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Emmanuel - Chico Xavier.pdf

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121<br />

sôzinho, as roseiras e fruteiras, sinto que o coração se me aperta no peito!...<br />

Mais vale abandonares aquelas plantações, que só teriam significação se<br />

tivesses a consorte ao lado.<br />

O rapaz não podia perceber a intenção materna e ponderou com<br />

sinceridade cristalina:<br />

— Tenho a impressão de que Madalena me acompanha em pensamento.<br />

Já em Paris havíamos combinado os dispositivos ornamentais desta vivenda.<br />

As roseiras do portão, o cultivo dos pessegueiros e mesmo a frente da casa<br />

para o rio, são idéias dela, que não poderei esquecer. Se me não ficou ao<br />

menos um filhinho para beijar, guardarei essas lembranças em penhor de<br />

fidelidade à sua memória.<br />

— Concordo com a nobreza de tuas recordações, mas não posso aprovar a<br />

solidão em que vives. Suponho que poderias aliar as saudades aos imperativos<br />

da vida real, pois, moço como estás...<br />

Aparando de pronto a mal disfarçada sugestão, Círio respondeu:<br />

— Julgo, minha mãe, que ninguém pode amar duas vêzes.<br />

— Será talvez um engano, pois os afetos da vida não se confundem<br />

nunca. Como espôsa e mãe, conheço o amor em formas diferentes e estou<br />

habilitada a dizer que estimo o marido e os filhos com um só coração, mas a<br />

cada um de certa maneira. E quando minha experiência fôese particular, há de<br />

convir que, se muitas vêzes há consórcios de amor, também não faltam os de<br />

conveniência.<br />

— A senhora não admite que um homem possa viver sôzinho?<br />

— Não vou tão longe, mas não vejo razão para que um rapaz, na tua<br />

idade, se isole totalmente da vida, como vens fazendo.<br />

— Mas... por quê? — indagou Cirilo intrigado.<br />

A boa senhora teve certa dificuldade em condicionar a resposta, mas, num<br />

momento, encontrou boa saída invocando os argumentos religiosos:<br />

— Ora, meu filho, se Jeová se preocupou com a solidão de Adão no<br />

Paraíso, dando-lhe a companhia de Eva, que não sinto eu, na minha maternal<br />

fragilidade humana, ao ver-te sempre sozinho e triste? E a verdade é que Deus<br />

estava no céu e nós estamos no mundo ...<br />

— Mas o Criador — disse o rapaz, esforçando-se por sorrir às delicadas<br />

sugestões maternas —não deu a Adão duas Evas...<br />

A genitora também sorriu meio contrafeita e, contudo, prosseguiu firme:<br />

— Deixemo-nos de humorismos. Eu estou encarando a sério a situação.<br />

Ouve-me, filho: por que não esposas Susana, para que nossa alegria se<br />

complete? Tua prima sempre te acompanhou os passos com extrema<br />

fidelidade - Desde a infância que se interessa por teu bem-estar e procura o teu<br />

coração. Jamais lhe ouvi qualquer censura aos respeitáveis sentimentos que te<br />

levaram ao primeiro matrimônio. É um coração afetuoso, dedicado, fiel. Não<br />

seria a criatura talhada para te restituir a ventura que bem mereces? E não<br />

seria louvável que lhe oferecesses agora o teu braço protetor?<br />

Cirilo esboçou um gesto de quem via confirmadas certas suspeitas mais<br />

Intimas e afiançou:<br />

— Desde a chegada do tio Jaques, noto de fato, na prima, umas tantas<br />

pretensões, mas a verdade é que não posso esposá-la. Não se deve mentir<br />

nem mesmo ao próprio coração.<br />

— De qualquer maneira, porém — acentuou<br />

D. Constância —, não se justifica a solidão em que vives. A própria Madalena,

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