Revista eMOBILIDADE+ #02
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
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Mobilidade<br />
www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />
e- +<br />
N.º2<br />
maio/junho | 2023<br />
Bimestral | Continente<br />
Diretora: Cátia Mogo<br />
ENTREVISTA<br />
VÍTOR DOMINGUES<br />
DOS SANTOS<br />
“O investimento em transportes<br />
públicos é deficitário em relação<br />
às reais necessidades da AML”<br />
OPINIÃO<br />
VÍTOR CALDEIRINHA<br />
Práticas sustentáveis comuns<br />
nas cadeias logísticas verdes<br />
de base marítima<br />
FORD REVELA t<br />
E-TRANSIT COURIER<br />
Furgão compacto<br />
100% elétrico<br />
FÓRUM MOBILIDADE<br />
E TRANSPORTES<br />
Reportagem completa sobre o evento<br />
organizado pela eMobilidade+<br />
(ver pág. 30)<br />
t<br />
Cibersegurança<br />
Estratégia de cibersegurança.<br />
Eficaz num setor ferroviário<br />
cada vez mais digitalizado<br />
Barómetro Transportes<br />
Estudo com o objetivo de avaliar<br />
o sentimento do setor junto dos<br />
seus intervenientes ativos<br />
Consultório de Segurança<br />
Como contrariar o aumento<br />
dos combustíveis na frota.<br />
Atenção ao comportamento<br />
e-MOBILIDADE 1
2 e-MOBILIDADE
e- Mobilidade +<br />
<strong>Revista</strong> nº2 | maio/junho 2023<br />
EDIÇÃO BIMESTRAL<br />
Email: emobilidademais@invesporte.pt<br />
EDITORIAL<br />
DIRETORA<br />
Cátia Mogo<br />
EDITOR<br />
Eduardo de Carvalho<br />
REDAÇÃO<br />
Ana Filipe<br />
Márcia Dores<br />
Carlos Branco<br />
DIREÇÃO DE COMUNICAÇÃO<br />
E MARKETING<br />
Nuno Francisco<br />
PUBLICIDADE<br />
José Afra Rosa<br />
Margarida Nascimento<br />
Rui Garrett<br />
ASSINATURAS<br />
Fernanda Teixeira<br />
COLABORADORES<br />
António Macedo; Filipe Carvalho<br />
e Frederico Gomes<br />
DESIGN GRÁFICO / PAGINAÇÃO<br />
Isabel Colaço<br />
No rescaldo do “Fórum de Mobilidade e Transportes”,<br />
tenho de começar por agradecer a presença e interesse<br />
dos quase 300 participantes no evento organizado<br />
pela EUROTRANSPORTE em parceria com a eMOBI-<br />
LIDADE+, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.<br />
Ao longo de dois dias, dezenas de oradores subiram ao palco para<br />
debater os temas quentes relacionados com a mobilidade atual, quer<br />
seja no modo ferroviário, rodoviário, aéreo ou marítimo-portuário, ou<br />
os desafios da mobilidade urbana. Foi uma oportunidade única para<br />
assistir a importantes conversas e discussões, com diferentes pontos<br />
de vista, muito enriquecedores para todos os intervenientes, dos mais<br />
variados setores.<br />
Nesta segunda edição da <strong>eMOBILIDADE+</strong>, não perca a reportagem<br />
completa sobre todo o evento na página 30. +<br />
IMAGENS<br />
Pixabay.com | Freepik.com | Canvas<br />
EDITORA INVESPORTE,<br />
EDITORA DE PUBLICAÇÕES<br />
Edição, Redação e Administração<br />
R. António Albino Machado, 35G<br />
1600-259 Lisboa<br />
Telefone: 215914293<br />
Email: eurotransporte@invesporte.pt<br />
Site: www.eurotransporte.pt<br />
PROPRIEDADE<br />
Eduardo de Carvalho<br />
REGISTO ERC: Nº 127896<br />
ESTATUTO EDITORIAL:<br />
https://www.eurotransporte.pt/noticia/38/5193/<br />
estatuto-editorial-e-lei-da-transparencia/<br />
www.emobilidademais.pt<br />
www.eurotransporte.pt/mobilidade-mais/<br />
e-MOBILIDADE 3
t t<br />
SUMARIO<br />
MAIO/JUNHO 2023<br />
REVISTA Nº 2<br />
44<br />
18 FORD E-TRANSIT<br />
A <strong>eMOBILIDADE+</strong> conduziu a nova<br />
e-Transit, o modelo elétrico do<br />
veículo comercial de maiores<br />
dimensões da Ford, que traz<br />
às costas o legado da «irmã» a<br />
gasóleo - o furgão de carga mais<br />
vendido no mundo.<br />
22 BARÓMETRO TRANSPORTES<br />
A Grounded e o IPAM desenvolveram<br />
em conjunto com a<br />
EUROTRANSPORTE, a revista de<br />
referência em Portugal no setor<br />
dos transportes, e com o suporte<br />
da ANTRAM, um barómetro para<br />
o setor de transportes, mais<br />
especificamente o do transporte<br />
rodoviário de mercadorias.<br />
30 FÓRUM MOBILIDADE<br />
E TRANSPORTES<br />
A EUROTRANSPORTE e a eMOBILI-<br />
DADE+, com o apoio da Área<br />
Metropolitana de Lisboa (AML) e<br />
da ANTROP (Associação Nacional<br />
de Transportadores Rodoviários<br />
58<br />
10<br />
58 ENTREVISTA: VÍTOR DOMINGUES<br />
DOS SANTOS<br />
Vítor Domingues dos Santos está no<br />
terceiro mandato como presidente<br />
do Conselho de Administração do<br />
Metro de Lisboa e tem vindo a trabat<br />
de Pesados de Passageiros), organizou<br />
o Fórum “Mobilidade e Transportes”,<br />
que encheu, nos dias 4 e 5 de<br />
abril, o auditório na Gare Marítima<br />
de Alcântara.<br />
52 CIBERSEGURANÇA: A OUTRA<br />
FACE DA DIGITALIZAÇÃO<br />
Para gerir um sistema de mobilidade<br />
seguro e sustentável nos dias<br />
de hoje, é essencial possuir uma<br />
estratégia de cibersegurança eficaz,<br />
num setor ferroviário cada vez mais<br />
digitalizado.<br />
68<br />
lhar no sentido de expandir e modernizar<br />
a rede que comemora 75 anos<br />
de existência. O responsável falou<br />
ao <strong>eMOBILIDADE+</strong> sobre os desafios<br />
dos últimos anos, as obras que estão<br />
a decorrer e ainda sobre os projetos<br />
que irão materializar em breve.<br />
76 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS COMUNS<br />
NAS CADEIAS LOGÍSTICAS VERDES DE<br />
BASE MARÍTIMA<br />
É muito importante compreender<br />
o impacto ambiental do setor de<br />
transportes, com foco no transporte<br />
marítimo que ainda utiliza combustíveis<br />
fósseis emissores de dióxido<br />
de carbono, apesar das políticas<br />
adotadas pelos Estados e da inovação<br />
tecnológica.<br />
4 e-MOBILIDADE<br />
+<br />
16<br />
t<br />
VER REVISTA DIGITAL<br />
GRATUITA Nº.1
WWW.EUROTRANSPORT.PT<br />
e-MOBILIDADE 5
Via Rápida<br />
t<br />
CP regista lucro pela primeira vez na história<br />
A CP – Comboios de Portugal alcançou, em 2022, um marco histórico ao<br />
obter, pela primeira vez, um resultado líquido positivo de 8 milhões de euros.<br />
A empresa registou mais de 148 milhões de passageiros transportados no<br />
mesmo ano, sendo este o maior número de passageiros dos últimos 20 anos.<br />
O inédito resultado líquido positivo de 8 milhões de euros, simboliza um<br />
avanço de 22 milhões de euros em comparação com 2021 e regista-se num<br />
contexto de aumento expressivo dos custos com energia para a tração dos<br />
comboios. Estes gastos aumentaram mais de 28,5 milhões de euros em<br />
apenas um ano.<br />
A melhoria da pontualidade e a diminuição do número de supressões são<br />
fruto da estratégia de recuperação de material circulante, uma abordagem<br />
que proporciona benefícios significativos: como a reutilização de material<br />
previamente abandonado, que se encontra em excelente estado, otimizando<br />
recursos e aumentando a eficiência da CP. A importância da recuperação<br />
de material circulante não pode ser subestimada, pois permitiu ainda à CP<br />
devolver algumas das automotoras da série 592 a Espanha. Esta foi uma<br />
ação estratégica que resultou numa poupança de vários milhões de euros,<br />
demonstrando o compromisso da empresa em otimizar recursos e melhorar<br />
a eficiência financeira.<br />
t<br />
Mobilidade suave<br />
com bicicletas ou<br />
trotinetes cada vez<br />
com mais adesão<br />
O carro continua a ser um dos<br />
principais meios de transporte<br />
para as deslocações dos<br />
portugueses, porém existem<br />
outros modos de mobilidade<br />
a ganhar terreno no nosso<br />
país. 48% dos portugueses<br />
complementam a utilização<br />
do automóvel com modos<br />
de mobilidade suave, como<br />
trotinete ou bicicleta, mas<br />
também transportes públicos.<br />
De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, os<br />
condutores portugueses percorrem 13.250 quilómetros de<br />
carro por ano – um valor próximo da média dos 18 países<br />
estudados (13.600km) –, sendo que 93% utiliza-o para deslocações<br />
pessoais, como para lazer ou fazer compras, mais de três<br />
quartos em deslocações diárias para a atividade profissional<br />
e igual proporção para viajar ao fim de semana ou em férias.<br />
Apesar de o automóvel se manter no centro das deslocações<br />
dos portugueses, a verdade é que 38% dos portugueses inquiridos<br />
pelo Observador Cetelem Automóvel 2023 revelam estar<br />
a utilizar este modo de transporte com menos frequência do<br />
que no passado. Este facto poderá estar relacionado com o aumento<br />
dos custos de utilização dos automóveis, em especial os<br />
ocorridos no último ano devido à inflação. 52% dos condutores<br />
portugueses consideram que o custo de utilização dos veículos<br />
é elevado e muitos começaram a abdicar da sua utilização.<br />
t<br />
Metro de Lisboa assinou contrato relativo<br />
ao lote 4 da linha circular<br />
O Metropolitano de Lisboa procedeu, a 13 de abril, à assinatura<br />
do Contrato da “Empreitada de conceção e construção dos<br />
acabamentos e sistemas no âmbito da concretização do Plano de<br />
Expansão - Prolongamento das linhas Amarela e Verde, extensão<br />
Rato/Cais do Sodré - do Metropolitano de Lisboa (Lote 4)”, numa<br />
sessão presidida pelo Secretário de Estado da Mobilidade Urbana,<br />
Jorge Delgado. O contrato é celebrado com a Zagope, Comsa,<br />
ACE, Agrupamento complementar de Empresas, pelo valor de<br />
€69.933.000,00 (sessenta e nove milhões novecentos e trinta e três<br />
mil euros), acrescido de IVA. No âmbito deste contrato encontram-se<br />
compreendidos trabalhos de acabamentos, incluindo<br />
alvenarias, revestimentos, serralharias, mobiliário, sinalética, redes<br />
hidráulicas, elétricas, de telecomunicações e de supervisão das<br />
instalações técnicas, redes de dados e de segurança, bem como os<br />
trabalhos de via-férrea, sistemas de bilhética, entre outros. Prevista<br />
inaugurar em 2024, a linha Circular contará com mais 2 km de rede<br />
e 2 novas estações: Estrela e Santos.<br />
6 e-MOBILIDADE<br />
+
t<br />
AutoSueco entrega primeiro ISUZU<br />
NOVOCITI VOLT à Guimabus<br />
A Auto Sueco Portugal, empresa do Grupo Nors, representante<br />
oficial da Isuzu Buses em Portugal, entregou o primeiro autocarro<br />
100% elétrico Isuzu Novociti VOLT ao cliente Guimabus.<br />
Com zero emissões, este autocarro representa um importante<br />
passo para a sustentabilidade e mobilidade urbana em Portugal.<br />
Com possibilidade para transportar até 44 passageiros, o<br />
Isuzu Novociti VOLT é alimentado por um sistema de baterias<br />
de LFP (Lítio, Ferro e Fosfato) com 268 kWh de capacidade,<br />
que o torna numa opção totalmente elétrica e amiga do<br />
ambiente, permitindo atingir valores de autonomia que, em<br />
condições ideais, podem chegar aos 350 km. Equipado com<br />
um motor elétrico TM4 SUMO MD, confere ao autocarro uma<br />
potência de 270 kW em conjunto com um binário máximo de<br />
2500 Nm, tornando o VOLT num veículo muito eficiente, em<br />
comparação com outras soluções elétricas atualmente disponíveis<br />
no mercado. Além disso, o autocarro apresenta um design<br />
moderno e aerodinâmico, com características que visam melhorar<br />
a segurança e a experiência dos seus passageiros.<br />
Stellantis atribui produção de furgões<br />
elétricos a Mangualde<br />
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, anunciou a entrada do<br />
Centro de Produção Stellantis de Mangualde numa nova<br />
era com a produção dos modelos Citroën ë-Berlingo,<br />
Peugeot e-Partner, Opel Combo-e e Fiat e-Doblò, nas<br />
versões de comerciais ligeiros e de passageiros, no início<br />
de 2025. Mangualde será, assim, a primeira unidade industrial<br />
portuguesa a produzir carros totalmente elétricos<br />
a bateria em grande série, para os mercados doméstico e<br />
de exportação, desde o lançamento.<br />
O anúncio foi feito durante a visita do Presidente da<br />
República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, do<br />
primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Economia<br />
e do Mar, António Costa Silva, à Fábrica Stellantis<br />
de Mangualde, no âmbito da iniciativa do Governo “PRR<br />
(Plano de Recuperação e Resiliência) em Movimento”.<br />
t<br />
t<br />
IVECO BUS vence concurso na Chéquia para 140 autocarros híbridos<br />
A Empresa de Transportes Públicos de Praga (DPP) e a IVECO BUS assinaram um contrato-quadro para o fornecimento de um máximo de 140 veículos<br />
Urbanway Hybrid de 18 metros, ao longo de um período de 5 anos. A DPP escolheu o autocarro Urbanway Hybrid articulado para a renovação da sua frota,<br />
no âmbito do Plano Climático 2030 projetado para Praga, capital da Chéquia. O plano exige que 75% dos autocarros da DPP sejam veículos completamente<br />
isentos de emissões ou com baixas emissões.<br />
e-MOBILIDADE + 7
Airbus GBS inaugura novas instalações em Lisboa<br />
As novas instalações da<br />
Airbus GBS - Global Business<br />
Services, no Parque das<br />
Nações, foram inauguradas<br />
no Parque das Nações. Este<br />
novo centro acolherá até ao<br />
final do ano cerca de 900 colaboradores,<br />
um objetivo de<br />
recrutamento previsto para<br />
2025. O crescimento mais<br />
rápido do que o planeado<br />
para este projeto, devido<br />
sobretudo à elevada adesão<br />
dos talentos portugueses,<br />
levou ainda a que a Airbus<br />
tivesse aberto um escritório-satélite em Coimbra, que iniciou funcionamento um mês antes com<br />
os primeiros colaboradores.<br />
One encomenda dez<br />
novos navios<br />
A Ocean Network Express (ONE)<br />
encomendou dez novos porta-<br />
-contentores, de grandes dimensões,<br />
com capacidade de carga<br />
superior a 13.700 TEU, a serem<br />
entregues em 2025 e 2026. A nova<br />
encomenda está de acordo com<br />
a estratégia de médio prazo da<br />
empresa, anunciada em março de<br />
2022, e segue-se aos dez navios<br />
contratados em maio.<br />
Ao assegurar uma implantação estável de novos navios porta-contentores sem restrições devido a<br />
flutuações de curto prazo no mercado do setor, a empresa visa reforçar a competitividade da sua<br />
frota e satisfazer a procura dos clientes, mantendo uma cadeia de abastecimento eficiente e fiável.<br />
Os dez novos porta-contentores estão prontos para operar a metanol e amoníaco. Encontram-se<br />
equipados com «escudos» frontais e outras tecnologias de poupança de energia. A ONE também<br />
iniciou discussões com o estaleiro naval e fabricantes de equipamento para implementar a captura<br />
e armazenamento de carbono a bordo no momento da entrega.<br />
A equipa da Airbus em Portugal integra atualmente mais de 500 trabalhadores de 36 nacionalidades<br />
diferentes, que dão suporte a 16 funções diferentes nas operações globais Airbus, apoiando<br />
as suas divisões Airbus Commercial Aircraft, Airbus Helicopters e Airbus Defence & Space. Além<br />
deste centro de serviços partilhados, a Airbus em Portugal tem ainda mais de 100 colaboradores<br />
na Airbus Atlantic, a unidade industrial inaugurada em Santo Tirso, em setembro de 2022.<br />
Website do observatório da<br />
mobilidade e dos transportes<br />
disponível<br />
Desde 1 de maio, o Observatório da<br />
Mobilidade e dos Transportes da AMT está<br />
disponível ao público para consulta dos dados<br />
referentes aos mercados da mobilidade<br />
e dos transportes, que agregam uma parcela<br />
significativa da informação disponível.<br />
Os dados podem ser consultados no endereço<br />
https://observatorio.amt-autoridade.pt.<br />
Com o website, a AMT dá mais um passo na<br />
promoção da literacia sobre a mobilidade e<br />
os transportes. Os dados agora tornados públicos<br />
permitem, de forma mais imediata e<br />
sistemática, que o cidadão obtenha informação<br />
sobre o funcionamento dos mercados e<br />
sobre a atividade das entidades reguladas.<br />
Permitem ainda suportar o desenvolvimento<br />
de políticas públicas e de análises académicas<br />
sobre os impactos destes mercados.<br />
8 e-MOBILIDADE<br />
t<br />
Medway atribui Certificados de Transporte<br />
Sustentável<br />
Como documentos indicadores da quantidade de emissões de CO 2<br />
evitadas em 2002, os certificados foram atribuídos a 38 clientes. O<br />
evento de entrega dos certificados decorreu em Lisboa, com a presença<br />
de muitos clientes e parceiros da Medway. O objetivo da iniciativa é<br />
demonstrar a redução da emissão de gases de efeito de estufa para<br />
atmosfera, que é possível com o transporte de mercadorias, promovendo<br />
em paralelo uma reflexão sobre a emergência de uma mobilidade e<br />
um futuro mais sustentáveis. Os 38 Certificados de Transporte Sustentável<br />
aos clientes traduzem-se, no total, no evitar da emissão de 102.194<br />
toneladas de CO 2 para a atmosfera, comparativamente ao que seria<br />
emitido se tivessem transportado as suas mercadorias pela rodovia.
