa no habitáculo, mais fácil e<br />

confortável. A segurança do condutor e da carga são preocupações<br />

primordiais para os utilizadores de comerciais e para a<br />

Ford Pro. A E-Transit Courier estabelece uma nova referência<br />

no segmento com o seu conjunto abrangente de sistemas<br />

avançados de assistência ao condutor oferecido de série.<br />

Como opcionais estão o “adaptive cruise control” com “lane<br />

centring” e o “stop & go”, monitorização do ângulo morto<br />

A NOVA FORD TRANSIT COURIER<br />

A nova Ford Transit Courier pode ser encomendada com<br />

motores a gasolina e Diesel a partir do verão de 2023<br />

e a previsão de entrega é antes do final do ano.<br />

Já a versão elétrica, deverá entrar em<br />

produção no final de 2024.<br />

com alerta de trânsito transversal, assistência ao tráfego em<br />

cruzamento e assistência à travagem em marcha atrás para<br />

maior paz de espírito na condução urbana. Cada E-Transit<br />

Courier possui um modem incorporado de série, permitindo<br />

uma conetividade sempre ligada ao ecossistema Ford Pro e<br />

com atualizações de software sem fios que podem fazer evoluir<br />

a capacidade do veículo ao longo do tempo sem necessidade<br />

de uma visita ao concessionário.<br />

A nova Ford Transit Courier pode ser encomendada com<br />

motores a gasolina e Diesel a partir do verão de 2023 e a<br />

a previsão de entrega é antes do final do ano. Já a versão<br />

elétrica, deverá entrar em produção no final de 2024. Todos<br />

os modelos serão construídos em Craiova, Roménia, pela<br />

Ford Otosan, o fabricante do Transit Custom, o modelo mais<br />

vendido e a líder de segmento E-Transit. +<br />

16 e-MOBILIDADE<br />

+


Prontos para o presente.<br />

O eCitaro. Inovador com grande autonomia e<br />

um conceito de eletromobilidade integral.<br />

Saiba mais em mercedes-benz-bus.com #ElectrifyYourCity<br />

EvoBus Portugal, S.A. Edif. Mercedes-Benz Abrunheira, Apartado 14 - 2726-901 Mem Martins<br />

e-MOBILIDADE 17


Ford e-Transit<br />

Solução<br />

profissional<br />

A <strong>eMOBILIDADE+</strong> conduziu a nova e-Transit, o modelo elétrico do veículo<br />

comercial de maiores dimensões da Ford, que traz às costas o legado da «irmã»<br />

a gasóleo - o furgão de carga mais vendido no mundo.<br />

Por Cátia Mogo<br />

Era, sem dúvida, uma responsabilidade<br />

de peso para os engenheiros da Ford,<br />

igualar ou superar o desempenho do<br />

ícone «Ford Transit», com uma versão<br />

puramente elétrica, capaz de continuar<br />

a ser uma referência no mundo dos negócios.<br />

Talvez por isso a Ford tenha sido um dos<br />

últimos construtores a revelar o seu concorrente<br />

no segmento dos furgões de grandes dimensões.<br />

A verdade é que a nova e-Transit não defrauda<br />

as expetativas, com uma autonomia anunciada<br />

superior a 300 km (que deverá rondar os 250<br />

km reais) e que, para a maioria das atividades<br />

profissionais, é mais do que suficiente para uma<br />

jornada completa de trabalho sem necessidade de<br />

recarregar a meio.<br />

O furgão elétrico foi construído com base na mesma<br />

plataforma do modelo equivalente com motor<br />

Diesel, no entanto, o motor elétrico é montado na<br />

parte de trás do furgão, o que obrigou a algumas<br />

revisões na suspensão traseira. Foram também<br />

adicionadas zonas de impacto para proteger os<br />

ocupantes e o pack de baterias. A carga útil fixa-se<br />

nos 881 kg e o volume máximo de carga chega<br />

aos 9,5 m 3 .<br />

Com a opção de carregamento a 115 kW, carregar<br />

a bateria de 68 kWh até 80% demora pouco mais<br />

de 30 minutos, ao passo que com um carregador<br />

AC mais lento, é possível carregar totalmente a<br />

bateria em 8 horas numa wallbox trifásica ou em<br />

11,5 horas numa tomada normal caseira. O motor<br />

elétrico da versão testada tem 198 kW, o equivalente<br />

a 269 cv, com 405 Nm de binário.<br />

DESEMPENHO OTIMIZADO<br />

O modelo elétrico chega ao mercado integrado<br />

num conjunto de soluções Ford Pro, destinadas<br />

a otimizar a eficiência e o custo de propriedade,<br />

bem como sistemas inteligentes de assistência ao<br />

condutor e de segurança. Chega com dois níveis<br />

de equipamento, Base e Trend, sendo o modelo<br />

testado desta última versão. Ambos contam com<br />

mais equipamento de série do que o modelo de<br />

motor convencional, com destaque para o sistema<br />

de infotainment Ford Sync 4, com um generoso<br />

ecrã de 12 polegadas e o seletor de caixa rota-<br />

18 e-MOBILIDADE<br />

+


FORD E-TRANSIT<br />

integra ainda a inédita solução<br />

ProPower Onboard, que gera<br />

até 2,3 kW na cabine e na área<br />

de carga para alimentação de<br />

conversões e de equipamentos<br />

enquanto se encontra<br />

em trabalho.<br />

e-MOBILIDADE 19


tivo ao centro. A versão Base inclui o<br />

Controlo Eletrónico da Temperatura<br />

do Ar, Arranque Sem Chave, bancos<br />

aquecidos, parabrisa Quickclear e<br />

esepelhos elétricos aquecidos. Já a gama<br />

Trend adiciona funcionalidades para<br />

o aumento da produtividade, como o<br />

Ford Connected Navigation System 5<br />

ou o sistema Intelligent Range, apresentando<br />

valores mais precisos no domínio<br />

da distância até vazio. Todas as e-Transit<br />

vêm equipadas de série com um<br />

Modem FordPass Connect, que permite<br />

uma conetividade sempre ligada com o<br />

ecossistema Ford Pro e atualizações de<br />

software Ford Power-Up para fornecer<br />

funcionalidades e benefícios adicionais.<br />

Conectado e em controlo.<br />

Sistema de entretenimento<br />

Ford SYNC 4.<br />

Tomada de carregamento<br />

prática atrás da grelha<br />

dianteira.<br />

Soluções de arrumação<br />

práticas em todo o lado.<br />

20 e-MOBILIDADE<br />

+


NOVA FORD e-TRANSIT<br />

> Ligue as suas ferramentas<br />

sem um gerador.<br />

Pro Power on Board.<br />

> Seletor de velocidades<br />

rotativo para um interior<br />

organizado<br />

> Travão de mão elétrico<br />

liberta espaço no interior<br />

Entre as tecnologias disponíveis, nota<br />

para a assistência pré-colisão com deteção<br />

de peões, cruise control adaptativo<br />

inteligente com reconhecimento de sinais<br />

de trânsito, sistema de informação<br />

de ângulo morto, com aviso de mudança<br />

de faixa e ajuda, alerta de saída<br />

de faixa, ajuda à manutenção de faixa<br />

e assistência em cruzamentos. Como<br />

novidades, é de referir a Assistência à<br />

travagem em marcha-atrás,<br />

sistema que utiliza uma câmara e<br />

sensores para detetar peões, ciclistas e<br />

obstáculos estáticos em manobras de<br />

marcha-atrás, podendo gerar um aviso<br />

antes de imobilizar automaticamente<br />

o veículo caso o condutor não reaja.<br />

O ecossistema de serviços de apoio<br />

da Ford Pro engloba desde o financiamento,<br />

à telemática, passado pelo<br />

após-venda e pela infraestrutura de<br />

carregamento. +<br />

INTERIOR CONDUÇÃO MINIMALISTA REFINADA<br />

O Na ID.BUZZ experiência Cargo de foi condução concebido da para Ford aplicações e-Transit é profissionais, possível perceber mas não o cuidado descura, a<br />

par implicado da mobilidade no desenho elétrica e concepção e digital, os deste sistemas furgão. de Apesar assistência de estar de última pensada geração. para<br />

No ser um interior, veículo segue de trabalho, a linha da dentro família da ID, cabine, com um o ruído ecrã tátil é reduzido de 12’’ que e a qualidade inclui todas dos<br />

as materiais informações não desaponta. sobre a condução, Mesmo com temperatura a carga completa, e navegação a e-Transit (que é um é capaz opcional) de<br />

e responder ainda um com painel vigor de às instrumentos solicitações digital, do acelerador, de 5,3’’, localizado avançando atrás com do mais volante. disparo O<br />

furgão se pisarmos pode o ter pedal até sete até ao tomadas fundo, USB, para possui uma eventual controlo ultrapassagem, por voz (Hello por ID.) exemplo. e carregamento<br />

A revisão do da suspensão telemóvel por traseira indução. mencionada anteriormente melhora de forma<br />

O considerável cockpit do a ID.Buzz prestação tem do tanto veículo de ergonómico em estradas como mais acidentadas. tecnológico, com ambos<br />

os A e-Transit ecrãs a assemelharem-se pode recuperar energia a tablets para flutuantes as baterias no painel sempre de que instrumentos. levantamos Nos o pé<br />

sistemas do acelerador, de assistência, o que pode destaque ser ainda para mais os alertas evidenciado perigo, ao selecionar assistente o de modo estacionamento<br />

seletor de com caixa, função mas não de memória chega a ser e ainda tão preciso para a e condução eficaz como semi-autónoma a condução «One com<br />

L, no<br />

controlo Pedal», disponível lateral e longitudinal em alguns dos a qualquer modelos velocidade. de marcas concorrentes. Não há travão<br />

Na de mão versão convencional, Cargo, os lugares tendo da este frente sido são substituído separados por da um caixa travão de carga eletrónico, por uma ativado<br />

com um fixa, botão que pode à esquerda ter uma do janela volante. e uma abertura para carregar items. Surge,<br />

antepara<br />

de série, com uma porta deslizante do lado do passageiro, sendo opcional a segunda<br />

Os preços porta do lateral modelo na testado caixa de arrancam carga. nos 61.300€ (mais IVA).<br />

+<br />

e-MOBILIDADE 21


TRANSPORTE RODOVIÁRIO<br />

DE MERCADORIAS<br />

Barómetro<br />

Transportes<br />

A Grounded e o IPAM desenvolveram em<br />

conjunto com a revista Eurotransporte, a<br />

revista de referência em Portugal no setor dos<br />

transportes, e com o suporte da ANTRAM, um<br />

barómetro para o setor de transportes, mais<br />

especificamente o do transporte rodoviário de<br />

mercadorias. O estudo, já com seis edições,<br />

tem como objetivo avaliar o sentimento do<br />

setor junto dos seus intervenientes ativos.<br />

Os participantes do estudo em 2023, e à semelhança<br />

de 2017 e 2018 e 2019, 2021 e 2022<br />

são todos aqueles que têm um interesse direto<br />

na área de transportes de mercadorias e que<br />

constam na base de dados da <strong>Revista</strong> Eurotransporte<br />

e da ANTRAM.<br />

Foram enviados e-mails com o inquérito para as bases de<br />

dados da ANTRAM e da Eurotransporte. De um universo de<br />

15.000 participantes obtiveram-se 254 respostas válidas. Os<br />

dados foram recolhidos entre 9 de março e 13 de abril 2023.<br />

1. O Questionário<br />

O questionário avalia o sentimento dos operadores em duas<br />

vertentes. Uma primeira vertente ao nível do sentimento<br />

dos participantes relativamente ao setor de transportes de<br />

mercadorias. O sentimento é avaliado com recurso a quatro<br />

questões:<br />

• Perspetiva do setor de transportes de mercadorias rodoviário<br />

para o próximo ano.<br />

Perguntou-se aos participantes do estudo se têm uma “muito<br />

boa”, “boa”, “má” ou “muito má” perspetiva relativamente ao<br />

setor para o próximo ano.<br />

• Perspetiva do setor de transportes de mercadorias rodo-<br />

viário para os próximos 3 anos.<br />

Perguntou-se aos participantes do estudo se têm uma “muito<br />

boa”, “boa”, “má” ou “muito má” perspetiva relativamente ao<br />

setor para o próximo ano.<br />

• Perspetivas de investimento no próximo ano.<br />

Perguntou-se, apenas aos investidores ativos do setor dos<br />

transportes de mercadorias rodoviário, quais os seus<br />

planos de investimento para o próximo ano: aumento,<br />

manutenção ou redução de investimento.<br />

• Perspetiva de Longo Prazo.<br />

Perguntou-se os participantes se recomendam o transporte<br />

rodoviário de mercadorias enquanto atividade profissional<br />

atrativa e de futuro. Esta questão foi baseada na metodologia<br />

Net Promoter Score (NPS). O inquirido dispõe de uma<br />

escala de 0 a 10. Se responder com 10 ou 9 é classificado<br />

como promotor, 8 ou 7 é neutro/passivo. De 6 até zero é<br />

classificado como detrator. Alcança-se o valor de NPS subtraindo<br />

os detratores aos promotores.<br />

Uma segunda vertente do estudo visa identificar constrangimentos<br />

na operação na área de negócio dos transportes<br />

rodoviários de mercadorias. De vários possíveis cenários<br />

foram escolhidos oito fatores considerados relevantes para<br />

22 e-MOBILIDADE<br />

+


a área de negócio dos transportes rodoviários de mercadorias.<br />

Os fatores são diferentes entre si, mas todos poderão<br />

ter um impacto negativo no negócio das empresas. Os participantes<br />

avaliaram os seguintes fatores: aumento dos impostos,<br />

incerteza fiscal, aumento dos preços dos combustíveis,<br />

aumento do preço de outras matérias-primas, nova<br />

legislação mais restritiva, falta de mão de obra, evolução da<br />

economia, aumento da concorrência e o ambiente laboral.<br />

A avaliação de cada um dos fatores foi feita em função do<br />

seu impacto na qualidade do sono do participante. O participante<br />

podia escolher entre cinco opções em função do<br />

acontecimento: “Perco totalmente o sono”, “Durmo mal”,<br />

“Durmo OK”, “Durmo muito bem”, “Durmo que nem um<br />

anjo”. O fator seria relevante, e preocupante, se o participante<br />

afirmasse que estava a perder totalmente o seu sono<br />

ou a dormir mal ao pensar nesse mesmo fator. O fator não<br />

seria preocupante se o participante escolhesse as opções<br />

“Durmo ok”, “durmo muito bem” ou “durmo que nem um<br />

anjo”. Para facilidade de análise a escala foi redesenhada.<br />

Assim, comparam-se os valores somados do “Insónia” e<br />

“Durmo mal” com os valores somados do “Durmo OK”,<br />

“Durmo bem”, “Durmo que nem um anjo”.<br />

2. Caraterísticas da amostra<br />

Proprietários, Gerentes e Diretores de empresas de transporte<br />

representam 57% da amostra. Funcionários de empresas de<br />

transportes rodoviários representam 22%. 6% são fabricantes,<br />

importadores ou concessionários da amostra, 6% são consultores<br />

e 5% trabalham para o Estado, os restantes 4% são<br />

compostos por professores/investigadores e ouras profissões.<br />

A amostra é composta por residentes de todos os distritos de<br />

Portugal continental. Porém, os residentes de Lisboa e Porto<br />

representam 51% da amostra.<br />

Os homens estão em maioria no estudo e representam 77%<br />

da amostra, as mulheres representam 23%. Relativamente a<br />

idades 58% da amostra tem entre 35 – 54 anos.<br />

Relativamente ao nível das habilitações literárias, 48% da<br />

IDADE<br />

e-MOBILIDADE + 23


BARÓMETRO TRANSPORTES<br />

Transporte rodoviário de mercadorias<br />

amostra não tem formação ao nível do ensino superior em<br />

comparação com 52% do restante da amostra que tem habilitações<br />

literárias ao nível do ensino superior. É de assinalar<br />

que 18% do total da amostra tem mestrado ou doutoramento.<br />

CARATERIZAÇÃO DA EMPRESA<br />

QUAIS SÃO AS SUAS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS?<br />

Metade dos participantes do estudo trabalham em pequenas<br />

e médias empresas, 27% trabalham em microempresas e 18%<br />

em grandes empresas.<br />

3. Resultados<br />

- Perspetiva para setor dos transportes para o próximo ano.<br />

Existe uma clara divisão relativamente à perspetiva do setor<br />

para o próximo ano. Pouco mais de metade da amostra, 52%<br />

tem uma visão positiva, dos quais 3% têm uma perspetiva<br />

muito positiva. Assim, 48% tem uma perspetiva negativa para<br />

o próximo ano, dos quais 7% tem uma perspetiva muito má.<br />

Pode-se concluir que o mercado está divido relativamente às<br />

perspetivas para o próximo ano.<br />

24 e-MOBILIDADE<br />

+


QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />

RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />

Comparativamente a 2022 pode-se verificar que houve uma<br />

grande melhoria nas expetativas. O efeito da guerra na Ucrânia<br />

e o consequente aumento dos preços dos combustíveis<br />

em 2022 são agora mais reduzidos. As expetativas para 2023<br />

são ainda melhores dos que as de 2021. É de salientar que<br />

em 2021 ainda havia algumas restrições no mercado devido à<br />

Covid 19.<br />

QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE<br />

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />

Porém, é de assinalar que quando se analisa os dados em função<br />

das características dos participantes é possível identificar<br />

diferenças entre segmentos, os indivíduos compreendidos nas<br />

idades de 55-64 têm uma perspetiva bastante mais positiva<br />

comparativamente aos outros grupos etários. Apenas 23%<br />

tem uma perspetiva má e 3% muito má e 70% uma perspetiva<br />

boa e 4% têm uma perspetiva muto boa. pode-se assim<br />

concluir que o segmento 55-64 é aquele que mais positivo<br />

está relativamente à atividade para o próximo ano.<br />

QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />

RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />

Perspetiva a 3 anos<br />

Quando os participantes foram questionados relativamente<br />

a um horizonte temporal a 3 anos, a maior parte da amostra,<br />

55%, tem uma perspetiva positiva, 39% tem uma perspetiva<br />

negativa e 6% muito negativa.<br />

2. QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />

RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA OS PRÓXIMOS 3 ANOS?<br />

e-MOBILIDADE + 25


BARÓMETRO TRANSPORTES<br />

Transporte rodoviário de mercadorias<br />

Comparativamente às perspetivas para este ano de 2023<br />

pode-se concluir que os participantes do estudo estão ligeiramente<br />

mais positivos para um horizonte temporal a 3 anos.<br />

Tal como anteriormente, os participantes de idade entre 55 e<br />

64 anos são aqueles que têm uma perspetiva mais positiva.<br />

2. QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />

RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA OS PRÓXIMOS 3 ANOS?<br />

PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />

RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS<br />

Relativamente à perspetiva a 3 anos é de salientar que os níveis<br />

das habilitações literárias dos participantes têm impacto<br />

na avaliação. Os participantes com níveis de escolaridade<br />

mais baixos têm uma perspetiva mais negativa a 3 anos<br />

quando se comparando com os participantes com habilitações<br />

literárias ao nível do ensino superior. O ensino superior inclui<br />

os participantes que têm mestrado ou doutoramento. Pode-se<br />

assim concluir que os participantes com menos habilitações<br />

literárias têm expectativas mais negativas, exatamente o oposto<br />

dos participantes que têm formação universitária.<br />

Níveis de Investimento<br />

Relativamente ao plano de investimento 31% dos Proprietários/Gerentes/Diretores<br />

afirmam que irão diminuir os seus<br />

investimentos durante o ano 2023. É um valor mais reduzido<br />

quando se comparando com todos os anos anteriores,<br />

há assim uma menor perspetiva de corte de investimento.<br />

Porém mais de metade, 52%, afirma que irá manter os seus<br />

investimentos e apenas 16% afirmam que irão aumentar os<br />

seus níveis de investimento. Relativamente às intenções de<br />

investimento em 2022, ano em que 41% dos sócios e gerentes<br />

afirmava que iriam diminuir os seus investimentos, existe<br />

claramente uma recuperação no investimento. Em 2023<br />

existem menos Proprietários/Gerentes/Diretores a afirmarem<br />

que irão diminuir o seu nível de investimentos face a 2022.<br />

De facto, houve um aumento daqueles que afirmam que irão<br />

manter os seus investimentos. Os valores de 2023 refletem<br />

26 e-MOBILIDADE<br />

+


assim a diminuição de algum pessimismo para a atividade de<br />

transporte de mercadorias rodoviário verificado em 2022, e<br />

provavelmente resultado da guerra na Ucrânia.<br />

NPS<br />

OPÇÕES RELATIVAMENTE AO NÍVEL DE INVESTIMENTO<br />

PARA O PRÓXIMO ANO<br />

NPS<br />

O Net Promoter Score (NPS), que avalia a recomendação da<br />

atividade na área de transporte rodoviário enquanto profissão,<br />

tem um valor negativo, mas melhor que o do ano passado. De<br />

acordo com os resultados, 72% dos inquiridos são detratores,<br />

ou seja, apresentam reservas na altura de recomendar um<br />

futuro profissional ligado ao setor de transporte rodoviário.<br />

Apenas 5% recomendaria uma profissão na área do transporte<br />

rodoviário como algo desejável e atraente. Assim, o valor<br />

do NPS é de -78. Comparativamente a 2022 os valores do<br />

NPS em 2023 melhoraram. Em 2023 existem mais pessoas a<br />

recomendar uma carreira profissional na área de transportes<br />

quando se comparando com 2022.<br />

Quando se avalia o NPS dos Proprietários/Gerentes/Diretores<br />

e se compara com o NPS dos funcionários pode-se concluir<br />

que existem duas perspetivas. Os responsáveis das empresas<br />

estão mais pessimistas do que os funcionários das suas empresas.<br />

O NPS dos Proprietários/Gerentes/Diretores é de -76<br />

enquanto os dos Funcionários é de -68.<br />

NPS<br />

e-MOBILIDADE 27


BARÓMETRO TRANSPORTES<br />

Transporte rodoviário de mercadorias<br />

Observando os dados de 2023, uma vez mais conclui-se que<br />

existe uma melhoria na perspetiva do setor quer para Proprietários/Gerentes/Diretores<br />

quer para funcionários. Apesar dos<br />

funcionários serem mais positivos, a melhoria é mais acentuada<br />

junto dos Proprietários/Gerentes/Diretores.<br />

NPS<br />

Fatores de constrangimentos<br />

Tal como foi referido, foram medidos oito fatores de constrangimentos<br />

na operação na área de negócio dos transportes<br />

rodoviários de mercadorias.<br />

O fator que mais provoca preocupação nos participantes do<br />

estudo é a incerteza fiscal. Do total da amostra, 78%, afirma<br />

que dorme mal ou tem insónias devido à incerteza fiscal.<br />

Apenas 22% diz que dorme OK, muito bem ou que nem um<br />

anjo quando pensa na incerteza fiscal. Quando se compara<br />

com os resultados de 2019, 2018 e 2017 pode-se testemunhar<br />

um agravamento deste fator.<br />

INCERTEZA FISCAL<br />

FATORES DE CONSTRANGIMENTO<br />

Num segundo grupo encontram-se três fatores que estão correlacionados<br />

entre sim, e que também estão correlacionados<br />

com o fator incerteza fiscal. Este segundo grupo é composto<br />

pelos fatores: aumento dos impostos, aumento do custo de<br />

outras matérias-primas e aumento dos preços dos combustíveis.<br />

De salientar que neste grupo de fatores, aquele que<br />

mais preocupa os participantes são o potencial aumento dos<br />

impostos. É de referir que a incerteza fiscal retira mais sono<br />

aos participantes do que o potencial aumento de impostos ou<br />

o próprio aumento dos preços dos combustíveis. É interessante<br />

salientar que em anos anteriores o fator que mais criava<br />

ansiedade era a subida dos preços dos combustíveis. Pode-se<br />

assim concluir que os participantes do estudo têm sofrido<br />

com alterações ao nível da fiscalidade.<br />

Quando se compara 2023 com os valores de 2019, 2018 e<br />

2017, e analisando apenas as pontuações Insónia e Durmo<br />

mal, pode-se concluir que houve um aumento da preocupação<br />

com o aumento dos impostos e aumento dos custos de<br />

outras matérias-primas, mas uma diminuição da preocupação<br />

com o aumento do preço dos combustíveis. No momento<br />

atual é provável que as expectativas de aumento dos valores<br />

do preço dos combustíveis sejam reduzidas. Aparentemente<br />

existem outros custos que preocupam mais os participantes<br />

do estudo, tais como o aumento dos impostos e aumentos<br />

de outras matérias-primas.<br />

28 e-MOBILIDADE<br />

+


perdia o sono ao pensar na evolução da economia, em 2023<br />

o valor é já de 68%. Em 2018 e 2017 mais de metade da<br />

amostra não tinha esse fator como elemento de preocupação.<br />

Assim, pode-se concluir que nos últimos anos a economia<br />

tornou-se num fator de preocupação para a maioria dos participantes<br />

do estudo.<br />

Existe um outro fator que retira o sono a mais de metade da<br />

amostra, a perspetiva de nova legislação mais restritiva. Existe<br />

também um agravamento na avaliação deste fator relativamente<br />

a 2019, 2018 e a 2017. Em 2023, 66% da amostra<br />

perde o sono com a preocupação do surgimento de legislação<br />

mais restritiva. Assim, tem havido um aumento de um<br />

sentimento negativo relativamente à potencial intervenção do<br />

estado via nova legislação e à evolução da economia.<br />

O fator aumento da concorrência é o único em que mais de<br />

metade da amostra não se mostra preocupada. Porém, comparativamente<br />

a 2018 e 2017 pode-se observar um aumento<br />

com a preocupação com este fator.<br />

Finalmente, o ambiente laboral vivido nas empresas é o único<br />

fator com evolução positiva, menos de metade da amostra,<br />

46% perde agora o sono com este fator. Houve uma melhoria<br />

relativamente a 2019. +<br />

INSÓNIA OU DURMO MAL<br />

INSÓNIA OU DURMO MAL<br />

Um outro fator que tem impacto negativo na qualidade do<br />

sono de mais de metade dos participantes é a falta de mão de<br />

obra. Relativamente a este fator, 71% da amostra afirma que<br />

dorme mal ou sofre de insónias. Quando se compara com<br />

os valores de 2019, 2018 e 2017 verifica-se um aumento da<br />

preocupação com a questão da falta de mão de obra.<br />

A tendência de avaliação negativa deste fator tem sido<br />

agravada nos últimos anos. Há uma maior preocupação<br />

com a falta de mão de obra em 2023 quando se comparando<br />

com anos transatos.<br />

O fator evolução da economia é aquele que tem apresentado<br />

maior oscilação nos últimos anos. Em 2019 58% da amostra<br />

CONCLUSÕES<br />

• As expectativas de curto prazo para o setor são positivas<br />

para cerca de metade da amostra.<br />

• Os participantes do estudo estão mais otimistas a médio<br />

prazo.<br />

• Os participantes com idade compreendida entre os 55 e<br />

64 anos têm melhores expectativas a curto e médio prazo<br />

comparando com todos os outros.<br />

• Os participantes com maiores habilitações literárias têm<br />

melhores expectativas a médio prazo<br />

• Os proprietários, gerentes e diretores das empresas de<br />

transporte de mercadorias rodoviário estão mais negativos<br />

relativamente ao negócio do que os funcionários dessas<br />

mesmas empresas.<br />

• Pode-se concluir que a falta de previsibilidade relativamente<br />

ao regime fiscal está a ter um impacto negativo<br />

no negócio das empresas de Transporte Rodoviário de<br />

Mercadorias.<br />

• A evolução negativa dos custos de operação está ligada<br />

a potenciais aumentos de impostos.<br />

• A falta de mão de obra tem agora um alto potencial<br />

de impacto negativo na operação do transporte rodoviário<br />

de mercadorias.<br />

e-MOBILIDADE + 29


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

FÓRUM MOBILIDADE E TRANSPORTES<br />

O desafio<br />

da descarbonização<br />

e da sustentabilidade<br />

A Eurotransporte e a e-Mobilidade +, com o apoio da Área Metropolitana<br />

de Lisboa (AML) e da ANTROP (Associação Nacional de<br />

Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros), organizou<br />

o Fórum “Mobilidade e Transportes”, que encheu, nos dias<br />

4 e 5 de abril, o auditório na Gare Marítima de Alcântara.<br />

Eduardo Carvalho, editor da Eurotransporte<br />

30 e-MOBILIDADE<br />

+<br />

Carlos Correia, presidente da Administração<br />

do Porto de Lisboa<br />

O<br />

Fórum reuniu no auditório<br />

Almada Negreiros<br />

alguns dos principais<br />

stakeholders do setor e<br />

contou com a presença<br />

de mais de 500 pessoas que assistiram<br />

às várias intervenções, mesas redondas<br />

e debates, durante os dois dias de<br />

programação.<br />

Eduardo de Carvalho, editor da Eurotransporte<br />

fez a abertura do evento,<br />

ressaltando a importância deste tipo de<br />

iniciativas para se debaterem desafios<br />

e soluções com vista ao melhoramento<br />

dos sistemas de transporte e da mobilidade,<br />

“que são fatores cruciais para a<br />

qualidade de vida das pessoas, para o<br />

desenvolvimento económico e para a<br />

competitividade das regiões e do país.”<br />

Já Carlos Correia, presidente da Administração<br />

do Porto de Lisboa centrou-<br />

-se no tema da digitalização, motor<br />

indispensável para a modernização do<br />

sistema e sua eficiência. “O transporte<br />

marítimo é responsável por 90% do<br />

transporte mundial e apesar de ser um<br />

dos modos de transporte mais eficientes<br />

têm ainda um peso significativo no contexto<br />

das emissões de CO 2 . É imperativo<br />

projetar soluções para fornecer energia<br />

às operações em terra e aos navios em<br />

cais, digitalizar as atividades portuárias<br />

e logísticas, criar infraestruturas para o<br />

fornecimento de combustíveis alternativos<br />

aos navios, automatizar os equipa-


PRESIDENTE CM SANTARÉM,<br />

RICARDO GONÇALVES<br />

“Santarém tem vantagens em relação ao<br />

Montijo, primeiro devido à localização,<br />

depois em termos ambientais...”<br />

EDUARDO VÍTOR<br />

RODRIGUES<br />

Área Metropolitana<br />

do Porto<br />

“Estamos perante interesses muito<br />

diversificados, dos operadores, dos municípios,<br />

das autoridades de transportes,<br />

mas aquilo que verdadeiramente importa<br />

é que haja uma confiança recíproca<br />

entre todos e que todos possam participar<br />

nas soluções de problemas que<br />

sendo de um, são de todos. Essa lógica<br />

da cumplicidade, no fundo, só é possível<br />

quando as pessoas se encontram, estão<br />

juntas, discutem, e esta foi uma das mais<br />

magníficas oportunidades que eu me<br />

recordo de ter”<br />

Carlos Humberto, Área Metropolitana<br />

de Lisboa<br />

mentos e os procedimentos portuários,<br />

aumentar a quota modal dos modos de<br />

transporte mais sustentáveis, a ferrovia e<br />

o modo fluvial”, vincou.<br />

Ainda na sessão de abertura, Carlos<br />

Humberto (Área Metropolitana<br />

de Lisboa) defendeu que os desafios<br />

da mobilidade são essenciais para a<br />

competitividade da região: “graças ao<br />

trabalho desenvolvido em comum pela<br />

AMP, municípios, governo, e Transportes<br />

Metropolitanos de Lisboa chegámos<br />

até aqui mas temos a ambição de chegar<br />

mais longe, porque sabemos que este é<br />

o caminho certo”. O Primeiro-secretário<br />

+<br />

e-MOBILIDADE 31


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

Mesa redonda “O Futuro da contratualização” contratualização, Faustino Gomes - TML, Miguel Pombeiro - CIM Médio Tejo, João Figueira de<br />

