12.04.2013 Views

Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra

Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra

Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

São os humanistas quem faz a i<strong>de</strong>ntificação nobilitante<br />

dos portugueses com os Lusitani que tanto trabalho,<br />

vidas e dinheiro custaram a Roma até ser capaz <strong>de</strong> dominá-los<br />

e incluí-los no Império.<br />

O professor Costa Pimpão na sua Ida<strong>de</strong> Média (2. a ed.,<br />

1959, p. 332) faz notar que Luís Anriques, poeta do Cancioneiro<br />

Geral, usa as palavras «Lusitânia» e «Lusitanos», num<br />

pranto à morte <strong>de</strong> D. João II, escrito, portanto, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> 1495. Mas já em Março <strong>de</strong> 1488, Cataldo explicava<br />

na Oratio habenda coram Carolo, Gallorum rege: «Nam Portugalia,<br />

quae uero et latino vocabulo Lusitania nuncupatur( ... )>><br />

«Portugal que no verda<strong>de</strong>iro vocábulo latino se chama Lusitânia<br />

( ... )>>. E, antes <strong>de</strong>le, na oração que proferiu em. latim, em<br />

Roma, na presença do Papa Xisto IV, em 31 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />

1481, um humanista português, o bispo D. Garcia <strong>de</strong> Meneses,<br />

usa repetidamente Lusitania e Lusitani, ao exaltar os serviços<br />

prestados à cristanda<strong>de</strong> pela sua pátria e pelos seus<br />

compatriotas. Este discurso, a que já Alexandre Herculano<br />

se referiu, está precisando, há muito, <strong>de</strong> um estudo comparativo<br />

para o qual vão aparecendo elementos.<br />

Os humanistas castelhanos como Nebrija, ou italianos<br />

ao serviço <strong>de</strong> Castela como Pedro Mártir d' Anghiera e<br />

Lúcio Marineo Sículo, não simpatizavam com esta i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> Portugal com a Lusitania, certamente por<br />

motivos idênticos àqueles que levavam os portugueses a<br />

individualizar-se com o nome <strong>de</strong> «Lusitanos», entre o<br />

conjunto dos habitantes da Península Ibérica.<br />

Esses motivos eram políticos. Por isso mesmo, a voga<br />

da prática humanística <strong>de</strong> chamar Lusitania a Portugal<br />

surge nas vésperas da unificação da Península por Castela<br />

e quando o país dos reis católicos Fernando e Isabel começa<br />

a arrogar-se a posse d,e toda a Hispania romana, com<br />

excepção <strong>de</strong> Portugal. E então que os portugueses, a quem<br />

não agradava a confusão com os outros «Hispani», passam<br />

a usar cada vez mais a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> «Lusitani».<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!