Grupo ETE apresenta marca<br />
de contentores inteligentes Aeler<br />
A nova geração de contentores inteligentes da AELER foi apresentada no Porto,<br />
no Armazém do Grupo ETE, na Plataforma Logística do Porto de Leixões. Em<br />
relação ao contentor tradicional, no transporte de carga líquida a granel, este<br />
contentor - sem abaulamento e graças a uma maior resistência proporcionada<br />
pelo material de que é composto - oferece mais 17% de carga útil, tornando<br />
possível carregar flexitanks com 28 t (toneladas) em vez de 24 t (toneladas) dada<br />
a sua ergonomia e pontos de amarração (rings) embutidos. No transporte de<br />
bens sensíveis, este novo contentor permite, graças à sua tecnologia, uma redução<br />
drástica das variações de temperatura graças ao seu isolamento estrutural,<br />
traduzindo-se numa vantagem competitiva face à redução significativa de tempo<br />
e custo de montagem, sendo uma alternativa viável para casos específicos<br />
de utilização de contentores frigoríficos. Já no transporte de bens de alto valor:<br />
o ênfase na inovação aliada à segurança permite que, através de uma Torre de<br />
Controlo seja possível monitorizar onde e “como” o contentor e a sua carga<br />
estão em permanência assim como detetar aberturas de portas e impactos.<br />
t<br />
t<br />
PSA Sines acolhe o maior porta-contentores em Portugal<br />
O navio de contentores liberiano MSC TESSA estabeleceu recentemente um recorde histórico ao fazer<br />
escala no Porto de Sines, em Portugal, durante a sua viagem inaugural. O terceiro maior navio do mundo,<br />
com uma capacidade de carga de 24,116 TEU (Twenty-foot Equivalent Units), é o maior navio de contentores<br />
a atracar num porto português até à data. A chegada do MSC Tessa permite à PSA Sines demonstrar<br />
a sua extensa capacidade operacional na gestão de carga e descarga de contentores. Concluído em 2023,<br />
o MSC Tessa é um navio porta-contentores de última geração que pertence à empresa global de transporte<br />
marítimo de contentores Mediterranean Shipping Company (MSC). O navio partiu do porto chinês<br />
de Ningbo e fez a primeira escala europeia na sua viagem inaugural em Sines e irá operar como parte do<br />
serviço 2M LION que liga o Extremo Oriente aos portos da Europa Ocidental.<br />
Em Sines, o MSC Tessa irá movimentar cerca de 4.500 contentores.<br />
APL e Repsol promovem<br />
descarbonização<br />
A Administração do Porto de Lisboa e<br />
a Repsol, através de um protocolo de<br />
colaboração técnica, iniciaram um projeto<br />
piloto de abastecimento marítimo<br />
da frota de pilotagem da APL com<br />
um novo produto com incorporação<br />
de 20% de biocombustível -MarPro<br />
e+ B20. O primeiro abastecimento<br />
ocorreu na instalação da Repsol no<br />
Terminal de Líquidos da Banática,<br />
tendo este combustível sido aprovado<br />
pelo construtor dos motores das<br />
embarcações da APL. Esta parceria-piloto<br />
terá a duração de 6 meses e está<br />
integrada num conjunto de iniciativas<br />
que integram o plano de ação para a<br />
transição energética e descarbonização<br />
da atividade do Porto de Lisboa.<br />
Para o Presidente do Conselho de<br />
Administração da APL, Carlos Correia,<br />
“este é mais um importante passo na<br />
concretização da estratégia de descarbonização<br />
do Porto de Lisboa, sendo<br />
estes projetos-piloto bem-vindos, pelo<br />
efeito multiplicador que podem gerar<br />
na atividade portuária”.<br />
Porto de Lisboa retoma aposta numa<br />
das principais feiras de logística<br />
O Porto de Lisboa marca presença na edição de 2023<br />
da Transport Logistic, uma das principais feiras mundiais<br />
dedicadas ao setor da logística e das cadeias de abastecimento.<br />
O certame decorre em Munique, na Alemanha, e é<br />
também uma referência para outros setores como a<br />
mobilidade e as tecnologias de informação. A participação<br />
do Porto de Lisboa está inserida na missão comercial<br />
da APP – Associação de Portos de Portugal, sob a marca Portugal Ports, que também inclui as<br />
representações dos portos de Leixões, Aveiro, Setúbal e Sines. É a segunda vez que Portugal<br />
marca presença na Transport Logistic com o intuito de projetar o país, os seus portos e cidades<br />
nas rotas internacionais.<br />
t<br />
e-MOBILIDADE + 9
GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />
Ford revela E-Transit Courier<br />
E-Transit Courier<br />
Ford revela<br />
O furgão compacto E-Transit Courier 100%<br />
elétrica reforça a gama elétrica da Ford Pro<br />
e apoia o plano global da Ford para a massificação<br />
dos veículos elétricos.<br />
Por Cátia Mogo<br />
10 e-MOBILIDADE<br />
+
e-MOBILIDADE 11
GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />
Ford revela E-Transit Courier<br />
12 e-MOBILIDADE<br />
+
SISTEMA<br />
O sistema Plug and Charge<br />
permite aos proprietários da<br />
E-Transit Courier simplesmente<br />
ligar o veículo à ficha sem fazer<br />
mais nada quando utilizam<br />
carregadores compatíveis<br />
com a Blue Oval Charge<br />
Network<br />
Criada com o objetivo de aumentar ainda mais a<br />
produtividade dos clientes, a E- Transit Courier foi<br />
redesenhada em torno de uma área de carga maior<br />
e mais flexível, que proporciona 25% mais volume<br />
de carga do que o modelo anterior, além de uma<br />
capacidade melhorada que inclui maior carga útil e espaço para<br />
duas europaletes. Além disso, o novo furgão E-Transit Courier<br />
está totalmente integrado com a plataforma de software e serviços<br />
conectados da Ford Pro para impulsionar, ainda mais, uma operação<br />
eficiente, incluindo soluções de carregamento de ponta a<br />
ponta e ferramentas de gestão do Software Ford Pro.<br />
e-MOBILIDADE 13<br />
+
GAMA ELÉTRICA DA FORD PRO<br />
Ford revela E-Transit Courier<br />
DETALHES DA GAMA NÃO FORAM REVELADOS<br />
Na apresentação à imprensa, não foram divulgados os valores<br />
completos de performances nem todos os detalhes da gama,<br />
com a promessa de serem divulgados mais perto da data<br />
de lançamento.<br />
Sabe-se, para já que o modelo elétrico terá um motor de<br />
100 kW e capacidade de condução One Pedal (Pedal Único).<br />
A Ford Pro espera que a E-Transit Courier se torne popular<br />
entre os clientes que carregam os seus veículos em casa;<br />
o Ford Pro Charging visa uma carga de 11 kW AC durante a<br />
noite em casa de 5,7 horas e o carregamento pode ser agendado<br />
para tirar partido da energia mais barata durante a noite,<br />
utilizando o ecrã tátil do veículo ou o software<br />
de carregamento.<br />
Para ajudar a uma carga eficiente na via pública, o veículo<br />
oferece uma capacidade de carga rápida CC até 100 kW. A<br />
Ford espera que o sistema acrescente 87 km de autonomia<br />
em apenas 10 minutos, e carregue de 10 a 80 por cento da<br />
bateria em menos de 35 minutos.<br />
A E-Transit Courier oferece um ano de acesso gratuito à Blue<br />
Oval Charge Network, que está programada para incluir<br />
500.000 carregadores públicos até 2024.<br />
MAIS PRODUTIVIDADE PARA AS FROTAS<br />
Para quem conta com cinco ou mais veículos na frota, também<br />
pode beneficiar de um ano de acesso gratuito às funções<br />
personalizadas do Ford Pro E-Telematics. O sistema utiliza<br />
dados em tempo real para ajudar a maximizar a produtividade,<br />
bem como fornecer funções criadas para ajudar na utilização<br />
eficaz e intuitiva do Ford Pro Charging. Estas incluem<br />
a monitorização do estado atual de carregamento, estado de<br />
carregamento específico do veículo e autonomia restante com<br />
níveis de alerta de baixa autonomia personalizáveis.<br />
O sistema Plug and Charge permite aos proprietários da<br />
E-Transit Courier simplesmente ligar o veículo à ficha sem<br />
fazer mais nada quando utilizam carregadores compatíveis<br />
COCKPIT DO ID.BUZZ<br />
O cockpit do ID.Buzz tem tanto de<br />
ergonómico como de tecnológico, com ambos os<br />
ecrãs a assemelharem-se a tablets flutuantes no<br />
painel de instrumentos<br />
A E-Transit Courier tem um design<br />
exterior arrojado e distinto e um<br />
interior espaçoso e prático concebido<br />
em torno das necessidades dos<br />
utilizadores de furgões compactos<br />
14 e-MOBILIDADE<br />
+
ID.BUZZ<br />
O ID.BUZZ mantém<br />
a «boa disposição» pela qual<br />
já é conhecido, com uma<br />
interessante mescla de<br />
cores e materiais<br />
com a Blue Oval Charge Network. O carregamento começa<br />
automaticamente e a fatura e o resumo da carga são enviados<br />
ao proprietário após o desligar da tomada. Para ir mais longe<br />
entre carregamentos, a função Intelligent Range, albergada na<br />
cloud, coleciona dados para fornecer números mais precisos<br />
de autonomia.<br />
MAIS CARGA<br />
A E-Transit Courier tem um design exterior arrojado e distinto<br />
e um interior espaçoso e prático concebido em torno das<br />
necessidades dos utilizadores de furgões compactos. Graças<br />
à nova conceção, a E-Transit Courier proporciona uma maior<br />
capacidade de carga em todas as dimensões. A largura entre<br />
as rodas traseiras é de 1.220 mm, permitindo transportar,<br />
pela primeira vez, duas europaletes. O volume total de carga<br />
é agora de 2,9 m 3 , 25% mais do que na geração anterior. Este<br />
valor pode ser ainda aumentado utilizando a nova caraterística<br />
da antepara de carga, uma abertura que permite aos<br />
clientes transportar artigos como tábuas ou tubos com mais<br />
de 2.600 mm de comprimento. A carga útil máxima para o<br />
modelo totalmente elétrico é de 700 kg, com um peso máximo<br />
de reboque de 750 kg.<br />
O novo modelo oferece um equipamento de série muito<br />
abrangente, incluindo características únicas do habitáculo<br />
com um volante do tipo “squircle” que melhora o espaço para<br />
+<br />
e-MOBILIDADE 15
as pernas e a visibilidade do condutor, bem como uma alavanca<br />
da caixa de velocidades montada na coluna de direção,<br />
ignição por pressão num botão e um travão de mão<br />
eletrónico para proporcionar um maior espaço de armazenamento<br />
personalizável.<br />
MAIS CONETIVIDADE<br />
O painel de instrumentos “digiboard” contém um cluster digital<br />
de 12 polegadas e um ecrã tátil central de 12 polegadas<br />
com o mais recente sistema SYNC 4 da Ford.<br />
A Navegação Conectada com subscrição pode aumentar a<br />
produtividade e reduzir a carga de trabalho do condutor com<br />
atualizações sobre tráfego, estacionamento, carregamento e<br />
perigos locais. A compatibilidade com Android Auto e Apple<br />
CarPlay, sem fios, é de série. Um “Office Pack” inovador e<br />
único na sua classe inclui uma superfície de trabalho plana<br />
dobrável e iluminada para usar um portátil, preencher a<br />
papelada ou tornar uma pausa no habitáculo, mais fácil e<br />
confortável. A segurança do condutor e da carga são preocupações<br />
primordiais para os utilizadores de comerciais e para a<br />
Ford Pro. A E-Transit Courier estabelece uma nova referência<br />
no segmento com o seu conjunto abrangente de sistemas<br />
avançados de assistência ao condutor oferecido de série.<br />
Como opcionais estão o “adaptive cruise control” com “lane<br />
centring” e o “stop & go”, monitorização do ângulo morto<br />
A NOVA FORD TRANSIT COURIER<br />
A nova Ford Transit Courier pode ser encomendada com<br />
motores a gasolina e Diesel a partir do verão de 2023<br />
e a previsão de entrega é antes do final do ano.<br />
Já a versão elétrica, deverá entrar em<br />
produção no final de 2024.<br />
com alerta de trânsito transversal, assistência ao tráfego em<br />
cruzamento e assistência à travagem em marcha atrás para<br />
maior paz de espírito na condução urbana. Cada E-Transit<br />
Courier possui um modem incorporado de série, permitindo<br />
uma conetividade sempre ligada ao ecossistema Ford Pro e<br />
com atualizações de software sem fios que podem fazer evoluir<br />
a capacidade do veículo ao longo do tempo sem necessidade<br />
de uma visita ao concessionário.<br />
A nova Ford Transit Courier pode ser encomendada com<br />
motores a gasolina e Diesel a partir do verão de 2023 e a<br />
a previsão de entrega é antes do final do ano. Já a versão<br />
elétrica, deverá entrar em produção no final de 2024. Todos<br />
os modelos serão construídos em Craiova, Roménia, pela<br />
Ford Otosan, o fabricante do Transit Custom, o modelo mais<br />
vendido e a líder de segmento E-Transit. +<br />
16 e-MOBILIDADE<br />
+
Prontos para o presente.<br />
O eCitaro. Inovador com grande autonomia e<br />
um conceito de eletromobilidade integral.<br />
Saiba mais em mercedes-benz-bus.com #ElectrifyYourCity<br />
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e-MOBILIDADE 17
Ford e-Transit<br />
Solução<br />
profissional<br />
A <strong>eMOBILIDADE+</strong> conduziu a nova e-Transit, o modelo elétrico do veículo<br />
comercial de maiores dimensões da Ford, que traz às costas o legado da «irmã»<br />
a gasóleo - o furgão de carga mais vendido no mundo.<br />
Por Cátia Mogo<br />
Era, sem dúvida, uma responsabilidade<br />
de peso para os engenheiros da Ford,<br />
igualar ou superar o desempenho do<br />
ícone «Ford Transit», com uma versão<br />
puramente elétrica, capaz de continuar<br />
a ser uma referência no mundo dos negócios.<br />
Talvez por isso a Ford tenha sido um dos<br />
últimos construtores a revelar o seu concorrente<br />
no segmento dos furgões de grandes dimensões.<br />
A verdade é que a nova e-Transit não defrauda<br />
as expetativas, com uma autonomia anunciada<br />
superior a 300 km (que deverá rondar os 250<br />
km reais) e que, para a maioria das atividades<br />
profissionais, é mais do que suficiente para uma<br />
jornada completa de trabalho sem necessidade de<br />
recarregar a meio.<br />
O furgão elétrico foi construído com base na mesma<br />
plataforma do modelo equivalente com motor<br />
Diesel, no entanto, o motor elétrico é montado na<br />
parte de trás do furgão, o que obrigou a algumas<br />
revisões na suspensão traseira. Foram também<br />
adicionadas zonas de impacto para proteger os<br />
ocupantes e o pack de baterias. A carga útil fixa-se<br />
nos 881 kg e o volume máximo de carga chega<br />
aos 9,5 m 3 .<br />
Com a opção de carregamento a 115 kW, carregar<br />
a bateria de 68 kWh até 80% demora pouco mais<br />
de 30 minutos, ao passo que com um carregador<br />
AC mais lento, é possível carregar totalmente a<br />
bateria em 8 horas numa wallbox trifásica ou em<br />
11,5 horas numa tomada normal caseira. O motor<br />
elétrico da versão testada tem 198 kW, o equivalente<br />
a 269 cv, com 405 Nm de binário.<br />
DESEMPENHO OTIMIZADO<br />
O modelo elétrico chega ao mercado integrado<br />
num conjunto de soluções Ford Pro, destinadas<br />
a otimizar a eficiência e o custo de propriedade,<br />
bem como sistemas inteligentes de assistência ao<br />
condutor e de segurança. Chega com dois níveis<br />
de equipamento, Base e Trend, sendo o modelo<br />
testado desta última versão. Ambos contam com<br />
mais equipamento de série do que o modelo de<br />
motor convencional, com destaque para o sistema<br />
de infotainment Ford Sync 4, com um generoso<br />
ecrã de 12 polegadas e o seletor de caixa rota-<br />
18 e-MOBILIDADE<br />
+
FORD E-TRANSIT<br />
integra ainda a inédita solução<br />
ProPower Onboard, que gera<br />
até 2,3 kW na cabine e na área<br />
de carga para alimentação de<br />
conversões e de equipamentos<br />
enquanto se encontra<br />
em trabalho.<br />
e-MOBILIDADE 19
tivo ao centro. A versão Base inclui o<br />
Controlo Eletrónico da Temperatura<br />
do Ar, Arranque Sem Chave, bancos<br />
aquecidos, parabrisa Quickclear e<br />
esepelhos elétricos aquecidos. Já a gama<br />
Trend adiciona funcionalidades para<br />
o aumento da produtividade, como o<br />
Ford Connected Navigation System 5<br />
ou o sistema Intelligent Range, apresentando<br />
valores mais precisos no domínio<br />
da distância até vazio. Todas as e-Transit<br />
vêm equipadas de série com um<br />
Modem FordPass Connect, que permite<br />
uma conetividade sempre ligada com o<br />
ecossistema Ford Pro e atualizações de<br />
software Ford Power-Up para fornecer<br />
funcionalidades e benefícios adicionais.<br />
Conectado e em controlo.<br />
Sistema de entretenimento<br />
Ford SYNC 4.<br />
Tomada de carregamento<br />
prática atrás da grelha<br />
dianteira.<br />
Soluções de arrumação<br />
práticas em todo o lado.<br />
20 e-MOBILIDADE<br />
+
NOVA FORD e-TRANSIT<br />
> Ligue as suas ferramentas<br />
sem um gerador.<br />
Pro Power on Board.<br />
> Seletor de velocidades<br />
rotativo para um interior<br />
organizado<br />
> Travão de mão elétrico<br />
liberta espaço no interior<br />
Entre as tecnologias disponíveis, nota<br />
para a assistência pré-colisão com deteção<br />
de peões, cruise control adaptativo<br />
inteligente com reconhecimento de sinais<br />
de trânsito, sistema de informação<br />
de ângulo morto, com aviso de mudança<br />
de faixa e ajuda, alerta de saída<br />
de faixa, ajuda à manutenção de faixa<br />
e assistência em cruzamentos. Como<br />
novidades, é de referir a Assistência à<br />
travagem em marcha-atrás,<br />
sistema que utiliza uma câmara e<br />
sensores para detetar peões, ciclistas e<br />
obstáculos estáticos em manobras de<br />
marcha-atrás, podendo gerar um aviso<br />
antes de imobilizar automaticamente<br />
o veículo caso o condutor não reaja.<br />
O ecossistema de serviços de apoio<br />
da Ford Pro engloba desde o financiamento,<br />
à telemática, passado pelo<br />
após-venda e pela infraestrutura de<br />
carregamento. +<br />
INTERIOR CONDUÇÃO MINIMALISTA REFINADA<br />
O Na ID.BUZZ experiência Cargo de foi condução concebido da para Ford aplicações e-Transit é profissionais, possível perceber mas não o cuidado descura, a<br />
par implicado da mobilidade no desenho elétrica e concepção e digital, os deste sistemas furgão. de Apesar assistência de estar de última pensada geração. para<br />
No ser um interior, veículo segue de trabalho, a linha da dentro família da ID, cabine, com um o ruído ecrã tátil é reduzido de 12’’ que e a qualidade inclui todas dos<br />
as materiais informações não desaponta. sobre a condução, Mesmo com temperatura a carga completa, e navegação a e-Transit (que é um é capaz opcional) de<br />
e responder ainda um com painel vigor de às instrumentos solicitações digital, do acelerador, de 5,3’’, localizado avançando atrás com do mais volante. disparo O<br />
furgão se pisarmos pode o ter pedal até sete até ao tomadas fundo, USB, para possui uma eventual controlo ultrapassagem, por voz (Hello por ID.) exemplo. e carregamento<br />
A revisão do da suspensão telemóvel por traseira indução. mencionada anteriormente melhora de forma<br />
O considerável cockpit do a ID.Buzz prestação tem do tanto veículo de ergonómico em estradas como mais acidentadas. tecnológico, com ambos<br />
os A e-Transit ecrãs a assemelharem-se pode recuperar energia a tablets para flutuantes as baterias no painel sempre de que instrumentos. levantamos Nos o pé<br />
sistemas do acelerador, de assistência, o que pode destaque ser ainda para mais os alertas evidenciado perigo, ao selecionar assistente o de modo estacionamento<br />
seletor de com caixa, função mas não de memória chega a ser e ainda tão preciso para a e condução eficaz como semi-autónoma a condução «One com<br />
