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Emmanuel - Chico Xavier.pdf

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206<br />

prestar qualquer auxílio.<br />

A moça empalideceu e exclamou:<br />

— Por favor, não entrem agora!...<br />

A voz timbrava um mundo de aflições, que ninguém poderia perceber.<br />

Cirilo, porém, afagando-lhe a cabeça num gesto afetuoso, tentava dissipar-lhe<br />

a inquietude:<br />

— Não te acanhes, minha filha! Tuas dores são nossas também!...<br />

Ela os acompanhou, quase cambaleante.<br />

Nesse momento, Madalena deu um grande grito, misto de emoção e júbilo.<br />

— Cirilo!... Cirilo!... — bradou, julgando-se visitada por uma sombra — por<br />

que demoraste tanto? Ai! que longos anos de separação, que noites de<br />

angústia! Mas, agora, me levarás contigo para o mundo onde não existem nem<br />

sorvedouros, nem mar!...<br />

O casal dava mostras de profundo terror. Magnetizado por estranha fôrça,<br />

o filho de Samuel colou-se à cabeceira do leito. Não podia enganar-se. Era<br />

Madalena, sim, envelhecida e semimorta.<br />

As mãos de cera, as rugas do rosto, a cabeleira maltratada de moribunda,<br />

não revelavam a carinhosa e bela companheira da mocidade; mas aquêles<br />

olhos profundos e lúcidos, a voz inesquecível, não podiam deixar qualquer<br />

dúvida.<br />

— Que vejo? Que vejo eu? — murmurava o negociante de fumo,<br />

terrivelmente surpreendido.<br />

Madalena como que alucinada de alegria e de dor, estendia-lhe as mãos<br />

cadavéricas, exclamando:<br />

— Vê como Alcione cresceu. Moça e bela!... Nunca contemplamos juntos a<br />

nossa filha!... Ela foi o meu consôlo na viuvez, o meu refúgio nos dias de<br />

saudade... Vê nossa casa como está pobrezinha! Mas Deus habita conosco em<br />

santa paz! Antes que a notícia da tua partida para o Céu me chegasse aos<br />

ouvidos, eu já havia perdido tudo da nossa felicidade de outros tempos... Fiquei<br />

só, Cirilo, mas Jesus começou a restituir-me a ventura que desaparecera... Não<br />

haverá no mundo hora mais feliz do que esta em que nos reunimos, para sempre,<br />

depois de tão longa separação...<br />

Alcione, revelando poderosa energia moral, aproximou-se da genitora,<br />

enxugou-lhe o suor e afagou-a murmurando:<br />

— É preciso acalmar-se, mamãe...<br />

- Não estou alucinada, filhinha — retrucava Madalena de olhos fulgentes<br />

—, não vês o que vejo no limiar da morte... Ainda não podes divisar as feições<br />

de teu pai, que voltou do sepulcro para me levar com ele...<br />

— Minha mãe tem experimentado longos delírios — exclamava Alcione<br />

timidamente...<br />

Mas, voltando-se para os dois circunstantes, observou que Susana, lívida<br />

de mármore, ajoelhara-se, enquanto o genitor fixava a agonizante com ares de<br />

alucinado.<br />

— Tua lembrança — continuou a dizer Madalena, dirigindo-se ao espôso —<br />

sempre andou conosco, em tudo e em cada dia. Ali estão os teus cadernos de<br />

anotações, tua Bíblia, o livro de contos irlandeses...<br />

Cirilo Davenport esboçou um gesto de profundo espanto, como a registrar<br />

a confirmação da tremenda surprêsa.<br />

— Estão limpos e intactos... — prosseguia a agonizante, dando satisfações<br />

do seu cuidadoso dever — tôdas as semanas, repetíamos o trabalho de

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