Sousa - Planeamento de Transportes e Mobilidade, Luis cabaço Martins - ANTROP, Eduardo Vítor Rodrigues - AMP.<br />

reforçou ainda que “mais e melhores<br />

transportes para toda a população da<br />

região continua a ser o objetivo da<br />

AML, dentro de uma visão ampla da<br />

mobilidade assente num desenvolvimento<br />

integrado e sustentável”.<br />

EDUARDO RAMOS<br />

VIA VERDE<br />

“Estes fóruns são essenciais para trocarmos<br />

ideias sobre o que se passa, porque<br />

a colaboração na mobilidade é fundamental<br />

para que o cliente tenha as suas<br />

necessidades bem satisfeitas e é sempre<br />

muito bom conversar com vários modos<br />

de transporte, com vários parceiros com<br />

quem trabalhamos todos os dias porque o<br />

futuro da mobilidade vai continuar a acelerar<br />

e o nosso maior desafio é a descarbonização<br />

e portanto temos de criar soluções<br />

que sejam cada mais sustentáveis.”<br />

32 e-MOBILIDADE<br />

+<br />

O FUTURO DA CONTRATUALIZAÇÃO<br />

José Luís Esquível abordou quatro pontos<br />

principais sobre este tema:<br />

“A contratualização como opção política;<br />

a experiência da contratualização da<br />

primeira geração; a contratualização face<br />

à evolução da mobilidade e os desafios<br />

para o futuro da contratualização”.<br />

O advogado acredita que “o futuro da<br />

contratualização andará de mãos dadas<br />

com o que possa acontecer à mobilidade<br />

e as cidades do futuro não dispensarão<br />

o transporte público, pois sofrerá<br />

uma grande valorização com a segunda<br />

geração de contratos que aí vem”.<br />

A moderar a mesa redonda que deu<br />

voz aos operadores representados pela<br />

ANTROP, esteve João Figueira de Sousa<br />

(Figueira de Sousa – Planeamento de<br />

Transportes e Mobilidade). Luís Cabaço<br />

Martins, Presidente da ANTROP, expôs<br />

alguns dos problemas centrais da primeira<br />

fase de contratos, reforçando que<br />

“sejam eles de primeira, segunda ou terceira<br />

geração precisam ser sustentáveis,<br />

José Luís Esquível, Esquível Advogados<br />

não sendo possível garantir um transporte<br />

público para as populações com<br />

o mínimo de qualidade se os contratos<br />

não forem equilibrados e sustentáveis<br />

para todos.”<br />

Faustino Gomes, presidente executivo<br />

da TML, revelou que já estão a trabalhar<br />

na segunda geração, tomando nota<br />

daquilo que é preciso melhorar. Sobre o<br />

contrato de primeira geração, sublinhou<br />

que no caso da TML, não houve grandes<br />

vicissitudes, apenas sofreu alguns<br />

atrasos devido ao receio que a pandemia<br />

trouxe aos operadores. Faustino Gomes<br />

confessou estarem muito satisfeitos com<br />

aquilo que têm e relembrou que “as pes-


Faustino Gomes, TML<br />

soas continuam a ser o centro da nossa<br />

atividade.”<br />

Da realidade vivida na área Metropolitana<br />

de Lisboa, passou-se para o panorama<br />

da Área Metropolitana do Porto pela<br />

voz de Eduardo Vítor Rodrigues, que<br />

salientou que “quanto mais ambiciosos<br />

somos no movimento rápido da transição<br />

energética, da transição ambiental,<br />

do respeito pelas condições mais avançadas<br />

e vanguardistas do ponto de vista<br />

ambiental, mais isso imputa ao contrato<br />

do ponto de vista financeiro”, explicando<br />

que “o contrato da área metropolitana<br />

do porto não é propriamente um<br />

contrato magistral do ponto de vista das<br />

exigências ambientais, é ainda muito<br />

básico, mas ao mesmo tempo é partir<br />

de um sistema que nos pareceu ser, à<br />

MIGUEL CRUZ<br />

Infraestruturas<br />

de Portugal<br />

“É importante ter a visão de todas as<br />

componentes sobre como é que podemos<br />

assegurar uma melhoria do ponto<br />

de vista da eficiência, da competitividade<br />

e como conseguimos garantir<br />

melhores condições de implementação<br />

naquilo que são os investimentos e os<br />

planos que temos. A pressão que temos<br />

vindo a introduzir em termos de dimensão<br />

de investimento é tão significativa<br />

que precisamos de ter todas estas coisas<br />

muito bem oleadas entre os comportamentos<br />

dos vários agentes e, portanto,<br />

desse ponto de vista, este tipo de painel<br />

é muito importante para podermos<br />

ter uma visão completa e integrada da<br />

cadeia de valor ferroviária”<br />

época, o justo equilíbrio entre a capacidade<br />

que os operadores do momento e<br />

os potenciais operadores tinham na área<br />

metropolitana de ir a jogo.”<br />

Para Eduardo Vítor Rodrigues, é precisamente<br />

esse o debate que prolifera<br />

na sociedade ocidental: “o de sabermos<br />

até que ponto terão o justo equilíbrio<br />

entre as nossas ambições ambientais e a<br />

capacidade de pagá-las, sem ao mesmo<br />

tempo pôr em causa a competitividade<br />

internacional”.<br />

Sobre o futuro da contratualização ouviu-se<br />

ainda Miguel Pombeiro, secretário<br />

executivo da Comunidade Intermunicipal<br />

do Médio Tejo (CIM Médio<br />

Tejo), que começou por relembrar aos<br />

presentes que “a realidade das comunidades<br />

intermunicipais é completamente<br />

diferente daquilo que se passa nas áreas<br />

metropolitanas”.<br />

“Não estávamos completamente a zero<br />

porque iniciámos o projeto-piloto em<br />

2012, mas só no final de 2020 é que foi<br />

possível lançarmos o primeiro concurso,<br />

numa altura de incerteza devido à pan-<br />

+<br />

e-MOBILIDADE 33


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

FRANCISCO FURTADO<br />

“Vivemos um momento único em<br />

décadas na ferrovia em Portugal,<br />

em que há aqui uma conjunção<br />

de fatores que conduzem a uma<br />

aposta consistente”<br />

Diogo Teixeira, CEO da beta-i<br />

demia... prova disso foi que o concurso<br />

acabou por ficar deserto. No início de<br />

2021 deu-se a preparação de um segundo<br />

concurso com um triplo pressuposto:<br />

por um lado não honorar mais os<br />

orçamentos municipais, depois manter<br />

uma rede de transporte público que não<br />

assentasse exclusivamente no transporte<br />

escolar e que pudesse ser uma resposta<br />

adequada para o território mantendo<br />

um modelo de partilha de risco”, referiu<br />

Miguel Pombeiro.<br />

DESAFIO DA MOBILIDADE<br />

NAS CIDADES<br />

Diogo Teixeira, CEO da beta-i (consultora<br />

de inovação portuguesa), lançou<br />

uma luz como a inovação pode enfrentar<br />

os problemas atuais de mobilidade<br />

e como todas as partes interessadas do<br />

setor podem colaborar para a entrega de<br />

soluções tão inovadoras.<br />

O orador apresentou ainda os resultados<br />

do programa SOL Mobility da beta-i,<br />

que atraiu startups globais para inovar ao<br />

lado de parceiros em Lisboa que deram<br />

início a 13 projetos-piloto para melhorar a<br />

mobilidade na cidade. “A melhor maneira<br />

de resolver os desafios modernos de mobilidade<br />

é caminhar juntos pela inovação<br />

em direção a cidades mais inteligentes e<br />

verdes”, concluiu.<br />

PLANO NACIONAL FERROVIÁRIO<br />

A fechar a manhã do primeiro dia, Francisco<br />

Furtado, coordenador da equipa<br />

multidisciplinar de Prospetiva e Planeamento<br />

do Centro de Competências de<br />

Francisco Furtado, coordenador da equipa<br />

multidisciplinar de Prospetiva e Planeamento<br />

do Centro de Competências de<br />

Planeamento.<br />

Planeamento, Políticas e de Prospetiva<br />

da Administração Pública (PlanAPP),<br />

introduziu o tema “Plano Ferroviário<br />

Nacional”.<br />

“Vivemos um momento único em<br />

décadas na ferrovia, em que há uma<br />

conjunção de fatores como a vontade<br />

política, alterações culturais e necessidades<br />

de descarbonização, que conduzem<br />

a uma aposta consistente, volumosa ao<br />

longo do tempo e a longo prazo e que<br />

já está, em parte, a ser concretizada”,<br />

evidenciou.<br />

Seguiu-se a mesa redonda moderada<br />

por João Salgueiro (THALES), que<br />

contou com a participação de David<br />

Torres (ALSTOM), Pedro Moreira (CP<br />

- Comboios de Portugal), Miguel Cruz<br />

(Infraestruturas de Portugal), Paulo<br />

Duarte (PFP - Plataforma Ferroviária<br />

Portuguesa), Sérgio Tomázio (Siemens)<br />

e Carlos Vasconcelos (Medway).<br />

Miguel Cruz questionado pelo moderador<br />

sobre os pontos críticos de que<br />

farão a diferença entre o sucesso ou não<br />

de uma transformação da rede ferroviária,<br />

o presidente das Infraestruturas<br />

de Portugal esclareceu que “o relevante<br />

é o plano ferroviário nacional estar<br />

34 e-MOBILIDADE<br />

+


construído, identificando um conjunto<br />

de ações que é preciso desenvolver, a<br />

partir de uma lógica estratégica, esse é<br />

o elemento central: ter um horizonte<br />

estratégico, uma linha traçada e simultaneamente<br />

ao longo do tempo, programas<br />

de financiamento.”<br />

Pedro Moreira, da CP - Comboios<br />

de Portugal, referiu que a CP está a<br />

agir investindo em material circulante<br />

face a esta transformação que está em<br />

curso na ferrovia: “A CP adjudicou, no<br />

último trimestre de 2021, mais de duas<br />

dezenas de unidades regionais das quais<br />

dez são totalmente elétricas e 12 são<br />

bimodais, que podem ser transformadas<br />

em unidades completamente elétricas<br />

assim que for concluída a eletrificação<br />

da rede ferroviária nacional. Estamos<br />

ainda na fase final de um concurso para<br />

aquisição de 117 novas unidades, das<br />

quais são 102 para comboios urbanos<br />

e 55 para comboios regionais. Parecendo<br />

muitas unidades, apenas 28 são<br />

para reforço da oferta e as restantes são<br />

Pedro Moreira, CP Combios de Porugal<br />

para substituição de material circulante<br />

muito antigo.”<br />

Pedro Moreira enalteceu ainda outros<br />

investimentos que têm vindo a ser feitos<br />

pela CP no que toca à recuperação,<br />

modernização e colocação novamente<br />

ao serviço de materiais que estavam<br />

abandonados. “Normalmente é uma<br />

critica apontada à CP, mas se não o<br />

tivéssemos feito não tínhamos capacidade<br />

para o número de passageiros que<br />

temos atualmente. O ano passado, a CP<br />

aumentou em 3,2 milhões o número de<br />

passageiros, que é o maior número dos<br />

últimos 22 anos”, expressou.<br />

A visão do operador privado veio<br />

através da intervenção de Carlos Vasconcelos,<br />

da Medway, que classifica o<br />

Plano Ferroviário Nacional existente de<br />

“excelente”, mas espera que “haja um<br />

consenso natural alargado do poder<br />

político para que nos dê um plano para<br />

as próximas décadas.”Outro dos desejos<br />

da Medway é também a eletrificação total<br />

da rede ferroviária, uma vez que têm<br />

como objetivo “eliminar definitivamente<br />

o diesel”, contribuindo assim para uma<br />

mobilidade cada vez mais sustentável.<br />

Falou também Paulo Duarte, da Plataforma<br />

Ferroviária Portuguesa (PFP),<br />

uma associação sem fins lucrativos:<br />

“neste momento, o Cluster da Ferrovia<br />

tem 108 associados, sendo 72 empresas<br />

entre pequenas, médias e grandes<br />

empresas, conta com os operadores e os<br />

gestores de infraestruturas, as universidades,<br />

institutos e centros de investigação<br />

e algumas associações ligados ao<br />

setor. Os objetivos são de tal maneira<br />

grandiosos e ambiciosos que só poderão<br />

ser alcançados com o trabalho em<br />

Miguel Cruz, Infraestruturas de Portugal<br />

CARLOS SILVA<br />

EMEL<br />

“Reunir para falar de mobilidade urbana é<br />

fundamental. A mobilidade é o tema do<br />

século, vamos ter de alterar paradigmas da<br />

nossa vivência em sociedade, nomeadamente<br />

na forma como nos comportamos,<br />

portanto o tema da mobilidade cabe neste<br />

fórum de forma muito sustentada, diria<br />

mesmo. Tem de haver novas soluções de<br />

mobilidade. Não podemos continuar a<br />

assistir à entrada de 350 mil veículos na cidade<br />

de Lisboa, portanto tem de haver um<br />

planeamento entre todas as entidades que<br />

contribuem para este tema, nomeadamente<br />

autarquias, operadores e transportes<br />

públicos... Penso que foi um bom fórum<br />

para vislumbrarmos novos caminhos para<br />

a sustentabilidade do planeta e nomeadamente<br />

da região de Lisboa.”<br />

equipa”, vincou.<br />

O debate prosseguiu com David Torres,<br />

Diretor Geral da Alstom Portugal, uma<br />

empresa cujos principais pilares passam<br />

pela sustentabilidade, eficiência energética<br />

e inovação.<br />

”Quanto a objetivos, a Alstom Portugal<br />

espera ter uma frota zero emissões<br />

até 2050, ter comboios 100 por cento<br />

ecodesign (impacto zero no ambiente),<br />

ter 20% menos de consumo energético<br />

nos nossos comboios e reedificar até<br />

95% dos materiais ferroviários”, expôs<br />

David Torres.<br />

OS DESAFIOS DA MOBILIDADE<br />

URBANA<br />

Manuel Relvas introduziu o tema “os<br />

desafios da mobilidade urbana” focando<br />

especificamente no MaaS (Mobility as<br />

a Service), um sistema que pretende<br />

suprir as necessidades de mobilidade<br />

recorrendo a serviços públicos de<br />

mobilidade.<br />

A discussão do tema continuou com<br />

a mesa redonda moderada por Nuno<br />

+<br />

e-MOBILIDADE 35


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

Tiago Sá - CaetanoBus, Carlos Silva - EMEL, Pedro Bogas - Carris, Eduardo Ramos - Via Verde, Rui Nobre - DPD, Nuno Soares Ribeiro - VTM<br />

