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Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra

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Baco ouvido tinha aos Fados que viria I Da gente fortfssima<br />

... (I, 31). Da forma por que o Adamastor travou<br />

conhecimento com a matéria da sua profecia nada sabemos,<br />

mas no canto IX da Odisseia também Polifemo,<br />

amaldiçoando Ulisses, lhe <strong>de</strong>seja males que virão a realizar-se.<br />

José Agostinho <strong>de</strong> Macedo (4) filiava · o episódio do<br />

Adamastor na visão que César teve da «figura enorme»<br />

da República romana como sombra clara na escura noite<br />

da pharsalia (I, 185 e segs.) <strong>de</strong> Lucano. Não obstante as<br />

muitas diferenças, as semelhanças existentes não po<strong>de</strong>m<br />

levar a rejeitar <strong>de</strong> todo esta sugestão, incluindo-a entre<br />

as fontes prováveis, sem todavia tirar <strong>de</strong>la as conclusões<br />

malévolas do, zoilo português.<br />

José Benoliel (5), em 1898, consi<strong>de</strong>rava o episódio<br />

como inspirado no «Conto do Pescador» das Mil e Uma<br />

Noites e via na relação entre Tétis e o gigante um reflexo<br />

da própria infelicida<strong>de</strong> amorosa do poeta.<br />

TambémJoão Men<strong>de</strong>s (6) <strong>de</strong>senvolveu mo<strong>de</strong>rnamente,<br />

em fina análise psicológica., o paralelo entre os infortúnios<br />

do gigante e os do poeta.<br />

Cecil Maurice Bowra, em From Virgil to Milton (7),<br />

menciona as relações na aparência e no carácter do Adamastor<br />

com os gigantes da epopeia cavalheiresca e com os,<br />

ogres dos contos <strong>de</strong> fadas, mas, como acentua Norwood<br />

H. Andrews Jr. (8), «a origem do gigante é mais clássica<br />

do que medieval».<br />

No presente capítulo consi<strong>de</strong>rei apenas algumas das<br />

possíveis sugestões clássicas, procurando mostrar, embora<br />

sucintamente, que a tapeçaria <strong>de</strong> reminiscências greco­<br />

-latinas, tecida por Camões com mão <strong>de</strong> mestre, é camoniana,<br />

graças à forma como o poeta apropria e faz seus<br />

os motivos tradicionais, criando ao mesmo tempo um<br />

episódio significativo no conjunto do poema . . '<br />

51.

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