12.04.2013 Views

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ilhava na presença <strong>de</strong>le como uma vela a ar<strong>de</strong>r. por mais que me<br />

escudasse, estava <strong>de</strong>masiado consciente do gosto que ambos tinham<br />

nas suas noites. tentara escon<strong>de</strong>r‑me das suas paixões submergin‑<br />

do‑me em Moli. acabei sentindo‑me culpado por Moli estar tão sa‑<br />

tisfeita com o meu ardor renovado. Como se sentiria ela se soubesse<br />

que os meus apetites não eram inteiramente meus?<br />

o talento. Fora avisado dos seus po<strong>de</strong>res e ciladas, <strong>de</strong> como<br />

podia chamar um homem e drená‑lo <strong>de</strong> tudo, excepto <strong>de</strong> uma fome<br />

por usá‑lo. aquela era uma armadilha acerca da qual nunca fora avi‑<br />

sado. Em certa medida, estava <strong>de</strong>sejoso da partida <strong>de</strong> Veracida<strong>de</strong><br />

para po<strong>de</strong>r voltar a chamar minha à minha alma.<br />

“o que fazeis nessa torre não é uma tarefa menor. Se o povo ao<br />

menos pu<strong>de</strong>sse compreen<strong>de</strong>r o modo como vos queimais por ele…”<br />

“E tu compreen<strong>de</strong>s bem <strong>de</strong>mais. tornámo‑nos chegados du‑<br />

rante este Verão, rapaz. Mais chegados do que eu alguma vez julguei<br />

ser possível. Mais chegados do que algum homem esteve <strong>de</strong> mim<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte do teu pai.”<br />

Mais chegados até do que suspeitais, meu príncipe. Mas não<br />

proferi aquelas palavras. “É verda<strong>de</strong>.”<br />

“tenho um favor a pedir‑te. Na verda<strong>de</strong> são dois.”<br />

“Sabeis que não vos direi que não.”<br />

“Nunca digas isso com tanta facilida<strong>de</strong>. o primeiro é que cui‑<br />

<strong>de</strong>s da minha senhora. Ela tornou‑se mais sabedora dos costumes<br />

<strong>de</strong> torre do Cervo, mas ainda confia nas pessoas muito mais do que<br />

<strong>de</strong>via. Mantém‑na a salvo até ao meu regresso.”<br />

“Isso é sempre vosso sem que mo peçais, meu príncipe.”<br />

“E o outro.” Inspirou, suspirou. “Quero tentar ficar também<br />

aqui. Na tua mente. Durante quanto tempo quanto for capaz.”<br />

“Meu príncipe.” Hesitei. Ele tivera razão. aquilo não era algo<br />

que eu quisesse conce<strong>de</strong>r‑lhe. Mas já dissera que o faria. Sabia que, a<br />

bem do reino, era uma coisa sensata a fazer. Mas para mim? Já antes<br />

sentira os limites do meu eu em erosão perante a forte presença <strong>de</strong><br />

Veracida<strong>de</strong>. Não estávamos agora a falar <strong>de</strong> um contacto <strong>de</strong> horas,<br />

ou <strong>de</strong> dias, mas <strong>de</strong> semanas e provavelmente meses. perguntei a mim<br />

próprio se seria aquilo que acontecia aos membros dos círculos, se<br />

acabavam por <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter vidas separadas. “E o vosso círculo?”<br />

perguntei em voz baixa.<br />

“Que há com eles?”, retorquiu. “Deixo‑os em posição, por ago‑<br />

ra nas torres <strong>de</strong> vigia e nos meus navios. Quaisquer mensagens que<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!