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Emmanuel - Chico Xavier.pdf

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175<br />

mais atenção para o culto doméstico do Evangelho. Duas vêzes por semana,<br />

reunia-se a pequena família para leitura e comentário das lições do Cristo.<br />

Jaques, porém, era talvez o único que se aproveitava legitimamente dos<br />

ensinos de cada noite. Susana via em cada palavra uma acusação, furtando-se<br />

ao aproveitamento. Cirilo considerava as sentenças evangélicas como simples<br />

fórmulas convencionais da religião, sem sentido lógico para a vida prática, e a<br />

pequena Beatriz ouvia a leitura e interpretação do avô com o devido respeito,<br />

sem nada assimilar ao espírito infantil. O velho professor de Blois, todavia, não<br />

desanimava.<br />

Quando a pequena manifestou os primeiros sintomas da enfermidade<br />

nervosa que a acabrunhava, os pais, como loucos, deliberaram transferir-se<br />

temporàriamente ao Velho Mundo, em busca de recursos médicos. Debalde<br />

Susana insistiu para se fixarem na Inglaterra. Cirilo foi inflexível. Ficariam em<br />

França. Uma vez forçado a viver na Europa, preferia Paris, onde se sentia<br />

identificado com as suas antigas recordações. Aí poderia cuidar da saúde da<br />

filha e orar no túmulo da primeira espôsa. E não houve como demovê-lo dessa<br />

resolução.<br />

Assim, regressou ao Velho Continente o reduzido grupo familiar, sem prazo<br />

prefixado de regresso, sendo que Cirilo, aproveitando a oportunidade, poderia<br />

centralizar a representação de vasta zona do Connecticut, para o comércio do<br />

fumo, florentíssimo então.<br />

Perdurava a mesma angustiosa Situação para os Davenport, em Paris,<br />

quando Alcione lhes entrou em casa. Casa rica de recursos financeiros, mas<br />

pobre de alegria e de paz.<br />

Jaques e o sobrinho exultavam com a chegada da jovem, tão parecida com<br />

a morta inesquecível e pelas suas maneiras carinhosas e catívantes. Beatriz<br />

parecia encontrar em sua companhia o medicamento indispensável. As longas<br />

conversações com a governanta desvelada pouco a pouco lhe modificavam as<br />

atitudes. Susana, entretanto, teve agravado o seu intimo mal-estar com a<br />

presença de Alcione. Não conseguia sofrear a onda de ciúme e egoísmo que a<br />

empolgava. Muitas circunstâncias cooperavam para isso. Não tolerava a<br />

menina simples e amável, pelos seus traços idênticos aos da rival que<br />

eliminara do seu caminho. Além de tudo, aquelas atenções que Cirilo lhe<br />

dispensava, doíam-lhe penosamente no coração inculto. Complicando a<br />

questão, o velho pai, bem como a filhinha, adoravam a jovem serva,<br />

manifestando-lhe extremo carinho. Debalde procurava um pretexto para despedi-la.<br />

A moça estava sempre calma e disposta a ceder aos seus caprichos.<br />

Aquela suave humildade causava-lhe irritação. Por mais que elevasse a voz,<br />

em ordens intempestivas, Alcione tratava-a respeitosamente, em atitude de<br />

nobre serenidade.<br />

A princípio, acrescentou-lhe outras ocupações, além dos deveres de<br />

governanta e preceptora. A jovem era obrigada a tratar de todos os demais<br />

serviços leves da casa, inclusive a costura. Observando, todavia, que a moça a<br />

tudo atendia primorosamente, Susana chamou-a certa vez:<br />

— Alcione!<br />

— Senhora!...<br />

— Hoje é necessário que substituas a lavadeira, que se encontra doente.<br />

— Sim, senhora.<br />

E num momento desdobrava-se em atividades no tanque espaçoso,<br />

esforçando-se por cumprir perfeitamente a tarefa insólita. Entretanto, vendo-a

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