12.04.2013 Views

Girândola de Amores - Universia Brasil

Girândola de Amores - Universia Brasil

Girândola de Amores - Universia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mas foi nisto interrompido por dois rapazes, que acabavam <strong>de</strong> entrar na sala.<br />

— Ah! disse D. Januária, reconhecendo um <strong>de</strong>les; sempre veio? E acrescentou para os<br />

outros: É o Sr. Duque Estrada, filho <strong>de</strong> uma das famílias que me honram com a sua estima.<br />

— É parente do senador?...<br />

— Não, senhor, respon<strong>de</strong>u o rapaz; não temos parentesco algum.<br />

E chegando-se mais perto da dona da casa, disse-lhe, indicando o companheiro:<br />

— Tenho a honra <strong>de</strong> apresentar-lhe o meu distinto amigo A<strong>de</strong>lino Fontoura, um belo talento!<br />

— Oh! disse o Fontoura, vergando-se reverentemente, <strong>de</strong>ntro do seu croisé preto.<br />

E, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma troca geral <strong>de</strong> cumprimentos, os dois recém-chegados foram colocar-se no<br />

vão <strong>de</strong> uma janela.<br />

— Muito se parece este rapaz com o filho <strong>de</strong> um lor<strong>de</strong> que conheci nos salões da princesa<br />

Rattazi, disse o comendador, mostrando o Duque Estrada.<br />

Era este um moço magro, espigado, barba loura partida no queixo; vestia-se à moda, mas<br />

com simplicida<strong>de</strong>, e tinha na fisionomia o ar con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte e atencioso dos homens educados<br />

no seio da família.<br />

O outro era <strong>de</strong> menor estatura, feições mais varonis, mais reforçado <strong>de</strong> membros, um pouco<br />

áspero <strong>de</strong> rosto, cabeça gran<strong>de</strong>, achatada no crânio e cabelos pretos muito curtos e lustrosos.<br />

— Aquela é que é a tal menina do célebre casamento?... perguntou Fontoura discretamente<br />

ao companheiro, indicando Clorinda, que em um dos ângulos da sala conversava animadamente<br />

com o João Rosa.<br />

— É, respon<strong>de</strong>u o outro.<br />

— Encantadora! acrescentou o A<strong>de</strong>lino. E aquele esquisito do Urbano Duarte havia dito, no<br />

seu folhetim <strong>de</strong> domingo, que ela era feia!...<br />

— Ora!.. <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhou o Estrada, que havia chegado o ouvido perto da boca do amigo; tu bem<br />

sabes quem é Urbano para julgar mulheres! O Augusto Off, por exemplo, juro-te que é <strong>de</strong> minha<br />

opinião.<br />

— Mas então está ela já <strong>de</strong> namoro com aquele sujeito?...<br />

— Não sei.<br />

— Pelo menos conversam muito animadamente! O que são as mulheres... disse o A<strong>de</strong>lino,<br />

sacudindo filosoficamente a cabeça! Ainda não há quatro meses que ia casar com o tal Gregório,<br />

e já parece hoje resolvida a aceitar outro. Quem é aquele sujeito, conheces?<br />

— Aquele que conversa com ela?<br />

— Sim.<br />

— Ah! <strong>de</strong> vista. É um tipo aí do comércio; creio que empregado em uma casa <strong>de</strong> café. Parece<br />

estimado.<br />

— Acho-o com cara <strong>de</strong> tolo!<br />

— Dizem que não, que é um sujeito muito fino para negócios.<br />

Clorinda levantou-se e foi para o piano.<br />

— Já me tardava! resmungou A<strong>de</strong>lino, quando ouviu as primeiras notas <strong>de</strong> música.<br />

Na ocasião em que os dois companheiros se retiraram, um <strong>de</strong>les fez notar ao outro a<br />

insistência com que João Rosa olhava para Clorinda.<br />

— Fiem-se em mulheres!... resmungou A<strong>de</strong>lino.<br />

Clorinda com efeito recebia agora com menos severida<strong>de</strong> a corte <strong>de</strong> João Rosa. Resistira a<br />

princípio, chegou a repeli-lo uma vez com energia, ele porém voltara pacientemente, humil<strong>de</strong>, a<br />

repetir os seus protestos <strong>de</strong> amor. Ela hesitou; não disse abertamente que não, mas também não<br />

disse que sim. Ficaram no talvez.<br />

D. Januária é que pouco se mostrou preocupada com o novo preten<strong>de</strong>nte da pupila; outra<br />

idéia a atormentava: é que há dois meses não recebia a mesada, que até aí lhe chegava às mãos, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!