12.04.2013 Views

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

Tradução de Jorge Candeias

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

o Rei Sagaz, em vez <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, dirigiu‑se a Veracida<strong>de</strong>.<br />

“Há algum motivo para quereres excluir o príncipe Majestoso <strong>de</strong>sta<br />

discussão?”<br />

“Não vejo que lhe diga respeito.” Fez uma pausa. “E queria ter<br />

a certeza <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>cisão a que chegássemos fosse inteiramente vos‑<br />

sa.” Veracida<strong>de</strong>, fiel ao seu nome.<br />

Majestoso encrespou‑se, com as narinas retesadas até ficarem<br />

brancas, mas Sagaz ergueu uma mão para o acalmar. De novo, falou<br />

apenas para Veracida<strong>de</strong>. “Não lhe diz respeito? Mas em quem cairá<br />

o manto da autorida<strong>de</strong> enquanto andares por longe?”<br />

os olhos <strong>de</strong> Veracida<strong>de</strong> gelaram. “a minha rainha expectante<br />

representará o meu reinado, claro. Vós ainda usais o manto da auto‑<br />

rida<strong>de</strong>, meu rei.”<br />

“Mas se não regressares?...”<br />

“Estou certo <strong>de</strong> que o meu irmão se po<strong>de</strong>ria adaptar a essa si‑<br />

tuação num instante.” Veracida<strong>de</strong> nem procurou mascarar a aversão<br />

na voz. Eu conhecia o profundo efeito que nele tinha tido o veneno<br />

das atitu<strong>de</strong>s traiçoeiras <strong>de</strong> Majestoso. Qualquer que tivesse sido a<br />

ligação que eles tinham partilhado enquanto irmãos, fora corroída<br />

por esse veneno. agora eram apenas rivais. Sagaz também a ouvira,<br />

sem dúvida. perguntei a mim próprio se ele se sentiria surpreendido<br />

com ela. Se sentia, escondia‑o bem.<br />

Quanto a Majestoso, as orelhas tinham‑se‑lhe erguido à men‑<br />

ção da partida <strong>de</strong> Veracida<strong>de</strong>. agora estava tão avaramente alerta<br />

como um cão a pedinchar à mesa. Falou apenas um momento cedo<br />

<strong>de</strong>mais para ter alguma ressonância <strong>de</strong> sincerida<strong>de</strong> na voz. “Se al‑<br />

guém me quiser explicar para on<strong>de</strong> vai Veracida<strong>de</strong>, talvez possa falar<br />

por mim próprio quanto ao que posso estar pronto a assumir.”<br />

Veracida<strong>de</strong> controlou a língua. De testa lisa e silencioso, olhou<br />

para o pai.<br />

“o teu irmão” — a frase soou um pouco pesada aos meus ou‑<br />

vidos — “<strong>de</strong>seja que eu lhe dê licença para uma <strong>de</strong>manda. Deseja<br />

partir, e em breve, para os Ermos Chuvosos, para lá do Reino da<br />

Montanha. para procurar os antigos e obter <strong>de</strong>les a ajuda que um<br />

dia nos foi prometida.”<br />

Majestoso fez olhos <strong>de</strong> coruja. Não sei se não conseguia acre‑<br />

ditar na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> existirem antigos, se não conseguia acreditar na<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> boa sorte que lhe tinha sido entregue <strong>de</strong> repente.<br />

lambeu os lábios.<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!