L, no<br />
controlo Pedal», disponível lateral e longitudinal em alguns dos a qualquer modelos velocidade. de marcas concorrentes. Não há travão<br />
Na de mão versão convencional, Cargo, os lugares tendo da este frente sido são substituído separados por da um caixa travão de carga eletrónico, por uma ativado<br />
com um fixa, botão que pode à esquerda ter uma do janela volante. e uma abertura para carregar items. Surge,<br />
antepara<br />
de série, com uma porta deslizante do lado do passageiro, sendo opcional a segunda<br />
Os preços porta do lateral modelo na testado caixa de arrancam carga. nos 61.300€ (mais IVA).<br />
+<br />
e-MOBILIDADE 21
TRANSPORTE RODOVIÁRIO<br />
DE MERCADORIAS<br />
Barómetro<br />
Transportes<br />
A Grounded e o IPAM desenvolveram em<br />
conjunto com a revista Eurotransporte, a<br />
revista de referência em Portugal no setor dos<br />
transportes, e com o suporte da ANTRAM, um<br />
barómetro para o setor de transportes, mais<br />
especificamente o do transporte rodoviário de<br />
mercadorias. O estudo, já com seis edições,<br />
tem como objetivo avaliar o sentimento do<br />
setor junto dos seus intervenientes ativos.<br />
Os participantes do estudo em 2023, e à semelhança<br />
de 2017 e 2018 e 2019, 2021 e 2022<br />
são todos aqueles que têm um interesse direto<br />
na área de transportes de mercadorias e que<br />
constam na base de dados da <strong>Revista</strong> Eurotransporte<br />
e da ANTRAM.<br />
Foram enviados e-mails com o inquérito para as bases de<br />
dados da ANTRAM e da Eurotransporte. De um universo de<br />
15.000 participantes obtiveram-se 254 respostas válidas. Os<br />
dados foram recolhidos entre 9 de março e 13 de abril 2023.<br />
1. O Questionário<br />
O questionário avalia o sentimento dos operadores em duas<br />
vertentes. Uma primeira vertente ao nível do sentimento<br />
dos participantes relativamente ao setor de transportes de<br />
mercadorias. O sentimento é avaliado com recurso a quatro<br />
questões:<br />
• Perspetiva do setor de transportes de mercadorias rodoviário<br />
para o próximo ano.<br />
Perguntou-se aos participantes do estudo se têm uma “muito<br />
boa”, “boa”, “má” ou “muito má” perspetiva relativamente ao<br />
setor para o próximo ano.<br />
• Perspetiva do setor de transportes de mercadorias rodo-<br />
viário para os próximos 3 anos.<br />
Perguntou-se aos participantes do estudo se têm uma “muito<br />
boa”, “boa”, “má” ou “muito má” perspetiva relativamente ao<br />
setor para o próximo ano.<br />
• Perspetivas de investimento no próximo ano.<br />
Perguntou-se, apenas aos investidores ativos do setor dos<br />
transportes de mercadorias rodoviário, quais os seus<br />
planos de investimento para o próximo ano: aumento,<br />
manutenção ou redução de investimento.<br />
• Perspetiva de Longo Prazo.<br />
Perguntou-se os participantes se recomendam o transporte<br />
rodoviário de mercadorias enquanto atividade profissional<br />
atrativa e de futuro. Esta questão foi baseada na metodologia<br />
Net Promoter Score (NPS). O inquirido dispõe de uma<br />
escala de 0 a 10. Se responder com 10 ou 9 é classificado<br />
como promotor, 8 ou 7 é neutro/passivo. De 6 até zero é<br />
classificado como detrator. Alcança-se o valor de NPS subtraindo<br />
os detratores aos promotores.<br />
Uma segunda vertente do estudo visa identificar constrangimentos<br />
na operação na área de negócio dos transportes<br />
rodoviários de mercadorias. De vários possíveis cenários<br />
foram escolhidos oito fatores considerados relevantes para<br />
22 e-MOBILIDADE<br />
+
a área de negócio dos transportes rodoviários de mercadorias.<br />
Os fatores são diferentes entre si, mas todos poderão<br />
ter um impacto negativo no negócio das empresas. Os participantes<br />
avaliaram os seguintes fatores: aumento dos impostos,<br />
incerteza fiscal, aumento dos preços dos combustíveis,<br />
aumento do preço de outras matérias-primas, nova<br />
legislação mais restritiva, falta de mão de obra, evolução da<br />
economia, aumento da concorrência e o ambiente laboral.<br />
A avaliação de cada um dos fatores foi feita em função do<br />
seu impacto na qualidade do sono do participante. O participante<br />
podia escolher entre cinco opções em função do<br />
acontecimento: “Perco totalmente o sono”, “Durmo mal”,<br />
“Durmo OK”, “Durmo muito bem”, “Durmo que nem um<br />
anjo”. O fator seria relevante, e preocupante, se o participante<br />
afirmasse que estava a perder totalmente o seu sono<br />
ou a dormir mal ao pensar nesse mesmo fator. O fator não<br />
seria preocupante se o participante escolhesse as opções<br />
“Durmo ok”, “durmo muito bem” ou “durmo que nem um<br />
anjo”. Para facilidade de análise a escala foi redesenhada.<br />
Assim, comparam-se os valores somados do “Insónia” e<br />
“Durmo mal” com os valores somados do “Durmo OK”,<br />
“Durmo bem”, “Durmo que nem um anjo”.<br />
2. Caraterísticas da amostra<br />
Proprietários, Gerentes e Diretores de empresas de transporte<br />
representam 57% da amostra. Funcionários de empresas de<br />
transportes rodoviários representam 22%. 6% são fabricantes,<br />
importadores ou concessionários da amostra, 6% são consultores<br />
e 5% trabalham para o Estado, os restantes 4% são<br />
compostos por professores/investigadores e ouras profissões.<br />
A amostra é composta por residentes de todos os distritos de<br />
Portugal continental. Porém, os residentes de Lisboa e Porto<br />
representam 51% da amostra.<br />
Os homens estão em maioria no estudo e representam 77%<br />
da amostra, as mulheres representam 23%. Relativamente a<br />
idades 58% da amostra tem entre 35 – 54 anos.<br />
Relativamente ao nível das habilitações literárias, 48% da<br />
IDADE<br />
e-MOBILIDADE + 23
BARÓMETRO TRANSPORTES<br />
Transporte rodoviário de mercadorias<br />
amostra não tem formação ao nível do ensino superior em<br />
comparação com 52% do restante da amostra que tem habilitações<br />
literárias ao nível do ensino superior. É de assinalar<br />
que 18% do total da amostra tem mestrado ou doutoramento.<br />
CARATERIZAÇÃO DA EMPRESA<br />
QUAIS SÃO AS SUAS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS?<br />
Metade dos participantes do estudo trabalham em pequenas<br />
e médias empresas, 27% trabalham em microempresas e 18%<br />
em grandes empresas.<br />
3. Resultados<br />
- Perspetiva para setor dos transportes para o próximo ano.<br />
Existe uma clara divisão relativamente à perspetiva do setor<br />
para o próximo ano. Pouco mais de metade da amostra, 52%<br />
tem uma visão positiva, dos quais 3% têm uma perspetiva<br />
muito positiva. Assim, 48% tem uma perspetiva negativa para<br />
o próximo ano, dos quais 7% tem uma perspetiva muito má.<br />
Pode-se concluir que o mercado está divido relativamente às<br />
perspetivas para o próximo ano.<br />
24 e-MOBILIDADE<br />
+
QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />
RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />
Comparativamente a 2022 pode-se verificar que houve uma<br />
grande melhoria nas expetativas. O efeito da guerra na Ucrânia<br />
e o consequente aumento dos preços dos combustíveis<br />
em 2022 são agora mais reduzidos. As expetativas para 2023<br />
são ainda melhores dos que as de 2021. É de salientar que<br />
em 2021 ainda havia algumas restrições no mercado devido à<br />
Covid 19.<br />
QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE<br />
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />
Porém, é de assinalar que quando se analisa os dados em função<br />
das características dos participantes é possível identificar<br />
diferenças entre segmentos, os indivíduos compreendidos nas<br />
idades de 55-64 têm uma perspetiva bastante mais positiva<br />
comparativamente aos outros grupos etários. Apenas 23%<br />
tem uma perspetiva má e 3% muito má e 70% uma perspetiva<br />
boa e 4% têm uma perspetiva muto boa. pode-se assim<br />
concluir que o segmento 55-64 é aquele que mais positivo<br />
está relativamente à atividade para o próximo ano.<br />
QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />
RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA ESTE ANO?<br />
Perspetiva a 3 anos<br />
Quando os participantes foram questionados relativamente<br />
a um horizonte temporal a 3 anos, a maior parte da amostra,<br />
55%, tem uma perspetiva positiva, 39% tem uma perspetiva<br />
negativa e 6% muito negativa.<br />
2. QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />
RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA OS PRÓXIMOS 3 ANOS?<br />
e-MOBILIDADE + 25
BARÓMETRO TRANSPORTES<br />
Transporte rodoviário de mercadorias<br />
Comparativamente às perspetivas para este ano de 2023<br />
pode-se concluir que os participantes do estudo estão ligeiramente<br />
mais positivos para um horizonte temporal a 3 anos.<br />
Tal como anteriormente, os participantes de idade entre 55 e<br />
64 anos são aqueles que têm uma perspetiva mais positiva.<br />
2. QUAL A SUA PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />
RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS PARA OS PRÓXIMOS 3 ANOS?<br />
PERSPETIVA PARA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE<br />
RODOVIÁRIO DE MERCADORIAS<br />
Relativamente à perspetiva a 3 anos é de salientar que os níveis<br />
das habilitações literárias dos participantes têm impacto<br />
na avaliação. Os participantes com níveis de escolaridade<br />
mais baixos têm uma perspetiva mais negativa a 3 anos<br />
quando se comparando com os participantes com habilitações<br />
literárias ao nível do ensino superior. O ensino superior inclui<br />
os participantes que têm mestrado ou doutoramento. Pode-se<br />
assim concluir que os participantes com menos habilitações<br />
literárias têm expectativas mais negativas, exatamente o oposto<br />
dos participantes que têm formação universitária.<br />
Níveis de Investimento<br />
Relativamente ao plano de investimento 31% dos Proprietários/Gerentes/Diretores<br />
afirmam que irão diminuir os seus<br />
investimentos durante o ano 2023. É um valor mais reduzido<br />
quando se comparando com todos os anos anteriores,<br />
há assim uma menor perspetiva de corte de investimento.<br />
Porém mais de metade, 52%, afirma que irá manter os seus<br />
investimentos e apenas 16% afirmam que irão aumentar os<br />
seus níveis de investimento. Relativamente às intenções de<br />
investimento em 2022, ano em que 41% dos sócios e gerentes<br />
afirmava que iriam diminuir os seus investimentos, existe<br />
claramente uma recuperação no investimento. Em 2023<br />
existem menos Proprietários/Gerentes/Diretores a afirmarem<br />
que irão diminuir o seu nível de investimentos face a 2022.<br />
De facto, houve um aumento daqueles que afirmam que irão<br />
manter os seus investimentos. Os valores de 2023 refletem<br />
26 e-MOBILIDADE<br />
+
assim a diminuição de algum pessimismo para a atividade de<br />
transporte de mercadorias rodoviário verificado em 2022, e<br />
provavelmente resultado da guerra na Ucrânia.<br />
NPS<br />
OPÇÕES RELATIVAMENTE AO NÍVEL DE INVESTIMENTO<br />
PARA O PRÓXIMO ANO<br />
NPS<br />
O Net Promoter Score (NPS), que avalia a recomendação da<br />
atividade na área de transporte rodoviário enquanto profissão,<br />
tem um valor negativo, mas melhor que o do ano passado. De<br />
acordo com os resultados, 72% dos inquiridos são detratores,<br />
ou seja, apresentam reservas na altura de recomendar um<br />
futuro profissional ligado ao setor de transporte rodoviário.<br />
Apenas 5% recomendaria uma profissão na área do transporte<br />
rodoviário como algo desejável e atraente. Assim, o valor<br />
do NPS é de -78. Comparativamente a 2022 os valores do<br />
NPS em 2023 melhoraram. Em 2023 existem mais pessoas a<br />
recomendar uma carreira profissional na área de transportes<br />
quando se comparando com 2022.<br />
Quando se avalia o NPS dos Proprietários/Gerentes/Diretores<br />
e se compara com o NPS dos funcionários pode-se concluir<br />
que existem duas perspetivas. Os responsáveis das empresas<br />
estão mais pessimistas do que os funcionários das suas empresas.<br />
O NPS dos Proprietários/Gerentes/Diretores é de -76<br />
enquanto os dos Funcionários é de -68.<br />
NPS<br />
e-MOBILIDADE 27
BARÓMETRO TRANSPORTES<br />
Transporte rodoviário de mercadorias<br />
Observando os dados de 2023, uma vez mais conclui-se que<br />
existe uma melhoria na perspetiva do setor quer para Proprietários/Gerentes/Diretores<br />
quer para funcionários. Apesar dos<br />
funcionários serem mais positivos, a melhoria é mais acentuada<br />
junto dos Proprietários/Gerentes/Diretores.<br />
NPS<br />
Fatores de constrangimentos<br />
Tal como foi referido, foram medidos oito fatores de constrangimentos<br />
na operação na área de negócio dos transportes<br />
rodoviários de mercadorias.<br />
O fator que mais provoca preocupação nos participantes do<br />
estudo é a incerteza fiscal. Do total da amostra, 78%, afirma<br />
que dorme mal ou tem insónias devido à incerteza fiscal.<br />
Apenas 22% diz que dorme OK, muito bem ou que nem um<br />
anjo quando pensa na incerteza fiscal. Quando se compara<br />
com os resultados de 2019, 2018 e 2017 pode-se testemunhar<br />
um agravamento deste fator.<br />
INCERTEZA FISCAL<br />
FATORES DE CONSTRANGIMENTO<br />
Num segundo grupo encontram-se três fatores que estão correlacionados<br />
entre sim, e que também estão correlacionados<br />
com o fator incerteza fiscal. Este segundo grupo é composto<br />
pelos fatores: aumento dos impostos, aumento do custo de<br />
outras matérias-primas e aumento dos preços dos combustíveis.<br />
De salientar que neste grupo de fatores, aquele que<br />
mais preocupa os participantes são o potencial aumento dos<br />
impostos. É de referir que a incerteza fiscal retira mais sono<br />
aos participantes do que o potencial aumento de impostos ou<br />
o próprio aumento dos preços dos combustíveis. É interessante<br />
salientar que em anos anteriores o fator que mais criava<br />
ansiedade era a subida dos preços dos combustíveis. Pode-se<br />
assim concluir que os participantes do estudo têm sofrido<br />
com alterações ao nível da fiscalidade.<br />
Quando se compara 2023 com os valores de 2019, 2018 e<br />
2017, e analisando apenas as pontuações Insónia e Durmo<br />
mal, pode-se concluir que houve um aumento da preocupação<br />
com o aumento dos impostos e aumento dos custos de<br />
outras matérias-primas, mas uma diminuição da preocupação<br />
com o aumento do preço dos combustíveis. No momento<br />
atual é provável que as expectativas de aumento dos valores<br />
do preço dos combustíveis sejam reduzidas. Aparentemente<br />
existem outros custos que preocupam mais os participantes<br />
do estudo, tais como o aumento dos impostos e aumentos<br />
de outras matérias-primas.<br />
28 e-MOBILIDADE<br />
+
perdia o sono ao pensar na evolução da economia, em 2023<br />
o valor é já de 68%. Em 2018 e 2017 mais de metade da<br />
amostra não tinha esse fator como elemento de preocupação.<br />
Assim, pode-se concluir que nos últimos anos a economia<br />
tornou-se num fator de preocupação para a maioria dos participantes<br />
do estudo.<br />
Existe um outro fator que retira o sono a mais de metade da<br />
amostra, a perspetiva de nova legislação mais restritiva. Existe<br />
também um agravamento na avaliação deste fator relativamente<br />
a 2019, 2018 e a 2017. Em 2023, 66% da amostra<br />
perde o sono com a preocupação do surgimento de legislação<br />
mais restritiva. Assim, tem havido um aumento de um<br />
sentimento negativo relativamente à potencial intervenção do<br />
estado via nova legislação e à evolução da economia.<br />
O fator aumento da concorrência é o único em que mais de<br />
metade da amostra não se mostra preocupada. Porém, comparativamente<br />
a 2018 e 2017 pode-se observar um aumento<br />
com a preocupação com este fator.<br />
Finalmente, o ambiente laboral vivido nas empresas é o único<br />
fator com evolução positiva, menos de metade da amostra,<br />
46% perde agora o sono com este fator. Houve uma melhoria<br />
relativamente a 2019. +<br />
INSÓNIA OU DURMO MAL<br />
INSÓNIA OU DURMO MAL<br />
Um outro fator que tem impacto negativo na qualidade do<br />
sono de mais de metade dos participantes é a falta de mão de<br />
obra. Relativamente a este fator, 71% da amostra afirma que<br />
dorme mal ou sofre de insónias. Quando se compara com<br />
os valores de 2019, 2018 e 2017 verifica-se um aumento da<br />
preocupação com a questão da falta de mão de obra.<br />
A tendência de avaliação negativa deste fator tem sido<br />
agravada nos últimos anos. Há uma maior preocupação<br />
com a falta de mão de obra em 2023 quando se comparando<br />
com anos transatos.<br />
O fator evolução da economia é aquele que tem apresentado<br />
maior oscilação nos últimos anos. Em 2019 58% da amostra<br />
CONCLUSÕES<br />
• As expectativas de curto prazo para o setor são positivas<br />
para cerca de metade da amostra.<br />
• Os participantes do estudo estão mais otimistas a médio<br />
prazo.<br />
• Os participantes com idade compreendida entre os 55 e<br />
64 anos têm melhores expectativas a curto e médio prazo<br />
comparando com todos os outros.<br />
• Os participantes com maiores habilitações literárias têm<br />
melhores expectativas a médio prazo<br />
• Os proprietários, gerentes e diretores das empresas de<br />
transporte de mercadorias rodoviário estão mais negativos<br />
relativamente ao negócio do que os funcionários dessas<br />
mesmas empresas.<br />
• Pode-se concluir que a falta de previsibilidade relativamente<br />
ao regime fiscal está a ter um impacto negativo<br />
no negócio das empresas de Transporte Rodoviário de<br />
Mercadorias.<br />
• A evolução negativa dos custos de operação está ligada<br />
a potenciais aumentos de impostos.<br />
• A falta de mão de obra tem agora um alto potencial<br />
de impacto negativo na operação do transporte rodoviário<br />
de mercadorias.<br />
e-MOBILIDADE + 29
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
FÓRUM MOBILIDADE E TRANSPORTES<br />
O desafio<br />
da descarbonização<br />
e da sustentabilidade<br />
A Eurotransporte e a e-Mobilidade +, com o apoio da Área Metropolitana<br />
de Lisboa (AML) e da ANTROP (Associação Nacional de<br />
Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros), organizou<br />
o Fórum “Mobilidade e Transportes”, que encheu, nos dias<br />
4 e 5 de abril, o auditório na Gare Marítima de Alcântara.<br />
Eduardo Carvalho, editor da Eurotransporte<br />
30 e-MOBILIDADE<br />
+<br />
Carlos Correia, presidente da Administração<br />
do Porto de Lisboa<br />
O<br />
Fórum reuniu no auditório<br />
Almada Negreiros<br />
alguns dos principais<br />
stakeholders do setor e<br />
contou com a presença<br />
de mais de 500 pessoas que assistiram<br />
às várias intervenções, mesas redondas<br />
e debates, durante os dois dias de<br />
programação.<br />
Eduardo de Carvalho, editor da Eurotransporte<br />
fez a abertura do evento,<br />
ressaltando a importância deste tipo de<br />
iniciativas para se debaterem desafios<br />
e soluções com vista ao melhoramento<br />
dos sistemas de transporte e da mobilidade,<br />
“que são fatores cruciais para a<br />
qualidade de vida das pessoas, para o<br />
desenvolvimento económico e para a<br />
competitividade das regiões e do país.”<br />