MANUEL RELVAS<br />

Tiago Sá, CaetanoBus<br />

Manuel Relvas introduziu<br />

o tema “os desafios da<br />

mobilidade urbana” focando<br />

especificamente no MaaS<br />

(Mobility as a Service), um<br />

sistema que pretende suprir<br />

as necessidades de mobilidade<br />

recorrendo a serviços<br />

públicos de mobilidade.<br />

Manuel Relvas, Consultor<br />

Soares Ribeiro, da VTM.<br />

Tiago Sá, da CaetanoBus, o maior fabricante<br />

de carroçarias e autocarros em<br />

Portugal, começou por referir o compromisso<br />

da marca com a sustentabilidade,<br />

relembrando que desde há uns anos têm<br />

apostado na produção de autocarros zero<br />

emissões, prova disso foi a parceria estabelecida<br />

com a Toyota em 2020/21, com<br />

a intenção de estender o seu portfólio de<br />

soluções de mobilidade elétrica dos transportes<br />

coletivos.<br />

Por sua vez, Pedro Bogas (Carris) abordou<br />

o tema da mobilidade na Carris antes e<br />

pós pandemia. “Felizmente a Carris está<br />

a ter uma excelente recuperação, acima<br />

das nossas expectativas. O ano passado<br />

já tínhamos recuperado cerca de 92% da<br />

procura de 2019, já estamos próximos<br />

dos 140 milhões de passageiros/ano, o<br />

que é bastante bom, mas não é suficiente.<br />

No final da primeira década deste século,<br />

tínhamos uma procura na ordem dos<br />

160 milhões e o nosso objetivo é voltar<br />

a ter esses níveis de procura histórica ”,<br />

afirmou.<br />

À semelhança da Carris, o impacto que a<br />

pandemia veio causar à EMEL foi muito<br />

expressivo pois “durante dois anos deixou<br />

de ser um contribuinte líquido da CML,<br />

na medida em que a nossa atividade<br />

parou. Agora no pós-pandemia estamos<br />

a recuperar de forma franca e significativa”,<br />

referiu Carlos Silva.<br />

A EMEL também foi trazida a este debate<br />

enquanto sistema de mobilidade suave<br />

e a GIRA é, hoje em dia, um modo de<br />

transporte na cidade.<br />

Eduardo Ramos (Via Verde) reforçou que<br />

“desde que a pandemia começou estamos<br />

mais ou menos ao mesmo nível de tráfego<br />

que estávamos em março de 2020, mas<br />

com uma alteração de comportamento<br />

muito forte. O mundo do trabalho mudou<br />

muito e os casos de uso do veículo<br />

individual e a ligação com o coletivo<br />

alteraram significativamente também. Mas<br />

defendemos enquanto grupo que tem de<br />

haver uma intermodalidade.”<br />

Na visão de distribuidor e contrariando<br />

a realidade vivida pelos operadores de<br />

transportes, Rui Nobre (DPD) apontou<br />

que na pandemia “houve um boom das<br />

compras online, o que fez com que o volume<br />

de vendas em 2020 e 2021 fossem<br />

bons para a DPD. No pós-pandemia, as<br />

pessoas começaram a ir às lojas novamente,<br />

mas houve uma aceleração dos processos<br />

de digitalização, ou seja, as pessoas<br />

ganharam hábitos que ficaram.”<br />

36 e-MOBILIDADE<br />

+


Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara<br />

de Santarém<br />

PEDRO BOGAS (CARRIS)<br />

“Posso recordar que no<br />

final da primeira década<br />

deste século tínhamos<br />

uma procura na ordem<br />

dos 160 milhões e o nosso<br />

objetivo é voltar a ter esses<br />

níveis de procura histórica.”<br />

e-MOBILIDADE + 37


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

Expansão Aeroportuária<br />

da Região de Lisboa<br />

Segundo dia<br />

Carlos Figueiredo, da MARSH<br />

Portugal, deu início aos trabalhos do<br />

segundo e último dia do Fórum Mobilidade<br />

e Transportes, falando dos<br />

“riscos contratuais e a Construção”.<br />

Após a apresentação de diversas<br />

localizações possíveis para a construção<br />

do novo aeroporto de Lisboa,<br />

seguiu-se um debate moderado por<br />

Nuno Soares Ribeiro (VTM), numa<br />

mesa redonda que reuniu Carlos<br />

Brazão (Magellan 500), Nuno Canta<br />

(CM Montijo), José Furtado (HUB<br />

Alverca-Portela) e Ricardo Gonçalves<br />

(CM Santarém).<br />

O aumento da capacidade aeroportuária<br />

na região de Lisboa e construção<br />

do novo aeroporto foram temas<br />

que estiverem em cima da mesa e<br />

Nuno Canta, presidente da Câmara<br />

Municipal do Montijo, não só<br />

defende “esta solução a sul do Tejo,<br />

porque não nos podemos esquecer<br />

que um aeroporto não é apenas<br />

função aeroportuária, é localização,<br />

é transportes, é tudo isso, mas é<br />

também, sobretudo um motor de<br />

desenvolvimento económico e de<br />

Carlos Figueiredo, MARSH Portugal<br />

Carlos Brazão, MAGELLAN 500<br />

António Nabo Martins - APAT, Pedro Amaral Frazão - Grupo Sousa,<br />

Isabel Moura Ramos - Administração dos Portos de Lisboa e de Setúbal.<br />

José Furtado, HUB Alverca - Portela<br />

correção de assimetrias, tanto económico<br />

como social”.<br />

Para o presidente da edilidade de Santarém,<br />

Ricardo Gonçalves, a solução para<br />

o novo aeroporto passa pelo concelho<br />

ribatejano e é uma decisão que não<br />

pode ser mais adiada. “Santarém tem<br />

vantagens em relação ao Montijo, primeiro<br />

devido à localização, depois em<br />

termos ambientais...” São estas e outras<br />

questões que me fazem estar otimista<br />

com a solução de Santarém.<br />

A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA<br />

NO SETOR MARÍTIMO-PORTUÁRIO<br />

Emanuel Proença, da PRIO, introduziu<br />

o tema, reforçando que “não há dúvida<br />

que a sustentabilidade entrou na ordem<br />

do dia e que a Europa vai fazer um<br />

caminho de descarbonização muito<br />

considerável, que já começou e que vai<br />

ser muito desafiante”.<br />

A mesa redonda, moderada por João<br />

Soares (Logimaris), foi constituída por<br />

Carlos Correia (APL-APSS), Rui Raposo<br />

(AAMC), António Nabo Martins (APAT),<br />

Pedro Amaral Frazão (Grupo Sousa) e<br />

Isabel Moura Ramos (Administração dos<br />

Portos de Lisboa e de Setúbal)<br />

38 e-MOBILIDADE<br />

+


Emanuel Proença - PRIO, António Nabo Martins - APAT, Pedro Amaral Frazão - Grupo Sousa, Isabel Moura Ramos - Administração dos<br />

Portos de Lisboa e de Setúbal, Rui Raposo - AAMC, João Soares - Logimaris.<br />

JOÃO JESUS CAETANO (IMT)<br />

Apresentou a “Perspetiva Nacional<br />

sobre o planeamento da Mobilidade<br />

Sustentável”, cujo mote<br />

da sua apresentação partiu da<br />

questão “Já chegámos?”, pois “o<br />

grande desafio que temos pela<br />

frente é o de desacoplar o crescimento<br />

económico das emissões<br />

de carbono”.<br />

João Jesus Caetano, IMT<br />

Emanuel Proença, PRIO<br />

Questionados sobre o que cada um está<br />

a fazer para acompanhar esta transição<br />

energética, Pedro Amaral Frazão<br />

ressaltou que a ambição é grande, mas o<br />

realismo também tem de ser. E questiona<br />

“Como é que fazemos a transição<br />

energética equilibrada para que não seja<br />

feito à custa do empobrecimento das<br />

pessoas? O desafio é enorme e harmonizar<br />

o ciclo operacional dos navios<br />

para que coincidam é o grande desafio<br />

que temos. É preciso muito equilíbrio,<br />

ponderação e um passo de cada vez.”<br />

Nabo Martins (APAT) considera as<br />

mudanças comportamentais da sociedade<br />

fundamentais para a evolução de<br />

qualquer setor: “Hoje em dia vemos<br />

e-MOBILIDADE + 39


FÓRUM<br />

eMobilidade+<br />

António Nabo Martins - APAT, Inês Frade - Globalshield Cargo Solutions, Joaquim Vale<br />

- Santos & Vale.<br />

Inês Frade, Globalshield Cargo Solutions<br />

nalgumas empresas exportadoras e<br />

importadoras a preocupação ambiental,<br />

mas antigamente não era assim,<br />

nunca vendi um transporte ferroviário a<br />

ninguém por ser mais verde. É positivo<br />

vermos as mudanças de mentalidade,<br />

mas a verdade é que continua sempre a<br />

imperar a questão do preço e do prazo.”<br />

De tarde, João Jesus Caetano (IMT),<br />

apresentou a Perspetiva Nacional sobre<br />

o planeamento da Mobilidade Sustentável,<br />

cujo mote da sua apresentação partiu<br />

da questão “Já chegámos?”, pois “o<br />

grande desafio que temos pela frente é o<br />

de desacoplar o crescimento económico<br />

das emissões de carbono. Na União Europeia<br />

isso já está a acontecer em todos<br />

os setores da economia, exceto no setor<br />

dos transportes, por isso a resposta à<br />

minha questão inicial é «não, ainda não<br />

chegámos lá».”<br />

António Nabo Martins - APAT<br />

PEDRO AMARAL FRAZÃO<br />

REFERIU<br />

“Como é que fazemos esta<br />

transição energética equilibrada<br />

para que não seja feita à<br />

custa do empobrecimento das<br />

pessoas? O desafio é enorme<br />

e, portanto, harmonizar o ciclo<br />

operacional dos navios para que<br />

eles coincidam é o grande desafio<br />

que temos entre mãos”.<br />

Joaquim Vale - Santos & Vale<br />

O Fórum Mobilidade e Transportes<br />

terminou com a mesa redonda moderada<br />

por Nabo Martins e completada pela<br />

presença de Inês Frade (Globalshield<br />

Cargo Solutions) e Joaquim Vale (Santos<br />

& Vale), que abordaram o “papel do<br />

transporte rodoviário nas Cadeias de<br />

Transporte.”<br />

Inês Frade teve a oportunidade de<br />

partilhar a sua visão sobre o futuro do<br />

transporte terrestre de mercadorias,<br />

que “não sendo um setor de atividade<br />

especialmente entusiasmante, é dos<br />

mais cruciais para o sucesso da maioria<br />

dos negócios”. Para a diretora da<br />

Globalshield Cargo Solutions, “o futuro<br />

passa por quebrar barreiras e criar sinergias<br />

para que a descarbonização passe<br />

a ser um fator prioritário para todos os<br />

setores.”<br />

A partilhar da mesma opinião, Joaquim<br />

Vale considera que todos os setores devem<br />

andar de mãos dadas a fim de uma<br />

mobilidade mais sustentável. Contudo<br />

referiu que “o transporte rodoviário<br />

não é assim tão culpado, como muitos<br />

dizem e explicando que as empresas<br />

profissionais de transporte têm o serviço<br />

otimizado, carregamos nos dois trames”<br />

e sublinhou a sua estranheza pelo facto<br />

de “em Portugal, quando queremos<br />

descarbonizar, a área da logística e dos<br />

transportes está fora dos quadros de<br />

apoio...”<br />

Muitos foram os temas discutidos e as<br />

questões levantadas ao longo dos dois<br />

dias do Fórum Mobilidade e Transportes,<br />

que pode ver na íntegra no nosso<br />

portal ou no youtube (QR Code para os<br />

vídeos). +<br />

40 e-MOBILIDADE<br />

+


e-MOBILIDADE 41


Porto de Setúbal<br />

organiza<br />

Fórum<br />

“Investir, Inovar<br />

e Descarbonizar”<br />

Este é o segundo seminário sobre Inovação e<br />

Sustentabilidade e tem enfoque na estratégia de<br />

sustentabilidade ambiental da APSS e parceiros.<br />

Carlos Correia, presidente do Porto de Setúbal<br />

anuncia que o Porto de Setúbal está em fase de<br />

desenvolvimento de estudos técnicos, económicos<br />

e financeiros, para implementar soluções<br />

sustentáveis no porto tornando-o referência em<br />

energias renováveis, contribuindo para o desenvolvimento<br />

sustentável da região, criação de emprego e para a transição<br />

para uma economia mais verde.<br />

Recentemente, o Porto de Setúbal recebeu o Ministro das<br />

Infraestruturas, João Galamba, a Secretária de Estado da<br />

Energia, Ana Fontoura e o Secretário de Estado do Mar,<br />

José Costa, para uma visita aos locais que acolherão os futuros<br />

Projetos e Investimentos de Energias Renováveis, na área de<br />

jurisdição do porto setubalense. Esta visita reforçou a estratégia<br />

do Porto de Setúbal em afirmar-se como um hub para<br />

as energias renováveis, dispondo de infraestruturas e áreas de<br />

expansão adequadas de suporte à cadeia de valor nos projetos<br />

de energia eólica offshore nacionais e para exportação.<br />

A visita, inserida na iniciativa “Governo Mais Próximo”,<br />

contemplou paragens na Etermar e Lisnave, duas empresas<br />

42 e-MOBILIDADE<br />

+<br />

que fazem parte da Comunidade Portuária de Setúbal, e<br />

que estão a desenvolver projetos na área da produção de<br />

equipamentos para energias renováveis offshore.<br />

Segundo o Ministro das Infraestruturas, João Galamba,<br />

«estão previstos para a Península de Setúbal diversos projetos<br />

que significam muitos milhares de milhões de euros<br />

e o objetivo do Governo é que estas iniciativas signifiquem<br />

mais emprego, investimento e a reindustrialização verde<br />

do País. Ao visitarmos o Porto de Setúbal, percebemos<br />

que a Etermar e a Lisnave já dispõem de capacidade e<br />

estão preparadas para avançarem para um grande projeto<br />

industrial eólico offshore. No que depender do Governo,<br />

queremos promover que esse avanço seja feito da forma<br />

mais rápida possível»<br />

Entre os projetos previstos para a Península de Setúbal, no<br />

âmbito das Energias Renováveis, destaque também para o<br />

projeto M-ECO 2 , promovido pela PRIO, que permitirá o alinhamento<br />

do Porto de Setúbal com a estratégia de descarbonização<br />

do país, em especial no que se refere às componentes<br />

de produção de hidrogénio verde e HVO para exportação. +


e-MOBILIDADE 43


Combustíveis de frota<br />

CONTRARIAR O AUMENTO<br />

44 e-MOBILIDADE


ATENÇÃO AO<br />

COMPORTAMENTO<br />

O aumento do preço dos combustíveis voltou a acender luzes<br />

vermelhas e a tocar campainhas de alerta no painel do TCO<br />

dos gestores de frota de todas as empresas de transportes<br />

e de distribuição.<br />

e-MOBILIDADE 45


CONSULTÓRIO DE SEGURANÇA<br />

Contrariar o aumento dos combustíveis na frota<br />

Como formador de uma empresa onde a<br />

condução eficiente é um dos vetores de<br />

atuação no mercado, depressa entendi que<br />

desde o final do ano passado a chamada<br />

«condução económica» voltava a ser uma<br />

necessidade para o controlo dos custos e para o equilíbrio<br />

da atividade de muitas empresas nacionais.<br />

Nos últimos meses as ações de treino e formação para<br />

motoristas de viaturas comerciais ligeiras e pesadas obrigou-nos<br />

a «reinventar» formas e modelos de intervenção<br />

que permitissem reduzir os consumos de combustível,<br />

em especial nas empresas onde as emissões de CO 2<br />

resultam maioritariamente da atividade transportadora<br />

e, por força do RGCEST 1 , obrigam a uma redução periódica<br />

das mesmas. Assim, por via da proteção ambiental,<br />

atuamos na poupança de combustível.<br />

Por exemplo, na atividade de transporte de longo curso,<br />

com viagens nacionais e internacionais longas constantes,<br />

por autoestrada e estradas nacionais, houve que<br />

atuar especialmente sobre os comportamentos que resultam<br />

em excessos e picos de consumo. Treinar os motoristas<br />

para antecipar eventos que possam resultar em<br />

travagens ou paragens desnecessárias, para aproveitar<br />

a inércia a seu favor, mantendo um movimento o mais<br />

constante possível, donde pode resultar uma velocidade<br />

média mais elevada. Com estes motoristas e nas frotas<br />

de distribuição e de assistência técnica, o nosso trabalho<br />

incidiu muito no conceito de rapidez «sem pressa».<br />

ANTÓNIO MACEDO<br />

a.macedo@crm.pt - www.crm.pt<br />

Training Instructor na CR&M Formação<br />

Grande parte dos excessos de consumo resultam de automatismos<br />

desenvolvidos ao longo de muitos anos e muitos<br />

quilómetros a conduzir com o «chip» do atraso e da pressa.<br />

Um condutor com pressa efetua arranques com acelerações<br />

mais exageradas, tende a conduzir mais próximo do veículo<br />

da frente, a ter de travar mais vezes e é levado a ter uma<br />

condução mais agressiva, entre muitas outras consequências<br />

negativas. E na maior parte das vezes, o tempo ganho, se<br />

existir, é residual.<br />

46 e-MOBILIDADE<br />

+


EXCESSOS DE CONSUMO<br />

Um condutor com pressa efetua<br />

arranques com acelerações mais<br />

exageradas, tende a conduzir mais<br />

próximo do veículo da frente, a ter<br />

de travar mais vezes e é levado a<br />

ter uma condução mais agressiva,<br />

entre muitas outras consequências<br />

AO NÍVEL DA GESTÃO E COORDENAÇÃO DOS<br />

TRANSPORTES:<br />

• Retirar do vocabulário da empresa, dos gestores, dos<br />

coordenadores e dos motoristas, expressões que induzam<br />

a circular a velocidades elevadas, como; «vai depressa»,<br />

«vai rápido», «acelera isso», etc.<br />

• Calcular os tempos dos percursos e das viagens por<br />

excesso, pelo menos mais 10% do tempo. Se marcar um<br />

horário de entrega com o cliente, acrescente esses 10%<br />

antes da hora de partida.<br />

• Envolver os motoristas na definição e seleção dos trajetos,<br />

não apenas os que usam os trajetos, mas também os<br />

colegas com experiência. Sempre que possível, permitir aos<br />

motoristas participarem na seleção de horários de saída e<br />

da seleção dos percursos.<br />

• Elaborar desafios que premeiem as melhorias individuais,<br />

que motivem comportamentos eficientes. Os desafios não<br />

devem apenas premiar os melhores, mas premiar cada um<br />

pelo seu desempenho individual, sempre pela positiva!<br />

• Promover a redução da velocidade máxima de circulação<br />

entre 5 a 10 km/hora. Se necessário, introduzir um sistema<br />

de limitador de velocidade passivo (alarme) e possibilidade<br />

de incluir equipamentos embarcados de avaliação de<br />

desempenho.<br />

REDUZIR NO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL<br />

Se em cada 100 quilómetros o condutor de um camião<br />

conseguir poupar 10%, tendo um consumo médio de 35 litros<br />

aos 100 km, durante o ano de 2022 terá um custo por quilómetro<br />

equivalente ao preço de 2020.<br />

O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao condutor de um furgão<br />

