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Emmanuel - Chico Xavier.pdf

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séquito. Dêsse modo, afastava qualquer suspeita direta. Contra qualquer<br />

impressão menos digna, poder-se-ia dizer que Luís lhe freqüentava o ambiente<br />

doméstico, não com o propósito de avistá-la, mas para encontrar-se com a<br />

pobre menina. Foi nesse jôgo que apareceu a mortificante situação que Henriqueta<br />

não poderia esperar.<br />

Depois de breve gargalhada irônica, Susana rematava o comentário<br />

impiedoso:<br />

Luís apaixonou-se desvairadamente e temos agora o escândalo, que<br />

constitui o prato do dia para a voracidade das más línguas. Não conheces<br />

todos êsses detalhes, porventura?<br />

— Ah! — exclamou o jovem Davenport revelando propósito de modificar os<br />

rumos da conversação — o que não ignoro é que o soberano é casado com a<br />

rainhã.<br />

— Ora! ora! — a pobre dona do cetro é apenas uma vítima da política<br />

espanhola.<br />

Observando, todavia, que o rapaz se calava, Susana timbrou outra tecla<br />

das críticas sociais para chamar-lhe a atenção, dizendo:<br />

— Reparaste a Henriqueta lá no baile? As suas convidadas estavam<br />

escandalosamente vestidas...<br />

O moço fêz um gesto de enfado e replicou:<br />

—Quase não me detive no exame dos trajes.<br />

(1) Luis XIV.<br />

(2) Henriqueta Anna, de Inglaterra. — Nota de <strong>Emmanuel</strong>.<br />

— Entretanto dançaste todos os números.<br />

Renovando a apreciação acerada, prosseguiu:<br />

— Henriqueta coloca em dificuldade a todos nós que temos alguma ligação<br />

com as ilhas. O que posso afirmar é que seu temperamento seria outro, se<br />

tivesse alguns princípios da educação irlandesa.<br />

— Mas a pobre princesa muito sofreu na infância — atalhou Cirilo<br />

advogando-lhe a causa.<br />

— Essa circunstância, contudo, não deveria ser uma razão para conduzi-la<br />

a tantas leviandades. Julgo que o sofrimento deve servir para temperar o<br />

caráter de outro modo...<br />

— Todavia — observou o rapaz —, ela é atualmente casada. A análise de<br />

suas atitudes deve ser tarefa privativa do marido.<br />

— Ora essa! E supões, acaso, que Monsieur Filipe (1) está aparelhado<br />

para impor-lhe a educação espiritual de que precisa?<br />

— Quem sabe?<br />

Esta resposta, dada em tom de profundo desinterêsse, desautorizava<br />

qualquer discussão nesse particular. Reconhecendo-o, Susana fêz longa pausa<br />

e absteve-se de novos comentários.<br />

A elegante viatura voltou do seu longo trajeto, dirigiu-se para a rua<br />

Barillerie, na Ilha, onde estacionou por minutos à frente de uma casa comercial,<br />

e depois tomou rumo da antiga rua de São Dinis, levada ao trote do magnífico<br />

animal.<br />

Decorrido algum tempo, a moça retomou a palavra, dando conta da sua<br />

inquietação feminina:<br />

— Não desejarias ir conosco, mais logo, ao Teatro de Petit-Bourbon?<br />

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