Já Carlos Correia, presidente da Administração<br />
do Porto de Lisboa centrou-<br />
-se no tema da digitalização, motor<br />
indispensável para a modernização do<br />
sistema e sua eficiência. “O transporte<br />
marítimo é responsável por 90% do<br />
transporte mundial e apesar de ser um<br />
dos modos de transporte mais eficientes<br />
têm ainda um peso significativo no contexto<br />
das emissões de CO 2 . É imperativo<br />
projetar soluções para fornecer energia<br />
às operações em terra e aos navios em<br />
cais, digitalizar as atividades portuárias<br />
e logísticas, criar infraestruturas para o<br />
fornecimento de combustíveis alternativos<br />
aos navios, automatizar os equipa-
PRESIDENTE CM SANTARÉM,<br />
RICARDO GONÇALVES<br />
“Santarém tem vantagens em relação ao<br />
Montijo, primeiro devido à localização,<br />
depois em termos ambientais...”<br />
EDUARDO VÍTOR<br />
RODRIGUES<br />
Área Metropolitana<br />
do Porto<br />
“Estamos perante interesses muito<br />
diversificados, dos operadores, dos municípios,<br />
das autoridades de transportes,<br />
mas aquilo que verdadeiramente importa<br />
é que haja uma confiança recíproca<br />
entre todos e que todos possam participar<br />
nas soluções de problemas que<br />
sendo de um, são de todos. Essa lógica<br />
da cumplicidade, no fundo, só é possível<br />
quando as pessoas se encontram, estão<br />
juntas, discutem, e esta foi uma das mais<br />
magníficas oportunidades que eu me<br />
recordo de ter”<br />
Carlos Humberto, Área Metropolitana<br />
de Lisboa<br />
mentos e os procedimentos portuários,<br />
aumentar a quota modal dos modos de<br />
transporte mais sustentáveis, a ferrovia e<br />
o modo fluvial”, vincou.<br />
Ainda na sessão de abertura, Carlos<br />
Humberto (Área Metropolitana<br />
de Lisboa) defendeu que os desafios<br />
da mobilidade são essenciais para a<br />
competitividade da região: “graças ao<br />
trabalho desenvolvido em comum pela<br />
AMP, municípios, governo, e Transportes<br />
Metropolitanos de Lisboa chegámos<br />
até aqui mas temos a ambição de chegar<br />
mais longe, porque sabemos que este é<br />
o caminho certo”. O Primeiro-secretário<br />
+<br />
e-MOBILIDADE 31
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
Mesa redonda “O Futuro da contratualização” contratualização, Faustino Gomes - TML, Miguel Pombeiro - CIM Médio Tejo, João Figueira de<br />
Sousa - Planeamento de Transportes e Mobilidade, Luis cabaço Martins - ANTROP, Eduardo Vítor Rodrigues - AMP.<br />
reforçou ainda que “mais e melhores<br />
transportes para toda a população da<br />
região continua a ser o objetivo da<br />
AML, dentro de uma visão ampla da<br />
mobilidade assente num desenvolvimento<br />
integrado e sustentável”.<br />
EDUARDO RAMOS<br />
VIA VERDE<br />
“Estes fóruns são essenciais para trocarmos<br />
ideias sobre o que se passa, porque<br />
a colaboração na mobilidade é fundamental<br />
para que o cliente tenha as suas<br />
necessidades bem satisfeitas e é sempre<br />
muito bom conversar com vários modos<br />
de transporte, com vários parceiros com<br />
quem trabalhamos todos os dias porque o<br />
futuro da mobilidade vai continuar a acelerar<br />
e o nosso maior desafio é a descarbonização<br />
e portanto temos de criar soluções<br />
que sejam cada mais sustentáveis.”<br />
32 e-MOBILIDADE<br />
+<br />
O FUTURO DA CONTRATUALIZAÇÃO<br />
José Luís Esquível abordou quatro pontos<br />
principais sobre este tema:<br />
“A contratualização como opção política;<br />
a experiência da contratualização da<br />
primeira geração; a contratualização face<br />
à evolução da mobilidade e os desafios<br />
para o futuro da contratualização”.<br />
O advogado acredita que “o futuro da<br />
contratualização andará de mãos dadas<br />
com o que possa acontecer à mobilidade<br />
e as cidades do futuro não dispensarão<br />
o transporte público, pois sofrerá<br />
uma grande valorização com a segunda<br />
geração de contratos que aí vem”.<br />
A moderar a mesa redonda que deu<br />
voz aos operadores representados pela<br />
ANTROP, esteve João Figueira de Sousa<br />
(Figueira de Sousa – Planeamento de<br />
Transportes e Mobilidade). Luís Cabaço<br />
Martins, Presidente da ANTROP, expôs<br />
alguns dos problemas centrais da primeira<br />
fase de contratos, reforçando que<br />
“sejam eles de primeira, segunda ou terceira<br />
geração precisam ser sustentáveis,<br />
José Luís Esquível, Esquível Advogados<br />
não sendo possível garantir um transporte<br />
público para as populações com<br />
o mínimo de qualidade se os contratos<br />
não forem equilibrados e sustentáveis<br />
para todos.”<br />
Faustino Gomes, presidente executivo<br />
da TML, revelou que já estão a trabalhar<br />
na segunda geração, tomando nota<br />
daquilo que é preciso melhorar. Sobre o<br />
contrato de primeira geração, sublinhou<br />
que no caso da TML, não houve grandes<br />
vicissitudes, apenas sofreu alguns<br />
atrasos devido ao receio que a pandemia<br />
trouxe aos operadores. Faustino Gomes<br />
confessou estarem muito satisfeitos com<br />
aquilo que têm e relembrou que “as pes-
Faustino Gomes, TML<br />
soas continuam a ser o centro da nossa<br />
atividade.”<br />
Da realidade vivida na área Metropolitana<br />
de Lisboa, passou-se para o panorama<br />
da Área Metropolitana do Porto pela<br />
voz de Eduardo Vítor Rodrigues, que<br />
salientou que “quanto mais ambiciosos<br />
somos no movimento rápido da transição<br />
energética, da transição ambiental,<br />
do respeito pelas condições mais avançadas<br />
e vanguardistas do ponto de vista<br />
ambiental, mais isso imputa ao contrato<br />
do ponto de vista financeiro”, explicando<br />
que “o contrato da área metropolitana<br />
do porto não é propriamente um<br />
contrato magistral do ponto de vista das<br />
exigências ambientais, é ainda muito<br />
básico, mas ao mesmo tempo é partir<br />
de um sistema que nos pareceu ser, à<br />
MIGUEL CRUZ<br />
Infraestruturas<br />
de Portugal<br />
“É importante ter a visão de todas as<br />
componentes sobre como é que podemos<br />
assegurar uma melhoria do ponto<br />
de vista da eficiência, da competitividade<br />
e como conseguimos garantir<br />
melhores condições de implementação<br />
naquilo que são os investimentos e os<br />
planos que temos. A pressão que temos<br />
vindo a introduzir em termos de dimensão<br />
de investimento é tão significativa<br />
que precisamos de ter todas estas coisas<br />
muito bem oleadas entre os comportamentos<br />
dos vários agentes e, portanto,<br />
desse ponto de vista, este tipo de painel<br />
é muito importante para podermos<br />
ter uma visão completa e integrada da<br />
cadeia de valor ferroviária”<br />
época, o justo equilíbrio entre a capacidade<br />
que os operadores do momento e<br />
os potenciais operadores tinham na área<br />
metropolitana de ir a jogo.”<br />
Para Eduardo Vítor Rodrigues, é precisamente<br />
esse o debate que prolifera<br />
na sociedade ocidental: “o de sabermos<br />
até que ponto terão o justo equilíbrio<br />
entre as nossas ambições ambientais e a<br />
capacidade de pagá-las, sem ao mesmo<br />
tempo pôr em causa a competitividade<br />
internacional”.<br />
Sobre o futuro da contratualização ouviu-se<br />
ainda Miguel Pombeiro, secretário<br />
executivo da Comunidade Intermunicipal<br />
do Médio Tejo (CIM Médio<br />
Tejo), que começou por relembrar aos<br />
presentes que “a realidade das comunidades<br />
intermunicipais é completamente<br />
diferente daquilo que se passa nas áreas<br />
metropolitanas”.<br />
“Não estávamos completamente a zero<br />
porque iniciámos o projeto-piloto em<br />
2012, mas só no final de 2020 é que foi<br />
possível lançarmos o primeiro concurso,<br />
numa altura de incerteza devido à pan-<br />
+<br />
e-MOBILIDADE 33
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
FRANCISCO FURTADO<br />
“Vivemos um momento único em<br />
décadas na ferrovia em Portugal,<br />
em que há aqui uma conjunção<br />
de fatores que conduzem a uma<br />
aposta consistente”<br />
Diogo Teixeira, CEO da beta-i<br />
demia... prova disso foi que o concurso<br />
acabou por ficar deserto. No início de<br />
2021 deu-se a preparação de um segundo<br />
concurso com um triplo pressuposto:<br />
por um lado não honorar mais os<br />
orçamentos municipais, depois manter<br />
uma rede de transporte público que não<br />
assentasse exclusivamente no transporte<br />
escolar e que pudesse ser uma resposta<br />
adequada para o território mantendo<br />
um modelo de partilha de risco”, referiu<br />
Miguel Pombeiro.<br />
DESAFIO DA MOBILIDADE<br />
NAS CIDADES<br />
Diogo Teixeira, CEO da beta-i (consultora<br />
de inovação portuguesa), lançou<br />
uma luz como a inovação pode enfrentar<br />
os problemas atuais de mobilidade<br />
e como todas as partes interessadas do<br />
setor podem colaborar para a entrega de<br />
soluções tão inovadoras.<br />
O orador apresentou ainda os resultados<br />
do programa SOL Mobility da beta-i,<br />
que atraiu startups globais para inovar ao<br />
lado de parceiros em Lisboa que deram<br />
início a 13 projetos-piloto para melhorar a<br />
mobilidade na cidade. “A melhor maneira<br />
de resolver os desafios modernos de mobilidade<br />
é caminhar juntos pela inovação<br />
em direção a cidades mais inteligentes e<br />
verdes”, concluiu.<br />
PLANO NACIONAL FERROVIÁRIO<br />
A fechar a manhã do primeiro dia, Francisco<br />
Furtado, coordenador da equipa<br />
multidisciplinar de Prospetiva e Planeamento<br />
do Centro de Competências de<br />
Francisco Furtado, coordenador da equipa<br />
multidisciplinar de Prospetiva e Planeamento<br />
do Centro de Competências de<br />
Planeamento.<br />
Planeamento, Políticas e de Prospetiva<br />
da Administração Pública (PlanAPP),<br />
introduziu o tema “Plano Ferroviário<br />
Nacional”.<br />
“Vivemos um momento único em<br />
décadas na ferrovia, em que há uma<br />
conjunção de fatores como a vontade<br />
política, alterações culturais e necessidades<br />
de descarbonização, que conduzem<br />
a uma aposta consistente, volumosa ao<br />
longo do tempo e a longo prazo e que<br />
já está, em parte, a ser concretizada”,<br />
evidenciou.<br />
Seguiu-se a mesa redonda moderada<br />
por João Salgueiro (THALES), que<br />
contou com a participação de David<br />
Torres (ALSTOM), Pedro Moreira (CP<br />
- Comboios de Portugal), Miguel Cruz<br />
(Infraestruturas de Portugal), Paulo<br />
Duarte (PFP - Plataforma Ferroviária<br />
Portuguesa), Sérgio Tomázio (Siemens)<br />
e Carlos Vasconcelos (Medway).<br />
Miguel Cruz questionado pelo moderador<br />
sobre os pontos críticos de que<br />
farão a diferença entre o sucesso ou não<br />
de uma transformação da rede ferroviária,<br />
o presidente das Infraestruturas<br />
de Portugal esclareceu que “o relevante<br />
é o plano ferroviário nacional estar<br />
34 e-MOBILIDADE<br />
+
construído, identificando um conjunto<br />
de ações que é preciso desenvolver, a<br />
partir de uma lógica estratégica, esse é<br />
o elemento central: ter um horizonte<br />
estratégico, uma linha traçada e simultaneamente<br />
ao longo do tempo, programas<br />
de financiamento.”<br />
Pedro Moreira, da CP - Comboios<br />
de Portugal, referiu que a CP está a<br />
agir investindo em material circulante<br />
face a esta transformação que está em<br />
curso na ferrovia: “A CP adjudicou, no<br />
último trimestre de 2021, mais de duas<br />
dezenas de unidades regionais das quais<br />
dez são totalmente elétricas e 12 são<br />
bimodais, que podem ser transformadas<br />
em unidades completamente elétricas<br />
assim que for concluída a eletrificação<br />
da rede ferroviária nacional. Estamos<br />
ainda na fase final de um concurso para<br />
aquisição de 117 novas unidades, das<br />
quais são 102 para comboios urbanos<br />
e 55 para comboios regionais. Parecendo<br />
muitas unidades, apenas 28 são<br />
para reforço da oferta e as restantes são<br />
Pedro Moreira, CP Combios de Porugal<br />
para substituição de material circulante<br />
muito antigo.”<br />
Pedro Moreira enalteceu ainda outros<br />
investimentos que têm vindo a ser feitos<br />
pela CP no que toca à recuperação,<br />
modernização e colocação novamente<br />
ao serviço de materiais que estavam<br />
abandonados. “Normalmente é uma<br />
critica apontada à CP, mas se não o<br />
tivéssemos feito não tínhamos capacidade<br />
para o número de passageiros que<br />
temos atualmente. O ano passado, a CP<br />
aumentou em 3,2 milhões o número de<br />
passageiros, que é o maior número dos<br />
últimos 22 anos”, expressou.<br />
A visão do operador privado veio<br />
através da intervenção de Carlos Vasconcelos,<br />
da Medway, que classifica o<br />
Plano Ferroviário Nacional existente de<br />
“excelente”, mas espera que “haja um<br />
consenso natural alargado do poder<br />
político para que nos dê um plano para<br />
as próximas décadas.”Outro dos desejos<br />
da Medway é também a eletrificação total<br />
da rede ferroviária, uma vez que têm<br />
como objetivo “eliminar definitivamente<br />
o diesel”, contribuindo assim para uma<br />
mobilidade cada vez mais sustentável.<br />
Falou também Paulo Duarte, da Plataforma<br />
Ferroviária Portuguesa (PFP),<br />
uma associação sem fins lucrativos:<br />
“neste momento, o Cluster da Ferrovia<br />
tem 108 associados, sendo 72 empresas<br />
entre pequenas, médias e grandes<br />
empresas, conta com os operadores e os<br />
gestores de infraestruturas, as universidades,<br />
institutos e centros de investigação<br />
e algumas associações ligados ao<br />
setor. Os objetivos são de tal maneira<br />
grandiosos e ambiciosos que só poderão<br />
ser alcançados com o trabalho em<br />
Miguel Cruz, Infraestruturas de Portugal<br />
CARLOS SILVA<br />
EMEL<br />
“Reunir para falar de mobilidade urbana é<br />
fundamental. A mobilidade é o tema do<br />
século, vamos ter de alterar paradigmas da<br />
nossa vivência em sociedade, nomeadamente<br />
na forma como nos comportamos,<br />
portanto o tema da mobilidade cabe neste<br />
fórum de forma muito sustentada, diria<br />
mesmo. Tem de haver novas soluções de<br />
mobilidade. Não podemos continuar a<br />
assistir à entrada de 350 mil veículos na cidade<br />
de Lisboa, portanto tem de haver um<br />
planeamento entre todas as entidades que<br />
contribuem para este tema, nomeadamente<br />
autarquias, operadores e transportes<br />
públicos... Penso que foi um bom fórum<br />
para vislumbrarmos novos caminhos para<br />
a sustentabilidade do planeta e nomeadamente<br />
da região de Lisboa.”<br />
equipa”, vincou.<br />
O debate prosseguiu com David Torres,<br />
Diretor Geral da Alstom Portugal, uma<br />
empresa cujos principais pilares passam<br />
pela sustentabilidade, eficiência energética<br />
e inovação.<br />
”Quanto a objetivos, a Alstom Portugal<br />
espera ter uma frota zero emissões<br />
até 2050, ter comboios 100 por cento<br />
ecodesign (impacto zero no ambiente),<br />
ter 20% menos de consumo energético<br />
nos nossos comboios e reedificar até<br />
95% dos materiais ferroviários”, expôs<br />
David Torres.<br />
OS DESAFIOS DA MOBILIDADE<br />
URBANA<br />
Manuel Relvas introduziu o tema “os<br />
desafios da mobilidade urbana” focando<br />
especificamente no MaaS (Mobility as<br />
a Service), um sistema que pretende<br />
suprir as necessidades de mobilidade<br />
recorrendo a serviços públicos de<br />
mobilidade.<br />
A discussão do tema continuou com<br />
a mesa redonda moderada por Nuno<br />
+<br />
e-MOBILIDADE 35
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
Tiago Sá - CaetanoBus, Carlos Silva - EMEL, Pedro Bogas - Carris, Eduardo Ramos - Via Verde, Rui Nobre - DPD, Nuno Soares Ribeiro - VTM<br />
MANUEL RELVAS<br />
Tiago Sá, CaetanoBus<br />
Manuel Relvas introduziu<br />
o tema “os desafios da<br />
mobilidade urbana” focando<br />
especificamente no MaaS<br />
(Mobility as a Service), um<br />
sistema que pretende suprir<br />
as necessidades de mobilidade<br />
recorrendo a serviços<br />
públicos de mobilidade.<br />
Manuel Relvas, Consultor<br />
Soares Ribeiro, da VTM.<br />
Tiago Sá, da CaetanoBus, o maior fabricante<br />
de carroçarias e autocarros em<br />
Portugal, começou por referir o compromisso<br />
da marca com a sustentabilidade,<br />
relembrando que desde há uns anos têm<br />
apostado na produção de autocarros zero<br />
emissões, prova disso foi a parceria estabelecida<br />
com a Toyota em 2020/21, com<br />
a intenção de estender o seu portfólio de<br />
soluções de mobilidade elétrica dos transportes<br />
coletivos.<br />
Por sua vez, Pedro Bogas (Carris) abordou<br />
o tema da mobilidade na Carris antes e<br />
pós pandemia. “Felizmente a Carris está<br />
a ter uma excelente recuperação, acima<br />
das nossas expectativas. O ano passado<br />
já tínhamos recuperado cerca de 92% da<br />
procura de 2019, já estamos próximos<br />
dos 140 milhões de passageiros/ano, o<br />
que é bastante bom, mas não é suficiente.<br />
No final da primeira década deste século,<br />
tínhamos uma procura na ordem dos<br />
160 milhões e o nosso objetivo é voltar<br />
a ter esses níveis de procura histórica ”,<br />
afirmou.<br />
À semelhança da Carris, o impacto que a<br />
pandemia veio causar à EMEL foi muito<br />
expressivo pois “durante dois anos deixou<br />
de ser um contribuinte líquido da CML,<br />
na medida em que a nossa atividade<br />
parou. Agora no pós-pandemia estamos<br />
a recuperar de forma franca e significativa”,<br />
referiu Carlos Silva.<br />
A EMEL também foi trazida a este debate<br />
enquanto sistema de mobilidade suave<br />
e a GIRA é, hoje em dia, um modo de<br />
transporte na cidade.<br />
Eduardo Ramos (Via Verde) reforçou que<br />
“desde que a pandemia começou estamos<br />
mais ou menos ao mesmo nível de tráfego<br />
que estávamos em março de 2020, mas<br />
com uma alteração de comportamento<br />
muito forte. O mundo do trabalho mudou<br />
muito e os casos de uso do veículo<br />
individual e a ligação com o coletivo<br />
alteraram significativamente também. Mas<br />
defendemos enquanto grupo que tem de<br />
haver uma intermodalidade.”<br />
Na visão de distribuidor e contrariando<br />
a realidade vivida pelos operadores de<br />
transportes, Rui Nobre (DPD) apontou<br />
que na pandemia “houve um boom das<br />
compras online, o que fez com que o volume<br />
de vendas em 2020 e 2021 fossem<br />
bons para a DPD. No pós-pandemia, as<br />
pessoas começaram a ir às lojas novamente,<br />
mas houve uma aceleração dos processos<br />
de digitalização, ou seja, as pessoas<br />
ganharam hábitos que ficaram.”<br />
36 e-MOBILIDADE<br />
+
Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara<br />
de Santarém<br />
PEDRO BOGAS (CARRIS)<br />
“Posso recordar que no<br />
final da primeira década<br />
deste século tínhamos<br />
uma procura na ordem<br />
dos 160 milhões e o nosso<br />
objetivo é voltar a ter esses<br />
níveis de procura histórica.”<br />
e-MOBILIDADE + 37
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
Expansão Aeroportuária<br />
da Região de Lisboa<br />
Segundo dia<br />
Carlos Figueiredo, da MARSH<br />
Portugal, deu início aos trabalhos do<br />
segundo e último dia do Fórum Mobilidade<br />
e Transportes, falando dos<br />
“riscos contratuais e a Construção”.<br />
Após a apresentação de diversas<br />