de distribuição com um consumo médio de cerca de<br />

11,5 litros/100 km, que conseguindo poupar 10% no combustível<br />

consegue atingir custos de consumo equivalentes aos<br />

de janeiro de 2020.<br />

e-MOBILIDADE + 47


CONSULTÓRIO DE SEGURANÇA<br />

Contrariar o aumento dos combustíveis na frota<br />

MOTORISTAS, ATRAVÉS DE TREINO<br />

E DA FORMAÇÃO PRÁTICA E PARTICIPATIVA:<br />

• Avaliar previamente os percursos, distâncias e duração,<br />

tempos de pausa e paragens.<br />

• Promover arranques e inícios de marcha mais suaves<br />

e, no caso de caixas manuais, com mudanças mais altas.<br />

Nalguns casos, tendo caixa automática, usá-la em modo<br />

manual.<br />

• Aumentar a distância de seguimento - distância de segurança<br />

- aos veículos da frente para evitar travagens desnecessárias<br />

e maior aproveitamento da inércia (coasting).<br />

• Maior antecipação às situações de paragem ou de travagem<br />

potencial.<br />

• Adotar medidas para melhor utilização do regulador de<br />

velocidade (cruise control) onde e quando ele for eficiente.<br />

Torna-se por isso necessário demonstrar que, por exemplo,<br />

quando um condutor reduz a velocidade máxima em autoestrada<br />

em 10 km/hora, pode poupar quase 10% no combustível,<br />

aumentando a duração da viagem apenas 5 minutos em<br />

cada 100 quilómetros percorridos.<br />

Tomemos este exemplo prático 2 : Se um furgão ligeiro de mercadorias<br />

circular em autoestrada num percurso de 100 km a<br />

110 km/h em vez de o fazer a 120 km/h, demora mais<br />

5 minutos e pode poupar cerca de 8,5% no consumo de<br />

combustível, passando de uma média de 11,5 l/100 km para<br />

uma média de 10,5 l/100 km. Se um pesado de mercadorias<br />

efetuar o mesmo percurso a 85 km/h em vez de o fazer a 90<br />

km/h, a duração do percurso aumenta cerca de 4 minutos e o<br />

consumo reduz cerca de 9,5%, ou seja, pode baixar de<br />

35 l/100 km para 32 l/100 km.<br />

Se em cada 100 quilómetros o condutor de um camião conseguir<br />

poupar 10%, tendo um consumo médio de 35 litros aos<br />

100kms, durante o ano de 2022 terá um custo por quilómetro<br />

equivalente ao preço de 2020 3 . O mesmo raciocínio pode<br />

ser aplicado ao condutor de um furgão de distribuição com<br />

48 e-MOBILIDADE<br />

+


PUB.<br />

um consumo médio de cerca de 11,5 litros/100 km, que<br />

conseguindo poupar 10% no combustível consegue atingir<br />

custos de consumo equivalentes aos de janeiro de 2020.<br />

E na condução em ciclo urbano ou misto, incluindo<br />

estradas nacionais, é muito mais fácil atingir este tipo de<br />

resultados. Reduzir 10% no consumo de combustível, pode<br />

nem sempre ser fácil, mas é exequível. Exige uma nova<br />

cultura de empresa e um tipo de condução mais eficiente e<br />

responsável. Chamemos-lhe profissionalismo! E a forma de<br />

se atingirem estes objetivos passa, entre outras, pela implementação<br />

e aplicação de várias medidas, onde se salientam,<br />

de forma não exaustiva. +<br />

1<br />

RGCEST – Regulamento da Gestão do Consumo de Energia para o Sector dos Transportes<br />

(Dec. Lei nº 52/82 e Portaria nº 228/90)<br />

2<br />

Cálculos efetuados em percursos de estrada e autoestrada com viaturas de formação,<br />

furgões ligeiros e camiões com reboque.<br />

3<br />

Baseado em preços de meados de janeiro de 2022. Para os cálculos efetuados, foram<br />

utilizados os valores do preço médio do gasóleo rodoviário simples disponíveis nos sites da<br />

Pordata.pt e Dgeg.gov.pt<br />

4<br />

Incorporar nas viaturas sistemas automáticos com alarmística de desempenho: p.e. acelerações<br />

e travagens fortes, excesso de rotações, alterações de velocidade frequentes, etc.<br />

