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Favela global : ambiguidades e tensões na ... - Revista Mutações

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vagabundos, poetas, jovens sem ponto de referência. O certo é<br />

que a “circulação” recomeça. Quebra os grilhões e os limites estabelecidos,<br />

e quaisquer que sejam seus domínios: político, ideológico,<br />

profissio<strong>na</strong>l, cultural, as barreiras desmoro<strong>na</strong>m. Nada pode<br />

represar seu fluxo. O movimento e a efervescência estão em todas<br />

as cabeças. (MAFFESOLI: 2001; 27)<br />

Pode-se dizer que este movimento funcio<strong>na</strong> como uma rachadura<br />

produzida nos sentidos, um corpo sem órgãos, poderosa<br />

vida não orgânica que escapa dos estratos, atravessando<br />

agenciamentos e traçando uma linha abstrata e sem contorno,<br />

linha da arte nômade que escapa, vaza e desliza criando um hiato<br />

de sentido para compreensão sociológica. Um hiato que liga, mas<br />

é passagem.<br />

O scratching equivaleria a uma marca principal dessa rachadura,<br />

sobretudo, por seu ruído tecnológico estridente tal como se<br />

fosse um rasgo que por exemplo corresponderia à própria subversão<br />

do sentido de determi<strong>na</strong>das palavras ordi<strong>na</strong>riamente usadas<br />

para constituir relações de tratamento ou de cordialidade.<br />

“E aí vagabundo! Aí ladrão!”<br />

É como se a inversão se tor<strong>na</strong>sse em um mecanismo de<br />

defesa e (dis)simulação, possibilitando estratégias e lutas simbólicas<br />

com o objetivo de neutralizar determi<strong>na</strong>dos esquemas<br />

classificatórios 2 . Palavras e frases ganham significações diferentes<br />

e inversas. Como propositalmente se entendesse que do “ou-<br />

2 Embora a ideia de Baudrillard sobre o simulacro o impeça de encontrar saídas<br />

para a domi<strong>na</strong>ção sistêmica do código, em alguns pontos ele indica possibilidades<br />

de reversão. Esta possibilidade é dada em sua análise sobre os efeitos da prática do<br />

grafite em Nova Iorque mostrando que a juventude do subúrbio conseguiu<br />

reverter o código, opondo a ele uma tautologia própria que não pode se decriptada<br />

pelo sistema. A solução não se dá no sentido de uma volta à significação nem à<br />

luta pela legitimação de significações huma<strong>na</strong>s, mas à reversão através do código.<br />

Em outras palavras, é preciso sair da lógica imposta pelo código criando outro<br />

código. Cujos sentidos dos signos sejam contrários ao anterior.<br />

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