2. O Plano Real e a URV fundamentos da reforma monetária ...
2. O Plano Real e a URV fundamentos da reforma monetária ...
2. O Plano Real e a URV fundamentos da reforma monetária ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
de pagamentos dos bancos e do Tesouro Nacional. As intervenções do BC<br />
como doador ou tomador de recursos, a fim de estabilizar a taxa de juros,<br />
implicam proceder-se a uma espécie de "zeragem cega" no mercado<br />
monetário pois a autori<strong>da</strong>de pode estar executando qualquer uma <strong>da</strong>s três<br />
funções, sem que seja claro para ela própria a natureza de sua<br />
intervenção 54 . Não por outro motivo, as descrições do funcionamento do<br />
sistema monetário brasileiro 55 empregam, com frequência, termos técnicos<br />
como "passivi<strong>da</strong>de" ou "endogenia", ou até, de forma bem menos elegante e<br />
frequentemente mal informa<strong>da</strong>, alusões a relações incestuosas entre o BC<br />
e o "mercado", e a relações indecentes entre o BC e o Tesouro.<br />
Independente do mérito técnico, ou <strong>da</strong> maledicência dessas observações,<br />
parecia não haver discordância em que a implementação de uma<br />
ver<strong>da</strong>deira âncora monetária implicaria necessariamente rever as práticas<br />
usuais de política monetária e modificar as instituições que as apoiavam.<br />
To<strong>da</strong>via, também se tinha claro que: (i) o sistema vigente tinha<br />
méritos na exata medi<strong>da</strong> em que desenvolvera instrumentos e<br />
procedimentos que permitiam um tratamento cotidiano <strong>da</strong> extraordinária<br />
capaci<strong>da</strong>de do sistema financeiro de executar liability management, ou de<br />
alternar, conforme as circunstâncias, diferentes formas de captação,<br />
fenômeno que, em outros países, terminou por relegar ao desuso algumas<br />
regras longamente aceitas de política monetária, dentre as quais o próprio<br />
controle quantitativo dos agregados monetários 56 . Por outro lado, (ii) seria<br />
difícil empreender mu<strong>da</strong>nças enquanto a inflação se mantivesse em níveis<br />
elevados, <strong>da</strong><strong>da</strong> a delicadeza <strong>da</strong> relação entre o organismo monetário e a<br />
54 Avaliar o estado <strong>da</strong> liquidez, nessas condições, envolve uma interpretação, nem sempre tranquila, do fato<br />
de o BC oscilar, frequentemente, entre a posição de undersold e oversold.<br />
55 Dentre estas análises destaca-se D. D. Carneiro & M. Garcia (1993), D. D. Carneiro (1994) A. C. Pastore<br />
(1993) entre outros<br />
56 Para uma informa<strong>da</strong> discussão desse tema veja-se C. Goodhart (1993 e 1994).