e-MOBILIDADE 49


Pode a mobilidade<br />

colaborativa ser a resposta<br />

para reduzir a pegada de gases<br />

de efeito estufa?<br />

A evolução do contexto climático atual e do conhecimento obriga a<br />

que a forma como olhamos para as cidades evolua. A ciência reconhece<br />

que estamos ainda num momento em que é possível reverter<br />

os efeitos dos gases com efeito de estufa (GEE), no entanto, isso<br />

significa atuar de forma rápida e coordenada.<br />

Segundo dados da ONU,<br />

estima-se que mais de 75%<br />

da população mundial, em<br />

2050, habite em cidades.<br />

Nesse sentido é essencial<br />

transformar os centros urbanos em<br />

pólos regenerativos. Mimetizar a natureza<br />

e olhar para as cidades na ótica<br />

de um ecossistema natural, permitindo<br />

o desenvolvimento de relações de<br />

sinergia entre as diferentes “populações”<br />

(residencial, serviços, indústria…) e<br />

o meio que as rodeia, pode ser uma<br />

oportunidade para encontrar soluções<br />

de alto impacto com vista à redução das<br />

emissões de gases de efeito estufa.<br />

A inovação pode responder a esta<br />

oportunidade e interligar os diferentes<br />

stakeholders da mesma cidade com um<br />

objetivo comum - a redução da pegada<br />

climática da cidade -, seja através da<br />

identificação das necessidades de cada<br />

uma das partes e do seu espaço de ação;<br />

seja pela identificação de novos modelos<br />

de negócio que acrescentem valor às<br />

partes. A inovação pode ainda apoiar o<br />

desenho de novas formas de comunicação<br />

que permitam a partilha de informação<br />

sem comprometer objetivos de<br />

performance.<br />

Os dados do Plano de Ação Climática<br />

da Câmara Municipal Lisboa 2030<br />

apontam para que 43% das emissões<br />

ANA COSTA<br />

Sustainability and Blue Economy Lead<br />

da Beta-i<br />

de GEE da cidade sejam da responsabilidade<br />

do setor dos transportes e<br />

mobilidade, motivo pelo qual trabalhar<br />

de forma integrada neste setor apresenta<br />

um potencial de impacto elevado.<br />

Como? Mudando o paradigma do individual<br />

para o coletivo. E aplicando-o a<br />

bens, serviços e cidadãos.<br />

Em termos logísticos, entram na cidade<br />

de Lisboa, diariamente, milhões de<br />

carros e outros meios de transporte de<br />

mercadorias, que muitas vezes não estão<br />

na sua capacidade máxima.<br />

A existência de um modelo de operação<br />

integrado entre operadores logísticos e<br />

marcas, conciliando espaço livre e rotas,<br />

50 e-MOBILIDADE<br />

+


DADOS DO PLANO DE AÇÃO<br />

CLIMÁTICA DA CÂMARA<br />

MUNICIPAL LISBOA 2030<br />

apontam para que 43% das<br />

emissões de GEE da cidade sejam<br />

da responsabilidade do setor dos<br />

transportes e mobilidade, motivo<br />

pelo qual trabalhar de forma integrada<br />

neste setor apresenta<br />

um potencial de impacto<br />

elevado<br />

poderia permitir reduzir a pegada climática<br />

significativamente, para além de<br />

desbloquear um potencial de otimização<br />

de custos e operações mais eficientes.<br />

E porque não fazer o mesmo em termos<br />

de logística inversa?<br />

E se uma plataforma comum de partilha<br />

de dados permitiria reduzir a pegada de<br />

bens e serviços, a multimodalidade abriria<br />

a mesma oportunidade no transporte<br />

coletivo de pessoas, adicionando valor<br />

aos cidadãos. Não apenas por permitir<br />

trajetos mais rápidos e mais cómodos,<br />

mas também por assegurar deslocações<br />

mais fiáveis e seguras.<br />

Aqui volto ao mundo natural: as bases<br />

de um ecossistema saudável são a comunicação<br />

e a colaboração, mas trazer<br />

a lógica do ecossistema para as cidades<br />

implica não recear a partilha de dados.<br />

Reduzir a pegada climática exige<br />

mudança de paradigma, implicando<br />

comunicação e partilha. E a inovação,<br />

a colaborativa, pode novamente ser a<br />

resposta para assegurar privacidade,<br />

segurança e competitividade.<br />

A desbloquear (uma verdadeira)<br />

mobilidade colaborativa. +<br />

e-MOBILIDADE + 51


▶<br />

Afigura-se fundamental a adoção de soluções padronizadas<br />

de segurança cibernética centradas na ferrovia, que protejam<br />

os dados, o software, a conectividade e o hardware que processa<br />

e gere os sistemas ferroviários.<br />

52 e-MOBILIDADE


Novas tecnologias na ferrovia<br />

Cibersegurança<br />

a outra face da<br />

digitalização<br />

Para gerir um sistema de mobilidade seguro e sustentável nos dias<br />

de hoje, é essencial possuir uma estratégia de cibersegurança eficaz,<br />

num setor ferroviário cada vez mais digitalizado.<br />

Eddy Thésée, vice-presidente de Cibersegurança na Alstom<br />

Imagem: Alstom ©<br />

A<br />

ferrovia passou por uma grande<br />

transformação na última década.<br />

Graças às novas tecnologias, os<br />

comboios oferecem maior capacidade,<br />

velocidade e conforto,<br />

adaptam-se ao meio ambiente, comunicam entre<br />

si e até prevêem quando será necessária uma<br />

manutenção. Mas, de igual modo, quanto mais<br />

comboios estiverem conectados em ambientes<br />

digitais, mais vulneráveis eles ficarão a ataques<br />

cibernéticos.<br />

É por isso que a segurança online é fundamental.<br />

Os sistemas atuais precisam de uma abordagem<br />

moderna, para garantir a segurança da informação<br />

e da infraestrutura, tanto a bordo como<br />

na via. Na ferrovia, encontramos três níveis de<br />

digitalização e cada um deles apresenta os seus<br />

próprios desafios em termos de cibersegurança.<br />

Em primeiro lugar, encontramos sistemas de<br />

sinalização, gestão e controlo de tráfego, projetados<br />

para regular o tráfego e garantir a segurança<br />

das operações ferroviárias. As comunicações<br />

eletrónicas e as tecnologias cloud são, por seu<br />

lado, cada vez mais importantes quando se trata<br />

de melhorar a eficiência da operação, a fiabilidade<br />

e a pontualidade. Para tanto, são necessárias<br />

conexões seguras e sistemas avançados de<br />

proteção de dados. E, finalmente, encontramos<br />

Embora a segurança<br />

cibernética seja<br />

uma prioridade em<br />

todo o ecossistema<br />

ferroviário, não<br />

podemos subestimar<br />

os desafios<br />

futuros, incluindo as<br />

mudanças culturais<br />

necessárias, o longo<br />

ciclo de vida dos<br />

produtos ferroviários<br />

e a crescente<br />

complexidade dos<br />

sistemas ferroviários,<br />

só para citar alguns<br />

exemplos.<br />

e-MOBILIDADE + 53


TECNOLOGIAS NA FERROVIA<br />

Cibersegurança<br />

a parte corporativa<br />

do negócio, que<br />

depende fortemente<br />

da interação<br />

segura dos clientes<br />

com os servidores<br />

centrais.<br />

A digitalização<br />

oferece inúmeros<br />

benefícios nestes<br />

três níveis e a<br />

interdependência<br />

FERROVIA PASSOU POR UMA<br />

GRANDE TRANSFORMAÇÃO<br />

Graças às novas tecnologias, os<br />

comboios oferecem maior capacidade,<br />

velocidade e conforto, adaptam-<br />

-se ao meio ambiente, comunicam<br />

entre si e até prevêem quando será<br />

necessária uma manutenção.<br />

entre eles é essencial para garantir o seu bom funcionamento.<br />

Nenhum deles opera de forma independente, nem a sua<br />

estratégia cibernética pode funcionar isoladamente.<br />

Tal como noutros setores, a automação representa uma<br />

oportunidade para gerir a rede ferroviária de forma segura e<br />

eficiente, sendo também um exemplo de como uma operação<br />

cada vez mais digitalizada tem implicações significativas<br />

na cibersegurança.<br />

As soluções inovadoras de sinalização da Alstom estão<br />

a revolucionar as comunicações ferroviárias, reduzindo<br />

a infraestrutura ferroviária e adicionando cada vez mais<br />

“inteligência” e funcionalidade ao material circulante. Os<br />

equipamentos de infraestrutura também são mais avançados<br />

tecnologicamente.<br />

De igual modo, a digitalização está a impulsionar, cada vez<br />

mais, a manutenção preditiva, permitindo que o software<br />

identifique equipamentos com problemas antes que ocorram<br />

falhas. Este tipo de manutenção é mais eficiente, tanto<br />

no que diz respeito ao pessoal envolvido, como ao tempo<br />

de imobilização dos comboios.<br />

SOBRE A ALSTOM<br />

▶<br />

Afigura-se fundamental a adoção de soluções padronizadas de<br />

segurança cibernética centradas na ferrovia, que protejam os<br />

dados, o software, a conectividade e o hardware que processa<br />

e gere os sistemas ferroviários. Imagem: Alstom ©<br />

Liderando a transição para um futuro descarbonizado,<br />

a Alstom desenvolve e comercializa soluções de<br />

mobilidade sustentável, que estabelecerão a base para<br />

o futuro do transporte. O portefólio de produtos e<br />

soluções da Alstom abrange desde comboios de alta<br />

velocidade, metros, monocarris, elétricos e autocarros<br />

elétricos, até sistemas integrados, serviços personalizados,<br />

infraestruturas, sinalização e soluções de<br />

mobilidade digital. A Alstom tem 150.000 veículos em<br />

circulação em todo o mundo, o que comprova a experiência<br />

da empresa na gestão de projetos, inovação,<br />

design e tecnologia. Em 2021, a empresa foi incluída<br />

nos Índices Dow Jones de Sustentabilidade, a nível<br />

mundial e na europa, pela 11.ª vez consecutiva. As<br />

receitas consolidadas do Grupo atingiram os 15,5 mil<br />

milhões de euros no ano fiscal findo a 31 de março de<br />

2022. A Alstom está atualmente presente em 70 países<br />

e emprega mais de 74.000 pessoas. www.alstom.com<br />

54 e-MOBILIDADE<br />

+


ALSTOM<br />

APOSTA NA SEGURANÇA<br />

CIBERNÉTICA<br />

Uma rede de especialistas<br />

globais e locais, dando resposta<br />

às necessidades de segurança<br />

cibernética de clientes em todo<br />

o mundo.<br />

A classificação da ferrovia<br />

como “infraestrutura crítica”<br />

acelerou a adoção de soluções<br />

padronizadas de cibersegurança.<br />

Novos protocolos e<br />

iniciativas regulatórias estão<br />

a tornar o setor ainda mais<br />

ciberseguro<br />

Todas estas inovações devem ser acompanhadas por estratégias<br />

de cibersegurança que protejam os dados, o software,<br />

a conetividade e o hardware que os processa e gere. Mais<br />

digitalização significa mais componentes digitais e interconexões<br />

entre sistemas, o que implica mais áreas expostas.<br />

UMA INFRAESTRUTURA CRÍTICA<br />

A classificação da ferrovia como “infraestrutura crítica” acelerou<br />

a adoção de soluções padronizadas de cibersegurança.<br />

Novos protocolos e iniciativas regulatórias estão a tornar o<br />

setor ainda mais ciberseguro. Paralelamente, os operadores<br />

têm de antecipar os ataques, implementando monitorizações<br />

e alertas regulares de vulnerabilidades nos seus produtos e<br />

sistemas.<br />

Para endereçar esta procura crescente, a Alstom está a expandir<br />

rapidamente a sua aposta na segurança cibernética,<br />

possuindo mais de 330 especialistas nesta área, envolvidos<br />

em 150 projetos. Uma rede de especialistas globais e locais,<br />

e-MOBILIDADE + 55


TECNOLOGIAS NA FERROVIA<br />

Cibersegurança<br />

dando resposta às necessidades de segurança cibernética de<br />

clientes em todo o mundo.<br />

Cada novo veículo ferroviário que fabricamos inclui o controlo<br />

de segurança exigido pelas especificações do cliente. O<br />

problema incide, agora, sobre a base instalada: ou seja, todo<br />

o material circulante, infraestrutura e sistemas de sinalização<br />

implementados antes do aparecimento da problemática<br />

da segurança cibernética. Melhorar a segurança das frotas,<br />

sinalização e infraestruturas existentes constitui um verdadeiro<br />

desafio, no âmbito do qual os clientes terão de decidir que<br />

nível de proteção pretendem alcançar para as suas infraestruturas<br />

críticas.<br />

Para se manterem atuais, as medidas de proteção devem<br />

evoluir constantemente, tão rápido quanto as novas ameaças.<br />

A Alstom colabora com diferentes parceiros, como a Airbus<br />

ou Cylus, para estabelecer as melhores práticas e padrões de<br />

referência. Colocar a cibersegurança no centro da cultura de<br />

excelência de uma empresa ferroviária implica promover a<br />

formação e a cultura de cibersegurança, alinhando as equipas<br />

de cibersegurança e as operações ferroviárias.<br />

Além de liderar a definição e implementação de padrões e<br />

regulamentos, é necessário abordar todo o ciclo de vida da segurança<br />

cibernética de uma forma global. Na Alstom, estamos<br />

comprometidos com este objetivo, e isso manifesta-se nas<br />

inúmeras acreditações que temos: ISO 27001 para segurança<br />

da informação, IEC 62443 para automação industrial e sistemas<br />

de controlo, bem como regulamentos específicos para o<br />

setor ferroviário, como o CENELEC TS50701, baseados em<br />

grande medida na IEC 62443.<br />

A CIBERSEGURANÇA NO CENTRO DO NEGÓCIO<br />

Nos próximos anos, assistiremos a uma procura por soluções<br />

digitais que permitirão, aos operadores ferroviários, fazer mais<br />

com menos. Hoje em dia, os operadores sabem que precisam<br />

de proteger os seus sistemas e procuram, incansavelmente,<br />

soluções que possam ser integradas de forma holística em<br />

ecossistemas complexos.<br />

Com mais de 70 anos de experiência em projetos complexos<br />

no setor ferroviário e com mais de 150 projetos de seguran-<br />

ça cibernética desenvolvidos em todo o mundo, o design<br />

de todos os novos projetos da Alstom prioriza a segurança<br />

cibernética, juntamente com as considerações tradicionais de<br />

engenharia e segurança.<br />

Todo o desenvolvimento de produtos da Alstom é realizado<br />

tendo em conta a premissa de “design seguro”, começando<br />

com uma análise de risco minuciosa e uma arquitetura focada<br />

na integração da segurança cibernética.<br />

Isto também se aplica aos provedores. Através do “programa<br />

de gestão de fornecedores” da Alstom, é avaliada a capacidade<br />

de segurança cibernética de cada fornecedor.<br />

Todos os sistemas desenvolvidos, implementados e mantidos<br />

pela Alstom estão equipados para proteger as operações contra<br />

ameaças cibernéticas. Isto inclui a implementação de sistemas<br />

com recursos de design que fornecem, aos operadores, a<br />

flexibilidade de poderem efetuar modificações relativamente<br />

fáceis e acessíveis, de acordo com as futuras necessidades de<br />

segurança.<br />

Embora a segurança cibernética seja uma prioridade em<br />

todo o ecossistema ferroviário, não podemos subestimar os<br />

desafios futuros, incluindo as mudanças culturais necessárias,<br />

o longo ciclo de vida dos produtos ferroviários e a crescente<br />

complexidade dos sistemas ferroviários, só para citar alguns<br />

exemplos.<br />

56 e-MOBILIDADE<br />

+


Os desafios não são pequenos: um mau design, que não oferece<br />

proteção contra as ameaças cibernéticas em evolução, pode<br />

comprometer a segurança e a resposta operacional de redes inteiras.<br />

A necessidade da segurança cibernética ser considerada<br />

desde o primeiro dia de desenvolvimento de qualquer projeto<br />

é evidente. As ameaças cibernéticas estão em constante evolução<br />

e as estratégias para lidar com elas também.<br />

Os fabricantes e operadores ferroviários não devem apenas<br />

continuar a aplicar altos níveis de segurança cibernética;<br />

devem fazê-lo através de soluções específicas para as vias e<br />

em conformidade com os padrões de segurança dos sistemas<br />

novos e legados, dentro e fora da ferrovia.<br />

Mais informações em: https://www.alstom.com/solutions/<br />

digital-mobility/cybersecurity-safe-secure-mobility +<br />

EDDY THÉSÉE, VICE-PRESIDENTE DE CIBERSEGURANÇA<br />

NA ALSTOM<br />

Com formação em matemática, telecomunicações e tecnologias<br />

de informação, Eddy Thésée integra a área de sinalização ferroviária<br />

da Alstom há mais de 20 anos. Depois de ocupar diversos cargos<br />

de responsabilidade no domínio da mobilidade digital, lidera<br />

desde 2018 a área de cibersegurança da Alstom, sendo responsável<br />

por todo o portfólio de produtos, soluções e serviços.<br />

LinkedIn: (61) Eddy Thesee | LinkedIn<br />

e-MOBILIDADE + 57


58 e-MOBILIDADE


ENTREVISTA<br />

Vítor Domingues<br />

dos Santos<br />

“O investimento em transportes públicos<br />

é deficitário em relação às reais necessidades<br />

da AML”<br />

Vítor Domingues dos Santos está no terceiro mandato como presidente do Conselho<br />

de Administração do Metro de Lisboa e tem vindo a trabalhar no sentido de expandir<br />

e modernizar a rede que comemora 75 anos de existência. O responsável falou ao<br />

<strong>eMOBILIDADE+</strong> sobre os desafios dos últimos anos, as obras que estão a decorrer e<br />

ainda sobre os projetos que irão materializar em breve.<br />

Por Cátia Mogo<br />

O Metro de Lisboa comemora 75 anos de<br />

existência. De que forma é que esta rede tem<br />

evoluído e acompanhado as necessidades de<br />

mobilidade na capital portuguesa?<br />

A evolução da rede, nomeadamente a sua dimensão,<br />

tem sido sempre resultante das capacidades<br />

disponíveis do Estado (acionista único), pelo que<br />

acompanha os ciclos económicos da evolução do<br />

país. Concretizando um pouco, praticamente não<br />

houve investimentos na rede desde o ano 2010,<br />

em que o único desenvolvimento foi acabar a<br />

QUE OBJETIVOS TEM ESTABELECIDOS<br />

PARA CUMPRIR AINDA DURANTE ESTE<br />

MANDATO ENQUANTO PRESIDENTE DO<br />

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO?<br />

O meu principal objetivo é conseguir<br />

aprovar atempadamente a revisão do Contrato<br />

de Concessão de Serviço Público, cujo prazo<br />

atual termina em julho de 2024.<br />

estação da Reboleira. Neste momento estamos a<br />

tentar recuperar o tempo perdido quer pela construção<br />

da Linha Circular ligando o Rato ao Cais<br />

do Sodré (e duas novas estações), cuja obra está<br />

a decorrer em bom ritmo com abertura prevista<br />

para 2024, quer com a construção da expansão<br />

da Linha Vermelha de São Sebastião a Alcântara<br />

(e quatro novas estações) cuja construção<br />

esperamos contratar no 2.º semestre deste ano de<br />

2023, quer com o Projeto de Metro Ligeiro nos<br />

municípios de Odivelas e Loures, atualmente em<br />

avaliação ambiental. Todos são projetos de grande<br />

impacto na Mobilidade da Cidade de Lisboa<br />

e nos Concelhos de Odivelas e Loures. E a nossa<br />

expetativa é de não ficar por aqui e já estamos a<br />

pensar em novos projetos.<br />

Quais são os marcos históricos da empresa?<br />

Olhando para a história do Metropolitano de<br />

Lisboa identifico claramente quatro marcos históricos:<br />

(i) a criação da sociedade em 1948 com<br />

um conjunto diverso de acionistas, CML, Carris,<br />

e-MOBILIDADE + 59


Entrevista<br />

Vítor Domingues dos Santos<br />

BESCL e acionistas individuais; a necessidade foi reconhecida<br />

ainda nos tempos da Monarquia Constitucional mas só nesse<br />

ano, depois de muitos avanços e recuos, é que viu a luz do<br />

dia graças nomeadamente ao, na altura, Presidente da CML,<br />

Salvador Barreto; (ii) a abertura à exploração em 1959 com<br />

uma rede entre Sete Rios e a Rotunda, Entrecampos e Rotunda<br />

e entre a Rotunda (atual Marquês de Pombal) e Restauradores<br />

(iii) a nacionalização em 1975; (iv) o PER que permitiu<br />

levar o ML à Baixa Chiado e ao Oriente (Expo 98).<br />

Está à frente do Conselho de Administração do Metro de<br />

Lisboa desde janeiro de 2017, sendo este o seu terceiro<br />

mandato. Nestes seis anos, qual foi o seu maior desafio?<br />

O Metropolitano esteve muitos anos sem uma orientação clara<br />

do acionista (motivada muitas vezes por ausência de recursos<br />

financeiros) chegando inclusive a ter períodos em que nem<br />

existia um presidente do CA. Com a alteração desta situação<br />

em 2016, foi possível definir um rumo e procurar recuperar o<br />

tempo perdido em muitos aspetos vitais da vida do ML. Hoje<br />

debatemo-nos com uma «luta contra o tempo», procurando<br />

recuperar nas várias frentes existentes. Conseguir implementar<br />

as várias decisões de investimento físico e humano para<br />

responder às várias necessidades do ML correspondem ao<br />

nosso desafio diário.<br />

A pandemia levou a grandes alterações na forma como a<br />

população se movimenta nas cidades. Qual foi o impacto<br />

registado no funcionamento do Metro de Lisboa? Já foram<br />

retomados os níveis pré-pandemia?<br />

Se todos queremos esquecer os anos da pandemia, nomeadamente<br />

2020 e 2021, eles vieram demonstrar a existência de<br />

uma grande capacidade de resposta a novos desafios e de uma<br />

60 e-MOBILIDADE<br />

+


Após seleção da ampliação da Linha<br />

Amarela ao Cais do Sodré iniciámos<br />

a análise de dois modos possíveis de<br />

operar: (i) em linha Circular e (ii) com<br />

duas linhas independentes.<br />

Os estudos efetuados foram claramente<br />

favoráveis à opção da operação<br />

em Linha Circular<br />

resiliência perante situações adversas. No caso do Metropolitano,<br />

orgulhamo-nos de nunca termos fechado, de sempre<br />

laborarmos em toda a rede sete dias por semana, 12 meses<br />

por ano, de termos garantido o transporte que demonstrou<br />

ser vital para o combate ao flagelo da pandemia. Com os<br />

nossos trabalhadores optámos por resguardar os mais débeis,<br />

reforçámos ao máximo possível as medidas de proteção e<br />

conseguimos manter com condições sanitárias máximas a<br />

nossa oferta diária.<br />

Qual foi o número de utentes do Metropolitano de Lisboa<br />

em 2022?<br />

Em 2022 registámos 71% das validações de 2019, ou seja,<br />

cerca de 103 milhões de validações em 2022 contra cerca de<br />

174 milhões de validações em 2019.<br />

Recentemente, o Metro de Lisboa atingiu a neutralidade<br />

carbónica, graças à ação de reflorestação que tem sido<br />

levada a efeito. Que importância assume, para o Metro de<br />

Lisboa, a promoção da sustentabilidade e que medidas<br />

têm sido tomadas neste sentido?<br />

A procura da sustentabilidade ambiental deve ser um desejo<br />

global da sociedade e atingir a neutralidade de emissões de<br />

CO 2 em 2050 é um imenso desafio que exige e vai exigir<br />

grandes sacrifícios de todos. Como empresa de transportes, a<br />

nossa relevância no contributo para a neutralidade carbónica<br />

tem sido contínua, embora não possa deixar de reconhecer,<br />

que ao termos como energia de base a energia elétrica, esta<br />

realidade por si só pode representar um caminho mais facilitado<br />

do que se fossemos p.e. uma empresa de transporte com<br />

uma frota de autocarros.<br />

Ainda assim procuramos desenvolver todo um conjunto de<br />

iniciativas que nos permitem hoje assumir uma efetiva neutralidade<br />

carbónica. A reflorestação foi a forma de anularmos<br />

os diferenciais sempre positivos das emissões de CO 2 . Mas o<br />

facto relevante foi o empenho das nossas direções de Inovação,<br />

Qualidade e Logística, para garantir num ambiente de<br />

grande complexidade de negociação (resultante primeiro da<br />

pandemia e mais tarde da guerra na Ucrânia) que os fornecimentos<br />

de energia elétrica ao Metropolitano fossem 100% de<br />

fontes renováveis. Se juntarmos a este facto todo um conjunto<br />

de iniciativas de alteração de processos e sistemas (alteração<br />

para sistemas de iluminação LED, reduções de temperaturas<br />

nas oficinas e escritórios, produção de energia fotovoltaica em<br />

projeto) estamos certamente a caminhar num bom sentido.<br />

Está prevista, já para o final do próximo ano, a abertura<br />

das duas novas estações que materializam a linha circular.<br />

Que impacto terá a expansão da rede, com este alargamento?<br />

A abertura programada para o 2.º semestre de 2024 vai<br />

corresponder a um momento muito relevante do Metropolitano.<br />

A abertura da linha circular representa uma alteração<br />

profunda do modo de operação do Metropolitano ao associar<br />

uma operação circular (as origens e destinos deixam de ter<br />

sentido), uma nova sinalização (CBTC – Communications<br />

Base Train Control), novo material Circulante e duas novas<br />

estações Estrela e Santos. Com todas estas alterações estaremos<br />

em condições de reduzir os tempos de viagem, as<br />

frequências entre circulações, uma oferta dupla para cada percurso<br />

(dois sentidos), melhorando significativamente a oferta<br />

aos nossos clientes. Um última referência à estação da Estrela,<br />

que passará a ser a estação mais profunda da rede do ML<br />

(+- 60m) e com acesso apenas por via de ascensores.<br />

Em conjunto, estima que este prolongamento da Linha<br />

Verde, com as quatro novas estações da Linha Vermelha<br />

em 2026, corresponderá a um acréscimo de quantos<br />

passageiros por ano?<br />

A estimativa de acordo com os Estudos de Tráfego que<br />

contratamos é de um acréscimo de 9 milhões de passageiros<br />

com a linha circular e um acréscimo de 11 milhões de passageiros<br />

com a Linha Vermelha.<br />

O modelo da Linha «Em Laço», embora defendida por<br />

muitos, foi colocada de parte. Dos estudos que foram<br />

e-MOBILIDADE + 61


Entrevista<br />

Vítor Domingues dos Santos<br />

Não temos qualquer desentendimento<br />

com os moradores de Campo de<br />

Ourique. Todos estão expectantes e<br />

ansiosos com a chegada do Metropolitano<br />

a Campo de Ourique.<br />

feitos, que vantagens existem na Linha Circular face ao<br />

outro esquema de circulação?<br />

A seleção de opções é efetuada a partir de estudos de procura<br />

que comparam cenários possíveis, em função dos dados<br />

de partida. A escolha da Linha Circular foi a resultante da<br />

comparação de dois cenários de investimento possíveis com<br />

o montante que nos foi indicado – 250 milhões de euros. Os<br />

cenários que entraram em comparação foram de início dois:<br />

(i) criação da linha circular, prolongando a Linha Amarela<br />

do Rato ao Cais do Sodré, com duas novas estações e (ii)<br />

ampliação da Linha Vermelha a Campo de Ourique, com<br />

a criação de duas estações. Analisando os dois cenários<br />

possíveis, a ampliação da Linha Amarela aportava significativamente<br />

mais passageiros à rede do ML. Após seleção<br />

da ampliação da Linha Amarela ao Cais do Sodré iniciámos<br />

a análise de dois modos possíveis de operar: (i) em linha<br />

Circular e (ii) com duas linhas independentes. Os estudos<br />

efetuados foram claramente favoráveis à opção da operação<br />

em Linha Circular. As vantagens da linha circular já foram<br />

indicadas anteriormente.<br />

62 e-MOBILIDADE<br />

+


QUE MAIS-VALIAS TRARÁ A SINALIZAÇÃO CBTC,<br />

EM TERMOS PRÁTICOS, PARA OS UTENTES<br />

DO METRO?<br />

Para além do já referido acrescentamos ainda mais segurança<br />

aos nossos sistemas de circulação ferroviária, conseguimos<br />

aproveitar muito melhor a nossa capacidade de material<br />

circulante, ao reduzir significativamente as frequências entre<br />

circulações e damos os primeiros passos para uma futura<br />

condução automática.<br />

e-MOBILIDADE + 63


Entrevista<br />

Vítor Domingues dos Santos<br />

REDE DO METRO DE LISBOA<br />

EM 2050<br />

2050 é o ano da neutralidade<br />

carbónica da humanidade.<br />

E para se cumprir esse desiderato<br />

é fundamental que a rede do<br />

Metropolitano esteja associada à<br />

resolução do Transporte Público<br />

(TP) da Área Metropolitana de<br />

Lisboa, o que é um objetivo de<br />

enorme dimensão<br />

A estação no Jardim da<br />

Parada, em Campo de<br />

Ourique, gerou muita<br />

controvérsia mas, de<br />

acordo com o Metro de<br />

Lisboa esta é a melhor<br />

opção para a mesma.<br />

De que forma é possível<br />

chegar a um entendimento<br />

com os moradores?<br />

Não temos qualquer<br />

desentendimento com os<br />

moradores de Campo de<br />

Ourique. Todos estão expectantes e ansiosos com a chegada<br />

do Metropolitano a Campo de Ourique. Foi criado um falso<br />

problema com o Jardim da Parada e foram efetuadas afirmações<br />

que estão muito longe da realidade. Reafirmando: (i) vamos<br />

criar dois acessos verticais com ascensores no exato sítio<br />

aonde hoje está um sanitário público e estas são as únicas edificações<br />

no espaço do atual Jardim da Parada; (ii) Para o acesso<br />

à construção da linha do Metropolitano entre Campolide/<br />

Amoreiras e a Infante Santo vamos abrir um poço de acesso<br />

no Jardim da Parada que ocupará cerca de 15% da atual área<br />

do Jardim e que obrigará à retirada de seis árvores (Lodão);<br />

(iii) das seis árvores retiradas serão repostas quatro após a fase<br />

de construção; (iv) todos os trabalhos e árvores do Jardim<br />

64 e-MOBILIDADE<br />

+


Vítor Domingues dos<br />

Santos, presidente do<br />

Conselho de Administração<br />

do Metro<br />

de Lisboa, recebeu<br />

os representantes do<br />

governo para o fim das<br />

escavações associadas<br />

à construção da Estrela.<br />

LINHA CIRCULAR: TÚNEL DO METRO DE<br />

LISBOA JÁ LIGA ESTRELA A SANTOS<br />

O Metropolitano de Lisboa atingiu recentemente um novo marco na construção<br />

da nova linha Circular ao concretizar a união do novo túnel que vai<br />

ligar a futura estação Estrela à estação Santos. O momento, que assinala<br />

o fim das escavações associadas à construção da estação Estrela, foi presenciado<br />

