Tradução de Jorge Candeias
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ilhava na presença <strong>de</strong>le como uma vela a ar<strong>de</strong>r. por mais que me<br />
escudasse, estava <strong>de</strong>masiado consciente do gosto que ambos tinham<br />
nas suas noites. tentara escon<strong>de</strong>r‑me das suas paixões submergin‑<br />
do‑me em Moli. acabei sentindo‑me culpado por Moli estar tão sa‑<br />
tisfeita com o meu ardor renovado. Como se sentiria ela se soubesse<br />
que os meus apetites não eram inteiramente meus?<br />
o talento. Fora avisado dos seus po<strong>de</strong>res e ciladas, <strong>de</strong> como<br />
podia chamar um homem e drená‑lo <strong>de</strong> tudo, excepto <strong>de</strong> uma fome<br />
por usá‑lo. aquela era uma armadilha acerca da qual nunca fora avi‑<br />
sado. Em certa medida, estava <strong>de</strong>sejoso da partida <strong>de</strong> Veracida<strong>de</strong><br />
para po<strong>de</strong>r voltar a chamar minha à minha alma.<br />
“o que fazeis nessa torre não é uma tarefa menor. Se o povo ao<br />
menos pu<strong>de</strong>sse compreen<strong>de</strong>r o modo como vos queimais por ele…”<br />
“E tu compreen<strong>de</strong>s bem <strong>de</strong>mais. tornámo‑nos chegados du‑<br />
rante este Verão, rapaz. Mais chegados do que eu alguma vez julguei<br />
ser possível. Mais chegados do que algum homem esteve <strong>de</strong> mim<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte do teu pai.”<br />
Mais chegados até do que suspeitais, meu príncipe. Mas não<br />
proferi aquelas palavras. “É verda<strong>de</strong>.”<br />
“tenho um favor a pedir‑te. Na verda<strong>de</strong> são dois.”<br />
“Sabeis que não vos direi que não.”<br />
“Nunca digas isso com tanta facilida<strong>de</strong>. o primeiro é que cui‑<br />
<strong>de</strong>s da minha senhora. Ela tornou‑se mais sabedora dos costumes<br />
<strong>de</strong> torre do Cervo, mas ainda confia nas pessoas muito mais do que<br />
<strong>de</strong>via. Mantém‑na a salvo até ao meu regresso.”<br />
“Isso é sempre vosso sem que mo peçais, meu príncipe.”<br />
“E o outro.” Inspirou, suspirou. “Quero tentar ficar também<br />
aqui. Na tua mente. Durante quanto tempo quanto for capaz.”<br />
“Meu príncipe.” Hesitei. Ele tivera razão. aquilo não era algo<br />
que eu quisesse conce<strong>de</strong>r‑lhe. Mas já dissera que o faria. Sabia que, a<br />
bem do reino, era uma coisa sensata a fazer. Mas para mim? Já antes<br />
sentira os limites do meu eu em erosão perante a forte presença <strong>de</strong><br />
Veracida<strong>de</strong>. Não estávamos agora a falar <strong>de</strong> um contacto <strong>de</strong> horas,<br />
ou <strong>de</strong> dias, mas <strong>de</strong> semanas e provavelmente meses. perguntei a mim<br />
próprio se seria aquilo que acontecia aos membros dos círculos, se<br />
acabavam por <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter vidas separadas. “E o vosso círculo?”<br />
perguntei em voz baixa.<br />
“Que há com eles?”, retorquiu. “Deixo‑os em posição, por ago‑<br />
ra nas torres <strong>de</strong> vigia e nos meus navios. Quaisquer mensagens que<br />
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