Favela global : ambiguidades e tensões na ... - Revista Mutações
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identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l tanto das expressões artísticas e intelectuais<br />
quanto do próprio homem brasileiro.<br />
Esta linha reflexiva sustenta a tese de que <strong>na</strong> contemporaneidade<br />
o Hip Hop empreende também uma busca afirmativa.<br />
Com questões diferenciadas, específicas ao grupo, à tribo, e principalmente<br />
à vida urba<strong>na</strong>, o cotidiano <strong>na</strong> cidade. É outro momento<br />
de inserção do cotidiano da periferia e do pobre. Ele habita<br />
uma temporalidade, que possibilita se pensar os arranjos da<br />
cultura eletrônica que também experimentou e experimentam os<br />
diversos percalços e impedimentos sociais e culturais, se não os<br />
da repressão política dos militares, mas de um processo constante<br />
de interpretações arbitrarias e de uso comercial indiscrimi<strong>na</strong>do<br />
de suas expressões musicais.<br />
Retor<strong>na</strong>ndo ao filme Cinco Vezes <strong>Favela</strong>, patroci<strong>na</strong>do pelo<br />
CPC e UNE, reconhecemos que este pode ser considerado marca<br />
histórica da publicização dessas imagens, quase sempre ligadas<br />
à perspectiva de defesa de uma arte <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l popular, como<br />
instrumento de uma conscientização das massas. Ao que tudo<br />
indica esse meio (o cinema), parecia ser a forma mais acessível<br />
de compreensão das massas, através da ence<strong>na</strong>ção de sua própria<br />
realidade, do cotidiano vivido <strong>na</strong>s favelas. Leitura claramente<br />
ingênua aos olhos de Adorno e Horkheimer, embora se deva<br />
dizer que este pessimismo frankfurtiano parecia não ter alcançado<br />
o contexto da crítica ao autoritarismo brasileiro e da perseguição<br />
dos negros, pobres, desempregados e toda sorte de moradores<br />
de favelas, morros ou cortiços. Para Adorno, todo esforço da<br />
arte colide com o empenho destrutivo da indústria cultural – ávida<br />
pela sujeição do ouvinte ao produto padronizado. Nesse sentido<br />
o homem moderno desaprendeu a ouvir.<br />
De resto porque ele, amante da musica clássica, tinha como<br />
material de reflexão a música popular europeia – incomparável<br />
em sua rarefeita qualidade a pungência inventiva e encantada<br />
das canções daqui do lado de baixo do Equador. (MEDEIROS,<br />
50, 2004)<br />
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