pelo Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro,<br />

pelo Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, e pelo<br />

Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa,<br />

Vitor Domingues do Santos, durante uma visita de ponto de situação às<br />

obras em curso no Lote 1 do Plano de Expansão da Rede.<br />

Localizada ao cimo da Calçada da Estrela, em frente à Basílica da Estrela,<br />

a estação Estrela terá acesso na extremidade sul do Jardim da Estrela, a<br />

partir do edifício da antiga farmácia do Hospital Militar. A acessibilidade<br />

será efetuada por seis ascensores de grande capacidade e duas escadas<br />

mecânicas, atingindo o nível da superfície, de modo a um rápido acesso e<br />

maior conforto de utilização da estação pelos clientes do Metropolitano de<br />

Lisboa. Presentemente, o Metropolitano de Lisboa já tem a ligação efetuada<br />

por túnel entre o Rato e Santos.<br />

A ligação do túnel entre o Rato e Estrela ocorreu a 28 de maio de 2022.<br />

Prevista inaugurar no último trimestre de 2024, a linha<br />

Circular vai ligar a estação Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais<br />

dois quilómetros de rede e duas novas estações<br />

– Estrela e Santos, unindo as linhas Amarela e Verde num novo anel circular<br />

no centro de Lisboa.<br />

A execução do Plano de Expansão do Metropolitano de Lisboa está<br />

dividida em quatro lotes. O Lote 1 envolve a execução dos toscos entre o<br />

término da estação Rato e a estação Santos; o Lote 2 engloba a execução<br />

dos toscos entre a estação de Santos e a estação do Cais do Sodré; o<br />

Lote 3 visa a construção de dois novos viadutos e ampliação da estação<br />

do Campo Grande e o Lote 4 envolve a construção dos acabamentos e<br />

sistemas para a futura linha Circular. No que respeita ao lote 3, as obras<br />

de intervenção na zona do Campo Grande com a construção de dois<br />

novos viadutos e ampliação da estação do Campo Grande para Nascente,<br />

tiveram início em janeiro de 2022. A empreitada do Lote 4, que contempla<br />

o projeto e construção dos acabamentos e sistemas para a linha Circular,<br />

o concurso foi lançado em agosto de 2021 e encontra-se, presentemente,<br />

em fase de audiência prévia de interessados.<br />

Veja o vídeo das obras da Área Metropolitana de Lisboa neste QR code:<br />

VEJA O VÍDEO NESTE LINK:<br />

https://www.youtube.com/watch?v=tX8WwW3JKaI&feature=youtu.be<br />

e-MOBILIDADE 65


Entrevista<br />

Vítor Domingues dos Santos<br />

Em termos da rede de Metropolitano<br />

pesado estamos a dar os primeiros<br />

passos para a definição da ampliação<br />

da futura Linha Amarela, de Telheiras<br />

a Benfica, passando pela Praça São<br />

Francisco de Assis, Colégio Militar<br />

(criação 2.º átrio) e Benfica.<br />

da Parada antes, durante e após construção vão ser acompanhados/monitorizados<br />