localizações possíveis para a construção<br />
do novo aeroporto de Lisboa,<br />
seguiu-se um debate moderado por<br />
Nuno Soares Ribeiro (VTM), numa<br />
mesa redonda que reuniu Carlos<br />
Brazão (Magellan 500), Nuno Canta<br />
(CM Montijo), José Furtado (HUB<br />
Alverca-Portela) e Ricardo Gonçalves<br />
(CM Santarém).<br />
O aumento da capacidade aeroportuária<br />
na região de Lisboa e construção<br />
do novo aeroporto foram temas<br />
que estiverem em cima da mesa e<br />
Nuno Canta, presidente da Câmara<br />
Municipal do Montijo, não só<br />
defende “esta solução a sul do Tejo,<br />
porque não nos podemos esquecer<br />
que um aeroporto não é apenas<br />
função aeroportuária, é localização,<br />
é transportes, é tudo isso, mas é<br />
também, sobretudo um motor de<br />
desenvolvimento económico e de<br />
Carlos Figueiredo, MARSH Portugal<br />
Carlos Brazão, MAGELLAN 500<br />
António Nabo Martins - APAT, Pedro Amaral Frazão - Grupo Sousa,<br />
Isabel Moura Ramos - Administração dos Portos de Lisboa e de Setúbal.<br />
José Furtado, HUB Alverca - Portela<br />
correção de assimetrias, tanto económico<br />
como social”.<br />
Para o presidente da edilidade de Santarém,<br />
Ricardo Gonçalves, a solução para<br />
o novo aeroporto passa pelo concelho<br />
ribatejano e é uma decisão que não<br />
pode ser mais adiada. “Santarém tem<br />
vantagens em relação ao Montijo, primeiro<br />
devido à localização, depois em<br />
termos ambientais...” São estas e outras<br />
questões que me fazem estar otimista<br />
com a solução de Santarém.<br />
A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA<br />
NO SETOR MARÍTIMO-PORTUÁRIO<br />
Emanuel Proença, da PRIO, introduziu<br />
o tema, reforçando que “não há dúvida<br />
que a sustentabilidade entrou na ordem<br />
do dia e que a Europa vai fazer um<br />
caminho de descarbonização muito<br />
considerável, que já começou e que vai<br />
ser muito desafiante”.<br />
A mesa redonda, moderada por João<br />
Soares (Logimaris), foi constituída por<br />
Carlos Correia (APL-APSS), Rui Raposo<br />
(AAMC), António Nabo Martins (APAT),<br />
Pedro Amaral Frazão (Grupo Sousa) e<br />
Isabel Moura Ramos (Administração dos<br />
Portos de Lisboa e de Setúbal)<br />
38 e-MOBILIDADE<br />
+
Emanuel Proença - PRIO, António Nabo Martins - APAT, Pedro Amaral Frazão - Grupo Sousa, Isabel Moura Ramos - Administração dos<br />
Portos de Lisboa e de Setúbal, Rui Raposo - AAMC, João Soares - Logimaris.<br />
JOÃO JESUS CAETANO (IMT)<br />
Apresentou a “Perspetiva Nacional<br />
sobre o planeamento da Mobilidade<br />
Sustentável”, cujo mote<br />
da sua apresentação partiu da<br />
questão “Já chegámos?”, pois “o<br />
grande desafio que temos pela<br />
frente é o de desacoplar o crescimento<br />
económico das emissões<br />
de carbono”.<br />
João Jesus Caetano, IMT<br />
Emanuel Proença, PRIO<br />
Questionados sobre o que cada um está<br />
a fazer para acompanhar esta transição<br />
energética, Pedro Amaral Frazão<br />
ressaltou que a ambição é grande, mas o<br />
realismo também tem de ser. E questiona<br />
“Como é que fazemos a transição<br />
energética equilibrada para que não seja<br />
feito à custa do empobrecimento das<br />
pessoas? O desafio é enorme e harmonizar<br />
o ciclo operacional dos navios<br />
para que coincidam é o grande desafio<br />
que temos. É preciso muito equilíbrio,<br />
ponderação e um passo de cada vez.”<br />
Nabo Martins (APAT) considera as<br />
mudanças comportamentais da sociedade<br />
fundamentais para a evolução de<br />
qualquer setor: “Hoje em dia vemos<br />
e-MOBILIDADE + 39
FÓRUM<br />
eMobilidade+<br />
António Nabo Martins - APAT, Inês Frade - Globalshield Cargo Solutions, Joaquim Vale<br />
- Santos & Vale.<br />
Inês Frade, Globalshield Cargo Solutions<br />
nalgumas empresas exportadoras e<br />
importadoras a preocupação ambiental,<br />
mas antigamente não era assim,<br />
nunca vendi um transporte ferroviário a<br />
ninguém por ser mais verde. É positivo<br />
vermos as mudanças de mentalidade,<br />
mas a verdade é que continua sempre a<br />
imperar a questão do preço e do prazo.”<br />
De tarde, João Jesus Caetano (IMT),<br />
apresentou a Perspetiva Nacional sobre<br />
o planeamento da Mobilidade Sustentável,<br />
cujo mote da sua apresentação partiu<br />
da questão “Já chegámos?”, pois “o<br />
grande desafio que temos pela frente é o<br />
de desacoplar o crescimento económico<br />
das emissões de carbono. Na União Europeia<br />
isso já está a acontecer em todos<br />
os setores da economia, exceto no setor<br />
dos transportes, por isso a resposta à<br />
minha questão inicial é «não, ainda não<br />
chegámos lá».”<br />
António Nabo Martins - APAT<br />
PEDRO AMARAL FRAZÃO<br />
REFERIU<br />
“Como é que fazemos esta<br />
transição energética equilibrada<br />
para que não seja feita à<br />
custa do empobrecimento das<br />
pessoas? O desafio é enorme<br />
e, portanto, harmonizar o ciclo<br />
operacional dos navios para que<br />
eles coincidam é o grande desafio<br />
que temos entre mãos”.<br />
Joaquim Vale - Santos & Vale<br />
O Fórum Mobilidade e Transportes<br />
terminou com a mesa redonda moderada<br />
por Nabo Martins e completada pela<br />
presença de Inês Frade (Globalshield<br />
Cargo Solutions) e Joaquim Vale (Santos<br />
& Vale), que abordaram o “papel do<br />
transporte rodoviário nas Cadeias de<br />
Transporte.”<br />
Inês Frade teve a oportunidade de<br />
partilhar a sua visão sobre o futuro do<br />
transporte terrestre de mercadorias,<br />
que “não sendo um setor de atividade<br />
especialmente entusiasmante, é dos<br />
mais cruciais para o sucesso da maioria<br />
dos negócios”. Para a diretora da<br />
Globalshield Cargo Solutions, “o futuro<br />
passa por quebrar barreiras e criar sinergias<br />
para que a descarbonização passe<br />
a ser um fator prioritário para todos os<br />
setores.”<br />
A partilhar da mesma opinião, Joaquim<br />
Vale considera que todos os setores devem<br />
andar de mãos dadas a fim de uma<br />
mobilidade mais sustentável. Contudo<br />
referiu que “o transporte rodoviário<br />
não é assim tão culpado, como muitos<br />
dizem e explicando que as empresas<br />
profissionais de transporte têm o serviço<br />
otimizado, carregamos nos dois trames”<br />
e sublinhou a sua estranheza pelo facto<br />
de “em Portugal, quando queremos<br />
descarbonizar, a área da logística e dos<br />
transportes está fora dos quadros de<br />
apoio...”<br />
Muitos foram os temas discutidos e as<br />
questões levantadas ao longo dos dois<br />
dias do Fórum Mobilidade e Transportes,<br />
que pode ver na íntegra no nosso<br />
portal ou no youtube (QR Code para os<br />
vídeos). +<br />
40 e-MOBILIDADE<br />
+
e-MOBILIDADE 41
Porto de Setúbal<br />
organiza<br />
Fórum<br />
“Investir, Inovar<br />
e Descarbonizar”<br />
Este é o segundo seminário sobre Inovação e<br />
Sustentabilidade e tem enfoque na estratégia de<br />
sustentabilidade ambiental da APSS e parceiros.<br />
Carlos Correia, presidente do Porto de Setúbal<br />
anuncia que o Porto de Setúbal está em fase de<br />
desenvolvimento de estudos técnicos, económicos<br />
e financeiros, para implementar soluções<br />
sustentáveis no porto tornando-o referência em<br />
energias renováveis, contribuindo para o desenvolvimento<br />
sustentável da região, criação de emprego e para a transição<br />
para uma economia mais verde.<br />
Recentemente, o Porto de Setúbal recebeu o Ministro das<br />
Infraestruturas, João Galamba, a Secretária de Estado da<br />
Energia, Ana Fontoura e o Secretário de Estado do Mar,<br />
José Costa, para uma visita aos locais que acolherão os futuros<br />
Projetos e Investimentos de Energias Renováveis, na área de<br />
jurisdição do porto setubalense. Esta visita reforçou a estratégia<br />
do Porto de Setúbal em afirmar-se como um hub para<br />
as energias renováveis, dispondo de infraestruturas e áreas de<br />
expansão adequadas de suporte à cadeia de valor nos projetos<br />
de energia eólica offshore nacionais e para exportação.<br />
A visita, inserida na iniciativa “Governo Mais Próximo”,<br />
contemplou paragens na Etermar e Lisnave, duas empresas<br />
42 e-MOBILIDADE<br />
+<br />
que fazem parte da Comunidade Portuária de Setúbal, e<br />
que estão a desenvolver projetos na área da produção de<br />
equipamentos para energias renováveis offshore.<br />
Segundo o Ministro das Infraestruturas, João Galamba,<br />
«estão previstos para a Península de Setúbal diversos projetos<br />
que significam muitos milhares de milhões de euros<br />
e o objetivo do Governo é que estas iniciativas signifiquem<br />
mais emprego, investimento e a reindustrialização verde<br />
do País. Ao visitarmos o Porto de Setúbal, percebemos<br />
que a Etermar e a Lisnave já dispõem de capacidade e<br />
estão preparadas para avançarem para um grande projeto<br />
industrial eólico offshore. No que depender do Governo,<br />
queremos promover que esse avanço seja feito da forma<br />
mais rápida possível»<br />
Entre os projetos previstos para a Península de Setúbal, no<br />
âmbito das Energias Renováveis, destaque também para o<br />
projeto M-ECO 2 , promovido pela PRIO, que permitirá o alinhamento<br />
do Porto de Setúbal com a estratégia de descarbonização<br />
do país, em especial no que se refere às componentes<br />
de produção de hidrogénio verde e HVO para exportação. +
e-MOBILIDADE 43
Combustíveis de frota<br />
CONTRARIAR O AUMENTO<br />
44 e-MOBILIDADE
ATENÇÃO AO<br />
COMPORTAMENTO<br />
O aumento do preço dos combustíveis voltou a acender luzes<br />
vermelhas e a tocar campainhas de alerta no painel do TCO<br />
dos gestores de frota de todas as empresas de transportes<br />
e de distribuição.<br />
e-MOBILIDADE 45
CONSULTÓRIO DE SEGURANÇA<br />
Contrariar o aumento dos combustíveis na frota<br />
Como formador de uma empresa onde a<br />
condução eficiente é um dos vetores de<br />
atuação no mercado, depressa entendi que<br />
desde o final do ano passado a chamada<br />
«condução económica» voltava a ser uma<br />
necessidade para o controlo dos custos e para o equilíbrio<br />
da atividade de muitas empresas nacionais.<br />
Nos últimos meses as ações de treino e formação para<br />
motoristas de viaturas comerciais ligeiras e pesadas obrigou-nos<br />
a «reinventar» formas e modelos de intervenção<br />
que permitissem reduzir os consumos de combustível,<br />
em especial nas empresas onde as emissões de CO 2<br />
resultam maioritariamente da atividade transportadora<br />
e, por força do RGCEST 1 , obrigam a uma redução periódica<br />
das mesmas. Assim, por via da proteção ambiental,<br />
atuamos na poupança de combustível.<br />
Por exemplo, na atividade de transporte de longo curso,<br />
com viagens nacionais e internacionais longas constantes,<br />
por autoestrada e estradas nacionais, houve que<br />
atuar especialmente sobre os comportamentos que resultam<br />
em excessos e picos de consumo. Treinar os motoristas<br />
para antecipar eventos que possam resultar em<br />
travagens ou paragens desnecessárias, para aproveitar<br />
a inércia a seu favor, mantendo um movimento o mais<br />
constante possível, donde pode resultar uma velocidade<br />
média mais elevada. Com estes motoristas e nas frotas<br />
de distribuição e de assistência técnica, o nosso trabalho<br />
incidiu muito no conceito de rapidez «sem pressa».<br />
ANTÓNIO MACEDO<br />
a.macedo@crm.pt - www.crm.pt<br />
Training Instructor na CR&M Formação<br />
Grande parte dos excessos de consumo resultam de automatismos<br />
desenvolvidos ao longo de muitos anos e muitos<br />
quilómetros a conduzir com o «chip» do atraso e da pressa.<br />
Um condutor com pressa efetua arranques com acelerações<br />
mais exageradas, tende a conduzir mais próximo do veículo<br />
da frente, a ter de travar mais vezes e é levado a ter uma<br />
condução mais agressiva, entre muitas outras consequências<br />
negativas. E na maior parte das vezes, o tempo ganho, se<br />
existir, é residual.<br />
46 e-MOBILIDADE<br />
+
EXCESSOS DE CONSUMO<br />
Um condutor com pressa efetua<br />
arranques com acelerações mais<br />
exageradas, tende a conduzir mais<br />
próximo do veículo da frente, a ter<br />
de travar mais vezes e é levado a<br />
ter uma condução mais agressiva,<br />
entre muitas outras consequências<br />
AO NÍVEL DA GESTÃO E COORDENAÇÃO DOS<br />
TRANSPORTES:<br />
• Retirar do vocabulário da empresa, dos gestores, dos<br />
coordenadores e dos motoristas, expressões que induzam<br />
a circular a velocidades elevadas, como; «vai depressa»,<br />
«vai rápido», «acelera isso», etc.<br />
• Calcular os tempos dos percursos e das viagens por<br />
excesso, pelo menos mais 10% do tempo. Se marcar um<br />
horário de entrega com o cliente, acrescente esses 10%<br />
antes da hora de partida.<br />
• Envolver os motoristas na definição e seleção dos trajetos,<br />
não apenas os que usam os trajetos, mas também os<br />
colegas com experiência. Sempre que possível, permitir aos<br />
motoristas participarem na seleção de horários de saída e<br />
da seleção dos percursos.<br />
• Elaborar desafios que premeiem as melhorias individuais,<br />
que motivem comportamentos eficientes. Os desafios não<br />
devem apenas premiar os melhores, mas premiar cada um<br />
pelo seu desempenho individual, sempre pela positiva!<br />
• Promover a redução da velocidade máxima de circulação<br />
entre 5 a 10 km/hora. Se necessário, introduzir um sistema<br />
de limitador de velocidade passivo (alarme) e possibilidade<br />
de incluir equipamentos embarcados de avaliação de<br />
desempenho.<br />
REDUZIR NO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL<br />
Se em cada 100 quilómetros o condutor de um camião<br />
conseguir poupar 10%, tendo um consumo médio de 35 litros<br />
aos 100 km, durante o ano de 2022 terá um custo por quilómetro<br />
equivalente ao preço de 2020.<br />
O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao condutor de um furgão<br />
de distribuição com um consumo médio de cerca de<br />
11,5 litros/100 km, que conseguindo poupar 10% no combustível<br />
consegue atingir custos de consumo equivalentes aos<br />
de janeiro de 2020.<br />
e-MOBILIDADE + 47
CONSULTÓRIO DE SEGURANÇA<br />
Contrariar o aumento dos combustíveis na frota<br />
MOTORISTAS, ATRAVÉS DE TREINO<br />
E DA FORMAÇÃO PRÁTICA E PARTICIPATIVA:<br />
• Avaliar previamente os percursos, distâncias e duração,<br />
tempos de pausa e paragens.<br />
• Promover arranques e inícios de marcha mais suaves<br />
e, no caso de caixas manuais, com mudanças mais altas.<br />
Nalguns casos, tendo caixa automática, usá-la em modo<br />
manual.<br />
• Aumentar a distância de seguimento - distância de segurança<br />
- aos veículos da frente para evitar travagens desnecessárias<br />
e maior aproveitamento da inércia (coasting).<br />
• Maior antecipação às situações de paragem ou de travagem<br />
potencial.<br />
• Adotar medidas para melhor utilização do regulador de<br />
velocidade (cruise control) onde e quando ele for eficiente.<br />
Torna-se por isso necessário demonstrar que, por exemplo,<br />
quando um condutor reduz a velocidade máxima em autoestrada<br />
em 10 km/hora, pode poupar quase 10% no combustível,<br />
aumentando a duração da viagem apenas 5 minutos em<br />
cada 100 quilómetros percorridos.<br />
Tomemos este exemplo prático 2 : Se um furgão ligeiro de mercadorias<br />
circular em autoestrada num percurso de 100 km a<br />
110 km/h em vez de o fazer a 120 km/h, demora mais<br />
5 minutos e pode poupar cerca de 8,5% no consumo de<br />
combustível, passando de uma média de 11,5 l/100 km para<br />
uma média de 10,5 l/100 km. Se um pesado de mercadorias<br />
efetuar o mesmo percurso a 85 km/h em vez de o fazer a 90<br />
km/h, a duração do percurso aumenta cerca de 4 minutos e o<br />
consumo reduz cerca de 9,5%, ou seja, pode baixar de<br />
35 l/100 km para 32 l/100 km.<br />
Se em cada 100 quilómetros o condutor de um camião conseguir<br />
poupar 10%, tendo um consumo médio de 35 litros aos<br />
100kms, durante o ano de 2022 terá um custo por quilómetro<br />
equivalente ao preço de 2020 3 . O mesmo raciocínio pode<br />
ser aplicado ao condutor de um furgão de distribuição com<br />
48 e-MOBILIDADE<br />
+
PUB.<br />
um consumo médio de cerca de 11,5 litros/100 km, que<br />
conseguindo poupar 10% no combustível consegue atingir<br />
custos de consumo equivalentes aos de janeiro de 2020.<br />
E na condução em ciclo urbano ou misto, incluindo<br />
estradas nacionais, é muito mais fácil atingir este tipo de<br />
resultados. Reduzir 10% no consumo de combustível, pode<br />
nem sempre ser fácil, mas é exequível. Exige uma nova<br />
cultura de empresa e um tipo de condução mais eficiente e<br />
responsável. Chamemos-lhe profissionalismo! E a forma de<br />
se atingirem estes objetivos passa, entre outras, pela implementação<br />
e aplicação de várias medidas, onde se salientam,<br />
de forma não exaustiva. +<br />
1<br />
RGCEST – Regulamento da Gestão do Consumo de Energia para o Sector dos Transportes<br />
(Dec. Lei nº 52/82 e Portaria nº 228/90)<br />
2<br />
Cálculos efetuados em percursos de estrada e autoestrada com viaturas de formação,<br />
furgões ligeiros e camiões com reboque.<br />
3<br />
Baseado em preços de meados de janeiro de 2022. Para os cálculos efetuados, foram<br />
utilizados os valores do preço médio do gasóleo rodoviário simples disponíveis nos sites da<br />
Pordata.pt e Dgeg.gov.pt<br />
4<br />
Incorporar nas viaturas sistemas automáticos com alarmística de desempenho: p.e. acelerações<br />
e travagens fortes, excesso de rotações, alterações de velocidade frequentes, etc.<br />
e-MOBILIDADE 49
Pode a mobilidade<br />
colaborativa ser a resposta<br />
para reduzir a pegada de gases<br />
de efeito estufa?<br />
A evolução do contexto climático atual e do conhecimento obriga a<br />
que a forma como olhamos para as cidades evolua. A ciência reconhece<br />
que estamos ainda num momento em que é possível reverter<br />
os efeitos dos gases com efeito de estufa (GEE), no entanto, isso<br />
significa atuar de forma rápida e coordenada.<br />
Segundo dados da ONU,<br />
estima-se que mais de 75%<br />
da população mundial, em<br />
2050, habite em cidades.<br />
Nesse sentido é essencial<br />
transformar os centros urbanos em<br />
pólos regenerativos. Mimetizar a natureza<br />
e olhar para as cidades na ótica<br />
de um ecossistema natural, permitindo<br />
o desenvolvimento de relações de<br />
sinergia entre as diferentes “populações”<br />
(residencial, serviços, indústria…) e<br />
o meio que as rodeia, pode ser uma<br />
oportunidade para encontrar soluções<br />
de alto impacto com vista à redução das<br />
emissões de gases de efeito estufa.<br />
A inovação pode responder a esta<br />
oportunidade e interligar os diferentes<br />
stakeholders da mesma cidade com um<br />
objetivo comum - a redução da pegada<br />
climática da cidade -, seja através da<br />
identificação das necessidades de cada<br />
uma das partes e do seu espaço de ação;<br />
seja pela identificação de novos modelos<br />
de negócio que acrescentem valor às<br />
partes. A inovação pode ainda apoiar o<br />
desenho de novas formas de comunicação<br />
que permitam a partilha de informação<br />
sem comprometer objetivos de<br />
performance.<br />
Os dados do Plano de Ação Climática<br />
da Câmara Municipal Lisboa 2030<br />
