Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra
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I<br />
A TRADIÇÃO CLÁSSICA<br />
EM OS LUSÍADAS<br />
O problema da tradição clássica em Camões tem sido<br />
tratado <strong>de</strong> variadas maneiras, na sua maior parte em estilo<br />
<strong>de</strong> «investigação <strong>de</strong> fontes» (Quellenforschung). Muito antes<br />
da existência da palavra, já Faria e Sousa fez exaustivamente<br />
o estudo, para cada passo, e quase para cada verso,<br />
dos autores antigos e mo<strong>de</strong>rnos que Camões podia ter<br />
lido em cada caso particular, as fontes on<strong>de</strong> podia ter<br />
colhido uma sugestão, uma pista, um indício. Geralmente,<br />
exagerou, muitas vezes acertou e outras ainda errou.<br />
Não vou, portanto, imitar o <strong>de</strong>votado crítico seiscentista<br />
<strong>de</strong> Camões, nem rever, <strong>de</strong> modo mais genérico,<br />
o problema das influências clássicas no poeta. Tomarei<br />
aqui «tradição clássica» no sentido do título The Classícal<br />
Tradítíon <strong>de</strong> Gilbert Highet, on<strong>de</strong> Camões e Os Lusíadas<br />
são mencionados, embora <strong>de</strong> passagem, mas alargarei o<br />
conceito <strong>de</strong> tradição clássica <strong>de</strong> modo a incluir os humanistas<br />
que Camões podia ter lido no seu tempo. É preciso<br />
não esquecer que, além <strong>de</strong> línguas mo<strong>de</strong>rnas como o<br />
português, o castelhano e o italiano, e talvez mais do que<br />
todas elas juntas, foi a língua mãe - o latim - o principal<br />
meio <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> cultura para o estudioso que toda<br />
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