por técnicos/engenheiros florestais da<br />

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; (vi)<br />

como medida de compensação, o Metropolitano vai plantar<br />

50 árvores nos locais que a Junta de Freguesia de Campo de<br />

Ourique e a Câmara Municipal de Lisboa indiquem; (vii) por<br />

medida de precaução, o atual espaço lúdico para crianças vai<br />

ser desmontado (e novamente montado após a construção) e<br />

criado um novo espaço de lazer para as crianças junto à Igreja<br />

do Santo Condestável, que poderá ser definitivo se a Junta e a<br />

Câmara assim o pretendem.<br />

Por outro lado, está prevista a criação da Linha Violeta,<br />

que incluirá em parte do troço, o metro ligeiro de superfície.<br />

O que motivou esta opção, em detrimento da circulação<br />

em túnel?<br />

O investimento em transportes públicos é claramente deficitário<br />

em relação às reais necessidades da Área Metropolitana<br />

de Lisboa. Portanto, qualquer novo investimento deverá<br />

resultar de uma análise económica que atenda à realidade<br />

local e ao que se pretende resolver em termos de transporte.<br />

Assim, há vários aspetos a considerar na escolha do melhor<br />

modo de transporte que se adapta à realidade urbana, à<br />

procura, à morfologia do espaço, à densidade e dispersão<br />

populacional e a que procura se pretende responder. Em resultado<br />

destes e de outros fatores concluiu-se que a melhor<br />

solução para a criação de um transporte público que respondesse<br />

às necessidade dos concelhos de Odivelas e Loures<br />

seria um transporte em canal dedicado mas à superfície,<br />

para permitir uma maior densificação geográfica, em função<br />

dos montantes de investimento possível.<br />

Quais são as próximas fases da expansão da rede?<br />

Em termos da rede de Metropolitano pesado estamos a dar<br />

os primeiros passos para a definição da ampliação da futura<br />

Linha Amarela, de Telheiras a Benfica, passando pela Praça<br />

66 e-MOBILIDADE<br />

+


São Francisco de Assis, Colégio Militar (criação 2.º átrio) e<br />

Benfica. E efetuando uma segunda ligação ao nosso Parque de<br />

Material e Oficinas (PMO) em Carnide. Nesta altura estamos<br />

a fabricar em Valencia, na fábrica da Stadler, 14 Unidades<br />

Triplas (UT), 42 carruagens, resultante do concurso público<br />

lançado em 2018. Estamos a preparar o lançamento do<br />

concurso para o fornecimento de 24 UT (72 carruagens), com<br />

opção de mais 12 UT durante o 2.º trimestre de 2023.<br />

Vai haver contratação de mais pessoal para as diversas<br />

áreas do Metro de Lisboa?<br />

Desde 2017 que temos vindo a admitir novos trabalhadores<br />

para fazer face à recuperação da perda de profissionais<br />

resultantes dos tempos de grande reduções de custos, que<br />

resultaram em grandes dificuldades nas áreas mais operacionais.<br />

A estas admissões acrescem as resultantes da renovação<br />

de quadros operacionais, administrativos e chefias e às novas<br />

necessidades resultantes da expansão e melhoramentos da<br />

rede existente.<br />

Como imagina a rede do Metro de Lisboa em 2050?<br />

2050 é o ano da neutralidade carbónica da humanidade.<br />

E para se cumprir esse desiderato é fundamental que a<br />

rede do Metropolitano esteja associada à resolução do<br />

Transporte Público (TP) da Área Metropolitana de Lisboa,<br />

o que é um objetivo de enorme dimensão. Uma rede<br />

de metro pesado e metro ligeiro na AML, associado aos<br />

principais desafios do TP: menos carros a circular, nomeadamente<br />

em Lisboa, a resolução do acesso dos concelhos a<br />

Ocidente e a Norte de Lisboa, a resolução de uma nova travessia<br />

ferroviária do Tejo, a resolução do TP nos concelhos<br />

da margem Sul, etc. +<br />

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e-MOBILIDADE 67


68 e-MOBILIDADE


MANUEL RELVAS<br />

Engenheiro, consultor na área das<br />

Tecnologias de Informação<br />

https://www.linkedin.com/in/mrelvas/<br />

Dura lex<br />

Na mobilidade, como na vida, as normas<br />

sed lex...<br />

assumem um papel essencial para que as coisas<br />

funcionem como é preciso. Mais importante<br />

do que imporem determinados padrões, muitas<br />

vezes o que realmente conta é o facto de serem<br />

princípios seguidos por todos os intervenientes<br />

num determinado processo.<br />

COMPLICADEX<br />

Podemos estar a falar de regras tão simples,<br />

mas fundamentais, como circular na estrada<br />

pela direita. Veja-se o caos verificado na<br />

Suécia em 1967, no dia em que deixou de se<br />

circular pela esquerda, para se passar a circular<br />

pela direita... Mas as normas tecnológicas são sempre<br />

mais complexas e difusas, com efeitos mais subtis, mas<br />

não menos impactantes.<br />

Um bom exemplo do cruzamento da mobilidade com<br />

as normas tecnológicas é o chamado GTFS - General<br />

Transit Feed Specification. Trata-se de especificar a forma<br />

de organizar a informação de itinerários e horários dos<br />

transportes públicos, inicialmente para alimentar o Google<br />

Maps, mas que é hoje um standard universal com<br />

múltiplas aplicações. Existe ainda uma componente de<br />

informação em tempo real, o GTFS-RT, que inclui o<br />

posicionamento dos veículos em cada momento, permitindo<br />

saber quanto tempo realmente falta para o próximo<br />

transporte que nos levará ao destino pretendido.<br />

Este exemplo é bem ilustrativo do “American way”: uma<br />

norma nascida e suportada pela indústria, hoje utilizada<br />

por algo como 10 mil sistemas de transporte em todo<br />

o mundo. É um modelo que consegue traduzir grande<br />

parte da complexidade destes sistemas, mas que se<br />

revela algo rudimentar nalguns aspetos, como é o caso<br />

dos tarifários. O que faz algum sentido, uma vez que,<br />

visando informar o público, não vale a pena traduzir<br />

mais do que aquilo que um comum mortal é capaz de<br />

assimilar de forma acessível.<br />

A especificação do GTFS tem 47 páginas e a do GTFS-<br />

-RT tem 30 páginas. Algo com que alguém, minimamente<br />

dentro dos conceitos do transporte público e<br />

e-MOBILIDADE + 69


TIC(s) de Mobilidade<br />

Dura lex, sed lex... Complicadex<br />

com umas luzes básicas sobre tecnologias de informação, se<br />

inteirará com um dia de estudo. Para o mesmo tema, temos o<br />

“European way”: tudo começa com uma arquitetura de referência,<br />

o Transmodel, que define um conjunto de conceitos,<br />

como uma espécie de dicionário. São 1380 páginas de conceitos,<br />

complementadas com mais 1265 páginas dedicadas às<br />

relações entre esses conceitos. Os equivalentes ao GTFS e ao<br />

GTFS-RT no normativo europeu são, respetivamente, o<br />

NeTEx (Network Timetable Exchange) e o SIRI (Service Interface<br />

for Real Time Information); mais 2034 páginas para o<br />

primeiro e 551 para o segundo.<br />

Estamos então perante mais de 10 resmas de papel para<br />

dominar o normativo europeu, contra bem menos de 100<br />

páginas do modelo americano. Não podemos estar a falar da<br />

mesma coisa, e efetivamente, não estamos.<br />

Pode ser que as normas europeias abranjam<br />

100% da complexidade dos sistemas<br />

de transporte público, enquanto as normas<br />

de génese americana, provavelmente, se<br />

ficam pelos 80%. Mas não terá sido seguramente<br />

por falta de recursos que a Google<br />

“Podemos estar<br />

a falar de regras<br />

tão simples, mas<br />

fundamentais, como<br />

circular na estrada<br />

pela direita”.<br />

não fez umas especificações mais completas; quiseram fazer<br />

algo que pudesse ser rapidamente adotado por milhares de<br />

redes de transporte em todo o mundo, e conseguiram.<br />

Por outro lado, as normas europeias nascem de sucessivos<br />

projetos com financiamento europeu, tentando encaixar nos<br />

conceitos Transmodel as diferentes normas nacionais já vigentes<br />

nas principais economias europeias: Alemanha, França,<br />

70 e-MOBILIDADE<br />

+


Itália e Escandinávia. É assim que, no site do NeTEx, se apresentam,<br />

orgulhosamente, as várias versões da norma, adaptadas<br />

a cada uma dessas regiões. Algo que nunca teria passado pela<br />

cabeça da Google: ter versões diferentes da norma, em diferentes<br />

regiões do globo.<br />

Segue-se, no entanto, uma história de aparente sucesso, com<br />

a adoção das normas NeTEx e SIRI nos países que estiveram<br />

na sua génese, embora, por serem versões diferentes, continuem<br />

tão incompatíveis entre si como o eram até então. Não<br />

é bem este o intuito de uma norma, mas é um começo. Que<br />

prossegue com mais projetos de divulgação, integração, certificação,<br />

evolução e eventual convergência de tudo isto num<br />

mesmo modelo inter-operável.<br />

Veremos se este caminho conduzirá à desejada harmonização<br />

europeia, mas também dá que pensar se não estaremos<br />

perante a tentação de criar um muro de complexidade para<br />

proteger um negócio à volta da elaboração e implementação<br />

das próprias normas. Se assim for, conseguiram. +<br />

e-MOBILIDADE + 71


FOTOS ARTIGO: PIXABAY.COM | CANVAS PRO | FREEPIK<br />

Q-COMMERCE<br />

A evolução<br />

do e-commerce<br />

O q(uick)-commerce, ou comércio eletrónico rápido, entrou nas<br />

nossas casas nos últimos anos, e com maior preponderância<br />

nos tempos de confinamento. Hoje em dia é comum fazermos<br />

um pedido online numa qualquer aplicação móvel de entrega<br />

de refeições ao domicílio e recebermos a encomenda num<br />

período de tempo medido em minutos, não em horas.<br />

FILIPE CARVALHO<br />

CEO Wide Scope<br />

linkedin.com/in/filipecarvalhowidescope<br />

As entregas de refeições<br />

popularizaram-se e isso<br />

contribuiu para a procura<br />

de outros produtos em<br />

q-commerce, em função<br />

das alterações de hábitos dos consumidores.<br />

São vários os setores que espreitam<br />

esta oportunidade como a distribuição<br />

alimentar, mas também os produtos<br />

farmacêuticos, livros e multimédia,<br />

brinquedos ou mesmo cosméticos. O<br />

consumidor de q-commerce valoriza sobretudo<br />

a velocidade da entrega. E está<br />

disposto a sacrificar algumas exigências<br />

em comparação com o consumidor de<br />

e-commerce.<br />

O que o consumidor exige<br />

Um consumidor de q-commerce espera<br />

ser servido quase imediatamente (em<br />

menos de uma hora ou bastante menos).<br />

Esta é a sua principal exigência:<br />

que a sua estreita janela horária de entrega<br />

seja cumprida. O nível de serviço<br />

é primordial. Por contraposição, um<br />

consumidor de e-commerce aceita ser<br />

servido até 2-3 dias após a encomenda.<br />

Aqui, as entregas no mesmo dia – mes-<br />

mo que várias horas após a encomenda<br />

– ainda são vistas com satisfação<br />

extraordinária.<br />

As exigências e cedências que caracterizam<br />

um consumidor de q-commerce e<br />

- sobretudo – o distinguem de um consumidor<br />

de e-commerce permitem-nos<br />

concluir que o q-commerce não veio<br />

para substituir o e-commerce, mas para<br />

o complementar. Por isso, até podemos<br />

falar em «evolução» entre os dois<br />

modelos na medida em que um parece<br />

ser a versão mais rápida do outro, mas<br />

72 e-MOBILIDADE<br />

+


na realidade servem perfis de consumo<br />

distintos e assumem compromissos<br />

distintos para satisfazer a sua proposta<br />

de valor também ela distinta.<br />

Implicações na logística<br />

As principais condicionantes para a<br />

logística estão no tipo de armazém, no<br />

tipo de transporte e no reabastecimento<br />

de stock. Os armazéns para satisfa-<br />

IMPLICAÇÕES NA LOGÍSTICA<br />

As principais condicionantes para a<br />

logística estão no tipo de armazém, no<br />

tipo de transporte e no reabastecimento<br />

de stock. Os armazéns para satisfazer<br />

q-commerce devem ser em maior<br />

número, mas menores em dimensão, do<br />

que os de e-commerce para cobrir uma<br />

mesma região geográfica.<br />

zer q-commerce devem ser em maior<br />

número, mas menores em dimensão, do<br />

que os de e-commerce para cobrir uma<br />

mesma região geográfica.<br />

Uma vez que as encomendas são menores,<br />

mas mais frequentes, a reposição de<br />

artigos em stock precisa de ser mais dinâmica.<br />

Por sua vez, as entregas devem<br />

ser muito rápidas e, sendo pouco volumosas,<br />

devem ser utilizadas motas ou<br />

mesmo bicicletas. Todas estas condicionantes<br />

colocam pressão sobre a logística<br />

de «última milha». Considerando que o<br />

q-commerce é um negócio de baixa rentabilidade<br />

e muita rotatividade, e que os<br />

principais custos estão na logística de<br />

«última milha», como pode a tecnologia<br />

ajudar a garantir a máxima eficiência e<br />

rentabilidade.<br />

Como pode a tecnologia ajudar?<br />

A tecnologia é central para o sucesso de<br />

uma operação de q-commerce. Começa<br />

logo com o processo de encomenda que<br />

é realizado sempre de forma eletrónica,<br />

a partir de uma app ou website. Mas a<br />

rentabilidade e viabilidade da operação<br />

advêm da capacidade da logística de<br />

última milha. E aqui há duas componentes<br />

tecnológicas fundamentais:<br />

e-MOBILIDADE + 73


Tecnologias de Informação<br />

A evolução do e-commerce<br />

1) Inteligência artificial para predição<br />

dos consumos<br />

Uma vez que os stocks são limitados e<br />

de grande rotatividade interessa assegurar<br />

que não há ruturas. O stock deve<br />

estar ligado diretamente ao processo de<br />

encomenda para verificação imediata<br />

da disponibilidade. Portanto, a rutura<br />

de stock de um só artigo pode significar<br />

a perda total da encomenda de um<br />

cliente. Para antecipar esses padrões de<br />

consumo e consequente reposição de<br />

stocks atempada, estão disponíveis ferramentas<br />

de inteligência artificial com<br />

capacidades preditivas. Estas dizem-nos<br />

o que encomendar de forma que, com<br />

reposições eficientes, consigamos evitar<br />

rupturas de stock de qualquer artigo.<br />

2) Otimização de rotas<br />

Uma vez que as entregas são «ponto-a-<br />

-ponto», ou seja, o veículo carrega em<br />

armazém para entregar diretamente a<br />

um cliente e um só cliente, parece que<br />

não existe nenhuma complexidade no<br />

planeamento de rotas. Apenas a escolha<br />

de quais as melhores ruas a passar.<br />

No entanto, a realidade é bem mais<br />

complexa do que aparenta. Os clientes<br />

fazem pedidos com horas-limite de<br />

entrega diferentes, e estão a distâncias<br />

diferentes do armazém. Isto implica<br />

que, por vezes, seja proveitoso deixar de<br />

lado uma encomenda que surgiu cedo<br />

mas está perto do armazém (temos mais<br />

tempo para a satisfazer) e dar seguimento<br />

a outra que surgiu mais tarde mas<br />

OTIMIZAÇÃO DE ROTAS<br />

Se as entregarmos por ordem de<br />

chegada, calhando ir primeiro ao<br />

local mais longe e só depois ao<br />

mais perto, podemos falhar os<br />

compromissos de entrega.<br />

está mais longe. Se as entregarmos por<br />

ordem de chegada, calhando ir primeiro<br />

ao local mais longe e só depois ao mais<br />

perto, podemos falhar os compromissos<br />

de entrega. E se estivermos a correr o<br />

risco de isso acontecer tenderemos a<br />

contratar mais motoristas e veículos do<br />

que os estritamente necessários.<br />

Este tipo de deduções é por vezes contra-intuitivo.<br />

Se não for utilizada uma<br />

ferramenta de otimização de rotas adequada<br />

dificilmente chegaremos a tais soluções<br />

manualmente. Considerando que<br />

o q-commerce é uma atividade onde a<br />

eficiência logística dita a rentabilidade<br />

e a própria viabilidade do negócio, a<br />

consideração destas tecnologias<br />

é fundamental. +<br />

DO QUE O CONSUMIDOR ABDICA<br />

Se, por um lado, as exigências são mínimas, por outro as cedências são várias:<br />

1) PREÇO<br />

Um consumidor de q-commerce não procura descontos. Aliás,<br />

está disposto a pagar mais pela conveniência e velocidade da<br />

entrega. Ao contrário de um consumidor de e-commerce que<br />

espera sempre obter os preços mais baixos ou mesmo descontos<br />

especiais.<br />

2) VOLUME DA ENCOMENDA<br />

Uma entrega em q-commerce implica uma deslocação rápida,<br />

habitualmente em duas rodas, e um processo de preparação<br />

da encomenda rápido. Isto implica que a encomenda será<br />

necessariamente pouco volumosa, ou seja, de poucos itens.<br />

Se tomarmos como exemplo a distribuição alimentar (supermercados),<br />

um cliente de e-commerce procura reabastecer<br />

a despensa com os produtos para a semana, enquanto um<br />

cliente de q-commerce procura colmatar as pequenas faltas<br />

que surgem a meio da semana ocasionalmente. Tipicamente<br />

substitui aquela visita à loja de bairro para comprar a garrafa<br />

de azeite que faltou enquanto preparava o jantar. Noutra<br />

perspetiva, é também relevante referir que o consumidor<br />

de q-commerce tem um agregado familiar habitualmente<br />

menor do que o consumidor de e-commerce, isto é, uma ou<br />

duas pessoas para três ou quatro por casa, respetivamente.<br />

3) SORTIDO DA ENCOMENDA<br />

Para que as entregas possam ser rápidas precisam ser<br />

abastecidas a partir de dark stores pequenas e próximas da<br />

área de residência dos clientes. Isso não se compadece com<br />

stocks grandes de um inventário sortido. Com efeito, um<br />

cliente de q-commerce aceita que não terá um sortido de<br />

produtos alargado à escolha, mas tão somente uma seleção<br />

dos produtos de maior rotatividade.<br />

74 e-MOBILIDADE<br />

+


ANDA CONSIGO<br />

QUANDO ESTACIONA<br />

De norte a sul do país,<br />

sem moedas.<br />

Nos parquímetros<br />

com a App Via Verde<br />

Miguel Oliveira<br />

Piloto de MotoGP<br />

e-MOBILIDADE 75


OPINIÃO<br />

Práticas sustentáveis comuns<br />

nas cadeias logísticas verdes<br />

de base marítima<br />

É muito importante compreender o impacto ambiental do setor de transportes,<br />

com foco no transporte marítimo que ainda utiliza combustíveis fósseis emissores<br />

de dióxido de carbono, apesar das políticas adotadas pelos Estados<br />

e da inovação tecnológica.<br />

Destaca-se a importância das<br />

práticas sustentáveis comuns<br />

nas cadeias carregadoras.<br />

Faltam estudos sobre o<br />

transporte de mercadorias e<br />

a necessidade de compreender<br />

como os carregadores<br />

contribuem para as práticas<br />

sustentáveis das cadeias logísticas marítimas.<br />

Existem diversos fatores que influenciam a adoção<br />

de práticas sustentáveis na cadeia logística. Um dos<br />

principais fatores é o enquadramento setorial, a regulamentação<br />

industrial e ambiental, que pode afetar<br />

a atuação dos carregadores em todas as vertentes<br />

do negócio, incluindo a contratação de transportes.<br />

A regulamentação nacional, as taxas verdes e<br />

os incentivos para medidas colaborativas verdes na<br />

cadeia de abastecimento são importantes para a implementação<br />

de práticas sustentáveis. Os requisitos<br />

legais interferem na relação entre o carregador e os<br />

fornecedores de serviços logísticos e a participação<br />

das empresas em iniciativas governamentais e lideradas<br />

pela indústria podem melhorar o desempenho<br />

ambiental do transporte de mercadorias. É de grande<br />

a importância da gestão de custos para alcançar uma<br />

logística mais sustentável, pois existem oportunidades<br />

e desafios na utilização de novas tecnologias,<br />

como veículos elétricos e drones, para melhorar a<br />

eficiência do transporte de carga e reduzir os custos<br />

operacionais.<br />

VÍTOR CALDEIRINHA<br />

Port of Setubal Business and Logistics Director,<br />

Professor PhD, Port researcher and consultant<br />

www.linkedin.com/in/vitorcaldeirinha/<br />

Destaca-se também a importância da pressão dos<br />

clientes como um fator crucial para os transportadores<br />

reduzirem as emissões de carbono e adotarem soluções<br />

mais sustentáveis no setor de transporte. As empresas<br />

de transporte estão cada vez mais a adotar estratégias<br />

sustentáveis e medidas simplificadas para alcançar uma<br />

cadeia de abastecimento mais verde, influenciadas pelos<br />

gestores, pela imagem da empresa, pelos clientes, pelos<br />

transportadores, pelo governo e por outras autoridades.<br />

76 e-MOBILIDADE<br />

+


A maioria das pequenas e médias empresas é impulsionada<br />

por iniciativas internas e expectativas de clientes<br />

para adotar estratégias sustentáveis.<br />

No entanto, os aspetos ambientais são muitas vezes<br />

menos priorizados que os custos. Além disso, a valorização<br />

pelos clientes é limitada pelos objetivos financeiros<br />

dos carregadores. Algumas empresas utilizam o impacto<br />

ambiental como critério essencial na seleção de fornecedores,<br />

como forma de dar coerência ao marketing<br />

verde dos produtos e serviços, nos segmentos onde<br />

o valor da imagem pode superar o preço do serviço.<br />

Destaca-se ainda a importância de medir as emissões de<br />

CO 2 provenientes das atividades de transporte ao nível<br />

da cadeia de abastecimento e a necessidade de dispor<br />

de ferramentas eficazes e métodos padrão para medir<br />

as emissões de CO 2 nos transportes. Importa também<br />

a cooperação entre carregadores e fornecedores de serviços<br />

logísticos para a adoção de medidas e práticas de<br />

sustentabilidade nas cadeias logísticas de base marítima.<br />

Existem fatores que podem afetar a adoção de práticas<br />

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL<br />

É de grande a importância da gestão de<br />

custos para alcançar uma logística mais<br />

sustentável, pois existem oportunidades e<br />

desafios na utilização de novas tecnologias,<br />

como veículos elétricos e drones,<br />

para melhorar a eficiência do transporte<br />

de carga e reduzir os custos operacionais.<br />

e-MOBILIDADE + 77


Opinião<br />

Vítor Caldeirinha<br />

sustentáveis no setor de transporte de carga. Nem sempre é<br />

possível obter sucesso em mudanças para modos de transporte<br />

mais verdes, devido a fatores contextuais das empresas<br />

transportadoras. Há também um desencontro de interesses entre<br />

carregadores e prestadores de serviços logísticos, o que pode<br />

dificultar investimentos verdes. Algumas empresas avaliam<br />

práticas sustentáveis ambientais como componente de competitividade<br />

e fator de seleção de fornecedores de serviços<br />

logísticos.<br />

Os carregadores exercem influência na exigência de requisitos<br />

sustentáveis nos transportes, mas apenas uma pequena<br />

percentagem considera realista a implementação de<br />

iniciativas isoladas de redução de carbono. A dimensão dos<br />

carregamentos e dos carregadores influencia a exigência de<br />

sustentabilidade nas cadeias logísticas. Algumas empresas<br />

procuram transportadores menores e mais recentes<br />

para melhorar seu desempenho ambiental. No entanto,<br />

ainda falta um método preciso e normalizado para medir<br />

as emissões de dióxido de carbono no transporte e fazer o<br />

acompanhamento e comparação realista das alternativas.<br />

Deve considerar-se a redução da poluição no transporte marítimo<br />

e rodoviário. Ambos os setores são responsáveis por uma<br />

parcela significativa das emissões globais de dióxido de carbono<br />

e outros poluentes atmosféricos. Existem várias estratégias<br />

A captura de carbono e a hidrogenação<br />

do mesmo, o Gás Natural Liquefeito<br />

(LNG) e os biocombustíveis hidrogenados<br />

também são alternativas<br />

consideradas para reduzir as emissões<br />

de gases de efeito estufa no transporte<br />

marítimo, embora apresentem desafios<br />

e limitações em relação à disponibilidade<br />

e custos de produção.<br />

para reduzir a poluição, incluindo a adoção de tecnologias de<br />

propulsão mais eficientes, como motores híbridos elétricos e<br />

a redução da velocidade dos navios. Além disso, a utilização<br />

de biocombustíveis e combustíveis mais limpos pode ajudar<br />

a reduzir as emissões de poluentes atmosféricos. Importa<br />

também a reciclagem de navios e dos resíduos gerados durante<br />

o processo. Outra questão são as redes logísticas verdes<br />

78 e-MOBILIDADE<br />

+


ADOTAR ESTRATÉGIAS<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

Destaca-se também a<br />

importância da pressão dos<br />

clientes como um fator crucial<br />

para os transportadores<br />

reduzirem as emissões de carbono<br />

e adotarem soluções mais<br />

sustentáveis no setor<br />

de transporte<br />

e-MOBILIDADE + 79


Opinião<br />

Vítor Caldeirinha<br />

EM RELAÇÃO À<br />

RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

destaca-se a importância de garantir salários<br />

justos e condições de trabalho adequadas<br />

para os funcionários da indústria marítima,<br />

bem como promover a igualdade de género<br />

e evitar práticas controversas, como<br />

a “bandeira de conveniência”.<br />

e a necessidade de reduzir o espaço em vazio nos<br />

camiões e adotar uma condução ecológica.<br />

Em relação à responsabilidade social, destaca-se a<br />

importância de garantir salários justos e condições<br />

de trabalho adequadas para os funcionários da indústria<br />

marítima, bem como promover a igualdade de género<br />

e evitar práticas controversas, como a “bandeira de conveniência”.<br />

Quanto aos combustíveis verdes, aponta-se para a<br />

diversidade de opções disponíveis, incluindo combustíveis<br />

renováveis como biometano, biodiesel, etanol e eletricidade<br />

verde, bem como a utilização de motores alternativos e combustíveis<br />

alternativos.<br />

Entre estes, destaca-se a amónia e o metanol como opções<br />

viáveis para o transporte marítimo de baixa emissão de carbono,<br />

bem como o hidrogénio, que é considerado uma fonte<br />

promissora de energia, embora ainda haja desafios a superar<br />

em termos de infraestrutura e segurança.<br />

A captura de carbono e a hidrogenação do mesmo, o Gás<br />

Natural Liquefeito (LNG) e os biocombustíveis hidrogenados<br />

também são alternativas consideradas para reduzir as emissões<br />

de gases de efeito estufa no transporte marítimo, embora<br />

apresentem desafios e limitações em relação à disponibilidade<br />

e custos de produção.<br />

São importantes os meios de transporte sustentáveis para<br />

responder às exigências de sustentabilidade dos proprietários<br />

de carga e fornecedores de serviços logísticos e de<br />

transporte. Uma solução comum é o uso de camiões com<br />

níveis de emissão EURO VI e um aumento da procura do<br />

transporte intermodal, incluindo a utilização da ferrovia e<br />

do transporte marítimo.<br />

A eletrificação das operações logísticas e portuárias também<br />

pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa no<br />

transporte marítimo. Além disso, a utilização de camiões mais<br />

eficientes e a utilização da ferrovia também podem reduzir as<br />

emissões de gases de efeito estufa no transporte terrestre.<br />

Por fim, o uso do transporte marítimo é uma opção viável<br />

para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no transporte<br />

de longa distância. +<br />

CONCLUSÃO<br />

As empresas carregadoras influenciam as práticas conjuntas<br />

sustentáveis das cadeias logísticas verdes de base<br />

marítima, especialmente no que diz respeito à prevenção<br />

da poluição e à utilização de transportes verdes. A gestão<br />

sustentável das empresas e os regulamentos setoriais e<br />

ambientais também desempenham um papel importante<br />

na adoção de práticas conjuntas sustentáveis. A dimensão<br />

dos carregamentos é outro fator relevante, pois só com<br />

grandes volumes é possível influenciar a utilização de<br />

combustíveis mais verdes e a adoção de práticas justas<br />

com os tripulantes.<br />

80 e-MOBILIDADE<br />

+


+<br />

e-MOBILIDADE 81


82 e-MOBILIDADE

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