apontam para que 43% das emissões<br />
ANA COSTA<br />
Sustainability and Blue Economy Lead<br />
da Beta-i<br />
de GEE da cidade sejam da responsabilidade<br />
do setor dos transportes e<br />
mobilidade, motivo pelo qual trabalhar<br />
de forma integrada neste setor apresenta<br />
um potencial de impacto elevado.<br />
Como? Mudando o paradigma do individual<br />
para o coletivo. E aplicando-o a<br />
bens, serviços e cidadãos.<br />
Em termos logísticos, entram na cidade<br />
de Lisboa, diariamente, milhões de<br />
carros e outros meios de transporte de<br />
mercadorias, que muitas vezes não estão<br />
na sua capacidade máxima.<br />
A existência de um modelo de operação<br />
integrado entre operadores logísticos e<br />
marcas, conciliando espaço livre e rotas,<br />
50 e-MOBILIDADE<br />
+
DADOS DO PLANO DE AÇÃO<br />
CLIMÁTICA DA CÂMARA<br />
MUNICIPAL LISBOA 2030<br />
apontam para que 43% das<br />
emissões de GEE da cidade sejam<br />
da responsabilidade do setor dos<br />
transportes e mobilidade, motivo<br />
pelo qual trabalhar de forma integrada<br />
neste setor apresenta<br />
um potencial de impacto<br />
elevado<br />
poderia permitir reduzir a pegada climática<br />
significativamente, para além de<br />
desbloquear um potencial de otimização<br />
de custos e operações mais eficientes.<br />
E porque não fazer o mesmo em termos<br />
de logística inversa?<br />
E se uma plataforma comum de partilha<br />
de dados permitiria reduzir a pegada de<br />
bens e serviços, a multimodalidade abriria<br />
a mesma oportunidade no transporte<br />
coletivo de pessoas, adicionando valor<br />
aos cidadãos. Não apenas por permitir<br />
trajetos mais rápidos e mais cómodos,<br />
mas também por assegurar deslocações<br />
mais fiáveis e seguras.<br />
Aqui volto ao mundo natural: as bases<br />
de um ecossistema saudável são a comunicação<br />
e a colaboração, mas trazer<br />
a lógica do ecossistema para as cidades<br />
implica não recear a partilha de dados.<br />
Reduzir a pegada climática exige<br />
mudança de paradigma, implicando<br />
comunicação e partilha. E a inovação,<br />
a colaborativa, pode novamente ser a<br />
resposta para assegurar privacidade,<br />
segurança e competitividade.<br />
A desbloquear (uma verdadeira)<br />
mobilidade colaborativa. +<br />
e-MOBILIDADE + 51
▶<br />
Afigura-se fundamental a adoção de soluções padronizadas<br />
de segurança cibernética centradas na ferrovia, que protejam<br />
os dados, o software, a conectividade e o hardware que processa<br />
e gere os sistemas ferroviários.<br />
52 e-MOBILIDADE
Novas tecnologias na ferrovia<br />
Cibersegurança<br />
a outra face da<br />
digitalização<br />
Para gerir um sistema de mobilidade seguro e sustentável nos dias<br />
de hoje, é essencial possuir uma estratégia de cibersegurança eficaz,<br />
num setor ferroviário cada vez mais digitalizado.<br />
Eddy Thésée, vice-presidente de Cibersegurança na Alstom<br />
Imagem: Alstom ©<br />
A<br />
ferrovia passou por uma grande<br />
transformação na última década.<br />
Graças às novas tecnologias, os<br />
comboios oferecem maior capacidade,<br />
velocidade e conforto,<br />
adaptam-se ao meio ambiente, comunicam entre<br />
si e até prevêem quando será necessária uma<br />
manutenção. Mas, de igual modo, quanto mais<br />
comboios estiverem conectados em ambientes<br />
digitais, mais vulneráveis eles ficarão a ataques<br />
cibernéticos.<br />
É por isso que a segurança online é fundamental.<br />
Os sistemas atuais precisam de uma abordagem<br />
moderna, para garantir a segurança da informação<br />
e da infraestrutura, tanto a bordo como<br />
na via. Na ferrovia, encontramos três níveis de<br />
digitalização e cada um deles apresenta os seus<br />
próprios desafios em termos de cibersegurança.<br />
Em primeiro lugar, encontramos sistemas de<br />
sinalização, gestão e controlo de tráfego, projetados<br />
para regular o tráfego e garantir a segurança<br />
das operações ferroviárias. As comunicações<br />
eletrónicas e as tecnologias cloud são, por seu<br />
lado, cada vez mais importantes quando se trata<br />
de melhorar a eficiência da operação, a fiabilidade<br />
e a pontualidade. Para tanto, são necessárias<br />
conexões seguras e sistemas avançados de<br />
proteção de dados. E, finalmente, encontramos<br />
Embora a segurança<br />
cibernética seja<br />
uma prioridade em<br />
todo o ecossistema<br />
ferroviário, não<br />
podemos subestimar<br />
os desafios<br />
futuros, incluindo as<br />
mudanças culturais<br />
necessárias, o longo<br />
ciclo de vida dos<br />
produtos ferroviários<br />
e a crescente<br />
complexidade dos<br />
sistemas ferroviários,<br />
só para citar alguns<br />
exemplos.<br />
e-MOBILIDADE + 53
TECNOLOGIAS NA FERROVIA<br />
Cibersegurança<br />
a parte corporativa<br />
do negócio, que<br />
depende fortemente<br />
da interação<br />
segura dos clientes<br />
com os servidores<br />
centrais.<br />
A digitalização<br />
oferece inúmeros<br />
benefícios nestes<br />
três níveis e a<br />
interdependência<br />
FERROVIA PASSOU POR UMA<br />
GRANDE TRANSFORMAÇÃO<br />
Graças às novas tecnologias, os<br />
comboios oferecem maior capacidade,<br />
velocidade e conforto, adaptam-<br />
-se ao meio ambiente, comunicam<br />
entre si e até prevêem quando será<br />
necessária uma manutenção.<br />
entre eles é essencial para garantir o seu bom funcionamento.<br />
Nenhum deles opera de forma independente, nem a sua<br />
estratégia cibernética pode funcionar isoladamente.<br />
Tal como noutros setores, a automação representa uma<br />
oportunidade para gerir a rede ferroviária de forma segura e<br />
eficiente, sendo também um exemplo de como uma operação<br />
cada vez mais digitalizada tem implicações significativas<br />
na cibersegurança.<br />
As soluções inovadoras de sinalização da Alstom estão<br />
a revolucionar as comunicações ferroviárias, reduzindo<br />
a infraestrutura ferroviária e adicionando cada vez mais<br />
“inteligência” e funcionalidade ao material circulante. Os<br />
equipamentos de infraestrutura também são mais avançados<br />
tecnologicamente.<br />
De igual modo, a digitalização está a impulsionar, cada vez<br />
mais, a manutenção preditiva, permitindo que o software<br />
identifique equipamentos com problemas antes que ocorram<br />
falhas. Este tipo de manutenção é mais eficiente, tanto<br />
no que diz respeito ao pessoal envolvido, como ao tempo<br />
de imobilização dos comboios.<br />
SOBRE A ALSTOM<br />
▶<br />
Afigura-se fundamental a adoção de soluções padronizadas de<br />
segurança cibernética centradas na ferrovia, que protejam os<br />
dados, o software, a conectividade e o hardware que processa<br />
e gere os sistemas ferroviários. Imagem: Alstom ©<br />
Liderando a transição para um futuro descarbonizado,<br />
a Alstom desenvolve e comercializa soluções de<br />
mobilidade sustentável, que estabelecerão a base para<br />
o futuro do transporte. O portefólio de produtos e<br />
soluções da Alstom abrange desde comboios de alta<br />
velocidade, metros, monocarris, elétricos e autocarros<br />
elétricos, até sistemas integrados, serviços personalizados,<br />
infraestruturas, sinalização e soluções de<br />
mobilidade digital. A Alstom tem 150.000 veículos em<br />
circulação em todo o mundo, o que comprova a experiência<br />
da empresa na gestão de projetos, inovação,<br />
design e tecnologia. Em 2021, a empresa foi incluída<br />
nos Índices Dow Jones de Sustentabilidade, a nível<br />
mundial e na europa, pela 11.ª vez consecutiva. As<br />
receitas consolidadas do Grupo atingiram os 15,5 mil<br />
milhões de euros no ano fiscal findo a 31 de março de<br />
2022. A Alstom está atualmente presente em 70 países<br />
e emprega mais de 74.000 pessoas. www.alstom.com<br />
54 e-MOBILIDADE<br />
+
ALSTOM<br />
APOSTA NA SEGURANÇA<br />
CIBERNÉTICA<br />
Uma rede de especialistas<br />
globais e locais, dando resposta<br />
às necessidades de segurança<br />
cibernética de clientes em todo<br />
o mundo.<br />
A classificação da ferrovia<br />
como “infraestrutura crítica”<br />
acelerou a adoção de soluções<br />
padronizadas de cibersegurança.<br />
Novos protocolos e<br />
iniciativas regulatórias estão<br />
a tornar o setor ainda mais<br />
ciberseguro<br />
Todas estas inovações devem ser acompanhadas por estratégias<br />
de cibersegurança que protejam os dados, o software,<br />
a conetividade e o hardware que os processa e gere. Mais<br />
digitalização significa mais componentes digitais e interconexões<br />
entre sistemas, o que implica mais áreas expostas.<br />
UMA INFRAESTRUTURA CRÍTICA<br />
A classificação da ferrovia como “infraestrutura crítica” acelerou<br />
a adoção de soluções padronizadas de cibersegurança.<br />
Novos protocolos e iniciativas regulatórias estão a tornar o<br />
setor ainda mais ciberseguro. Paralelamente, os operadores<br />
têm de antecipar os ataques, implementando monitorizações<br />
e alertas regulares de vulnerabilidades nos seus produtos e<br />
sistemas.<br />
Para endereçar esta procura crescente, a Alstom está a expandir<br />
rapidamente a sua aposta na segurança cibernética,<br />
possuindo mais de 330 especialistas nesta área, envolvidos<br />
em 150 projetos. Uma rede de especialistas globais e locais,<br />
e-MOBILIDADE + 55
TECNOLOGIAS NA FERROVIA<br />
Cibersegurança<br />
dando resposta às necessidades de segurança cibernética de<br />
clientes em todo o mundo.<br />
Cada novo veículo ferroviário que fabricamos inclui o controlo<br />
de segurança exigido pelas especificações do cliente. O<br />
problema incide, agora, sobre a base instalada: ou seja, todo<br />
o material circulante, infraestrutura e sistemas de sinalização<br />
implementados antes do aparecimento da problemática<br />
da segurança cibernética. Melhorar a segurança das frotas,<br />
sinalização e infraestruturas existentes constitui um verdadeiro<br />
desafio, no âmbito do qual os clientes terão de decidir que<br />
nível de proteção pretendem alcançar para as suas infraestruturas<br />
críticas.<br />
Para se manterem atuais, as medidas de proteção devem<br />
evoluir constantemente, tão rápido quanto as novas ameaças.<br />
A Alstom colabora com diferentes parceiros, como a Airbus<br />
ou Cylus, para estabelecer as melhores práticas e padrões de<br />
referência. Colocar a cibersegurança no centro da cultura de<br />
excelência de uma empresa ferroviária implica promover a<br />
formação e a cultura de cibersegurança, alinhando as equipas<br />
de cibersegurança e as operações ferroviárias.<br />
Além de liderar a definição e implementação de padrões e<br />
regulamentos, é necessário abordar todo o ciclo de vida da segurança<br />
cibernética de uma forma global. Na Alstom, estamos<br />
comprometidos com este objetivo, e isso manifesta-se nas<br />
inúmeras acreditações que temos: ISO 27001 para segurança<br />
da informação, IEC 62443 para automação industrial e sistemas<br />
de controlo, bem como regulamentos específicos para o<br />
setor ferroviário, como o CENELEC TS50701, baseados em<br />
grande medida na IEC 62443.<br />
A CIBERSEGURANÇA NO CENTRO DO NEGÓCIO<br />
Nos próximos anos, assistiremos a uma procura por soluções<br />
digitais que permitirão, aos operadores ferroviários, fazer mais<br />
com menos. Hoje em dia, os operadores sabem que precisam<br />
de proteger os seus sistemas e procuram, incansavelmente,<br />
soluções que possam ser integradas de forma holística em<br />
ecossistemas complexos.<br />
Com mais de 70 anos de experiência em projetos complexos<br />
no setor ferroviário e com mais de 150 projetos de seguran-<br />
ça cibernética desenvolvidos em todo o mundo, o design<br />
de todos os novos projetos da Alstom prioriza a segurança<br />
cibernética, juntamente com as considerações tradicionais de<br />
engenharia e segurança.<br />
Todo o desenvolvimento de produtos da Alstom é realizado<br />
tendo em conta a premissa de “design seguro”, começando<br />
com uma análise de risco minuciosa e uma arquitetura focada<br />
na integração da segurança cibernética.<br />
Isto também se aplica aos provedores. Através do “programa<br />
de gestão de fornecedores” da Alstom, é avaliada a capacidade<br />
de segurança cibernética de cada fornecedor.<br />
Todos os sistemas desenvolvidos, implementados e mantidos<br />
pela Alstom estão equipados para proteger as operações contra<br />
ameaças cibernéticas. Isto inclui a implementação de sistemas<br />
com recursos de design que fornecem, aos operadores, a<br />
flexibilidade de poderem efetuar modificações relativamente<br />
fáceis e acessíveis, de acordo com as futuras necessidades de<br />
segurança.<br />
Embora a segurança cibernética seja uma prioridade em<br />
todo o ecossistema ferroviário, não podemos subestimar os<br />
desafios futuros, incluindo as mudanças culturais necessárias,<br />
o longo ciclo de vida dos produtos ferroviários e a crescente<br />
complexidade dos sistemas ferroviários, só para citar alguns<br />
exemplos.<br />
56 e-MOBILIDADE<br />
+
Os desafios não são pequenos: um mau design, que não oferece<br />
proteção contra as ameaças cibernéticas em evolução, pode<br />
comprometer a segurança e a resposta operacional de redes inteiras.<br />
A necessidade da segurança cibernética ser considerada<br />
desde o primeiro dia de desenvolvimento de qualquer projeto<br />
é evidente. As ameaças cibernéticas estão em constante evolução<br />
e as estratégias para lidar com elas também.<br />
Os fabricantes e operadores ferroviários não devem apenas<br />
continuar a aplicar altos níveis de segurança cibernética;<br />
devem fazê-lo através de soluções específicas para as vias e<br />
em conformidade com os padrões de segurança dos sistemas<br />
novos e legados, dentro e fora da ferrovia.<br />
Mais informações em: https://www.alstom.com/solutions/<br />
digital-mobility/cybersecurity-safe-secure-mobility +<br />
EDDY THÉSÉE, VICE-PRESIDENTE DE CIBERSEGURANÇA<br />
NA ALSTOM<br />
Com formação em matemática, telecomunicações e tecnologias<br />
de informação, Eddy Thésée integra a área de sinalização ferroviária<br />
da Alstom há mais de 20 anos. Depois de ocupar diversos cargos<br />
de responsabilidade no domínio da mobilidade digital, lidera<br />
desde 2018 a área de cibersegurança da Alstom, sendo responsável<br />
por todo o portfólio de produtos, soluções e serviços.<br />
LinkedIn: (61) Eddy Thesee | LinkedIn<br />
e-MOBILIDADE + 57
58 e-MOBILIDADE
ENTREVISTA<br />
Vítor Domingues<br />
dos Santos<br />
“O investimento em transportes públicos<br />
é deficitário em relação às reais necessidades<br />
da AML”<br />
Vítor Domingues dos Santos está no terceiro mandato como presidente do Conselho<br />
de Administração do Metro de Lisboa e tem vindo a trabalhar no sentido de expandir<br />
e modernizar a rede que comemora 75 anos de existência. O responsável falou ao<br />
<strong>eMOBILIDADE+</strong> sobre os desafios dos últimos anos, as obras que estão a decorrer e<br />
ainda sobre os projetos que irão materializar em breve.<br />
Por Cátia Mogo<br />
O Metro de Lisboa comemora 75 anos de<br />
existência. De que forma é que esta rede tem<br />
evoluído e acompanhado as necessidades de<br />
mobilidade na capital portuguesa?<br />
A evolução da rede, nomeadamente a sua dimensão,<br />
tem sido sempre resultante das capacidades<br />
disponíveis do Estado (acionista único), pelo que<br />
acompanha os ciclos económicos da evolução do<br />
país. Concretizando um pouco, praticamente não<br />
houve investimentos na rede desde o ano 2010,<br />
em que o único desenvolvimento foi acabar a<br />
QUE OBJETIVOS TEM ESTABELECIDOS<br />
PARA CUMPRIR AINDA DURANTE ESTE<br />
MANDATO ENQUANTO PRESIDENTE DO<br />
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO?<br />
O meu principal objetivo é conseguir<br />
aprovar atempadamente a revisão do Contrato<br />
de Concessão de Serviço Público, cujo prazo<br />
atual termina em julho de 2024.<br />
estação da Reboleira. Neste momento estamos a<br />
tentar recuperar o tempo perdido quer pela construção<br />
da Linha Circular ligando o Rato ao Cais<br />
do Sodré (e duas novas estações), cuja obra está<br />
a decorrer em bom ritmo com abertura prevista<br />
para 2024, quer com a construção da expansão<br />
da Linha Vermelha de São Sebastião a Alcântara<br />
(e quatro novas estações) cuja construção<br />
esperamos contratar no 2.º semestre deste ano de<br />
2023, quer com o Projeto de Metro Ligeiro nos<br />
municípios de Odivelas e Loures, atualmente em<br />
avaliação ambiental. Todos são projetos de grande<br />
impacto na Mobilidade da Cidade de Lisboa<br />
e nos Concelhos de Odivelas e Loures. E a nossa<br />
expetativa é de não ficar por aqui e já estamos a<br />
pensar em novos projetos.<br />
Quais são os marcos históricos da empresa?<br />
Olhando para a história do Metropolitano de<br />
Lisboa identifico claramente quatro marcos históricos:<br />
(i) a criação da sociedade em 1948 com<br />
um conjunto diverso de acionistas, CML, Carris,<br />
e-MOBILIDADE + 59
Entrevista<br />
Vítor Domingues dos Santos<br />
BESCL e acionistas individuais; a necessidade foi reconhecida<br />
ainda nos tempos da Monarquia Constitucional mas só nesse<br />
ano, depois de muitos avanços e recuos, é que viu a luz do<br />
dia graças nomeadamente ao, na altura, Presidente da CML,<br />
Salvador Barreto; (ii) a abertura à exploração em 1959 com<br />
uma rede entre Sete Rios e a Rotunda, Entrecampos e Rotunda<br />
e entre a Rotunda (atual Marquês de Pombal) e Restauradores<br />
(iii) a nacionalização em 1975; (iv) o PER que permitiu<br />
levar o ML à Baixa Chiado e ao Oriente (Expo 98).<br />
Está à frente do Conselho de Administração do Metro de<br />
Lisboa desde janeiro de 2017, sendo este o seu terceiro<br />
mandato. Nestes seis anos, qual foi o seu maior desafio?<br />
O Metropolitano esteve muitos anos sem uma orientação clara<br />
do acionista (motivada muitas vezes por ausência de recursos<br />
financeiros) chegando inclusive a ter períodos em que nem<br />
existia um presidente do CA. Com a alteração desta situação<br />
em 2016, foi possível definir um rumo e procurar recuperar o<br />
tempo perdido em muitos aspetos vitais da vida do ML. Hoje<br />
debatemo-nos com uma «luta contra o tempo», procurando<br />
recuperar nas várias frentes existentes. Conseguir implementar<br />
as várias decisões de investimento físico e humano para<br />
responder às várias necessidades do ML correspondem ao<br />
nosso desafio diário.<br />
A pandemia levou a grandes alterações na forma como a<br />
população se movimenta nas cidades. Qual foi o impacto<br />
registado no funcionamento do Metro de Lisboa? Já foram<br />
retomados os níveis pré-pandemia?<br />
Se todos queremos esquecer os anos da pandemia, nomeadamente<br />
2020 e 2021, eles vieram demonstrar a existência de<br />
uma grande capacidade de resposta a novos desafios e de uma<br />
60 e-MOBILIDADE<br />
+
Após seleção da ampliação da Linha<br />
Amarela ao Cais do Sodré iniciámos<br />
a análise de dois modos possíveis de<br />
operar: (i) em linha Circular e (ii) com<br />
duas linhas independentes.<br />
Os estudos efetuados foram claramente<br />
favoráveis à opção da operação<br />
em Linha Circular<br />
resiliência perante situações adversas. No caso do Metropolitano,<br />
orgulhamo-nos de nunca termos fechado, de sempre<br />
laborarmos em toda a rede sete dias por semana, 12 meses<br />
