Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Luzes da Civilização Cristã<br />
José-Manuel Benito (CC3.0)<br />
Opanorama que vamos comentar compõe-se basicamente<br />
de três elementos: o Castelo da Mota – em<br />
Medina del Campo, na Espanha –, o céu e a árvore.<br />
Muralhas altas, belas, dignas<br />
No castelo, que evidentemente é a nota dominante, encontramos<br />
dois aspectos principais: as muralhas, nas quais<br />
se destacam os grandes torreões de ângulo, que sobressaem<br />
como um elemento inteiramente distinto das muralhas,<br />
e a torre que, por sua vez, é a nota dominante do castelo.<br />
Parece-me mais interessante começarmos por analisar<br />
o castelo, partindo do elemento secundário para depois<br />
passar para o principal. O elemento secundário é constituído<br />
pelas muralhas e os torreões que as integram.<br />
As muralhas são altas, bem trabalhadas, belas, dignas,<br />
altivas. Entretanto, não têm nada de extraordinário.<br />
Elas possuem uma beleza real, mas frequente em<br />
muitos monumentos medievais desse tipo. Aliás, há muralhas<br />
muitíssimo mais bonitas do que essas. Ao menos<br />
para o meu gosto, a muralha de uma pedra sombria, um<br />
granito carregado e “preocupado”, exprime muito mais<br />
tudo quanto a muralha tem a exprimir do que essa pedra<br />
um pouco branca, tornada ainda mais reluzente pela<br />
luz do Sol, com uma aparência festiva, não parecendo<br />
propriamente militar, como era a finalidade das muralhas<br />
naquele tempo. Eu até chegaria a chamá-la de uma<br />
muralha plácida, tranquila. Ela se estende à maneira de<br />
um retângulo, sem maiores movimentos, com os torreões<br />
intercalados simetricamente, sem maior fantasia, obedecendo<br />
simplesmente a uma necessidade militar, mas sem<br />
nenhuma preocupação de estética mais particular.<br />
Torre altaneira, forte, firme<br />
Em contraste com esse aspecto e, portanto, realçando-o,<br />
vem a torre alta, imponente, que desafia e se ergue<br />
muitíssimo acima da muralha, fazendo desta quase como<br />
o véu ou manto que pende da cabeça de uma rainha.<br />
A diferença de altura, de poesia, de fantasia, de imaginação<br />
que vai da torre para os muros é enorme. Por esta<br />
forma, destaca-se extraordinariamente a torre, tornando-a<br />
verdadeiramente a nota dominante.<br />
Como eu disse acima, as muralhas erguem-se altivas.<br />
Entretanto, a altaneria da torre é realçada pelos torreões<br />
de ângulo que lhe dão a fisionomia especial. A torre<br />
se ergue altaneira, mas ao mesmo tempo atarracada,<br />
forte, firme, como quem diz: “Eu olho de cima, desafio,<br />
mas resisto. Não tenho medo de nada. Meu ângulo está<br />
disposto a cortar os vagalhões dos adversários como<br />
a proa de um navio fende os mares. Para mim nada oferece<br />
insegurança. Estou disposta a resistir de todo jeito,<br />
a todo transe. A mim ninguém derruba. Nem sequer<br />
Chefocom (CC3.0)<br />
32