Tradução de Jorge Candeias
Tradução de Jorge Candeias
Tradução de Jorge Candeias
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Veracida<strong>de</strong> dominou a língua, e olhou o velho, sentado na<br />
sua ca<strong>de</strong>ira junto da lareira. a questão no seu olhar era clara para<br />
qualquer um com olhos na cara. posso confiar em vós?, pergunta‑<br />
va‑lhe. Mas Sagaz, fiel ao seu nome, respon<strong>de</strong>u só com uma per‑<br />
gunta sua.<br />
“ouviste as i<strong>de</strong>ias do príncipe Majestoso sobre este empreen‑<br />
dimento. E as minhas. Conheces as tuas. Dados esses conselhos, o<br />
que queres fazer agora?”<br />
Nesse momento, adorei Veracida<strong>de</strong>, pois ele virou‑se e olhou<br />
apenas para Kettricken. Nenhum aceno, nenhum sussurro passou<br />
entre os dois. Mas ele voltou a virar‑se para o pai com o acordo se‑<br />
lado. “Desejo viajar até aos Ermos Chuvosos para lá do Reino da<br />
Montanha. E <strong>de</strong>sejo partir tão <strong>de</strong>pressa quanto possível.”<br />
Enquanto o Rei Sagaz anuía lentamente, o coração caiu‑me<br />
no poço da barriga. Mas, por trás da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>le, o Bobo pôs‑se às<br />
cambalhotas pelo quarto fora, e <strong>de</strong>pois rodopiou <strong>de</strong> volta, para se<br />
imobilizar em pé atrás <strong>de</strong>le como se nunca se tivesse movido. Ma‑<br />
jestoso ficou perturbado por aquilo. Mas quando Veracida<strong>de</strong> se ajo‑<br />
elhou para beijar a mão do Rei Sagaz e agra<strong>de</strong>cer‑lhe a permissão<br />
dada, o sorriso que se espalhou pela cara <strong>de</strong> Majestoso foi suficien‑<br />
temente largo para engolir um tubarão.<br />
pouco mais houve no conselho. Veracida<strong>de</strong> quis partir <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> sete dias. Sagaz aceitou. Quis escolher o seu séquito. Sagaz acei‑<br />
tou, embora Majestoso tivesse feito uma expressão pensativa. Não fi‑<br />
quei contente, quando o rei finalmente nos mandou a todos embora,<br />
ao ver como Majestoso se <strong>de</strong>ixou ficar para trás para conversar com<br />
Copare<strong>de</strong> na sala <strong>de</strong> estar enquanto nós enfileirávamos pela porta<br />
fora. Dei por mim com curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber se Breu me autorizaria<br />
a matar Copare<strong>de</strong>. Já me proibira <strong>de</strong> dar uma solução a Majestoso<br />
<strong>de</strong>ssa forma, e <strong>de</strong>pois disso eu prometera ao meu rei que não o faria.<br />
Mas Copare<strong>de</strong> não possuía tal imunida<strong>de</strong>.<br />
No corredor, Veracida<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>ceu‑me rapidamente. atrevi‑me<br />
a perguntar‑lhe por que motivo quisera que eu estivesse presente.<br />
“para testemunhares,” disse ele com voz pesada. “testemunhar<br />
um acontecimento é muito mais do que ouvir falar <strong>de</strong>le mais tar<strong>de</strong>.<br />
para guardares na memória todas as palavras que foram ditas… para<br />
que não sejam esquecidas.”<br />
Soube então que <strong>de</strong>via esperar uma convocatória <strong>de</strong> Breu na‑<br />
quela noite.<br />
45