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objetivos equilibrados de progresso,<br />
com o emprego de tempo deleitoso e,<br />
portanto, ninguém procuraria sonegar<br />
o trabalho. Por outro lado, o homem<br />
teria um domínio e um conhecimento<br />
extraordinários da natureza.<br />
Isso determinaria uma organização<br />
da vida completamente diferente do<br />
que é hoje. Não obstante, os homens<br />
organizariam uma civilização.<br />
Ora, apesar da grande inteligência<br />
e da vontade reta de todos os homens<br />
no estado de inocência com a graça,<br />
a Igreja nos ensina que seria necessária<br />
a existência de uma autoridade,<br />
não para reprimir os crimes, pois estes<br />
não existiriam, mas a fim de mandar.<br />
Porque as pessoas têm pontos<br />
de vista diferentes e é preciso haver<br />
quem olhe para a esfera de ação coletiva,<br />
preste atenção não apenas no<br />
bem privado, mas diga a cada um como<br />
agir em favor do bem comum.<br />
Essa autoridade, portanto, decorre<br />
da natureza das coisas. E como Deus<br />
é o Autor da natureza, toda autoridade<br />
vem de Deus e é preciso respeitá-la.<br />
Considerar que a autoridade existe só<br />
para a mera repressão<br />
do crime é um verdadeiro<br />
disparate.<br />
Então, nos perguntamos<br />
qual é o limite<br />
da autoridade,<br />
como podemos limitá-la<br />
de maneira que<br />
ela não dê nos absurdos<br />
do liberalismo<br />
nem do socialismo.<br />
Média e que deu, naquela época, os<br />
melhores resultados: o princípio da<br />
subsidiariedade.<br />
Com efeito, há diversas situações<br />
para as quais o homem, ou mesmo<br />
um grupo, não basta a si próprio, necessitando<br />
ser auxiliado, subsidiado.<br />
Poderíamos exemplificar com várias<br />
famílias morando em torno de<br />
uma fábrica ou de uma igreja. Em<br />
certo momento, o número de famílias<br />
torna-se bastante grande para<br />
entenderem a necessidade de um governo<br />
que fizesse o que nenhuma família<br />
realiza: cuidar das ruas, do calçamento,<br />
da iluminação pública e de<br />
uma porção de coisas análogas. Como<br />
uma família não pode fazer isso,<br />
constitui-se um município que dá às<br />
famílias o que elas sozinhas não poderiam<br />
ter.<br />
O mesmo se poderia dizer dos<br />
municípios. Vários municípios de<br />
uma mesma zona se congregam para<br />
formar um Estado porque, ligados<br />
entre si, melhor tratam dos interesses<br />
comuns. Cada município é tão<br />
livre quanto possível, mas o que ele<br />
não pode fazer só, o Estado realiza<br />
para vários municípios.<br />
Para dar o exemplo brasileiro, a<br />
Federação ou os Estados Unidos<br />
do Brasil existem para assegurar ao<br />
conjunto dos Estados aquilo que cada<br />
um não consegue só por si: exército,<br />
marinha, aeronáutica, relações<br />
exteriores, uma série de outros recursos<br />
que só a federação pode obter<br />
em quantidades e proporções suficientes.<br />
O princípio de subsidiariedade<br />
se compõe dos seguintes elementos:<br />
primeiro, a ideia de que a sociedade<br />
é constituída de membros vivos; segundo,<br />
cada membro deve tender livremente<br />
a se bastar a si próprio;<br />
terceiro, essa autossuficiência tem<br />
limites; quarto, esses limites conduzem<br />
a uma hierarquização que rege<br />
os limites da liberdade e da autoridade<br />
da seguinte maneira: o que cada<br />
um não consiga realizar por si, o<br />
grau superior supre. Assim, tanto<br />
quanto possível, liberdade na base;<br />
tanto quanto necessário, autoridade<br />
na cúpula. Por esta forma se conci-<br />
Francisco Águia<br />
No sapientíssimo<br />
princípio<br />
da subsidiariedade<br />
se conciliam<br />
a liberdade<br />
e a autoridade<br />
Para isso a Doutrina<br />
Católica usa<br />
um princípio muito<br />
empregado na Idade<br />
Aldeia de Avô, Coimbra, Portugal<br />
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