12.04.2013 Views

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

eber. Ficou imóvel a segurá‑lo, aquecendo as mãos magras em volta<br />

<strong>de</strong>le enquanto me examinava. “Gostaria <strong>de</strong> te fazer lembrar que não<br />

é coisa pouca que Fortes te ache um par a<strong>de</strong>quado para a filha. Ele<br />

não hesita por causa do teu nascimento. Celerida<strong>de</strong> virá para ti com<br />

um título e proprieda<strong>de</strong>s suas. a tua união dá‑me a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> me assegurar <strong>de</strong> que também os tenhas. Só quero o que é melhor<br />

para ti. Será assim tão difícil compreen<strong>de</strong>r isto?”<br />

a pergunta <strong>de</strong>ixou‑me livre para falar. Inspirei fundo e ten‑<br />

tei alcançá‑lo. “Meu rei, eu sei que <strong>de</strong>sejais o meu bem. Estou bem<br />

consciente da honra que o Duque Fortes me conce<strong>de</strong>. a Dama Cele‑<br />

rida<strong>de</strong> é uma mulher tão bela como qualquer homem po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>se‑<br />

jar. Mas a dama não é da minha escolha.”<br />

o olhar <strong>de</strong>le ensombrou‑se. “É aí que soas como Veracida<strong>de</strong>,”<br />

disse em tom <strong>de</strong> zanga. “ou como o teu pai. acho que eles mama‑<br />

ram teimosia dos seios da mãe.” Ergueu o cálice e esvaziou‑o. Recos‑<br />

tou‑se na ca<strong>de</strong>ira e abanou a cabeça. “Bobo. Mais vinho, por favor.”<br />

“Eu ouvi os rumores,” prosseguiu pesadamente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o<br />

Bobo levar o cálice. “Majestoso traz‑mos e murmura‑os como uma<br />

ajudante <strong>de</strong> cozinha. Como se fossem importantes. Galinhas a ca‑<br />

carejar. Cães a ladrar. a importância é igual.” observei o Bobo a<br />

voltar obedientemente a encher o cálice, com a relutância evi<strong>de</strong>nte<br />

em cada músculo do seu corpo esguio. Copare<strong>de</strong> surgiu como que<br />

chamado por magia. Empilhou mais Fumo no incensório, soprou<br />

uma minúscula brasa com lábios cuidadosamente franzidos até a<br />

pilha entrar em combustão, e então pairou para longe. Sagaz <strong>de</strong>‑<br />

bruçou‑se cuidadosamente, <strong>de</strong> modo a fazer os fumos passar em<br />

turbilhão pelo seu rosto. Inspirou, tossicou uma vez, e inalou mais<br />

Fumo. Recostou‑se na ca<strong>de</strong>ira. um Bobo silencioso estava em pé<br />

com o seu vinho na mão.<br />

“Majestoso afirma que estás enamorado <strong>de</strong> uma criada. Que<br />

andas atrás <strong>de</strong>la sem <strong>de</strong>scanso. Bem, todos os homens são um dia<br />

novos. tal como todas as criadas.” aceitou o cálice e voltou a beber.<br />

E eu fiquei na sua frente, mor<strong>de</strong>ndo a parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da boche‑<br />

cha, mantendo à força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> os olhos em pedra. as minhas<br />

mãos traiçoeiras entregaram‑se aos tremores que a exaustão física<br />

já não lhes provocava. Desejei cruzar os braços sobre o peito para<br />

as aquietar, mas mantive as mãos ao longo dos flancos. Concen‑<br />

trei‑me em não esmagar o pequeno pergaminho que agarrava.<br />

o Rei Sagaz baixou o cálice. pousou‑o na mesa a seu lado e<br />

13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!