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Tradução de Jorge Candeias

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odores misturados da lavanda e do cedro emprestavam vivacida<strong>de</strong><br />

ao ar. Fez‑me lembrar uma arca <strong>de</strong> roupa. o seu cabelo e barba ti‑<br />

nham acabado <strong>de</strong> ser alisados; bem sabia eu que o cabelo nunca lhe<br />

ficava assim por mais do que alguns minutos. Enquanto Kettricken<br />

avançava timidamente para fazer uma vénia ao seu senhor, vi Vera‑<br />

cida<strong>de</strong> como não via há meses. o Verão <strong>de</strong> uso do talento voltara a<br />

<strong>de</strong>vastá‑lo. a bela camisa envolvia‑lhe os ombros como uma campâ‑<br />

nula, e o seu cabelo alisado tinha agora tanto <strong>de</strong> cinzento como <strong>de</strong><br />

negro. também havia rugas, em volta dos olhos e da boca, em que<br />

eu nunca antes reparara.<br />

Tenho então um aspecto assim tão mau?<br />

Para ela, não, fiz‑lhe lembrar.<br />

Quando Veracida<strong>de</strong> lhe pegou na mão e a puxou para se sentar<br />

ao lado <strong>de</strong>le, num banco perto da lareira, Kettricken olhou‑o com<br />

uma fome tão profunda como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> talento que sentia.<br />

os <strong>de</strong>dos <strong>de</strong>la apertaram‑lhe a mão, e eu afastei o olhar quando ele<br />

lhe ergueu a mão para a beijar. talvez Veracida<strong>de</strong> tivesse razão rela‑<br />

tivamente à sensibilida<strong>de</strong> do talento. o que Kettricken sentiu caiu<br />

sobre mim com a ru<strong>de</strong>za da fúria da minha tripulação durante uma<br />

batalha.<br />

Senti um alvoroço <strong>de</strong> espanto vindo <strong>de</strong> Veracida<strong>de</strong>. E então:<br />

Escuda‑te, or<strong>de</strong>nou‑me bruscamente, e eu fiquei <strong>de</strong> súbito só no in‑<br />

terior do meu crânio. permaneci imóvel por um momento, entonte‑<br />

cido pela forma abrupta com que ele partira. Ele realmente não fazia<br />

i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong>i por mim a pensar, e senti‑me contente por o pensamento<br />

permanecer privado.<br />

“Senhor, vim pedir um momento ou dois do vosso tempo<br />

para… uma i<strong>de</strong>ia que tenho.” os olhos <strong>de</strong> Kettricken perscrutaram<br />

o rosto <strong>de</strong>le enquanto falava em voz baixa.<br />

“Com certeza,” concordou Veracida<strong>de</strong>. Deitou‑me um relance.<br />

“FitzCavalaria, queres juntar‑te a nós?”<br />

“Se for essa a vossa vonta<strong>de</strong>, senhor.” Sentei‑me num banco do<br />

outro lado da lareira. Rosamaria veio pôr‑se ao meu lado com os seus<br />

braços cheios <strong>de</strong> rolos. provavelmente surripiados do meu quarto<br />

pelo Bobo, suspeitei. Mas quando Kettricken começou a falar com<br />

Veracida<strong>de</strong>, pegou nos rolos um por um, e em todos os casos a fim<br />

<strong>de</strong> ilustrar um argumento. Sem excepção, eram pergaminhos que se<br />

<strong>de</strong>bruçavam, não sobre os antigos, mas sobre o Reino da Montanha.<br />

“o Rei Sabedoria, talvez vos lembreis, foi o primeiro nobre dos Seis<br />

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