por ano, de termos garantido o transporte que demonstrou<br />
ser vital para o combate ao flagelo da pandemia. Com os<br />
nossos trabalhadores optámos por resguardar os mais débeis,<br />
reforçámos ao máximo possível as medidas de proteção e<br />
conseguimos manter com condições sanitárias máximas a<br />
nossa oferta diária.<br />
Qual foi o número de utentes do Metropolitano de Lisboa<br />
em 2022?<br />
Em 2022 registámos 71% das validações de 2019, ou seja,<br />
cerca de 103 milhões de validações em 2022 contra cerca de<br />
174 milhões de validações em 2019.<br />
Recentemente, o Metro de Lisboa atingiu a neutralidade<br />
carbónica, graças à ação de reflorestação que tem sido<br />
levada a efeito. Que importância assume, para o Metro de<br />
Lisboa, a promoção da sustentabilidade e que medidas<br />
têm sido tomadas neste sentido?<br />
A procura da sustentabilidade ambiental deve ser um desejo<br />
global da sociedade e atingir a neutralidade de emissões de<br />
CO 2 em 2050 é um imenso desafio que exige e vai exigir<br />
grandes sacrifícios de todos. Como empresa de transportes, a<br />
nossa relevância no contributo para a neutralidade carbónica<br />
tem sido contínua, embora não possa deixar de reconhecer,<br />
que ao termos como energia de base a energia elétrica, esta<br />
realidade por si só pode representar um caminho mais facilitado<br />
do que se fossemos p.e. uma empresa de transporte com<br />
uma frota de autocarros.<br />
Ainda assim procuramos desenvolver todo um conjunto de<br />
iniciativas que nos permitem hoje assumir uma efetiva neutralidade<br />
carbónica. A reflorestação foi a forma de anularmos<br />
os diferenciais sempre positivos das emissões de CO 2 . Mas o<br />
facto relevante foi o empenho das nossas direções de Inovação,<br />
Qualidade e Logística, para garantir num ambiente de<br />
grande complexidade de negociação (resultante primeiro da<br />
pandemia e mais tarde da guerra na Ucrânia) que os fornecimentos<br />
de energia elétrica ao Metropolitano fossem 100% de<br />
fontes renováveis. Se juntarmos a este facto todo um conjunto<br />
de iniciativas de alteração de processos e sistemas (alteração<br />
para sistemas de iluminação LED, reduções de temperaturas<br />
nas oficinas e escritórios, produção de energia fotovoltaica em<br />
projeto) estamos certamente a caminhar num bom sentido.<br />
Está prevista, já para o final do próximo ano, a abertura<br />
das duas novas estações que materializam a linha circular.<br />
Que impacto terá a expansão da rede, com este alargamento?<br />
A abertura programada para o 2.º semestre de 2024 vai<br />
corresponder a um momento muito relevante do Metropolitano.<br />
A abertura da linha circular representa uma alteração<br />
profunda do modo de operação do Metropolitano ao associar<br />
uma operação circular (as origens e destinos deixam de ter<br />
sentido), uma nova sinalização (CBTC – Communications<br />
Base Train Control), novo material Circulante e duas novas<br />
estações Estrela e Santos. Com todas estas alterações estaremos<br />
em condições de reduzir os tempos de viagem, as<br />
frequências entre circulações, uma oferta dupla para cada percurso<br />
(dois sentidos), melhorando significativamente a oferta<br />
aos nossos clientes. Um última referência à estação da Estrela,<br />
que passará a ser a estação mais profunda da rede do ML<br />
(+- 60m) e com acesso apenas por via de ascensores.<br />
Em conjunto, estima que este prolongamento da Linha<br />
Verde, com as quatro novas estações da Linha Vermelha<br />
em 2026, corresponderá a um acréscimo de quantos<br />
passageiros por ano?<br />
A estimativa de acordo com os Estudos de Tráfego que<br />
contratamos é de um acréscimo de 9 milhões de passageiros<br />
com a linha circular e um acréscimo de 11 milhões de passageiros<br />
com a Linha Vermelha.<br />
O modelo da Linha «Em Laço», embora defendida por<br />
muitos, foi colocada de parte. Dos estudos que foram<br />
e-MOBILIDADE + 61
Entrevista<br />
Vítor Domingues dos Santos<br />
Não temos qualquer desentendimento<br />
com os moradores de Campo de<br />
Ourique. Todos estão expectantes e<br />
ansiosos com a chegada do Metropolitano<br />
a Campo de Ourique.<br />
feitos, que vantagens existem na Linha Circular face ao<br />
outro esquema de circulação?<br />
A seleção de opções é efetuada a partir de estudos de procura<br />
que comparam cenários possíveis, em função dos dados<br />
de partida. A escolha da Linha Circular foi a resultante da<br />
comparação de dois cenários de investimento possíveis com<br />
o montante que nos foi indicado – 250 milhões de euros. Os<br />
cenários que entraram em comparação foram de início dois:<br />
(i) criação da linha circular, prolongando a Linha Amarela<br />
do Rato ao Cais do Sodré, com duas novas estações e (ii)<br />
ampliação da Linha Vermelha a Campo de Ourique, com<br />
a criação de duas estações. Analisando os dois cenários<br />
possíveis, a ampliação da Linha Amarela aportava significativamente<br />
mais passageiros à rede do ML. Após seleção<br />
da ampliação da Linha Amarela ao Cais do Sodré iniciámos<br />
a análise de dois modos possíveis de operar: (i) em linha<br />
Circular e (ii) com duas linhas independentes. Os estudos<br />
efetuados foram claramente favoráveis à opção da operação<br />
em Linha Circular. As vantagens da linha circular já foram<br />
indicadas anteriormente.<br />
62 e-MOBILIDADE<br />
+
QUE MAIS-VALIAS TRARÁ A SINALIZAÇÃO CBTC,<br />
EM TERMOS PRÁTICOS, PARA OS UTENTES<br />
DO METRO?<br />
Para além do já referido acrescentamos ainda mais segurança<br />
aos nossos sistemas de circulação ferroviária, conseguimos<br />
aproveitar muito melhor a nossa capacidade de material<br />
circulante, ao reduzir significativamente as frequências entre<br />
circulações e damos os primeiros passos para uma futura<br />
condução automática.<br />
e-MOBILIDADE + 63
Entrevista<br />
Vítor Domingues dos Santos<br />
REDE DO METRO DE LISBOA<br />
EM 2050<br />
2050 é o ano da neutralidade<br />
carbónica da humanidade.<br />
E para se cumprir esse desiderato<br />
é fundamental que a rede do<br />
Metropolitano esteja associada à<br />
resolução do Transporte Público<br />
(TP) da Área Metropolitana de<br />
Lisboa, o que é um objetivo de<br />
enorme dimensão<br />
A estação no Jardim da<br />
Parada, em Campo de<br />
Ourique, gerou muita<br />
controvérsia mas, de<br />
acordo com o Metro de<br />
Lisboa esta é a melhor<br />
opção para a mesma.<br />
De que forma é possível<br />
chegar a um entendimento<br />
com os moradores?<br />
Não temos qualquer<br />
desentendimento com os<br />
moradores de Campo de<br />
Ourique. Todos estão expectantes e ansiosos com a chegada<br />
do Metropolitano a Campo de Ourique. Foi criado um falso<br />
problema com o Jardim da Parada e foram efetuadas afirmações<br />
que estão muito longe da realidade. Reafirmando: (i) vamos<br />
criar dois acessos verticais com ascensores no exato sítio<br />
aonde hoje está um sanitário público e estas são as únicas edificações<br />
no espaço do atual Jardim da Parada; (ii) Para o acesso<br />
à construção da linha do Metropolitano entre Campolide/<br />
Amoreiras e a Infante Santo vamos abrir um poço de acesso<br />
no Jardim da Parada que ocupará cerca de 15% da atual área<br />
do Jardim e que obrigará à retirada de seis árvores (Lodão);<br />
(iii) das seis árvores retiradas serão repostas quatro após a fase<br />
de construção; (iv) todos os trabalhos e árvores do Jardim<br />
64 e-MOBILIDADE<br />
+
Vítor Domingues dos<br />
Santos, presidente do<br />
Conselho de Administração<br />
do Metro<br />
de Lisboa, recebeu<br />
os representantes do<br />
governo para o fim das<br />
escavações associadas<br />
à construção da Estrela.<br />
LINHA CIRCULAR: TÚNEL DO METRO DE<br />
LISBOA JÁ LIGA ESTRELA A SANTOS<br />
O Metropolitano de Lisboa atingiu recentemente um novo marco na construção<br />
da nova linha Circular ao concretizar a união do novo túnel que vai<br />
ligar a futura estação Estrela à estação Santos. O momento, que assinala<br />
o fim das escavações associadas à construção da estação Estrela, foi presenciado<br />
pelo Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro,<br />
pelo Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, e pelo<br />
Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa,<br />
Vitor Domingues do Santos, durante uma visita de ponto de situação às<br />
obras em curso no Lote 1 do Plano de Expansão da Rede.<br />
Localizada ao cimo da Calçada da Estrela, em frente à Basílica da Estrela,<br />
a estação Estrela terá acesso na extremidade sul do Jardim da Estrela, a<br />
partir do edifício da antiga farmácia do Hospital Militar. A acessibilidade<br />
será efetuada por seis ascensores de grande capacidade e duas escadas<br />
mecânicas, atingindo o nível da superfície, de modo a um rápido acesso e<br />
maior conforto de utilização da estação pelos clientes do Metropolitano de<br />
Lisboa. Presentemente, o Metropolitano de Lisboa já tem a ligação efetuada<br />
por túnel entre o Rato e Santos.<br />
A ligação do túnel entre o Rato e Estrela ocorreu a 28 de maio de 2022.<br />
Prevista inaugurar no último trimestre de 2024, a linha<br />
Circular vai ligar a estação Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais<br />
dois quilómetros de rede e duas novas estações<br />
– Estrela e Santos, unindo as linhas Amarela e Verde num novo anel circular<br />
no centro de Lisboa.<br />
A execução do Plano de Expansão do Metropolitano de Lisboa está<br />
dividida em quatro lotes. O Lote 1 envolve a execução dos toscos entre o<br />
término da estação Rato e a estação Santos; o Lote 2 engloba a execução<br />
dos toscos entre a estação de Santos e a estação do Cais do Sodré; o<br />
Lote 3 visa a construção de dois novos viadutos e ampliação da estação<br />
do Campo Grande e o Lote 4 envolve a construção dos acabamentos e<br />
sistemas para a futura linha Circular. No que respeita ao lote 3, as obras<br />
de intervenção na zona do Campo Grande com a construção de dois<br />
novos viadutos e ampliação da estação do Campo Grande para Nascente,<br />
tiveram início em janeiro de 2022. A empreitada do Lote 4, que contempla<br />
o projeto e construção dos acabamentos e sistemas para a linha Circular,<br />
o concurso foi lançado em agosto de 2021 e encontra-se, presentemente,<br />
em fase de audiência prévia de interessados.<br />
Veja o vídeo das obras da Área Metropolitana de Lisboa neste QR code:<br />
VEJA O VÍDEO NESTE LINK:<br />
https://www.youtube.com/watch?v=tX8WwW3JKaI&feature=youtu.be<br />
e-MOBILIDADE 65
Entrevista<br />
Vítor Domingues dos Santos<br />
Em termos da rede de Metropolitano<br />
pesado estamos a dar os primeiros<br />
passos para a definição da ampliação<br />
da futura Linha Amarela, de Telheiras<br />
a Benfica, passando pela Praça São<br />
Francisco de Assis, Colégio Militar<br />
(criação 2.º átrio) e Benfica.<br />
da Parada antes, durante e após construção vão ser acompanhados/monitorizados<br />
por técnicos/engenheiros florestais da<br />
UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; (vi)<br />
como medida de compensação, o Metropolitano vai plantar<br />
50 árvores nos locais que a Junta de Freguesia de Campo de<br />
Ourique e a Câmara Municipal de Lisboa indiquem; (vii) por<br />
medida de precaução, o atual espaço lúdico para crianças vai<br />
ser desmontado (e novamente montado após a construção) e<br />
criado um novo espaço de lazer para as crianças junto à Igreja<br />
do Santo Condestável, que poderá ser definitivo se a Junta e a<br />
Câmara assim o pretendem.<br />
Por outro lado, está prevista a criação da Linha Violeta,<br />
que incluirá em parte do troço, o metro ligeiro de superfície.<br />
O que motivou esta opção, em detrimento da circulação<br />
em túnel?<br />
O investimento em transportes públicos é claramente deficitário<br />
em relação às reais necessidades da Área Metropolitana<br />
de Lisboa. Portanto, qualquer novo investimento deverá<br />
resultar de uma análise económica que atenda à realidade<br />
local e ao que se pretende resolver em termos de transporte.<br />
Assim, há vários aspetos a considerar na escolha do melhor<br />
modo de transporte que se adapta à realidade urbana, à<br />
procura, à morfologia do espaço, à densidade e dispersão<br />
populacional e a que procura se pretende responder. Em resultado<br />
destes e de outros fatores concluiu-se que a melhor<br />
solução para a criação de um transporte público que respondesse<br />
às necessidade dos concelhos de Odivelas e Loures<br />
seria um transporte em canal dedicado mas à superfície,<br />
para permitir uma maior densificação geográfica, em função<br />
dos montantes de investimento possível.<br />
Quais são as próximas fases da expansão da rede?<br />
Em termos da rede de Metropolitano pesado estamos a dar<br />
os primeiros passos para a definição da ampliação da futura<br />
Linha Amarela, de Telheiras a Benfica, passando pela Praça<br />
66 e-MOBILIDADE<br />
+
São Francisco de Assis, Colégio Militar (criação 2.º átrio) e<br />
Benfica. E efetuando uma segunda ligação ao nosso Parque de<br />
Material e Oficinas (PMO) em Carnide. Nesta altura estamos<br />
a fabricar em Valencia, na fábrica da Stadler, 14 Unidades<br />
Triplas (UT), 42 carruagens, resultante do concurso público<br />
lançado em 2018. Estamos a preparar o lançamento do<br />
concurso para o fornecimento de 24 UT (72 carruagens), com<br />
opção de mais 12 UT durante o 2.º trimestre de 2023.<br />
Vai haver contratação de mais pessoal para as diversas<br />
áreas do Metro de Lisboa?<br />
Desde 2017 que temos vindo a admitir novos trabalhadores<br />
para fazer face à recuperação da perda de profissionais<br />
resultantes dos tempos de grande reduções de custos, que<br />
resultaram em grandes dificuldades nas áreas mais operacionais.<br />
A estas admissões acrescem as resultantes da renovação<br />
de quadros operacionais, administrativos e chefias e às novas<br />
necessidades resultantes da expansão e melhoramentos da<br />
rede existente.<br />
Como imagina a rede do Metro de Lisboa em 2050?<br />
2050 é o ano da neutralidade carbónica da humanidade.<br />
E para se cumprir esse desiderato é fundamental que a<br />
rede do Metropolitano esteja associada à resolução do<br />
Transporte Público (TP) da Área Metropolitana de Lisboa,<br />
o que é um objetivo de enorme dimensão. Uma rede<br />
de metro pesado e metro ligeiro na AML, associado aos<br />
principais desafios do TP: menos carros a circular, nomeadamente<br />
em Lisboa, a resolução do acesso dos concelhos a<br />
Ocidente e a Norte de Lisboa, a resolução de uma nova travessia<br />
ferroviária do Tejo, a resolução do TP nos concelhos<br />
da margem Sul, etc. +<br />
PUB.<br />
e-MOBILIDADE 67
68 e-MOBILIDADE
MANUEL RELVAS<br />
Engenheiro, consultor na área das<br />
Tecnologias de Informação<br />
https://www.linkedin.com/in/mrelvas/<br />
Dura lex<br />
Na mobilidade, como na vida, as normas<br />
sed lex...<br />
assumem um papel essencial para que as coisas<br />
funcionem como é preciso. Mais importante<br />
do que imporem determinados padrões, muitas<br />
vezes o que realmente conta é o facto de serem<br />
princípios seguidos por todos os intervenientes<br />
num determinado processo.<br />
COMPLICADEX<br />
Podemos estar a falar de regras tão simples,<br />
mas fundamentais, como circular na estrada<br />
pela direita. Veja-se o caos verificado na<br />
Suécia em 1967, no dia em que deixou de se<br />
circular pela esquerda, para se passar a circular<br />
pela direita... Mas as normas tecnológicas são sempre<br />
mais complexas e difusas, com efeitos mais subtis, mas<br />
não menos impactantes.<br />
Um bom exemplo do cruzamento da mobilidade com<br />
as normas tecnológicas é o chamado GTFS - General<br />
Transit Feed Specification. Trata-se de especificar a forma<br />
de organizar a informação de itinerários e horários dos<br />
transportes públicos, inicialmente para alimentar o Google<br />
Maps, mas que é hoje um standard universal com<br />
múltiplas aplicações. Existe ainda uma componente de<br />
informação em tempo real, o GTFS-RT, que inclui o<br />
posicionamento dos veículos em cada momento, permitindo<br />
saber quanto tempo realmente falta para o próximo<br />
transporte que nos levará ao destino pretendido.<br />
Este exemplo é bem ilustrativo do “American way”: uma<br />
norma nascida e suportada pela indústria, hoje utilizada<br />
por algo como 10 mil sistemas de transporte em todo<br />
o mundo. É um modelo que consegue traduzir grande<br />
parte da complexidade destes sistemas, mas que se<br />
revela algo rudimentar nalguns aspetos, como é o caso<br />
dos tarifários. O que faz algum sentido, uma vez que,<br />
visando informar o público, não vale a pena traduzir<br />
mais do que aquilo que um comum mortal é capaz de<br />
assimilar de forma acessível.<br />
A especificação do GTFS tem 47 páginas e a do GTFS-<br />
-RT tem 30 páginas. Algo com que alguém, minimamente<br />
dentro dos conceitos do transporte público e<br />
e-MOBILIDADE + 69
TIC(s) de Mobilidade<br />
Dura lex, sed lex... Complicadex<br />
com umas luzes básicas sobre tecnologias de informação, se<br />
inteirará com um dia de estudo. Para o mesmo tema, temos o<br />
“European way”: tudo começa com uma arquitetura de referência,<br />
o Transmodel, que define um conjunto de conceitos,<br />
como uma espécie de dicionário. São 1380 páginas de conceitos,<br />
complementadas com mais 1265 páginas dedicadas às<br />
relações entre esses conceitos. Os equivalentes ao GTFS e ao<br />
GTFS-RT no normativo europeu são, respetivamente, o<br />
NeTEx (Network Timetable Exchange) e o SIRI (Service Interface<br />
for Real Time Information); mais 2034 páginas para o<br />
primeiro e 551 para o segundo.<br />
Estamos então perante mais de 10 resmas de papel para<br />
dominar o normativo europeu, contra bem menos de 100<br />
páginas do modelo americano. Não podemos estar a falar da<br />
mesma coisa, e efetivamente, não estamos.<br />
Pode ser que as normas europeias abranjam<br />
100% da complexidade dos sistemas<br />
de transporte público, enquanto as normas<br />
de génese americana, provavelmente, se<br />
ficam pelos 80%. Mas não terá sido seguramente<br />
por falta de recursos que a Google<br />
“Podemos estar<br />
a falar de regras<br />
tão simples, mas<br />
fundamentais, como<br />
circular na estrada<br />
pela direita”.<br />
não fez umas especificações mais completas; quiseram fazer<br />
algo que pudesse ser rapidamente adotado por milhares de<br />
redes de transporte em todo o mundo, e conseguiram.<br />
Por outro lado, as normas europeias nascem de sucessivos<br />
projetos com financiamento europeu, tentando encaixar nos<br />
conceitos Transmodel as diferentes normas nacionais já vigentes<br />
nas principais economias europeias: Alemanha, França,<br />
70 e-MOBILIDADE<br />
+
Itália e Escandinávia. É assim que, no site do NeTEx, se apresentam,<br />
orgulhosamente, as várias versões da norma, adaptadas<br />
a cada uma dessas regiões. Algo que nunca teria passado pela<br />
cabeça da Google: ter versões diferentes da norma, em diferentes<br />
regiões do globo.<br />
Segue-se, no entanto, uma história de aparente sucesso, com<br />
a adoção das normas NeTEx e SIRI nos países que estiveram<br />
na sua génese, embora, por serem versões diferentes, continuem<br />
