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Estudos Camonianos_1975.pdf - Universidade de Coimbra

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com um mouro, por lerem ambos italiano e Diogo do<br />

Couto lhe ter mostrado «Dante, Petrarca e Bembo» (6).<br />

Assim, entre os ju<strong>de</strong>us portugueses, exilados na Europa,<br />

algum terá pensado em ir para Goa, como aconteceu com<br />

Didacus Pyrrhus Lusitanus, ou Diogo Pires, inspirado poeta<br />

novilatino, que numa carta em que <strong>de</strong>fendia os seus compatriotas,<br />

dirigida ao historiador Paulo Jóvio, em Fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1547, lhe falava da Índia como refúgio dos infelizes (7).<br />

Mas voltemos aos anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Camões.<br />

Estamos hoje em condições <strong>de</strong> conhecer melhor o ambiente<br />

cultural em que o poeta se formou. De há vinte anos<br />

a esta parte, têm sido publicados em Portugal numerosos<br />

textos latinos <strong>de</strong> humanistas, com tradução e comentário.<br />

Como os historiadores da cultura nem sempre sabem<br />

latim, pelo menos em Portugal, em regra são diferentes<br />

o tradutor e o comentador, mas a verda<strong>de</strong> é que um<br />

enorme progresso foi realizado, no conhecimento da<br />

cultura literária do século XVI, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esses textos,<br />

muito raros, foram postos à disposição do estudioso<br />

comum.<br />

Também o estudo da figura e da obra <strong>de</strong> Cataldo<br />

Sículo, o introdutor do Humanismo em Portugal, veio<br />

permitir um melhor conhecimento do ambiente cultural<br />

da corte portuguesa, nos finais do século xv e nos primeiros<br />

vinte anos do século XVI.<br />

Para não me repetir, <strong>de</strong>ixarei Cataldo, sobre quem<br />

escrevi no livro já referido, <strong>Estudos</strong> sobre a Época do Renascimento.<br />

Irei buscar, em sua vez, um fidalgo por quem<br />

Cataldo Sículo professava gran<strong>de</strong> admiração, numa carta<br />

dirigida ao seu discípulo D. Pedro <strong>de</strong> Meneses, con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Alcoutim. O aristocrata referido é João Rodrigues <strong>de</strong><br />

Sá <strong>de</strong> Meneses, nascido possivelmente em 1486 ou 1487 e<br />

falecido em 1579 (8). A tradição atribuía-lhe mais <strong>de</strong> cem<br />

anos <strong>de</strong> vida, cerca <strong>de</strong> 115, mas não chegou <strong>de</strong> facto a<br />

viver um século. Em qualquer caso, a sua longa vida<br />

6

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