tão incompatíveis entre si como o eram até então. Não<br />
é bem este o intuito de uma norma, mas é um começo. Que<br />
prossegue com mais projetos de divulgação, integração, certificação,<br />
evolução e eventual convergência de tudo isto num<br />
mesmo modelo inter-operável.<br />
Veremos se este caminho conduzirá à desejada harmonização<br />
europeia, mas também dá que pensar se não estaremos<br />
perante a tentação de criar um muro de complexidade para<br />
proteger um negócio à volta da elaboração e implementação<br />
das próprias normas. Se assim for, conseguiram. +<br />
e-MOBILIDADE + 71
FOTOS ARTIGO: PIXABAY.COM | CANVAS PRO | FREEPIK<br />
Q-COMMERCE<br />
A evolução<br />
do e-commerce<br />
O q(uick)-commerce, ou comércio eletrónico rápido, entrou nas<br />
nossas casas nos últimos anos, e com maior preponderância<br />
nos tempos de confinamento. Hoje em dia é comum fazermos<br />
um pedido online numa qualquer aplicação móvel de entrega<br />
de refeições ao domicílio e recebermos a encomenda num<br />
período de tempo medido em minutos, não em horas.<br />
FILIPE CARVALHO<br />
CEO Wide Scope<br />
linkedin.com/in/filipecarvalhowidescope<br />
As entregas de refeições<br />
popularizaram-se e isso<br />
contribuiu para a procura<br />
de outros produtos em<br />
q-commerce, em função<br />
das alterações de hábitos dos consumidores.<br />
São vários os setores que espreitam<br />
esta oportunidade como a distribuição<br />
alimentar, mas também os produtos<br />
farmacêuticos, livros e multimédia,<br />
brinquedos ou mesmo cosméticos. O<br />
consumidor de q-commerce valoriza sobretudo<br />
a velocidade da entrega. E está<br />
disposto a sacrificar algumas exigências<br />
em comparação com o consumidor de<br />
e-commerce.<br />
O que o consumidor exige<br />
Um consumidor de q-commerce espera<br />
ser servido quase imediatamente (em<br />
menos de uma hora ou bastante menos).<br />
Esta é a sua principal exigência:<br />
que a sua estreita janela horária de entrega<br />
seja cumprida. O nível de serviço<br />
é primordial. Por contraposição, um<br />
consumidor de e-commerce aceita ser<br />
servido até 2-3 dias após a encomenda.<br />
Aqui, as entregas no mesmo dia – mes-<br />
mo que várias horas após a encomenda<br />
– ainda são vistas com satisfação<br />
extraordinária.<br />
As exigências e cedências que caracterizam<br />
um consumidor de q-commerce e<br />
- sobretudo – o distinguem de um consumidor<br />
de e-commerce permitem-nos<br />
concluir que o q-commerce não veio<br />
para substituir o e-commerce, mas para<br />
o complementar. Por isso, até podemos<br />
falar em «evolução» entre os dois<br />
modelos na medida em que um parece<br />
ser a versão mais rápida do outro, mas<br />
72 e-MOBILIDADE<br />
+
na realidade servem perfis de consumo<br />
distintos e assumem compromissos<br />
distintos para satisfazer a sua proposta<br />
de valor também ela distinta.<br />
Implicações na logística<br />
As principais condicionantes para a<br />
logística estão no tipo de armazém, no<br />
tipo de transporte e no reabastecimento<br />
de stock. Os armazéns para satisfa-<br />
IMPLICAÇÕES NA LOGÍSTICA<br />
As principais condicionantes para a<br />
logística estão no tipo de armazém, no<br />
tipo de transporte e no reabastecimento<br />
de stock. Os armazéns para satisfazer<br />
q-commerce devem ser em maior<br />
número, mas menores em dimensão, do<br />
que os de e-commerce para cobrir uma<br />
mesma região geográfica.<br />
zer q-commerce devem ser em maior<br />
número, mas menores em dimensão, do<br />
que os de e-commerce para cobrir uma<br />
mesma região geográfica.<br />
Uma vez que as encomendas são menores,<br />
mas mais frequentes, a reposição de<br />
artigos em stock precisa de ser mais dinâmica.<br />
Por sua vez, as entregas devem<br />
ser muito rápidas e, sendo pouco volumosas,<br />
devem ser utilizadas motas ou<br />
mesmo bicicletas. Todas estas condicionantes<br />
colocam pressão sobre a logística<br />
de «última milha». Considerando que o<br />
q-commerce é um negócio de baixa rentabilidade<br />
e muita rotatividade, e que os<br />
principais custos estão na logística de<br />
«última milha», como pode a tecnologia<br />
ajudar a garantir a máxima eficiência e<br />
rentabilidade.<br />
Como pode a tecnologia ajudar?<br />
A tecnologia é central para o sucesso de<br />
uma operação de q-commerce. Começa<br />
logo com o processo de encomenda que<br />
é realizado sempre de forma eletrónica,<br />
a partir de uma app ou website. Mas a<br />
rentabilidade e viabilidade da operação<br />
advêm da capacidade da logística de<br />
última milha. E aqui há duas componentes<br />
tecnológicas fundamentais:<br />
e-MOBILIDADE + 73
Tecnologias de Informação<br />
A evolução do e-commerce<br />
1) Inteligência artificial para predição<br />
dos consumos<br />
Uma vez que os stocks são limitados e<br />
de grande rotatividade interessa assegurar<br />
que não há ruturas. O stock deve<br />
estar ligado diretamente ao processo de<br />
encomenda para verificação imediata<br />
da disponibilidade. Portanto, a rutura<br />
de stock de um só artigo pode significar<br />
a perda total da encomenda de um<br />
cliente. Para antecipar esses padrões de<br />
consumo e consequente reposição de<br />
stocks atempada, estão disponíveis ferramentas<br />
de inteligência artificial com<br />
capacidades preditivas. Estas dizem-nos<br />
o que encomendar de forma que, com<br />
reposições eficientes, consigamos evitar<br />
rupturas de stock de qualquer artigo.<br />
2) Otimização de rotas<br />
Uma vez que as entregas são «ponto-a-<br />
-ponto», ou seja, o veículo carrega em<br />
armazém para entregar diretamente a<br />
um cliente e um só cliente, parece que<br />
não existe nenhuma complexidade no<br />
planeamento de rotas. Apenas a escolha<br />
de quais as melhores ruas a passar.<br />
No entanto, a realidade é bem mais<br />
complexa do que aparenta. Os clientes<br />
fazem pedidos com horas-limite de<br />
entrega diferentes, e estão a distâncias<br />
diferentes do armazém. Isto implica<br />
que, por vezes, seja proveitoso deixar de<br />
lado uma encomenda que surgiu cedo<br />
mas está perto do armazém (temos mais<br />
tempo para a satisfazer) e dar seguimento<br />
a outra que surgiu mais tarde mas<br />
OTIMIZAÇÃO DE ROTAS<br />
Se as entregarmos por ordem de<br />
chegada, calhando ir primeiro ao<br />
local mais longe e só depois ao<br />
mais perto, podemos falhar os<br />
compromissos de entrega.<br />
está mais longe. Se as entregarmos por<br />
ordem de chegada, calhando ir primeiro<br />
ao local mais longe e só depois ao mais<br />
perto, podemos falhar os compromissos<br />
de entrega. E se estivermos a correr o<br />
risco de isso acontecer tenderemos a<br />
contratar mais motoristas e veículos do<br />
que os estritamente necessários.<br />
Este tipo de deduções é por vezes contra-intuitivo.<br />
Se não for utilizada uma<br />
ferramenta de otimização de rotas adequada<br />
dificilmente chegaremos a tais soluções<br />
manualmente. Considerando que<br />
o q-commerce é uma atividade onde a<br />
eficiência logística dita a rentabilidade<br />
e a própria viabilidade do negócio, a<br />
consideração destas tecnologias<br />
é fundamental. +<br />
DO QUE O CONSUMIDOR ABDICA<br />
Se, por um lado, as exigências são mínimas, por outro as cedências são várias:<br />
1) PREÇO<br />
Um consumidor de q-commerce não procura descontos. Aliás,<br />
está disposto a pagar mais pela conveniência e velocidade da<br />
entrega. Ao contrário de um consumidor de e-commerce que<br />
espera sempre obter os preços mais baixos ou mesmo descontos<br />
especiais.<br />
2) VOLUME DA ENCOMENDA<br />
Uma entrega em q-commerce implica uma deslocação rápida,<br />
habitualmente em duas rodas, e um processo de preparação<br />
da encomenda rápido. Isto implica que a encomenda será<br />
necessariamente pouco volumosa, ou seja, de poucos itens.<br />
Se tomarmos como exemplo a distribuição alimentar (supermercados),<br />
um cliente de e-commerce procura reabastecer<br />
a despensa com os produtos para a semana, enquanto um<br />
cliente de q-commerce procura colmatar as pequenas faltas<br />
que surgem a meio da semana ocasionalmente. Tipicamente<br />
substitui aquela visita à loja de bairro para comprar a garrafa<br />
de azeite que faltou enquanto preparava o jantar. Noutra<br />
perspetiva, é também relevante referir que o consumidor<br />
de q-commerce tem um agregado familiar habitualmente<br />
menor do que o consumidor de e-commerce, isto é, uma ou<br />
duas pessoas para três ou quatro por casa, respetivamente.<br />
3) SORTIDO DA ENCOMENDA<br />
Para que as entregas possam ser rápidas precisam ser<br />
abastecidas a partir de dark stores pequenas e próximas da<br />
área de residência dos clientes. Isso não se compadece com<br />
stocks grandes de um inventário sortido. Com efeito, um<br />
cliente de q-commerce aceita que não terá um sortido de<br />
produtos alargado à escolha, mas tão somente uma seleção<br />
dos produtos de maior rotatividade.<br />
74 e-MOBILIDADE<br />
+
ANDA CONSIGO<br />
QUANDO ESTACIONA<br />
De norte a sul do país,<br />
sem moedas.<br />
Nos parquímetros<br />
com a App Via Verde<br />
Miguel Oliveira<br />
Piloto de MotoGP<br />
e-MOBILIDADE 75
OPINIÃO<br />
Práticas sustentáveis comuns<br />
nas cadeias logísticas verdes<br />
de base marítima<br />
É muito importante compreender o impacto ambiental do setor de transportes,<br />
com foco no transporte marítimo que ainda utiliza combustíveis fósseis emissores<br />
de dióxido de carbono, apesar das políticas adotadas pelos Estados<br />
e da inovação tecnológica.<br />
Destaca-se a importância das<br />
práticas sustentáveis comuns<br />
nas cadeias carregadoras.<br />
Faltam estudos sobre o<br />
transporte de mercadorias e<br />
a necessidade de compreender<br />
como os carregadores<br />
contribuem para as práticas<br />
sustentáveis das cadeias logísticas marítimas.<br />
Existem diversos fatores que influenciam a adoção<br />
de práticas sustentáveis na cadeia logística. Um dos<br />
principais fatores é o enquadramento setorial, a regulamentação<br />
industrial e ambiental, que pode afetar<br />
a atuação dos carregadores em todas as vertentes<br />
do negócio, incluindo a contratação de transportes.<br />
A regulamentação nacional, as taxas verdes e<br />
os incentivos para medidas colaborativas verdes na<br />
cadeia de abastecimento são importantes para a implementação<br />
de práticas sustentáveis. Os requisitos<br />
legais interferem na relação entre o carregador e os<br />
fornecedores de serviços logísticos e a participação<br />
das empresas em iniciativas governamentais e lideradas<br />
pela indústria podem melhorar o desempenho<br />
ambiental do transporte de mercadorias. É de grande<br />
a importância da gestão de custos para alcançar uma<br />
logística mais sustentável, pois existem oportunidades<br />
e desafios na utilização de novas tecnologias,<br />
como veículos elétricos e drones, para melhorar a<br />
eficiência do transporte de carga e reduzir os custos<br />
operacionais.<br />
VÍTOR CALDEIRINHA<br />
Port of Setubal Business and Logistics Director,<br />
Professor PhD, Port researcher and consultant<br />
www.linkedin.com/in/vitorcaldeirinha/<br />
Destaca-se também a importância da pressão dos<br />
clientes como um fator crucial para os transportadores<br />
reduzirem as emissões de carbono e adotarem soluções<br />
mais sustentáveis no setor de transporte. As empresas<br />
de transporte estão cada vez mais a adotar estratégias<br />
sustentáveis e medidas simplificadas para alcançar uma<br />
cadeia de abastecimento mais verde, influenciadas pelos<br />
gestores, pela imagem da empresa, pelos clientes, pelos<br />
transportadores, pelo governo e por outras autoridades.<br />
76 e-MOBILIDADE<br />
+
A maioria das pequenas e médias empresas é impulsionada<br />
por iniciativas internas e expectativas de clientes<br />
para adotar estratégias sustentáveis.<br />
No entanto, os aspetos ambientais são muitas vezes<br />
menos priorizados que os custos. Além disso, a valorização<br />
pelos clientes é limitada pelos objetivos financeiros<br />
dos carregadores. Algumas empresas utilizam o impacto<br />
ambiental como critério essencial na seleção de fornecedores,<br />
como forma de dar coerência ao marketing<br />
verde dos produtos e serviços, nos segmentos onde<br />
o valor da imagem pode superar o preço do serviço.<br />
Destaca-se ainda a importância de medir as emissões de<br />
CO 2 provenientes das atividades de transporte ao nível<br />
da cadeia de abastecimento e a necessidade de dispor<br />
de ferramentas eficazes e métodos padrão para medir<br />
as emissões de CO 2 nos transportes. Importa também<br />
a cooperação entre carregadores e fornecedores de serviços<br />
logísticos para a adoção de medidas e práticas de<br />
sustentabilidade nas cadeias logísticas de base marítima.<br />
Existem fatores que podem afetar a adoção de práticas<br />
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL<br />
É de grande a importância da gestão de<br />
custos para alcançar uma logística mais<br />
sustentável, pois existem oportunidades e<br />
desafios na utilização de novas tecnologias,<br />
como veículos elétricos e drones,<br />
para melhorar a eficiência do transporte<br />
de carga e reduzir os custos operacionais.<br />
e-MOBILIDADE + 77
Opinião<br />
Vítor Caldeirinha<br />
sustentáveis no setor de transporte de carga. Nem sempre é<br />
possível obter sucesso em mudanças para modos de transporte<br />
mais verdes, devido a fatores contextuais das empresas<br />
transportadoras. Há também um desencontro de interesses entre<br />
carregadores e prestadores de serviços logísticos, o que pode<br />
dificultar investimentos verdes. Algumas empresas avaliam<br />
práticas sustentáveis ambientais como componente de competitividade<br />
e fator de seleção de fornecedores de serviços<br />
logísticos.<br />
Os carregadores exercem influência na exigência de requisitos<br />
sustentáveis nos transportes, mas apenas uma pequena<br />
percentagem considera realista a implementação de<br />
iniciativas isoladas de redução de carbono. A dimensão dos<br />
carregamentos e dos carregadores influencia a exigência de<br />
sustentabilidade nas cadeias logísticas. Algumas empresas<br />
procuram transportadores menores e mais recentes<br />
para melhorar seu desempenho ambiental. No entanto,<br />
ainda falta um método preciso e normalizado para medir<br />
as emissões de dióxido de carbono no transporte e fazer o<br />
acompanhamento e comparação realista das alternativas.<br />
Deve considerar-se a redução da poluição no transporte marítimo<br />
e rodoviário. Ambos os setores são responsáveis por uma<br />
parcela significativa das emissões globais de dióxido de carbono<br />
e outros poluentes atmosféricos. Existem várias estratégias<br />
A captura de carbono e a hidrogenação<br />
do mesmo, o Gás Natural Liquefeito<br />
(LNG) e os biocombustíveis hidrogenados<br />
também são alternativas<br />
consideradas para reduzir as emissões<br />
de gases de efeito estufa no transporte<br />
marítimo, embora apresentem desafios<br />
e limitações em relação à disponibilidade<br />
e custos de produção.<br />
para reduzir a poluição, incluindo a adoção de tecnologias de<br />
propulsão mais eficientes, como motores híbridos elétricos e<br />
a redução da velocidade dos navios. Além disso, a utilização<br />
de biocombustíveis e combustíveis mais limpos pode ajudar<br />
a reduzir as emissões de poluentes atmosféricos. Importa<br />
também a reciclagem de navios e dos resíduos gerados durante<br />
o processo. Outra questão são as redes logísticas verdes<br />
78 e-MOBILIDADE<br />
+
ADOTAR ESTRATÉGIAS<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
Destaca-se também a<br />
importância da pressão dos<br />
clientes como um fator crucial<br />
para os transportadores<br />
reduzirem as emissões de carbono<br />
e adotarem soluções mais<br />
sustentáveis no setor<br />
de transporte<br />
e-MOBILIDADE + 79
Opinião<br />
Vítor Caldeirinha<br />
EM RELAÇÃO À<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
destaca-se a importância de garantir salários<br />
justos e condições de trabalho adequadas<br />
para os funcionários da indústria marítima,<br />
bem como promover a igualdade de género<br />
e evitar práticas controversas, como<br />
a “bandeira de conveniência”.<br />
e a necessidade de reduzir o espaço em vazio nos<br />
camiões e adotar uma condução ecológica.<br />
Em relação à responsabilidade social, destaca-se a<br />
importância de garantir salários justos e condições<br />
de trabalho adequadas para os funcionários da indústria<br />
marítima, bem como promover a igualdade de género<br />
e evitar práticas controversas, como a “bandeira de conveniência”.<br />
Quanto aos combustíveis verdes, aponta-se para a<br />
diversidade de opções disponíveis, incluindo combustíveis<br />
renováveis como biometano, biodiesel, etanol e eletricidade<br />
verde, bem como a utilização de motores alternativos e combustíveis<br />
alternativos.<br />
Entre estes, destaca-se a amónia e o metanol como opções<br />
viáveis para o transporte marítimo de baixa emissão de carbono,<br />
bem como o hidrogénio, que é considerado uma fonte<br />
promissora de energia, embora ainda haja desafios a superar<br />
em termos de infraestrutura e segurança.<br />
A captura de carbono e a hidrogenação do mesmo, o Gás<br />
Natural Liquefeito (LNG) e os biocombustíveis hidrogenados<br />
também são alternativas consideradas para reduzir as emissões<br />
de gases de efeito estufa no transporte marítimo, embora<br />
apresentem desafios e limitações em relação à disponibilidade<br />
e custos de produção.<br />
São importantes os meios de transporte sustentáveis para<br />
responder às exigências de sustentabilidade dos proprietários<br />
de carga e fornecedores de serviços logísticos e de<br />
transporte. Uma solução comum é o uso de camiões com<br />
níveis de emissão EURO VI e um aumento da procura do<br />
transporte intermodal, incluindo a utilização da ferrovia e<br />
do transporte marítimo.<br />
A eletrificação das operações logísticas e portuárias também<br />
pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa no<br />
transporte marítimo. Além disso, a utilização de camiões mais<br />
eficientes e a utilização da ferrovia também podem reduzir as<br />
emissões de gases de efeito estufa no transporte terrestre.<br />
Por fim, o uso do transporte marítimo é uma opção viável<br />
para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no transporte<br />
de longa distância. +<br />
CONCLUSÃO<br />
As empresas carregadoras influenciam as práticas conjuntas<br />
sustentáveis das cadeias logísticas verdes de base<br />
marítima, especialmente no que diz respeito à prevenção<br />
da poluição e à utilização de transportes verdes. A gestão<br />
sustentável das empresas e os regulamentos setoriais e<br />
ambientais também desempenham um papel importante<br />
na adoção de práticas conjuntas sustentáveis. A dimensão<br />
dos carregamentos é outro fator relevante, pois só com<br />
grandes volumes é possível influenciar a utilização de<br />
combustíveis mais verdes e a adoção de práticas justas<br />
com os tripulantes.<br />
80 e-MOBILIDADE<br />
+
+<br />
e-MOBILIDADE 81
82 e-MOBILIDADE